Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 15 de dezembro de 2013

Tucanos enfrentarão 2014 com escândalo dos trens bombando

Acostumado a ser acobertado pela mídia e pela Justiça, o PSDB tratou de fazer um showzinho diante do agravamento do escândalo bilionário que eclodiu contra o partido nos últimos meses. Com a cumplicidade do Jornal Nacional, da Globo, os tucanos tentaram transformar uma tecnicalidade em indício de que o dito “trensalão” não passaria de invenção do PT.
No final de novembro, os tucanos começaram a alardear que o inquérito da Polícia Federal sobre licitações de metrô e trens de São Paulo incluiria um documento forjado, uma carta anônima datada de junho de 2008.
A carta, endereçada à Siemens na Alemanha, denunciava pagamento de propinas a “funcionários de governo”. Segundo os tucanos, o texto em inglês não citava partidos, mas a tradução para o português constante da denúncia do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, à PF, conteria trechos nos quais “funcionários” teriam virado “políticos do PSDB”.
Com base nessa distorção dos fatos, colunistas e até manchetes de primeira página dos grandes jornais tentaram transformar todo o caso em um novo “escândalo dos aloprados”, a suposta tentativa do PT paulista de incriminar políticos tucanos durante as eleições de 2006.
Cardoso não tardou a responder. Em entrevista coletiva à imprensa e depois em audiências no Congresso negou que os documentos em inglês e em português fossem tradução uns dos outros. E meteu um processo nos tucanos que o difamaram acusando-o de ter feito uma tradução infiel da carta-denúncia.
Durante dias e dias, alguns parecem ter acreditado que seria possível enterrar o caso todo apenas com base nesse factoide usado pelo PSDB com a finalidade de desviar o foco das investigações, mas o caso é muito mais sério do que pensavam os tucanos e a mídia.
A evidência das múltiplas tentativas do PSDB, de grupos de mídia simpáticos ao partido e do Ministério Público Federal de São Paulo de tentarem enterrar o escândalo dos trens foi o que levou o presidente desse inquérito, o delegado Milton Fornazari Junior, da Delegacia de Combate a Ilícitos Financeiros (Delefin), a recomendar o envio do processo ao STF.
Fornazari diz, nos autos, que haveria “provas” de que “políticos vinculados ao governo do Estado de São Paulo receberam propina de cinco multinacionais por meio de lobistas”.
O envio do inquérito para o Supremo Tribunal Federal ocorreu na quinta-feira (12) e surpreendeu a mídia e o PSDB. E mais, preocupou-os seriamente, pois, fora da República de São Paulo, as condições de “controlar” o andamento das investigações diminuem fortemente.
A ministra Rosa Weber será a relatora da denúncia e terá que decidir se há indícios para abertura da investigação no Supremo. Em um momento em que se amontoam as críticas no mundo jurídico à dureza do STF contra petistas, o não reconhecimento por Weber de que o caso tem que ser tratado naquela instância torna-se quase impossível.
A virtual impossibilidade de Weber enterrar o caso devolvendo-o a São Paulo se dá em razão da imensa quantidade de provas materiais – com recursos rastreados, números de contas bancárias em paraísos fiscais, autodenúncia da Siemens etc.
A investigação foi parar no Supremo porque o nome do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) surgiu nas investigações. Como ele tem foro privilegiado, as acusações têm que ocorrer no STF.
Além de Jardim, pelo menos três secretários do governo de Geraldo Alckmin apareceram nas investigações: José Anibal (secretário de Energia de São Paulo); Edson Aparecido dos Santos (secretário da Casa Civil do governo de São Paulo) e Rodrigo Garcia (secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo). Os três são deputados federais licenciados.
Mas o que há nesse inquérito que pode transformar as eleições de 2014 nas mais difíceis que o PSDB já enfrentou? O partido, em aliança explícita com a Globo e com a revista Veja – outros veículos foram bem mais comedidos ao tentarem ajudar os tucanos –, tentaram reduzir um caso que envolve bilhões de dólares a mera “armação do PT”.
Contudo, o tamanho da encrenca é tão grande que, sendo investigada fora de São Paulo, ficará praticamente impossível abafá-la. Um breve histórico do que está acontecendo sugere que o escândalo é muito grande para ser contido.
Em 2008, a Siemens teve que desembolsar US$ 1,6 bilhão em multas cobradas pelos governos americano e alemão de forma a se livrar da acusação de que promovera o mais vasto esquema de corrupção já descoberto no mundo.
Investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que a empresa fez pagamentos bilionários em contas de empresas fictícias em paraísos fiscais para subornar funcionários públicos e políticos em dezenas de países.
No período entre 2001 e 2007, a Siemens gastou US$ 1,4 bilhão em propinas através de 4.283 pagamentos de suborno espalhados pelo mundo. Venezuela, Argentina, Bangladesh, China, Israel, Nigéria e Brasil foram alguns dos países em que a empresa corrompeu governos e políticos.  Notas fiscais falsas foram usadas para sustentar falsos contratos de consultorias que nunca foram prestadas.
Paralelamente à Siemens, a empresa francesa Alstom também foi flagrada operando pagamentos de propina. Como ambas atuam em áreas congêneres, descobriu-se que as duas, entre outras, formavam cartéis para faturar contratos públicos.
