Conceição Lemes depena repórter Tucano da Globo em entrevista tendenciosa
Direto do Conversa Afiada
QUEM MANDOU O GLOBO SE METER COM A CONCEIÇÃO ?
Compare currículo da Conceição com o do Kamel, amigo navegante …
CONCEIÇÃO LEMES, 33 ANOS DE ESTRADA: RESPOSTA EM PÚBLICO A O GLOBO
Nessa segunda-feira 13, uma repórter de O Globo enviou-nos um e-mail:
“Estou fazendo uma matéria sobre a
entrevista que o ex-presidente Lula concedeu a blogueiros na semana
passada. Gostaria de conversar contigo por telefone”.
Pedi que enviasse as perguntas por e-mail. Hoje, às 12h27 elas foram encaminhadas:
Nada contra a repórter. Embora não a conheça, respeito-a profissionalmente como colega.
Já a empresa para a qual trabalha, não merece a nossa consideração.
Com essas perguntas aos blogueiros, O
Globo parece estar com saudades da ditadura, quando apresentava como
verdadeira a versão dos órgãos de repressão. Exemplo disso foi a da
prisão, tortura e assassinato de Raul Amaro Nin Ferreira, em 1971, no
Rio de Janeiro.
Com essas perguntas, O Globo parece querer promover uma caça aos blogueiros progressistas. Um macartismo à brasileira.
O marcartismo, como todos sabem,
consistiu num movimento que vigorou nos EUA do final da década de 1940
até meados da década de 1950. Caracterizou-se por intensa patrulha
anticomunista, perseguição política e dersrespeito aos direitos civis.
O interrogatório emblemático daqueles tempos nos EUA:
Mr. Willis: Well, are you now, or have
you ever been, a member of the Communist Party? (Bem, você é agora ou já
foi membro do Partido Comunista?)
A sensação com as perguntas de O Globo é
que voltamos à ditadura. Agora, a ditadura midiática das Organizações
Globo. É como estivéssemos sendo colocados numa sala de interrogatório.
Afinal, qual o objetivo de saber se pertencemos a algum partido político?
Será que O Globo faria essa pergunta aos jornalistas de direita, travestidos de neutros, que rezam pela sua cartilha?
E se fossemos nós, blogueiros progressistas, que fizessemos essas perguntas aos jornalistas de O Globo?
Imediatamente, seríamos tachados de antidemocratas, cerceadores da liberdade de expressão, chavistas e outros mantras do gênero.
Como um grupo empresarial que cresceu
graças aos bons serviços prestados à ditadura civil-militar tem moral de
questionar ideologicamente os blogueiros que participaram da entrevista
coletiva?
Liberdade de imprensa e de expressão vale só para direita e para a esquerda, não?
Como uma empresa que tem no seu histórico
o colaboracionismo com a ditadura, o caso pró-Consult, o debate editado
do Collor vs Lula, ter sido contra a campanha Pelas Diretas, pode se
arvorar em ditar normas de bom Jornalismo e ética?
Como uma empresa que deve R$ 900 milhões ao fisco tem moral para questionar outros brasileiros?
Como um grupo empresarial que recebe,
disparadamente, a maior fatia da publicidade do governo federal pode
criticar os poucos blogs que recebem alguma propaganda governamental?
O Viomundo, repetimos, não aceita
propaganda dos governos federal, estaduais e municipais. É uma opção
nossa. Mas respeitamos quem recebe. É um direito.
No Viomundo, não temos nada a esconder.
Só não admitimos que as Organizações Globo, incluindo O Globo, com todo o
seu histórico, se arvorem no direito de fiscalizar a blogosfera.
Por isso, eu Conceição Lemes, que
representei o Viomundo na coletiva, não respondi a O Globo. Preferi
responder aos nossos milhares de leitores. Diretamente. E em público.
Seguem as perguntas de O Globo e as minhas respostas.
Qual a sua formação acadêmica?
Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Qual a sua atuação profissional antes do blog? Já cobriu política por outros veículos?
Sou editora do Viomundo, onde faço política, direitos humanos, movimentos sociais. Toco ainda o nosso Blog da Saúde.
No início da carreira, fiz um pouco de tudo: economia, política, revistas femininas, rádio…
Há 33 anos atuo principalmente como
jornalista especializada em saúde, tendo ganho mais de 20 prêmios por
reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica, o
José Reis de Jornalismo Científico, concedido pelo Conselho Nacional de
Pesquisa (CNPq), e o Sheila Cortopassi de Direitos Humanos na área de
Comunicação, outorgado pela Associação para Prevenção e Tratamento da
Aids e Saúde Preventiva (APTA) com apoio do Unicef.
Conquistei também vários prêmios Abril de
Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na revista Saúde!, da
qual foi repórter, editora-assistente, editora e redatora-chefe.
Em 1995, fui premiada pela reportagem
“Aids — A Distância entre Intenção e Gesto”, publicada pela revista
Playboy. O projeto que desenvolvi para essa matéria foi selecionado para
apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids, realizada
em 1994 no Japão.
Pela primeira vez um jornalista
brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso. Concorri
com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o mundo.
Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo
apenas dez de investigadores brasileiros. Entre eles, o meu. Em
consequência, fui ao Japão como consultora da Organização Mundial da
Saúde.
