Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Deixaremos que apareça um Anders Breivik no Brasil?

  


Agora é sério, minha gente. Tem gente graúda defendendo um novo golpe de Estado no país. Esse Enio Mainardi, pai do Diogo, um homem que ficou muito rico no mercado publicitário, ou seja, é ligado à grande imprensa, agora defende abertamente, sem nenhum pudor, uma intervenção militar para depor o governo e implantar uma nova ditadura.
O Tijolaço já tinha alertado para a existência desse… sujeito. Agora é o Paulo Nogueira, do Diario do Centro do Mundo, que acrescenta informações importantes para se entender o ódio de setores da mídia ao governo. Eles sempre ganharam muita grana pública. Ainda ganham, mas ganhavam mais antes, e estavam instalados no centro do poder. Tinham relações íntimas de amizade com a cúpula do Planalto.
Isso eles não têm mais.
Depois tem gente que reclama do uso do termo PIG. Partido da Imprensa Golpista. Eles são golpistas mesmo. Quando falam em democracia, é da boca para fora, como fizeram em 1964, quando apoiaram um golpe contra a democracia usando um discurso pró-democracia.
Este ano completam-se 50 anos do golpe de 64. Espero que as forças políticas que emergiram da democracia, e prezam realmente os valores democráticos, promovam eventos, estudos e conferências sobre a data, e que envolva a juventude.
Tem gente esquecendo o que aconteceu. E há outros que sentem saudades…
Paulo Nogueira faz ainda outro alerta: o discurso do ódio político criou o monstro da Noruega, que matou 77 jovens “petistas” noruegueses.
Deixaremos que aconteça o mesmo no Brasil? Pela quantidade de malucos raivosos que tem aparecido por aí, sempre com a complacência e até com apoio da mídia, não poderemos dizer que foi uma surpresa.
*
Pior que um Mainardi só dois Mainardis
Por Paulo Nogueira, no Diario do Centro do Mundo.
Com Jô
Com Jô
Se você pensa que não pode haver nada de mais repulsivo que Diogo Mainardi é que não conhece seu pai, Enio Mainardi.
No Facebook, Mainardi é dono de uma página que produz ódio, delírio e absurdos em geral em quantidades extraordinárias.
Mainardi, como seu filho, é um analfabeto político com pretensões messiânicas – a pior combinação possível.
O último capítulo da louca cavalgada de Mainardi é pedir aos militares que saiam dos quarteis para dar, como em 1964, um golpe militar no Brasil.
O que os militares fizeram em sua longa noite de mais de 20 anos como ditadores do Brasil?
Produziram uma das sociedades mais abjetas do mundo, em sua iniquidade formidável. Mataram covardemente civis que se insurgiram contra eles. Favoreceram os ricos.
Por tudo isso, saíram do poder quando a situação era simplesmente insustentável para eles. Teriam sido escorraçados, se não caíssem fora.
O país estava economicamente quebrado e politicamente falido.
Pois é isto que Enio Mainardi quer de novo para o país.
Não é mais fácil ele fazer as malas e se juntar a seu filho, em Veneza?
Mainardi tem um ódio assassino pelo PT. Xinga Lula e Dilma de coisas terríveis. Dilma é “bruxa velha”, Lula é o “bandido de nove dedos”, e coisas assim.
Torce abertamente para que ambos morram de câncer.
Num de seus raros momentos de lucidez, diz que ódio faz mal. Produz câncer. Ele próprio enfrentou um câncer há pouco tempo. Mas, mesmo assim, mesmo sabendo que com tanta raiva quem vai voltar a ter câncer é ele próprio e não Dilma ou Lula, ele continua a praguejar.
Mainardi diz que vivemos numa ditadura, ou em algo muito parecido com isso.
Ele não percebe que é a negação dessa tese esdrúxula. Numa ditadura, ele já estaria preso há muito tempo.
Numa democracia como a que vivemos, ele deveria responder na justiça pelos insultos que profere. Mas a Justiça brasileira é tão ruim, e tão partidarizada, que ele pode escrever o que quiser que não será cobrado.
Mainardi, publicitário, é fruto de uma época em que o dinheiro público era torrado copiosamente em seu ramo.
Umas poucas agências dividiam as contas do governo, como a MPM e a DPZ, e os donos ficaram milionários.
Contei outro dia e conto de novo: num momento em que os anunciantes já tinham descontos enormes nas negociações com os veículos, apenas o governo pagava tabela cheia.
Era um assalto legalizado. Parte do patrimônio dos Marinhos, dos Civitas, dos Frias e dos Mesquitas deriva disso. E essa farra levou para as agências dinheiro copioso.
As agências lucraram absurdamente também com outra coisa. Os anunciantes, durante décadas, pagavam a elas uma taxa de 20% sobre o valor das campanhas.
Depois, os anunciantes passaram a negociar este valor. Em alguns casos era metade do que fora. Em outros, a remuneração ficava atrelada à produtividade – o desempenho das vendas dos produtos promovidos.
Apenas o governo continuou a pagar os 20%.
Publicitários como Mainardi ganharam muito dinheiro naqueles com o dinheiro público fácil que vinha de Brasília.
O único motivo real para ele ter saudades daqueles tempos de rapinagem é este: o dinheiro da viúva que ia dar nas agências.
Fora disso, é apenas, como escrevi, uma louca cavalgada. E perigosa: Anders Breivik escrevia coisas parecidas, apenas que em lugar do Brasil a vítima era a Europa, e em vez dos petralhas eram os muçulmanos os vilões.
Um dia ele acabou fazendo o que fez. Por isso você tem que prestar atenção em quem está, como Enio Mainardi, tomado de um ódio irracional, incontrolável e destrutivo.
PS Cafezinho: Anders Breivik é um terrorista norueguês de extrema-direita que matou 77 jovens ligados ao principal partido de centro-esquerda da Noruega (o PT local).

