Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Globo monta arapuca contra a Dilma



Foi uma trapaça

O Ali Kamel e o casal 45 trapacearam contra Dilma Roussef.

Entrevistaram a Dilma e só perguntaram sobre aborto e Erenice.

Ela, aliás, saiu-se muito bem.

Imediatamente após a entrevista, a Globo colocou no ar reportagem da Época e da Folha (*) com uma pseudo reportagem que mostra que o diretor da Eletrobrás tem um irmão.

Clique aqui para ler “Vem aí a próxima calhordice. Cardeal é namorado da Dilma ?”

A arapuca do jornal nacional chegou ao requinte de ignorar a carta em que o diretor da Eletrobrás trucida a Folha (*) e a Época.

A Globo é uma arapuca.

Bem faria a Dilma se não fosse ao último debate, porque ela poderia ser vítima de uma punhalada nas costas.

Por que o casal 45 não perguntou à Dilma, ali, ao vivo, na frente dela, sobre o diretor da Eletrobrás ?

A Globo é uma arapuca.

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Dilma dá ótima entrevista, mas JN edita pautas negativas para ela


A presidenciável Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, voltou à bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite desta segunda-feira (18). Nos 11 minutos e 30 segundos nos quais Dilma respondeu às perguntas do casal de entrevistadores Willian Bonner e Fátima Bernardes, a candidata petista dialogou com sorriso no rosto e respondeu, com tranquilidade, todas as perguntas incômodas feitas pelos apresentadores. Foi uma entrevista esclarecedora e excelente para a candidata.

Desta vez, não se observou a agressividade que Bonner demonstrou na primeira entrevista, em 9 de agosto, durante o primeiro turno. O casal Global foi enfático nas perguntas --como deve ser-- e Dilma foi serena, objetiva, mas igualmente firme nas respostas. Como era de se esperar, Dilma foi questionada sobre a questão do aborto e sobre o caso Erenice.

Bonner questionou a candidata também sobre as declarações do deputado Ciro Gomes sobre o suposto preparo de José Serra e os problemas do PMDB.

Dilma reafirmou o que tem dito em outras entrevistas, nos debates e na propaganda eleitoral gratuita. Sobre a questão do aborto, disse que não se pode tratar o assunto como caso de polícia e sim como um problema de saúde pública.

Sobre o caso Erenice Guerra, lembrou que denúncias feitas durante o governo Lula são sempre investigadas e, quando constatada a culpa, os envolvidos são punidos. Já no governo de seu adversário, José Serra, as denúncias são abafadas. Dilma lembrou o caso do ex-presidente do Dersa, Paulo Preto, que mesmo sendo alvo da operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, jamais foi investigado pelo governo paulista.

As considerações finais da candidata também foram perfeitas. Com humildade, Dilma pediu votos pela continuidade de um projeto que está dando certo e mudando o Brasil.

Veja no final da matéria a transcrição, na íntegra, da entrevista.

Pauta negativa na sequência

Mas o Jornal Nacional é o Jornal Nacional. E logo depois da entrevista, o jornal bateu feio na candidatura de Dilma. A mão pesada do editor foi notada na reportagem requentando denúncia vazia da revista Época sobre o diretor da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal Cardeal, aliado de Dilma. A edição da matéria chegou a ser mais grosseira que a agressividade de Bonner na entrevista de agosto. Cardeal emitiu uma nota esclarecendo as denúncias e mostrando, com fatos concretos, que não havia nada de irregular. Mesmo assim, o JN sequer citou a nota.

Depois do programa eleitoral gratuito, o JN apresentou o "dia" dos candidatos. Como tem feito diariamente neste segundo turno, cobriu a agenda de Serra de forma a dar visibilidade para as propostas do candidato. Parecia uma inserção do programa eleitoral tucano.

Quando chegou a vez da agenda de Dilma, o JN agiu de forma calhorda e alegou que a candidata não teve "comprimissos públicos" nesta segunda-feira. Assim, o Jornal tentou justificar a não cobertura do dia da candidata. Mas havia material de sobra para uma matéria, pois Dilma deu entrevista coletiva no Rio de Janeiro e na qual havia jornalistas da Globo presentes. Novamente o JN "escondeu" Dilma propositalmente para prejudicá-la.

Nesta terça-feira (19), será a vez de José Serra ser entrevistado pelo Jornal Nacional. Será interessante observar como será o tratamento editoral da "pauta" política do JN.

Da redação,
Cláudio Gonzalez



Veja, abaixo, a íntegra da entrevista em vídeo. Abaixo, leia a transcrição das primeiras perguntas e respostas e, mais tarde, a íntegra.



Fátima Bernardes: Boa noite, candidata.
Dilma Rousseff: Boa noite, Fátima. Boa noite, Bonner. Boa noite você que nos acompanha.