Tanto a Siemens quanto a Alstom pagavam propinas em contas secretas em paraísos fiscais em nome de laranjas. Esses recursos eram liberados sob a rubrica de “despesas úteis” após os executivos dessas empresas descobrirem quem tinham que subornar para conseguir os contratos.
Tudo começava com a busca de lobistas que tinham acesso a burocratas e políticos. Os lobistas, em outros países, não negociavam apenas com funcionários públicos, mas, também, com políticos que governavam aquele Estado ou aquele país e que haviam nomeado aqueles funcionários.
Por que, no Brasil, Alstom e Siemens operariam diferente?
O esquema funcionou assim em todas as partes que essas empresas atuavam: para que o dinheiro chegasse a quem autorizava os contratos os lobistas o recebiam da Siemens ou da Alstom em contas em paraísos fiscais, ficavam com uma comissão e repassavam o resto aos políticos e funcionários públicos que corrompiam.
Para disfarçar, Alstom e Siemens firmavam com os lobistas contratos de “consultoria”. Uma tática altamente conhecida. A Siemens confessou ao governo norte-americano ter fechado 2.700 contratos de “consultoria” ao redor do mundo. Aqui no Brasil não foi diferente.
Ora, seria impossível fechar contratos dessa envergadura sem que o alto escalão dos governos estaduais notasse alguma coisa.
Devido à grosseria do esquema, no escândalo brasileiro a Polícia Federal afirma haver “fartura” de provas – provas testemunhais, provas bancárias e provas contratuais. Nas obras da linha 5 do metrô de São Paulo, por exemplo, um único contrato chega a R$ 735 milhões em valores atuais.
Durante o governo Covas (2000), a Siemens da Alemanha assinou contratos de “consultoria” com os lobistas Arthur e Sérgio Teixeira. Pelo contrato, receberiam comissão de 8%, ou US$ 216.800. Há prova de que o dinheiro foi depositado nas contas do diretor de operações do metrô de São Paulo, João Roberto Zaniboni, na Suíça. No total, ele chegou a receber US$ 500 mil.
Esse é um entre vários funcionários do governo paulista que estão com as contas bloqueadas por terem sido flagrados recebendo valores desse porte.
Chega a ser ridículo quando vemos a mesma mídia que condenou petistas em 2005 – logo que foram feitas as denúncias do mensalão – dizer agora que “não se pode afirmar” que os políticos tucanos que nomearam esses funcionários também receberam dinheiro.
Aliás, já há evidências consideradas “fortes” contra ao menos um tucano: Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE), fundador do PSDB, coordenador da campanha de Mário Covas ao governo de São Paulo em 1994 e chefe da Casa Civil no governo tucano.
Marinho chegou a ter US$ 1 milhão bloqueado na Suíça em 2009 enquanto negava ter dinheiro no exterior e, simultaneamente, entrava com recurso na Justiça suíça para impedir acesso das investigações às suas contas bancárias em Genebra.
Segundo o Ministério Público suíço, o tucano Robson Marinho foi subornado pela Alstom, quando era conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que tem por obrigação analisar como o governo do Estado de São Paulo gasta os impostos dos contribuintes.
Marinho considerou lícito um contrato de construção de estações de energia do metrô firmado entre o governo Covas e a Alstom com a Eletropaulo em 1998. A Justiça suíça enviou ao Brasil, entre outras provas, carta manuscrita com as iniciais “RM”, como sendo de autoria do intermediário entre a Alstom, um partido político não identificado, o TCE e a Secretaria de Energia do governo do Estado.
Marinho teria recebido comissão de 7,5%.
O potencial explosivo desse caso está na denúncia da Justiça suíça. Segundo reportagem recente da revista Época, “O mentor da propina nos contratos da Alstom é o lobista José Amaro Pinto Ramos”, ligado ao ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta. Amaro se apresentava como “assessor” do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em breve, o STF terá que decidir, através da ministra Rosa Weber, se irá investigar essas e muitas outras evidências contundentes contra o PSDB de São Paulo. E isso logo após a corte ter promovido condenações de expoentes do PT sob a teoria de que o que os subalternos deles fizeram era responsabilidade dos seus superiores hierárquicos.
Um tratamento diferenciado para casos que só não são iguais porque o caso que envolve o PSDB tem muito mais provas – inclusive materiais – e envolve muito mais dinheiro fundamentará denúncia contra a Corte nas instâncias de apelação internacionais, pois ficará evidente que o Judiciário brasileiro promove linchamentos e acobertamentos políticos.
Em tese, o STF não cometerá o erro de agir com parcialidade tão escancarada. Seria um suicídio, a prova final de que a Corte se tornou um órgão partidarizado, o que iria expor seus membros inclusive a ações penais, no futuro.
De tudo isso, portanto, pode-se concluir que, se a vida do PT – e, acima deste, da presidente Dilma Rousseff – não será fácil em 2014, a do PSDB deve se complicar muito mais. O PT já pagou o preço do mensalão e já se sabe, através de inúmeras pesquisas, que o eleitorado está separando uma coisa da outra.
Com o PSDB será diferente. Há quase dez anos esse partido acusa o PT furiosamente de ser corrupto enquanto se apresenta como uma espécie de vestal, acima de investigações ou meras suspeitas. Se não conseguirem deter a investigação no STF, durante o processo eleitoral será desencadeado um tsunami contra os tucanos. Um tsunami inédito.