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Anders Breivik, o monstro da Noruega

RODRIGO: FOLHA LUTA COM AS “PALAVRAS” A batalha em Caracas, Kiev e em São Paulo se trava nas camionetes do PiG (*).

Conversa Afiada reproduz do Escrevinhador irretocável artigo de Rodrigo Vianna:

UCRÂNIA E VENEZUELA: LUTAR COM PALAVRAS



“Lutar com palavras é a luta mais vã. No entanto lutamos mal rompe a manhã.” (Drummond)

por Rodrigo Vianna

Não se trata de poesia. Mas de política. A edição da “Folha” desta sexta-feira é mais uma demonstração de que a batalha nas ruas de Kiev ou Caracas não é feita só de coquetéis molotov, bombas e fuzis. A batalha se dá na mídia, na TV, na internet, nas páginas envelhecidas dos jornais. São Paulo, Caracas, Kiev, Moscou e Washington. A batalha é uma só.  

Reparemos bem. Acima, temos a primeira página do jornal conservador paulistano – o mesmo que apoiou o golpe de 64 e emprestou seus carros para transporte de presos durante a ditadura militar. Na capa da “Folha”, ucranianos escalam uma montanha de entulho no centro de Kiev, e a legenda avisa: “Manifestantes antigoverno usam pneus e entulho para montar barricadas…” Logo abaixo, uma chamada sobre reintegração de posse em São Paulo: “Em SP, invasores destroem imóveis do Minha Casa”. Numa página interna, o jornal informa que esse “invasores resistiram e, até a noite, praticavam atos de vandalismo”. (página C-1)

Ucranianos não praticam “vandalismo”. São tratados de forma heróica. Ainda que se saiba que parte dos manifestantes em Kiev tem um discurso racista, próximo do nazismo. Brasileiros são “vândalos”. Ucranianos são “manifestantes”.

Mas sigamos adiante. Nas páginas internas, a “Folha” traz vários textos do enviado especial a Kiev. Num deles, o repórter mostra uma pequena fábrica para produção de coquetéis Molotov, dentro do Metrô de Kiev. O cidadão que produz as bombas é descrito assim: “Sem afiliação a partidos ou uma proposta ideológica clara, o cidadão diz ter sido atraído pela praça e pelas manifestações a partir da ideia de que é necessário mudar o sistema político na Ucrânia.” 



Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura. A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev.

Ao lado da reportagem sobre os molotov, um texto opinativo assinado por Igor Gielow (sobrenome “eslavo”, muito bom! Isso dá credibilidade ao comentário). Basicamente, Gielow diz que a crise na Ucrânia é “reflexo da estratégia de Putin para a região”. Ele não está errado. Pena que esqueça de contar uma parte da história. “O importante não é o que eu publico, mas o que deixo de publicar”, dizia Roberto Marinho.