Fátima Bernardes: A entrevista terá dez minutos com tolerância de um minuto para que a candidata conclua uma resposta sem ser interrompida e mais 30 segundos para a mensagem dela aos eleitores. O tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidata, a senhora liderou grande parte da campanha e esteve muito perto de vencer no primeiro turno. Como a senhora explicaria a decisão do eleitor de levar essa disputa pra um segundo turno?
Dilma Rousseff: Olha, Fátima, eu acho que o eleitor queria uma oportunidade a mais para poder refletir e para poder, cotejando as propostas, ter uma opção agora com mais clareza. Agora, a verdade é que nós, eu sou muito grata aos eleitores que votaram em mim, porque eu tive 47 milhões de votos e veja que coisa curiosa: eu acredito que eu seja a mulher mais, a segunda mulher mais votada da história do planeta, a primeira sendo a Indira Gandhi.

William Bonner: Candidata, quando terminou o primeiro turno, a senhora e alguns dos seus assessores, enfim, partidários do Partido dos Trabalhadores chegaram a dizer que aquela discussão, aquela polêmica sobe o aborto tinha motivado essa decisão do eleitor no fim do primeiro turno. Essa polêmica toda, essa discussão não teria se dado por causa de sua mudança de posição sobre a legislação referente ao aborto? Eu digo isso porque pessoalmente a senhora sempre se manifestou contrária ao aborto. O que a senhora fez em algumas entrevistas, na revista "Marie Claire", na "Folha de S.Paulo", foi dizer que era favorável à mudança da legislação, à legalização do aborto. Não teria sido mais natural num país tolerante como é o nosso que a senhora tivesse admitido publicamente essa mudança de opinião a respeito?
Dilma Rousseff: Veja bem, Bonner, eu acredito que nessa história do aborto houve muita confusão. Há uma diferença, Bonner, entre a posição individual minha como cidadã: eu sou contra o aborto. Sou contra o aborto porque eu acho uma violência contra a mulher, e não acredito que mulher alguma é a favor do aborto. Acho que as pessoas que recorrem ao aborto o fazem em situação-limite. O que é que acontece com o presidente da República? Ele não pode fingir que não existem milhares de mulheres, principalmente, até milhões, pelos dados até publicados pelo [jornal O] "Globo" são milhões de mulheres, três milhões e meio de mulheres que recorrem ao aborto. Nós não podemos fingir que essas mulheres não existem. E mais: não podemos fingir que essas mulheres, elas fazem isso em situações muito precárias, e provoca, recorrer ao aborto provoca risco de vida e em alguns casos a morte. Pois bem, a minha posição sempre foi a seguinte: você não pode colocar essas mulheres, prender essas mulheres. Não se trata de prender as mulheres, se trata de cuidar delas. Porque você não vai deixar três e meio milhões de mulheres ameaçadas a sua saúde. Então são duas posições diferentes. Quando a gente diz que o aborto não é um caso de polícia, no Brasil ele é um caso de saúde pública, o que que nós estamos falando? Nós estamos falando o seguinte: para prevenir para que não haja o aborto, primeira questão, nós temos que tratar a quantidade imensa de gestantes adolescentes que recorrem ao aborto ou porque têm medo da família, da família não aceitar, ou porque já não têm laços familiares efetivos que podem garantir a ela o apoio pra poder ter a criança.

William Bonner: Agora, na semana passada, a senhora divulgou um documento em que a senhora afirmou o compromisso de não propor nenhuma modificação na legislação. Algumas pessoas que defendem o aborto, né, como uma questão de saúde pública, como a senhora mesma já fez no passado, entenderam que esse seu compromisso seria um recuo, uma concessão, digamos assim, excessiva aos religiosos, que entra em contradição com algo que a senhora mesma defendeu. A senhora dizia: é uma questão de saúde pública e é um absurdo, a senhora disse isso para a “Folha de S.Paulo”, é um absurdo que não se legalize a questão. Daí a questão. A senhora não vê essa contradição?
Dilma Rousseff: Não, não vejo. Sabe por que, Bonner? Porque ninguém em sã consciência vai propor prender 3,5 milhões e meio de mulheres. Até porque tem um problema concreto, prático. Eu não concordo com a mudança na legislação. A legislação prevê aborto em dois casos. Prevê no caso de estupro e de risco de vida pra mulher. Então há, necessariamente, uma forma de a gente conduzir isso sem alteração. E acredito que um processo de alteração, por exemplo, por plebiscito, seria muito ruim. Porque dividiria o Brasil de ponta a ponta. Não levaria a uma forma de, eu diria, de acordo e de consenso. Pelo contrário: os países que fizeram isso tiveram péssimas experiências. Então eu fiz uma carta que é uma carta a todos os religiosos, mas é uma carta pública ao povo brasileiro no sentido de que acredito que a legislação.

Fátima Bernardes: Pode ser mantida...
Dilma Rousseff: Pode ser mantida, e não é necessário alterar os termos da legislação.