PSB E REDE TOMARÃO RUMO DIFERENTE NOS ESTADOS (?)

Pó pará, Eliane!

Autor: Miguel do Rosário
popara
Reproduzo abaixo um texto de Mario Marona em seu blog. Eu acrescento alguns comentários em seguida.
PÓ PARÁ, ELIANE
Mario Marona
Eliane Cantanhêde está indignada porque os militantes do PT cantaram musiquinha relacionando a droga do helicóptero de Zezé Perrela aos tucanos. Ficou mais irritada ainda porque Lula, em vez de repreender os filiados, comentou:
– Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto.
Eliane ficou tão contrariada que deu o seguinte título ao seu artigo de hoje na Folha: “A cocaína de Lula”.
A colunista afirma que Lula está contribuindo para que o PT traga este assunto a público.
Deve ser porque o artigo dela é muito curto. Se tivesse mais algumas linhas de espaço, Eliane poderia ter lembrado ao leitor que quem inaugurou este tipo de baixaria foi um amigo de Serra, que deu a um artigo no Estadão, dirigido ao então governador Aécio Neves, o título de “Pó pará, governador”.
Foi ali que começou uma guerra de dossiês entre os dois tucanos.
PS: brincadeira de mau gosto com título qualquer um pode fazer.
*
Admito que também fiquei preocupado com essa coisa de baixaria. Em conversa com amigos, cheguei a comentar, com sinceridade, que tinha pena dos Perrela. Só que logo assim que falei isso, eu mesmo comecei a rir histericamente, e todo mundo riu muito, porque a nossa mídia conseguiu blindar os Perrela de tal maneira que se transmitiu a ideia de que a apreensão de um helicóptero com meia tonelada de cocaína é uma coisa “normal”. Um acidente da vida que pode acontecer a qualquer um.
Quanto à baixaria, Cantanhede deveria lembrar a seus leitores dois fatores importantes:
1) Que o seu marido é marketeiro do PSDB e ela trabalha na Folha, um pasquim controlado e financiado pelos tucanos.
2) Que as baixarias maiores, de longe, vem da Folha. Ou ela não se lembra da ficha falsa da Dilma? Baixaria essa que foi seguida de outra, com o próprio Octavio Frias Filho insultando grosseiramente dois professores que enviaram cartinhas à Folha. Pior ainda: Eliane não se lembra da fofoca macabra do Cesar Benjamin, dizendo na Folha que Lula, na cadeia, tinha estuprado, ou tentado estuprar, um adolescente?
Lula está certo. E a militância também está certa em seu sarcasmo em relação ao caso. A direita e a mídia não fizeram o diabo quando pegaram um aloprado petista com dinheiro na cueca? O que é pior? Dinheiro na cueca ou meia tonelada de pó num helicóptero cinco estrelas?
Além disso, a história da cocaína está muito mal contada. O próprio desinteresse da imprensa, escancarado no texto da Cantanhede, é suspeito.