Gielow e a “Folha” ensinam: Putin é um líder malvado, que pretende manter na Ucrânia “a esfera de poder dos tempos imperiais e soviéticos”. Aprendam: só a Rússia tem interesses imperiais na Ucrânia. Do outro lado, há cidadãos sem afiliação partidária, lutando contra um insano governo pró-Moscou.  Os EUA e a Europa não têm interesses na Ucrânia. Só Putin. A culpa é dos russos.

Na “Folha” luta-se com as palavras muito antes da manhã começar. Luta-se com as palavras em Kiev, em São Paulo, Moscou. Washington fica invisível. E toda a estratégia passa por aí. O poder imperial só existe por parte da Rússia. Washington não tem qualquer projeto imperial: nem na Ucrânia, nem na Síria, nem tampouco na América Latina…

Falando nisso, a cobertura sobre a Venezuela é também grandiosa no diário da família Frias. Declarações de Maduro aparecem entre aspas. Velho truque jornalistico para desqualificar, colocar no gueto da suspeição, qualquer fala dos chavistas. Segundo a Folha, o governo de Maduro afirma que o movimento (golpista? Isso a Folha não diz) é uma armação de “forças de ultradireita da Venezuela e de Miami”. No texto original a expressão está assim, entre aspas. Por que? Para dar a impressão de que Maduro é um lunático, e que não há forças de ultradireita lutando nas ruas. Não. Há só “estudantes” e “manifestantes” (e agora sou eu que coloco entre aspas).



A legenda da foto acima (também publicada pelo jornal conservador paulistano) diz: “Estudantes queimam lixo em atos contra Nicolás Maduro”. Primeiro, como se sabe que o sujeito é um “estudante”? Depois, reparem que queimar lixo na Venezuela é “ato contra Maduro“. Queimar prédios em desapropriação, em São Paulo, vira “vandalismo”.

Em Caracas não há “vândalos”.

Ao lado da foto, um texto assinado por repórter (que está em São Paulo!!!!!) narra  roubo de equipamento da CNN em Caracas: “o ataque à CNN se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo”. O roubo ocorreu em manifestação da oposição. Mas o roubo certamente é coisa dos chavistas. Claro. Nem é preciso ir até Caracas pra saber (registro a bem da verdade factual que o repórter – a quem conheço, ótima pessoa – foi correspondente em Caracas).

No mesmo texto (assinado, de São Paulo) os grupos que defendem o governo são chamados de “milícias”. Ok. Já estive em Caracas cinco ou seis vezes. E há grupos chavistas que se assemelham mesmo a milícias. Mas do lado da oposição há o que? Não há milícias? A turma de Leopoldo, que deu golpe em 2002, é formada por cidadãos inocentes. E só.

Quem lê a “Folha” aprende que, em Caracas,  há de um lado “milícias chavistas”. De outro, só “estudantes” e “manifestantes”.  

Não há neutralidade no uso das palavras. Nunca houve. Nunca haverá. E quanto mais agudas as crises, mais isso fica claro. Há escolhas. A “Folha” faz as suas. A CNN, a Telesur, a VTV – ou esse blogueiro. A diferença é que uns assumem que têm lado. Outros fingem que estão “a serviço do Brasil”.  

Lutemos, com as palavras. Não há saída. O outro lado luta todos os dias, todas horas.

“Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate” (Drummond).



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Governo do PSDB investe em energia elétrica. Mas é em energia para a Colômbia…

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O PSDB caiu de pau sobre o Governo Dilma por fazer empréstimos para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.
Empréstimo, para ser pago, e condicionado à compra de serviços e produtos brasileiros.
Segundo os tucanos – ah, não esqueçamos, também na opinião de nossa especialista em economia, Raquel Sheherazade – há muito em que investir aqui, onde estamos cheios de necessidades.
Por isso, é muito interessante que alguém vá perguntar a Aécio Neves, chefe político do Governador Antonio Anastasia. de Minas, porque é que a Cia de Eletricidade mineira, a Cemig, vai comprar parte de uma companhia de geração de energia…na Colômbia.
Será que está sobrando energia no Brasil?
Será que estão sobrando linhas de transmissão, como a que  Cemig está construindo entre as cidades chilenas de Charrúa e  Temuco?
Como todos sabem, o Brasil está vivendo um momento de fartura energética, não é?
A Cemig, há um ano, devolveu a concessão de 18 usinas, por não concordar com as regras do Governo Federal que reduzia o preço para o consumidor.
E o consumidor da Cemig paga uma das energias mais caras do Sudeste, repicadas com o maior ICMS sobre energia do Brasil.
Mas tem dinheiro para investir lá fora.
Não faço considerações sobre as eventuais vantagens comerciais da operação. Pode ser lucrativa para a Cemig e ela, como qualquer empresa brasileira, pode e deve investir onde for interessante.
Mas é evidente a hipocrisia tucana, que pratica tudo aquilo que condena no Governo Federal. E com o imenso agravante de que, com essa operação não  se gere um benefício sequer para o Brasil, como ocorre nos contratos com Cuba.