Fátima Bernardes: Candidata, os institutos de pesquisa atribuíram não a essa questão do aborto, mas ao escândalo da sua ex-assessora Erenice Guerra, essa ida pro segundo turno, ao escândalo envolvendo contratação de familiares, de parentes, e tráfico de influência. A senhora chegou a dizer num primeiro momento que essas denúncias eram factóides, depois a senhora mesma reconheceu que sua ex-assessora errou e que o seu partido investiga os erros. Agora a questão que surge é a seguinte: como é que isso aconteceu num ministério que a senhora comandou, a Casa Civil, e que garantias a senhora oferece ao eleitor de que isso não venha a se repetir no caso de a senhora ser eleita?
Dilma Rousseff: Olha, Fátima, a gente tem de ser muito claro com o eleitor e não tentar enganá-lo. Erros e pessoas que erram acontecem em todos os governos. O que diferencia um governo de qualquer outro governo é a atitude desse governo em relação ao erro. A nossa atitude é: nós investigamos e punimos. Por exemplo, no caso da Erenice: eu não concordo com a contratação de parentes e amigos. Sempre fui contrária ao nepotismo. Jamais deixei que se praticasse.

Fátima Bernardes: Mas ele aconteceu.
Dilma Rousseff: Sempre pode acontecer. As pessoas podem errar em vários momentos. Não tem como você saber que a pessoa vai errar ou não a priori. O que você tem de garantir é que haja punição. Por exemplo, eu vou te dar um exemplo.

Fátima Bernardes: A senhora acha que houve alguma falha, por exemplo, na estrutura montada pela senhora na Casa Civil para que esse erro pudesse acontecer?
Dilma Rousseff: Veja bem, ninguém controla o governo inteiro. O que você tem de ter garantia, vou repetir, é que havendo o mal feito, você investigue e pune. Nós estamos, nós estamos claramente, já 16 pessoas depuseram no caso da Erenice e a polícia está investigando se houve ou não houve tráfico de influência. Quanto à nomeação de parentes, foram todos, os que estavam ainda no governo, porque a grande maioria não estava, foram demitidos. Veja você, há uma diferença entre nós e o meu adversário. O meu adversário tem uma acusação gravíssima, que é o caso Paulo Vieira de Souza. O Paulo Vieira de Souza está investigado na operação da Polícia Federal chamada Castelo de Areia por propina, porque ele era diretor do equivalente aqui no Rio ao departamento de estradas, e ele cuidava das mais importantes obras do governo do estado de São Paulo. Até agora não houve uma investigação e não houve nenhum processo, pelo contrário: há uma diferença entre quem investiga e pune e quem acoberta e não pune, quem acoberta e cria uma coisa que se chama impunidade, porque a gente tem de perceber isso. Um governo é como uma empresa: ninguém sabe absolutamente de tudo o que acontece na empresa, mas o que que você tem de ter? Você tem de ter mecanismos para, havendo conhecimento daquela atividade, eu quero te dizer: no meu governo, eu serei implacável tanto com essa questão de nepotismo, né, que é a contratação de parentes, quanto com tráfico de influência ou conhecimento de qualquer mal feito relacionado à propina ou outras variantes disso.

William Bonner: Me permita fazer uma questão agora sobre a campanha eleitoral. Nesse segundo turno, o ex-deputado Ciro Gomes se juntou a sua equipe para coordenar a sua campanha na eleição. É curioso, porque há seis meses, o candidato Ciro... o então... o ex-deputado Ciro Gomes chegou a dizer que o seu adversário, candidato José Serra, do PSDB, é mais preparado do que a senhora para ser presidente da República. Sobre o PMDB, que é o partido do seu candidato a vice, Michel Temer, ele disse que era um ajuntamento de assaltantes, palavras dele, e sobre o próprio Michel Temer, o seu candidato a vice, ele chegou a dizer que era o chefe dessa turma. A minha pergunta é a seguinte, candidata: foi a sua equipe que pediu ajuda a Ciro Gomes ou foi ele que ofereceu ajuda a sua campanha?
Dilma Rousseff: Veja bem, eu tenho uma relação muito longa, de há muito tempo com o deputado Ciro Gomes. Nós participamos do mesmo governo e eu sempre disse em todo esse processo que eu respeitava, tinha uma excelente relação com ele e entendia, inclusive, que naquele momento ele estivesse magoado pela circunstância que levou ele a não ser candidato. E eu vou ter sempre, eu sei como é que é a forma pela qual e o temperamento do deputado Ciro Gomes. Ele nos procurou e nós...

William Bonner: Foi ele que procurou? Aí a senhora...
Dilma Rousseff: ... aceitamos prontamente. Por quê? Porque o deputado Ciro Gomes, eu convidei para ir a minha casa, inclusive a jantar. Eu já não lembro se foi janta ou se foi o almoço. Por quê? Porque eu tenho uma relação pessoal, mas nesse momento ele não me apoiou formalmente.

William Bonner: Certo.Dilma Rousseff: Ele foi me apoiar depois, agora, no primeiro turno, a partir do fato que ele foi coordenador da campanha do Cid e que o governador Cid, também pelas nossas relações, me apoiava.

