Com o fechamento quase total dos estaleiros, acabou a produção nacional de motores e, quando eram encomendados navios, os motores tinham de ser importados, pois não havia escala para instalação de uma fábrica. Nos últimos anos, com a recuperação do setor, surgiram notícias de muitos grupos interessados em voltar a fazer motores no Brasil, mas a Daihatsu será a pioneira a iniciar um empreendimento concreto.
A Daihatsu concedeu licença de produção dos seus motores à empresa Bierges, seu agente em pós-venda no Brasil há mais de 25 anos, e à Caldepinter, empresa especializada em montagens metal-mecânicas que, juntas, sob a denominação de Alfa Diesel Indústria e Comércio de Motores Ltda, investirão em unidade industrial em Parada de Lucas, na Avenida Brasil. A gestão comercial e administrativa-financeira caberá a essas duas empresas em sociedade, mas a produção será comandada diretamente pela Daihatsu, até que a mão-de-obra brasileira adquira o grau de produtividade requerido pelo empreendedores.
Isso é apenas o início e, para o futuro, se prevê grande crescimento, com mais investimento e ampliação da produção. Em muitos dos 49 navios da Transpetro, barcos de apoio e plataformas, ainda serão usadas unidades da fábrica de Moriyama, no Japão. A partir do terceiro trimestre de 2013, no entanto, começará a ser usada a produção de motores “made in Brazil”. A linha de montagem inclui motores estacionários, motores para geração de energia a bordo dos navios e motores de propulsão para navios – como porta-contêineres de grande porte. Esta será a única fábrica de motores marítimos desse porte da América do Sul.
Para o presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, o fato é emblemático, pois mostra o acerto da política de conteúdo local. Críticos dizem que os estrangeiros iriam continuar a vender motores e peças sofisticadas, deixando como participação nacional em navios e plataformas apenas serviços de montagem e produtos semi-acabados. No entanto, a efetiva entrada da Daihatsu no mercado brasileiro prova que, na nova fase de expansão da construção naval, iniciada em 2003, a política de conteúdo local implicará a produção de itens de alto valor, de que são exemplos motores de grande porte.

FONTE: Monitor Mercantil