Tenho oito livros publicados na área.
O mais recente, lançado em 2010, é Saúde –
A hora é agora, em parceria com o professor Mílton de Arruda Martins,
titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, e o médico
Mario Ferreira Júnior, coordenador de Centro de Promoção de Saúde do
Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em 2003/2004, foi a vez da coleção Urologia Sem Segredos, da Sociedade Brasileira de Urologia, destinada ao público em geral.
Os primeiros livros foram em 1995. Um deles, o Olha a pressão!, em parceira com o médico Artur Beltrame Ribeiro.
O outro foi a adaptação e texto da edição
brasileira do livro Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV, do
professor John G. Bartlett, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. A
tradução e supervisão científica são do médico Drauzio Varella.
Abaixo a Patética entrevista (Comentário do Meu Blog de Política) :)
Você é filiada a algum partido político?
Não sou nem nunca fui filiada a qualquer partido político.
Não sou nem nunca fui filiada a qualquer partido político.
Mas me estranha muito uma empresa que
apoiou a ditadura, cresceu devido a benesses do regime e hoje se alinhe
com todos os espectros da direita brasileira, questione a filiação
partidária de um jornalista.
Quer dizer de direita, tudo bem, e de esquerda, não?
Como você definiria os “blogueiros progressistas”? Existe uma linha política?
Somos de esquerda.
Defendemos:
Melhor distribuição da renda no país.
Reforma agrária.
Os movimentos sociais por melhores condições de moradia, trabalho, defesa do meio ambiente, saúde e educação.
Regulamentação dos meios de comunicação.
Valorização do salário mínimo.
Política de cotas raciais nas universidades.
Direitos reprodutivos e sexuais das mulheres brasileiras.
Combate à discriminação e promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
Imposto sobre grandes fortunas.
Financiamento público de campanha.
Reforma política.
Fortalecimento da Petrobras.
Sistema Único de Saúde.
Como você foi chamada para a entrevista? Recebeu alguma ajuda de custo do instituto?
Por e-mail. Nenhuma ajuda.
Por e-mail. Nenhuma ajuda.
O que você achou da seleção de
blogueiros para a entrevista? Incluiria, por exemplo, representantes da
mídia ninja ou blogueiros “de oposição”, como Reinaldo Azevedo?
O Instituto Lula tem o direito de chamar para entrevistar o ex-presidente quem ele quiser.
O Instituto Lula tem o direito de chamar para entrevistar o ex-presidente quem ele quiser.
Engraçado O Globo perguntar isso. De
manhã à madrugada, de domingo a domingo, todos os veículos das
Organizações Globo privilegiam, ostensivamente, sem o menor pundonor,
vozes do conservadorismo brasileiro e internacional. Pior é que
travestido de uma falsa neutralidade.
Por que O Globo pode chamar quem quiser e o ex-presidente Lula, não?
Por que as Organizações Globo não dão espaços iguais à esquerda e à direita, garantindo a pluralidade de opiniões?
No dia em que as Organizações Globo
garantirem efetivamente a pluralidade de opiniões, respeitando a verdade
factual, aí, sim, seus profissionais poderão questionar os nomes
escolhidos por Lula.
Qual foi o ponto mais relevante da entrevista para você?
Ter falado três horas e meia com os blogueiros. Uma conversa em que nenhum assunto foi proibido. Tivemos liberdade plena de perguntar o que queríamos. Uma lição de democracia.
Ter falado três horas e meia com os blogueiros. Uma conversa em que nenhum assunto foi proibido. Tivemos liberdade plena de perguntar o que queríamos. Uma lição de democracia.
O instituto arcou com os seus custos de deslocamento?
Não. Fui de táxi. Paguei do meu próprio bolso.
Não. Fui de táxi. Paguei do meu próprio bolso.
Por que você acredita ter sido escolhida para a entrevista?
Quantos jornalistas brasileiros têm o meu currículo profissional? Quantos repórteres da mídia tradicional e da blogosfera produziram tantos furos jornalísticos quanto nós no Viomundo nos últimos cinco anos?
Quantos jornalistas brasileiros têm o meu currículo profissional? Quantos repórteres da mídia tradicional e da blogosfera produziram tantos furos jornalísticos quanto nós no Viomundo nos últimos cinco anos?
Por isso, deixo essa pergunta para você e os leitores do Viomundo responder.
O que você acha do movimento “Volta Lula”?
Quem tem de achar é a população e os militantes dos partidos da base de apoio do governo.
Quem tem de achar é a população e os militantes dos partidos da base de apoio do governo.
Sou apenas repórter. Cabe a mim, portanto, retratar o que presencio.
Qual nota você daria ao governo Dilma? Por quê?
O Globo tem fetiche por nota. Quem tem de dar a nota é o eleitorado. Sou repórter e minha opinião neste caso é irrelevante. A não ser que O Globo pretenda usá-la para fazer o que costuma fazer: manipular informação com objetivos políticos, em defesa de interesses da direita brasileira.
O Globo tem fetiche por nota. Quem tem de dar a nota é o eleitorado. Sou repórter e minha opinião neste caso é irrelevante. A não ser que O Globo pretenda usá-la para fazer o que costuma fazer: manipular informação com objetivos políticos, em defesa de interesses da direita brasileira.