William Bonner: Não, é só porque, para concluir, a senhora tem direito a 30 segundos para se despedir de seus eleitores.
Dilma Rousseff: Ah, já estamos no fim?

William Bonner: Já terminou, já foi aquele minutinho de tolerância.
Dilma Rousseff: Primeiro eu queria agradecer muito ao acompanhamento dos ouvintes e fazer um apelo de forma muito humilde. Eu peço o voto e o apoio de vocês que me assistem, porque eu represento um projeto que transformou o Brasil, que fez com que o Brasil distribuísse renda, que o Brasil criasse um grande mercado consumidor, pagasse o FMI. Mas sobretudo também que nós nos tornamos respeitados lá fora. Eu vou continuar isso, eu assumo esse compromisso com vocês. E eu gostaria muito, se Deus quiser e contar com o seu voto, de ser a primeira presidenta do Brasil.

Fátima Bernardes: Muito obrigada, candidata Dilma Rousseff, pelo seu retorno aqui ao Jornal Nacional.Dilma Rousseff: Muito obrigada, Fátima e Bonner.

Como enfrentar a direita midiática

Posted by eduguim on 18/10/10 • Categorized as Opinião do blog EDUARDO GUIMARÃES

Há tanto há dizer sobre o assunto que o título deste post indica que não tenho certeza de que sei por onde começar. Talvez começar pelo começo seja a melhor opção, o que nem sempre é verdade, pois, com freqüência, o meio ou o fim de uma história podem ser a parte mais importante para introduzir um relato.
Mas onde começa o assunto Dilma, PT, blogosfera e debate político? Pode ser pela ausência desse debate durante os quase oito anos do governo Lula – e por iniciativa desse governo e do partido no qual teve origem, é bom dizer.
Apesar da quase súplica de setores da sociedade que, contrariando os seus interesses de classe, dedicaram-se, durantes estes anos todos, a alertar o governo e o seu partido sobre a inapetência pelo debate político em que mergulharam, o alerta foi ignorado até há pouco.
Vejam os jornalistas de renome que entregaram as suas carreiras a uma causa que contraria os seus interesses profissionais. Quem, em sã consciência, pode ignorar que um jornalista confrontar a Globo, por exemplo, pode lhe hipotecar o futuro em um país em que a informação é controlada por um oligopólio?
Há, também, pessoas como este que escreve, por exemplo, que chegam a deixar de ganhar dinheiro com os seus trabalhos remunerados para militarem em uma causa da qual sabem que jamais extrairão nada, do ponto de vista material.
Será que não mereceríamos um pouco de atenção? Até por que, pessoas comuns, mas atentas e informadas, podem apontar aos que estão na arena política o que só é possível enxergar da arquibancada, digamos assim.
Alguns me dizem que não é hora de travar este debate, que deve ser deixado para depois das eleições. Discordo.
Depois das eleições será um tempo bom para essa discussão partindo da premissa de que então o desejo cívico de eleger Dilma Rousseff estará contemplado. Mas e se a falta deste debate provocar situação inversa à que se quer?
Porque ainda é tempo de corrigir rotas. Por exemplo, a rota para aqueles que se negaram a travar o debate político por anos retomarem-no agora de forma eficiente.
As condições da disputa eleitoral são, em termos, adversas a Dilma, a Lula e ao PT. Eles têm contra si aqueles que controlam a parte do leão da comunicação no Brasil. Ou melhor: os adversários têm a máquina midiática a seu favor.
É importante essa distinção porque o outro lado colhe os frutos da má relação do PT e do governo Lula com a mídia, que poderia ter má relação com o poder mas nem por isso precisaria substituir as críticas democráticas que tem inclusive o dever de fazer por legítima sabotagem para favorecer a oposição.
Não estou propondo, é claro, que tivesse havido algum tipo de acordo com a mídia, o que seria impossível. Pelo contrário: julgo que o PT e o governo Lula se encolheram demais diante dela. Poderiam ter usado, durante estes quase oito anos, a estratégia que usaram agora de cobrar investigação do outro lado, também.
Além disso, há a questão do estado emocional e psicológico de Dilma. A missão que ela aceitou foi dificílima. Sobrepujando a falta de traquejo no debate político decorrente de ter sido uma técnica a vida inteira, agora tem que lidar com aquela que talvez seja maior raposa da direita contemporânea no Brasil.
Ao estar diante do representante da direita, Dilma está, também, diante dos seus algozes de outrora, daqueles que a seviciaram durante um dos períodos mais tristes da história deste país. O estado de espírito de quem tem sofrido uma campanha difamatória como a que se vê, portanto, não poderia mesmo estar muito serenado.
Não nos esqueçamos, também, de que Dilma é mulher, um ser de um gênero em que a emotividade anda de mãos dadas com a razão muito mais do que nos homens, em média, e que, portanto, sente mais as pancadas de uma estratégia de destruição de imagem.
Esse psicológico de Dilma tem que ser sustentado por especialistas e com técnicas amplamente existentes na psicologia. Qualquer um de nós – e mesmo os mais experientes em debates – seria beneficiado por esse instrumento. É a minha opinião sobre uma dificuldade que acho que tem que ser superada no curtíssimo prazo, pois prazo para tanto já quase não há.
Quero opinar, com sinceridade absoluta, que acho que Dilma pode vencer esta eleição. Acho que tem armas poderosas à sua disposição – um governo excelente e uma população que sente os seus benefícios. O adversário é fraco. Sustenta seu discurso em mentiras, dissimulações, omissões, fugas e trânsfugas e, sobretudo, em muita, mas muita cara-de-pau.
Vejam só o que Dilma tem à sua disposição: tudo o que Serra diz que está ruim hoje no Brasil, na época em que o tucano esteve no poder era muito pior, foi deixado muito pior e basta comparar. Dilma tinha que ter esses dados, mas não tinha – ou não se lembrou de que tinha, o que é muito pior.
Temos, agora, 13 dias para a eleição. É tempo para acontecer de tudo. A mídia deve estar preparando alguma. Não tenho a menor dúvida de que está permitindo denúncias contra Serra porque quer amealhar capital de credibilidade e de “isenção” para esgrimir quando disparar sua derradeira bala de prata contra Dilma.
Vejam como o caso Paulo Preto já vai sumindo. O caso Erenice e o da quebra de sigilo de tucanos, porém, ficou nas manchetes principais, ininterruptamente, por semanas e semanas a fio…
Não é fácil.
É nesse ponto que se deve cobrar continuidade da cobrança de esclarecimentos de casos como o de Paulo Preto, da hipocrisia de Mônica Serra e do marido por atacarem Dilma com o que não negaram pessoalmente que fizeram (aborto), dos panfletos difamatórios contra a petista confeccionados sem CNPJ e sob firma falsa da CNBB na gráfica da irmã de um membro da campanha tucana etc.
Dilma tampouco atentou, no debate, para o fato de que quando Serra usou as vitórias do PSDB em São Paulo para desqualificar o PT no Estado ela poderia ter respondido que se perder eleição em um colégio eleitoral for determinar alguma coisa o PSDB perde no Brasil para o seu partido desde 2002.
Enfim, é fácil debater com Serra. Só é preciso ter serenidade. Não se trata de competência, mas de serenidade. Tenho certeza de que qualquer blogueiro ou jornalista teria destruído o tucano no debate de ontem. Já Dilma, enfrenta a imprensa com muito mais sucesso. Todavia, diante do adversário de fato ela perde o controle.
Por fim, para quem me achou pessimista quero dizer que para uma mulher capaz de aprender tudo o que Dilma aprendeu em tão pouco tempo, agora falta pouco para ela terminar esta eleição com um debate exemplar com Serra mesmo estando na casa do adversário – no debate da Globo. Basta se acalmar.