O que pretende Serra ao dizer que cocaína será tema em 2014?

Autor: Miguel do Rosário
popar
(Via Julio Cesar Macedo Amorim)
SERRA APUNHALA AÉCIO (MAIS UMA VEZ)
Por Leandro Fortes, no Facebook
Neste fim de semana, a velha mídia acionou seus mais bem aplicados colunistas da trincheira tucana para iniciar um processo de desestigmatização de Aécio Neves, cuja imagem vinculada ao uso de cocaína tornou-se um fato, sobretudo nas redes sociais.
No eixo UOL-Folha de S.Paulo, a vida loka de Aécio nas noites cariocas, que já lhe valeu uma fuga do bafômetro e um cambaleante vídeo de gorjetas de 100 reais, está sendo vendida como “alegria de viver”.
(pausa para as gargalhadas)
Neste domingo, a colunista Eliane Cantanhede assina um incrível artigo chamado “A cocaína de Lula”, cujo título não tem, literalmente, nada a ver com o texto escrito pela jornalista.
Na verdade, Eliane verbalizou uma reação tardia à fala do ex-presidente na abertura do 5º Congresso do PT.
Lula ousou comparar a desproporcionalidade entre a cobertura da mídia sobre a meia tonelada de cocaína encontrada no helicóptero da família Perrella, ligada a Aécio, e o emprego de José Dirceu em um hotel de Brasília.
Não é loucura minha, leiam aqui:
http://migre.me/h1o8g
Imagino que o próximo passo dessa lavagem de biografia seja mostrar Aécio colhendo flores no Morumbi e as entregando a pobres zumbis da cracolândia de São Paulo, em reportagem exclusiva do Fantástico.
Mas, aí, vem José Serra, tranquilo e infalível como Bruce Lee.
Porque quando o assunto é detonar Aécio Neves, Serra não falha e anuncia: 2014 vai ser o ano da cocaína!
Podem rir à vontade, agora.