SECRETÁRIO-FANTASMA VIVE NOS EUA À CUSTA DO CNJ

Chávez, o que falava com a Globo com a coragem do Brizola. Assistam, Freixo e Caetano

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Paulo Nogueira, em seu Diário do Centro do Mundo, publica ótimo artigo e imperdível vídeo em que Hugo Chávez encara um repórter de O Globo.
Não há ofensa pessoal ao jornalista – “bienvenido a ti, no a O Globo” – mas não há tergiversação quanto ao papel do império Globo.
A mim, emociona profundamente, porque vi, dia após dia, um homem lutar sozinho contra este cogumelo.
Ao contrário, todos se vergavam a ele, inclusive muitos na esquerda.
Porque, a quem não faz isso, a Globo corrói, enfraquece e mata politicamente.
Acusa de ditadores, autoritários, homens que chegam ao poder pelo voto!
Como falta ao povo brasileiro quem faça isso, quem questione a legitimidade de um conglomerado que ajudou a implantar e engordou imensamente com a ditadura!
Como falta quem tenha a coragem de dizer que esta emissora é um mal para a liberdade, porque a liberdade é necessariamente o respeito à liberdade de um povo de escolher seu governo.
Porque, quando não o fazem, viram vítimas frágeis de um monstro que admite tudo, menos que se contrariem seus interesses econômicos.
Ganham uma concessão por prazo determinado? Ah, é um cartório, vitalício e hereditário.
Fazem uma operação econômica e não pagam imposto? Suma-se com o processo de autuação!
Aos que aderem ao silêncio diante desta fera, um aviso de quem viveu 20 anos ao lado de quem a enfrentou.
Vocês podem, até, sobreviver a ela, por algum tempo, até por muito tempo.
Mas não se iludam, terão de sacrificar uma parte de si mesmos para isso.
E, quando tiverem de honrar seus compromissos com o povo brasileiro, essa parte lhes fará uma falta imensa.