Mano Brown apóia Dilma!

Governo FHC preparou privatização da Petrobras, diz Gabrielli



O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que o modelo de gestão da empresa no governo tucano (1995-2002) reduzia a exploração petrolífera, desmembrava a área de refino, inibia investimentos e deixava o custo para a empresa e o lucro para o setor privado."A estrutura organizacional, fazendo com que se reproduzisse todo o sistema corporativo dentro de unidades de negócio estanques, exacerbadamente, era preparação clara para uma eventual privatização." Leia a entrevista de Gabrielli aqui

Gabrielli falou a verdade sim. A prova está nos recortes de jornais (clique nas imagens acima), publicado na época.o PFL, hoje DEM, também era aliado do governado Fernando Henrique Cardoso.O DEM mandava no governo FHC. Assim como hoje que, além de aliado o DEM tem um vice do candidato tucano José Serra.

Como Serra e FHC impediram a Petrobrás de entrar em São Paulo



Para Serra, a Petrobrás não pode entrar em território paulista

Saiu no Tijolaço reportagem que põe em perspectiva a acusação que a Dilma fez no debate da RedeTV: Serra não deixou Petrobrás comprar empresa, mesmo depois de a Petrobrás oferecer valor maior que as concorrentes.

Clique aqui para ver a lista das empresas que ele e o FHC passaram nos cobres.
aqui para ver o vídeo em que FHC diz que vendeu a Vale por insistência do Serra.
Vamos ao Tijolaço:

Para entender a história da Gás Brasiliano


Trazida à baila por Dilma, a tentativa do Governo de São Paulo de vetar a aquisição da Cia Gás Brasiliano, uma empresa do grupo italiano ENI, não era assunto conhecido por muitos de nós. E, certamente, não vai ser, com a cobertura que dá a nossa mídia.

Aqui do lado, reproduzo a área de concessão da Gás Brasiliano para a distribuição de gás natural no riquíssimo noroeste paulista e seu posicionamento estratégico de interconexão com o Gasbol, o gasoduto pelo qual nos chegam até 17 milhões de metros cúbicos de gás boliviano.

