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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Chávez, o que falava com a Globo com a coragem do Brizola. Assistam, Freixo e Caetano

chavezbriz

Paulo Nogueira, em seu Diário do Centro do Mundo, publica ótimo artigo e imperdível vídeo em que Hugo Chávez encara um repórter de O Globo.
Não há ofensa pessoal ao jornalista – “bienvenido a ti, no a O Globo” – mas não há tergiversação quanto ao papel do império Globo.
A mim, emociona profundamente, porque vi, dia após dia, um homem lutar sozinho contra este cogumelo.
Ao contrário, todos se vergavam a ele, inclusive muitos na esquerda.
Porque, a quem não faz isso, a Globo corrói, enfraquece e mata politicamente.
Acusa de ditadores, autoritários, homens que chegam ao poder pelo voto!
Como falta ao povo brasileiro quem faça isso, quem questione a legitimidade de um conglomerado que ajudou a implantar e engordou imensamente com a ditadura!
Como falta quem tenha a coragem de dizer que esta emissora é um mal para a liberdade, porque a liberdade é necessariamente o respeito à liberdade de um povo de escolher seu governo.
Porque, quando não o fazem, viram vítimas frágeis de um monstro que admite tudo, menos que se contrariem seus interesses econômicos.
Ganham uma concessão por prazo determinado? Ah, é um cartório, vitalício e hereditário.
Fazem uma operação econômica e não pagam imposto? Suma-se com o processo de autuação!
Aos que aderem ao silêncio diante desta fera, um aviso de quem viveu 20 anos ao lado de quem a enfrentou.
Vocês podem, até, sobreviver a ela, por algum tempo, até por muito tempo.
Mas não se iludam, terão de sacrificar uma parte de si mesmos para isso.
E, quando tiverem de honrar seus compromissos com o povo brasileiro, essa parte lhes fará uma falta imensa.

Por que a Globo é contra o governo venezuelano

Paulo Nogueira
 
Noto, nas redes sociais, revolta contra a maneira como a Globo vem cobrindo a crise na Venezuela.
A Globo ataca, ataca e ainda ataca o governo eleito.
Não existe razão para surpresa. Inimaginável seria a Globo apoiar qualquer tipo de causa popular.
O problema começou com Chávez.
Chávez e Globo tinham um história de beligerância explícita. Ambos defendem interesses antagônicos.
Se estivéssemos na França de 1789, a Globo defenderia a Bastilha e Chávez seria um jacobino. Em vez de recitar Bolívar, ele repetiria Rousseau.
Chávez cometeu um crime mortal para a Globo: não renovou a concessão de uma emissora que tramara sua queda. Veja: um grupo empresarial usara algo que ganhara do Estado — a concessão para um canal de tevê — para tentar derrubar o presidente que o povo elegera. Chávez fez o que tinha que fazer. E o que ele fez é o maior pesadelo das Organizações Globo: a ruptura da concessão.
Há uma cena clássica que registra a hostilidade entre Chávez e a Globo. Foi, felizmente, registrada pelas câmaras. É um documento histórico. Você pode vê-la no pé deste artigo.
Chávez está dando uma coletiva, e um repórter ganha a palavra para uma pergunta. É um brasileiro, e trabalha na Globo. Fala num espanhol decente, e depois de se apresentar interroga Chávez sobre supostas agressões à liberdade de expressão.
Toca, especificamente, numa multa aplicada a um jornalista pela justiça venezuelana.
Chávez ouve pacientemente. No meio da longa questão, ele indaga se o jornalista já concluiu a pergunta. E depois diz: “Sei que você veio aqui com uma missão e, se não a cumprir, vai ser demitido. Não adianta eu sugerir a você que visite determinados lugares ou fale com certas pessoas, porque você vai ter que fazer o que esperam que você faça.”
Quem conhece os bastidores do jornalismo sabe que quando um repórter da Globo vai para a Venezuela a pauta já está pronta. É só preencher os brancos. Não existe uma genuína investigação. A condenação da reportagem já está estabelecida antes que a pauta seja passada ao repórter.
Lamento se isso desilude os ingênuos que acreditam em objetividade jornalística brasileira, mas a vida é o que é. Na BBC, o repórter poderia de fato narrar o que viu. Na Globo, vai confirmar o que o seu chefe lhe disse. É uma viagem, a rigor, inútil: serve apenas para chancelar, aspas, a paulada que será dada.
“Como cidadão latino-americano, você é bem-vindo”, diz Chávez ao repórter da Globo. “Como representante da Globo, não.”
Chávez lembrou coisas óbvias: o quanto a Globo esteve envolvida em coisas nocivas ao povo brasileiro, como a derrubada de João Goulart e a instalação de uma ditadura militar em 1964.
Essa ditadura, patrocinada pela Globo, tornou o Brasil um dos campeões mundiais em iniquidade social. Conquistas trabalhistas foram pilhadas, como a estabilidade no emprego, e os trabalhadores ficaram impedidos de reagir porque foi proibida pelos ditadores sua única arma – a greve.
Não vou falar na destruição do ensino público de qualidade pela ditadura, uma obra que ceifou uma das mais eficientes escadas de mobilidade social. Também não vou falar nas torturas e assassinatos dos que se insurgiram contra o golpe.
Chávez, na coletiva, acusou a Globo de servir aos interesses americanos.
Aí tenho para mim que ele errou parcialmente.
A Globo, ao longo de sua história, colocou sempre à frente não os interesses americanos – mas os seus próprios, confundidos, na retórica, com o interesse público, aspas.
Tem sido bem sucedida nisso.
O Brasil tem milhões de favelados, milhões de pessoas atiradas na pobreza porque lhes foi negado ensino digno, milhões de crianças nascidas e crescidas sem coisas como água encanada.
Mas a família Marinho, antes com Roberto Marinho e agora com seus três filhos, está no topo da lista de bilionários do Brasil.
Roberto Marinho se dizia “condenado ao sucesso”. O que ele não disse é que para que isso ocorresse uma quantidade vergonhosa de brasileiros seria condenada à miséria.