Por que a Globo é contra o governo venezuelano

Paulo Nogueira
 
Noto, nas redes sociais, revolta contra a maneira como a Globo vem cobrindo a crise na Venezuela.
A Globo ataca, ataca e ainda ataca o governo eleito.
Não existe razão para surpresa. Inimaginável seria a Globo apoiar qualquer tipo de causa popular.
O problema começou com Chávez.
Chávez e Globo tinham um história de beligerância explícita. Ambos defendem interesses antagônicos.
Se estivéssemos na França de 1789, a Globo defenderia a Bastilha e Chávez seria um jacobino. Em vez de recitar Bolívar, ele repetiria Rousseau.
Chávez cometeu um crime mortal para a Globo: não renovou a concessão de uma emissora que tramara sua queda. Veja: um grupo empresarial usara algo que ganhara do Estado — a concessão para um canal de tevê — para tentar derrubar o presidente que o povo elegera. Chávez fez o que tinha que fazer. E o que ele fez é o maior pesadelo das Organizações Globo: a ruptura da concessão.
Há uma cena clássica que registra a hostilidade entre Chávez e a Globo. Foi, felizmente, registrada pelas câmaras. É um documento histórico. Você pode vê-la no pé deste artigo.
Chávez está dando uma coletiva, e um repórter ganha a palavra para uma pergunta. É um brasileiro, e trabalha na Globo. Fala num espanhol decente, e depois de se apresentar interroga Chávez sobre supostas agressões à liberdade de expressão.
Toca, especificamente, numa multa aplicada a um jornalista pela justiça venezuelana.
Chávez ouve pacientemente. No meio da longa questão, ele indaga se o jornalista já concluiu a pergunta. E depois diz: “Sei que você veio aqui com uma missão e, se não a cumprir, vai ser demitido. Não adianta eu sugerir a você que visite determinados lugares ou fale com certas pessoas, porque você vai ter que fazer o que esperam que você faça.”
Quem conhece os bastidores do jornalismo sabe que quando um repórter da Globo vai para a Venezuela a pauta já está pronta. É só preencher os brancos. Não existe uma genuína investigação. A condenação da reportagem já está estabelecida antes que a pauta seja passada ao repórter.
Lamento se isso desilude os ingênuos que acreditam em objetividade jornalística brasileira, mas a vida é o que é. Na BBC, o repórter poderia de fato narrar o que viu. Na Globo, vai confirmar o que o seu chefe lhe disse. É uma viagem, a rigor, inútil: serve apenas para chancelar, aspas, a paulada que será dada.
“Como cidadão latino-americano, você é bem-vindo”, diz Chávez ao repórter da Globo. “Como representante da Globo, não.”
Chávez lembrou coisas óbvias: o quanto a Globo esteve envolvida em coisas nocivas ao povo brasileiro, como a derrubada de João Goulart e a instalação de uma ditadura militar em 1964.
Essa ditadura, patrocinada pela Globo, tornou o Brasil um dos campeões mundiais em iniquidade social. Conquistas trabalhistas foram pilhadas, como a estabilidade no emprego, e os trabalhadores ficaram impedidos de reagir porque foi proibida pelos ditadores sua única arma – a greve.
Não vou falar na destruição do ensino público de qualidade pela ditadura, uma obra que ceifou uma das mais eficientes escadas de mobilidade social. Também não vou falar nas torturas e assassinatos dos que se insurgiram contra o golpe.
Chávez, na coletiva, acusou a Globo de servir aos interesses americanos.
Aí tenho para mim que ele errou parcialmente.
A Globo, ao longo de sua história, colocou sempre à frente não os interesses americanos – mas os seus próprios, confundidos, na retórica, com o interesse público, aspas.
Tem sido bem sucedida nisso.
O Brasil tem milhões de favelados, milhões de pessoas atiradas na pobreza porque lhes foi negado ensino digno, milhões de crianças nascidas e crescidas sem coisas como água encanada.
Mas a família Marinho, antes com Roberto Marinho e agora com seus três filhos, está no topo da lista de bilionários do Brasil.
Roberto Marinho se dizia “condenado ao sucesso”. O que ele não disse é que para que isso ocorresse uma quantidade vergonhosa de brasileiros seria condenada à miséria.

Itamar do Fusca diz que Estadão omitiu fatos em matéria sobre seu caso.