Republico, portanto, a matéria da repórter Cláudia Schüffner, do Valor Econômico, publicada no dia 28 de maio deste ano, que passou desapercebida por quase todos:

Petrobras, finalmente, entra em São Paulo


A aquisição da Gás Brasiliano pela Petrobras, anunciada ontem pelo valor de US$ 250 milhões, satisfaz um desejo antigo da estatal – há muito tempo a companhia pretendia entrar no rico mercado de São Paulo. Ela não mediu esforços para vencer a concorrência da Mitsui e Cosan, que também fizeram propostas pelo ativo. Entretanto, segundo fontes ouvidas pelo Valor, o negócio contraria o governo de São Paulo, que não gostaria de ter uma estatal federal no controle de empresas de distribuição de gás no Estado.

Ao ser questionada sobre restrições do governo paulista à aquisição, a secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena, informou, por meio de sua assessoria, que não tinha sido informada oficialmente sobre a compra. A informação já tinha sido divulgada pela estatal pela manhã em fato relevante.

Com a compra, a Petrobras consegue cumprir um plano de negócios desenhado na década passada que foi abortado. Em abril de 1999, a estatal viu sua intenção de comprar a Comgás barrada depois que ela conseguiu um meio de driblar a restrição que proibia a participação majoritária de estatais federais no leilão da distribuidora. Isso seria possível porque ela se associou, como minoritária, a um consórcio que tinha ainda os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e Petros (da Petrobras). Era um grupo formado por gigantes.

Quando soube da formação desse consórcio o então governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB) ligou para o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, pedindo que o consórcio fosse desfeito. FHC então proibiu a Petrobras de entrar na concorrência e a Comgás foi comprada por um consórcio liderado pela BG, Shell e a CPFL.

A atual oferta da Petrobras pela Gás Brasiliano só pôde ser feita porque em 2007 foi revogado o artigo 24 da Lei Estadual nº 9.361/1996, que criou o Programa Estadual de Desestatização. Esse artigo vedava explicitamente “a participação majoritária das empresas estatais federais na Comgás e demais concessionárias de distribuição de gás canalizado que vierem a ser criadas no Estado de São Paulo”. Mas ele foi revogado pela Lei Estadual nº 12.639/07, proposta pelo deputado estadual Antonio Mentor (PT), apesar do veto do governador José Serra. A justificativa do governo para vetar a Petrobras era evitar a concentração econômica e permitir a concorrência no setor.

Todavia, com a nova legislação, deixou de existir o veto à entrada da Petrobras na distribuição de gás em São Paulo, o que abria a possibilidade de ela não só tentar adquirir a Comgás como a Gás Brasiliano, controlada pela italiana Eni Spa e a Gás Natural São Paulo (controlada pela espanhola Gas Natural).

A Gás Brasiliano foi adquirida pela Eni por R$ 274,5 milhões – US$ 142,5 milhões pelo câmbio na época da privatização em 1999 – que representava com ágio de 150%. Desde então, a Eni investiu na concessão, que abrange 375 municípios, cerca de R$ 360 milhões. A oferta da Petrobras é igual ao que a japonesa Mitsui pagou em 2005 pelo controle de sete distribuidoras reunidas na Gaspart.

Com a Gas Brasiliano, a Petrobras terá participação acionária em 21 das 27 distribuidoras de gás natural existentes no Brasil. No mercado se comentava que a oferta da estatal foi superior à da Mitsui (que teria ficado em segundo lugar, com uma proposta de US$ 180 milhões ou US$ 190 milhões) e bem acima da oferta da Cosan, que teria oferecido US$ 120 milhões. Procurada, as empresas não confirmaram a informação. Essa é segunda aquisição de uma controlada da italiana Eni pela estatal, que comprou a AgipLiquigás em 2004.

Portal Terra: Serra mentiu no debate



Serra se enforca numa viga do Robanel

Conversa Afiada reproduz twitter de amigo navegante Ricardo Ramires:

@rrpiu: O site Terra desmoraliza Serra. O #serramilcaras é um mentiroso compulsivo, irrefreável, sem decência e sem limites. http://bit.ly/aJCqxo


Serra cobra do Terra explicação que não deu


O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, afirmou no debate promovido pela RedeTV!/Folha no domingo (17) à noite que o Terra  não publicou uma explicação que ele teria dado em Goiânia sobre o ex-diretor do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, também conhecido como Paulo Preto. Na verdade, o portal publicou as únicas informações a respeito dadas por José Serra naquele dia. E mais: em todos os demais portais, jornais, emissoras de rádio e TV não há nenhum registro de explicação adicional do candidato Serra além do que foi veiculado na segunda-feira (11).

Acima, disponível para os internautas, o áudio da pergunta e a resposta de Serra no debate da RedeTV! e também o áudio do que ele disse exatamente em Goiânia.