Leitor desmascara manipulação de matéria sobre SUS

Autor: Miguel do Rosário
sus
O Nassif publicou neste sábado à noite um post interessante para se entender a manipulação sistemática das notícias, sempre com um objetivo político. Eu destaquei em negrito algumas passagens. Trata-se de uma situação triste, porque é evidente que o sistema de saúde precisa ser criticado, para melhorar. Mas também me parece evidente que as críticas devam ser construtivas, feitas com boa fé e sem ranço partidário. É um assunto grave demais para deixarmos que se contamine pelas paixões políticas. É a vida de nossas crianças, a nossa vida, que está em jogo.
*
Eduardo Fagnani | GGN Jornal de Todos os Brasis
A manchete da primeira página da Folha (9/12/13) não deixa margem à dúvida: “Ineficiência marca gestão do SUS, diz Banco Mundial”. A matéria destaca que essa é “uma das conclusões de relatório inédito obtido com exclusividade pela Folha”. Aos desavisados a mensagem subliminar é clara: o SUS é um fracasso e o Ministro da Saúde, incompetente.
A curta matéria da suposta avaliação do Banco Mundial sobre vinte anos do SUS é atravessada de “informações” sobre desorganização crônica, financiamento insuficiente, deficiências estruturais, falta de racionalidade do gasto, baixa eficiência da rede hospitalar, subutilização de leitos e salas cirúrgicas, taxa média de ocupação reduzida, superlotação de hospitais de referência, internações que poderiam ser feitas em ambulatórios, falta de investimentos em capacitação, criação de protocolos e regulação de demanda, entre outras.
Desconfiado, entrei no site do Banco Mundial e consegui acesso ao “inédito” documento “exclusivo”**. Para meu espanto, consultando as conclusões da síntese (Overview), deparei-me com a seguinte passagem que sintetiza as conclusões do documento (página 10):
Nos últimos 20 anos, o Brasil tem obtido melhorias impressionantes nas condições de saúde, com reduções dramáticas na mortalidade infantil e com aumento na expectativa de vida. Igualmente importante, as disparidades geográficas e socioeconômicas tornaram-se muito menos pronunciadas. Existem boas razões para se acreditar que o SUS teve importante papel nessas mudanças. A rápida expansão da atenção básica contribuiu para a mudança nos padrões de utilização dos serviços de saúde com uma participação crescente de atendimentos que ocorrem nos centros de saúde e em outras instalações de cuidados primários. Houve também um crescimento global na utilização de serviços de saúde e uma redução na proporção de famílias que tinham problemas de acesso aos cuidados de saúde por razões financeiras. Em suma, as reformas do SUS têm alcançado pelo menos parcialmente as metas de acesso universal e equitativo aos cuidados de saúde”. (tradução rápida do autor)
Após ler essa passagem tive dúvidas se havia lido o mesmo documento obtido pela jornalista. Fiz novos testes e cheguei à conclusão que sim. Constatado que estava no rumo certo continuei a ler a avaliação do Banco Mundial e percebi que as críticas são apontadas como “desafios a serem enfrentados no futuro”, visando o aperfeiçoamento do SUS.
Nesse caso, o órgão privilegia cinco pontos, a saber: ampliar o acesso aos cuidados de saúde; melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde; redefinir os papéis e relações entre os diferentes níveis de governo; elevar o nível e a eficácia dos gastos do governo; emelhorar os mecanismos de informações e monitoramento para o “apoio contínuo da reforma do sistema de saúde” brasileiro.
O Banco Mundial tem razão sobre os desafios futuros, mas acrescenta pouco ao que os especialistas brasileiros têm dito nas últimas décadas. Não obstante, é paradoxal que esses pontos críticos ainda são, de fato, críticos, em grande medida, pela ferrenha oposição que o Banco Mundial sempre fez ao SUS, desde a sua criação em 1988: o sistema universal brasileiro estava na contramão do “Consenso de Washington” e do modelo dos “três pilares” recomendado pelo órgão aos países subdesenvolvidos.*** É preciso advertir aos leitores jovens que, desde o final dos anos de 1980, Banco Mundial sempre foi prejudicial à saúde brasileira.
É uma pena que o debate sobre temas nacionais relevantes – como o sistema público de saúde, por exemplo – seja interditado pela desinformação movida pelo antagonismo das posições políticas, muitas vezes travestido de ódio, que perpassa a sociedade, incluindo a mídia.
Que o espírito reconciliador Mandela ilumine os brasileiros – e o pobre debate nacional.
BAIXE O DOCUMENTO DO BANCO MUNDIAL AQUI.
*Professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CESIT/IE-UNICAMP) e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento (www.politicasocial.net.br).
** Twenty Years of Health System Reform in Brazil – An Assessment of the Sistema Único de Saúde. Michele Gragnolati, Magnus Lindelow, and Bernard Couttolenc. Human Development. 2013 International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank 1818 H Street NW, Washington DC.
*** Consultar, especialmente: BANCO MUNDIAL (1990). World Development Report: Poverty. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1991). Brasil: novo desafio à saúde do adulto. Washington, D.C. 1991; BANCO MUNDIAL (1993). World Development Report: Investing in Health. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1994). Envejecimiento sin crisis: Políticas para la protección de los ancianos y la promoción del crecimiento. Washington, D.C; e BANCO MUNDIAL (1995). A Organização, Prestação e Financiamento da Saúde no Brasil: uma agenda para os anos 90. Washington, D.C.