No dia 25 de janeiro último, o serralheiro paulistano Itamar Santos começou a construir uma saga que o transformaria em uma espécie de celebridade. A partir de um acontecimento aparentemente trágico no qual perdeu um fusca antigo que usava para trabalhar, a solidariedade de incontáveis cidadãos de todas as partes do país mudou essa história.
Esse caso volta à baila por conta de matéria do jornal O Estado de São Paulo publicada nesta quinta-feira (20 de fevereiro), quase um mês após o fusca de Itamar ter se transformado em uma bola de fogo no centro de São Paulo. O jornal descobriu que o serralheiro ganhou um carro de um empresário curitibano (dono de um bar), uma Brasília ano 1980.
Na matéria do Estadão, foram informados vários fatos. O nome do doador da Brasília, sua atividade, o estado realmente impecável do veículo e também que não foi só isso que Itamar ganhou.
Internautas de várias partes do país se sensibilizaram com o drama vivido por ele, duas mulheres e uma criança de seis anos (uma menina) durante protesto contra a Copa do mundo naquele dia 25 e lhe depositaram milhares de reais em sua conta corrente.
Esses internautas que fizeram doações ao dono do Fusca incendiado descobriram o número dessa conta através deste Blog. No dia 27 de janeiro, o signatário desta página esteve na residência do senhor Itamar e recebeu dele o número de sua conta corrente no banco Itaú.
Nesse mesmo dia, aqui foi publicado o post Ajude Itamar a comprar outro Fusca #VaiTerFusca. A matéria exibiu vídeo em que o senhor Itamar autorizou este Blog a fazer a campanha de arrecadação que, segundo informa agora – no vídeo ao fim deste post -, rendeu-lhe “quase 9 mil reais”.
Três dias após o início da campanha #VaiTerFusca, desencadeada nesta página, o Blog voltou a procurar Itamar para saber o resultado em sua conta no banco Itaú. O post Itamar agradece #VaiTerFusca foi publicado em 30 de janeiro último e apresenta vídeo em que o simpático serralheiro agradece ao Blog, mostra extrato de sua conta e dá mais detalhes do caso.
A matéria do Estadão omitiu todos esses fatos apesar de o serralheiro bafejado pela solidariedade de todas as partes do país ter me relatado que informou ao jornal o nome do autor da campanha de arrecadação, quanto essa campanha arrecadou e que só deu o número de sua conta bancária a uma única pessoa, ao signatário desta página.
Todas essas informações constam do vídeo ao fim deste post.
Abaixo, no entanto, pode-se ver que a matéria do Estadão informou outra coisa. Confira o trecho que trata das doações.
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“(…) Surgiu pela internet uma corrente para ajudar o serralheiro e tentar compensar o prejuízo. Vários depósitos bancários foram feitos diretamente na conta de Itamar, somando cerca de R$ 7 mil. Uma vaquinha online já arrecadou R$ 6,7 mil – os organizadores pretendem comprar outro carro (…)”
—–
Outro fato que o Estadão omitiu foi Itamar ter informado que jamais recebeu nenhum outro dinheiro além daquele que centenas de pessoas, após pegarem nesta página o número de sua conta, depositaram em seu nome no banco Itaú, conforme ele confirma no vídeo ao fim do post.
Aliás, a tal vaquinha que o jornal diz que teria arrecadado “R$ 6,7 mil” não arrecadou nada porque não atingiu o valor a que se propôs, ou seja, R$ 10 mil reais.
Explico: a “vaquinha online” a que o Estadão se refere foi encerrada com pouco mais de 60% do valor que se propôs a arrecadar e provavelmente quem a fez tampouco pôs a mão em dinheiro algum, pois se não chegou a dez mil o dinheiro foi estornado de volta aos doadores.
Confira, abaixo, o print-screen da página da vaquinha, mostrando que foi encerrada sem ter atingido seu objetivo. A imagem foi publicada pelo amigo do Facebook “Rei Lux”, em seu mural naquela rede social.
Mas não foi só isso que a matéria do Estadão deixou de informar. O senhor Itamar também deu ao jornal a sua versão sobre como aconteceu o acidente com o seu Fusca e deu sua opinião sobre o tipo de protesto que o vitimou. Contudo, nada disso consta da matéria do jornalão paulista. As razões dessas omissões, porém, só o Estadão sabe.
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Assista, abaixo, ao vídeo da entrevista com Itamar Santos

Os “libertários” que não queimam a bandeira americana, mas ateiam fogo à imagem do Pelé

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Pelé, fora de campo, nunca foi santo de minha devoção.
Já disse muita besteira e muita coisa correta, como tanta gente já fez.
Mas, 40 anos depois de deixar os gramados, é impressionante como ainda é uma figura reconhecida e querida pelo mundo afora.
Na prática, virou há meio século um símbolo do Brasil pelo mundo afora.
Não foi à imagem do cidadão Edson Arantes do Nascimento que este panaca da foto ateou fogo ontem, numa manifestação que reuniu 300 pessoas (“O País em Protesto”, como diz a Folha).
Foi ao Pelé que todo mundo gosta, o Pelé do futebol.
Nos protestos, há décadas, volta e meia alguém, mais radical, punha fogo numa bandeira americana.
A gente evitava, ninguém queria ofender o povo americano, mas aquilo era um grito contra o império, contra a dominação.
Mas os nossos coxinhas são diferentes.
Protestam contra a Copa, mas não protestam contra a sangria dos juros que o mercado nos impõe e que leva, todo ano, oito ou nove vezes o gasto com a Copa, no cálculo mais modesto.
Carregam cartazes “Dilma=Maduro”, um presidente eleito que se está tentando derrubar.
E ateiam fogo a uma imagem do Pelé.
Depois, vão dizer que são “libertários” e “pacíficos”.
Quando são intolerantes e belicosos.
Eles acordaram a direita fascista brasileira.
Que não queima bonecos, mata pessoas.
Não adianta que um ou outro dos que fazem parte disso digam que não concordam.
É isso o que se pôs em marcha, querendo ou não.
Quem quiser se confundir, que se confunda.
Talvez só descubra tarde demais.
PS. Reparem que a foto, tirada por Carlos Macedo, da Zero Hora, não foi parar nos jornais em geral. A mídia sabe que é uma imagem que repugnaria os brasileiros, não vai ela “queimar” assim os seus prestimosos filhotes.