Em tempo: Paulo Preto, segundo Dilma Rousseff afirmou no debate da TV Bandeirantes no domingo (10), ao referir-se a matérias de revistas semanais, teria sumido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha eleitoral tucana.

Minutos após o debate na Rede TV! a repórter Marcela Rocha, do Terra, questionou o candidato sobre qual reportagem e a que dia ele se referiu no debate. Serra detalhou estar se referindo ao texto enviado na segunda-feira (11) desde “Goiânia”.

Marcela Rocha não esteve em Goiânia. Mirelle Irene, correspondente do Terra em Goiás, acompanhou o candidato na segunda (11). E foi quem escreveu a reportagem aqui publicada e quem tem em mãos o áudio reproduzido acima.No único trecho em que Serra cita Paulo Preto, ou Paulo Vieira de Souza, Mirelle Irene descreve:

- Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando. Serra disse ainda que não iria gastar horas de um debate nacional discutindo “bobagens”.

A respeito, uma semana depois, a repórter Mirelle Irene relata:

- Aquele foi o único momento em que o candidato Serra tocou no assunto. E o que eu, em essência reproduzi, foi o que os demais meios todos reproduziram.

O candidato fez a afirmação sobre o Terra ao responder à seguinte pergunta da jornalista Renata Lo Prete, colunista do jornal Folha de S. Paulo. “Seu partido critica o governo Lula por não saber do mensalão. Agora surge no noticiário um personagem chamado Paulo Preto. O senhor disse que não conhecia ele e depois disse que o conhecia. Hoje, foi publicado que o senhor empregou uma filha dele em seu governo. Candidato, o senhor sabia disso?”.

(…)

FHC negocia em nome de Serra a venda do Brasil


Hotel confirma reunião de FHC com investidores


Um portal de Foz do Iguaçu, o Clickfoz, confirmou junto ao Hotel das Cataratas que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteve presente em um evento fechado ontem à noite no hotel com a presença de vários estrangeiros.

Segundo o jornalista mineiro Laerte Braga, em seu blog, Brasil Mobilizado, o propósito do encontro seria apresentar a investidores estrangeiros oportunidades de negócios no Brasil, com a privatização de estatais brasileiras no caso de vitória de José Serra.

Ainda segundo Braga, FHC estaria assumindo com os empresários o compromisso de venda de empresas como a Petrobras, Banco do Brasil e Itaipu, em nome de José Serra.

“Cada um dos investidores recebeu uma pasta com dados sobre o Brasil, artigos de jornais nacionais e internacionais e descrição detalhada do que José FHC Serra vai vender se for eleito”, escreveu Laerte Braga. “E além disso os investidores estão sendo concitados a contribuir para a campanha de José FHC Serra, além de instados a pressionar seus parceiros brasileiros e a mídia privada a aumentar o tom da campanha contra Dilma Roussef.”

Ainda segundo o blog, FHC teria dito, logo após ser apresentado pelo organizador do evento Raphael Ekmann, que “se deixarmos passar a oportunidade agora jamais conseguiremos vender essas empresas.”

Raphael Ekmann, ex-gerente comercial da Globosat, é responsável por relações com investidores do Grupo de Investimentos Tarpon. Em 2006, este grupo fez uma oferta hostil para tentar comprar a Acesita, e em 2009, vendeu sua participação na siderúrgica para a Arcelor Mittal.

Braga cita a presença de outras pessoas, como Alice Handy, que vem a ser fundadora e presidente de um grupo privado de investimentos em Charlottesville, nos Estados Unidos, e de Anjum Hussain, diretor de gerenciamento de risco de outro fundo de investimentos que administra US$ 1,6 bilhão.

A jornalista Hildegard Angel afirmou em seu blog no R7, que “o fato é realmente grave e pode ser visto como um ato contra a soberania brasileira e seria importante tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o candidato José Serra virem a público esclarecer essa denúncia.”

Leia mais em: ¹³ O ESQUERDOPATA ¹³ 
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Assessoria de FHC confirma encontro com investidores estrangeiros, mas nega denúncia de jornalista

Título original deste post: Hotel das Cataratas confirma grupo de investidores estrangeiros, mas diz que lista é confidencial
por Luiz Carlos Azenha
Confirmei há pouco com o Hotel das Cataratas, de Foz da Iguaçu: um grupo de investidores estrangeiros esteve mesmo hospedado lá, para participar de um evento. Uma funcionária do setor de reservas disse que as informações relativas ao grupo são confidenciais, ou seja, que não pode revelar quem esteve presente, nem quem ficou hospedado.
A funcionária sugeriu que uma consulta fosse feita à assessoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É o que Conceição Lemes está fazendo neste momento.
Estes esclarecimentos se fazem necessários diante de um post do blog Tijolaço, do deputado Brizola Neto, para o qual buscamos confirmação independente.
ASSESSORIA DE IMPRENSA DE FHC ESCLARECE

Sobre a Tarpon Investimentos, com a qual fizemos contato (ainda sem resposta), a revista Exame publicou:
Chega ao Brasil uma nova geração de fundos private equity. E ela traz consigo 2 bilhões de dólares para investir
Por Denise Carvalho  | 25.08.2006
Depois de uma entressafra de investimentos que durou pelo menos três anos, uma nova injeção de capital de risco está chegando ao país. Existem pelo menos dez novos gestores de fundos de private equity já investindo ou em fase de levantamento de capital — bilhões de dólares que serão injetados em empresas brasileiras.
Esse grupo de estreantes, formado por nomes ainda pouco conhecidos, como Tarpon, AG Angra e Governança & Gestão (G&G), vem captando dinheiro a taxas asiáticas. Nos últimos 12 meses, seis desses fundos captaram 815 milhões de dólares e até o fim do ano os recursos reunidos por esse novo time devem alcançar 2 bilhões de dólares.
É uma soma considerável, sobretudo levando-se em conta o retrospecto dessa atividade no país — a quantia levantada pelos novos fundos será equivalente a quase 30% do que todo o setor de private equity movimenta hoje no Brasil. Para as empresas brasileiras, ainda carentes de fontes de financiamento, a chegada dessa leva de investidores é uma ótima notícia.
“A entrada de novos recursos sempre torna o crédito para os negócios mais barato”, afirma Marcus Regueira, presidente da Associação Brasileira de Gestores de Fundos de Private Equity e Capital de Risco (ABVCAP).
O maior motor dessa euforia é o crescimento do mercado de capitais brasileiro. Em geral, os fundos de private equity compram participações em empresas para tentar valorizá-las e vendê-las no futuro. Com o fortalecimento da bolsa, esse movimento de saída ficou mais fácil, mais lucrativo e, por essa razão, mais atrativo.
Das últimas 20 ofertas públicas de ações feitas na Bovespa, 13 foram de empresas que tinham fundos de private equity entre seus acionistas. Juntas, essas companhias levantaram mais de 4 bilhões de dólares em suas emissões de ações.
“Não há dúvida de que a chegada desses novatos ocorre graças às melhores oportunidades de negócio no país, à liquidez do mercado e ao desenvolvimento da bolsa de valores, que propicia a saída dos investidores dos fundos”, afirma o professor Cláudio Vilar Furtado, coordenador do Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da Fundação Getulio Vargas.
Outro fator também tem estimulado a entrada de novos gestores. Em 2003, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) criou uma legislação que torna mais transparente a administração das empresas que recebem esse tipo de investimento — normalmente companhias de capital fechado, pouco acostumadas a prestar contas.
Com isso, elas agora são obrigadas a apresentar ao fundo a demonstração de seus resultados, a relatar os contratos que têm com companhias co ligadas e a eleger um conselho de administração. A transparência, claro, diminui os riscos inerentes ao negócio. Menos risco normalmente significa mais investimento.
No radar desses novos fundos, os setores que oferecem melhores oportunidades atualmente são os de infra-estrutura, agronegócio, energia, varejo e imobiliário. É nessas áreas que os gestores começam a concentrar seu dinheiro.
Veja o caso da Tarpon, administradora de recursos que tem em carteira aproximadamente 580 milhões de reais num fundo de private equity. Fundada em 2002, a Tarpon tem entre os sócios o administrador paulista José Carlos Reis de Magalhães, conhecido como Zeca e tido no mercado como uma espécie de gênio precoce das finanças. Com apenas 28 anos, Zeca tem passagens por empresas como GP, Semco e pelos bancos JP Morgan e Patrimônio.
Neste ano, comandou a primeira tacada da Tarpon na área de private equity ao associar-se a um grupo de investidores, entre os quais o empresário Elie Horn, dono da construtora Cyrela. Juntos, eles criaram a BrasilAgro.
Seu objetivo é comprar e arrendar propriedades rurais onde serão desenvolvidas atividades como o plantio de cana-de-açúcar, grãos e outras culturas. Os executivos da empresa, que fez sua estréia na bolsa em maio, anunciaram há alguns dias que estão prestes a fechar a compra de seus três primeiros terrenos.
Alguns dos gestores dessa nova safra já são há algum tempo celebridades do mundo das finanças. É o caso do hoje recluso Armínio Fraga, sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, considerado um dos notáveis da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e que trabalhou durante seis anos com o especulador húngaro George Soros.
Há cerca de um ano, a Gávea passou a captar recursos para um fundo de private equity gerido por Luiz Fraga, primo e sócio de Armínio. Hoje, esse fundo soma quase 220 milhões de dólares. Entre seus recentes investimentos estão a aquisição da Fazenda Ipanema, antiga propriedade do banqueiro Júlio Bozano, localizada em Alfenas, no sul de Minas Gerais, e a compra de um andar de um edi fício comercial anexo ao Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, que será inaugurado nos próximos meses.
“O fato de ter atuado na carreira pública facilita o contato com donos de empresas e projetos”, diz Antonio Kandir, outro estreante no mercado de private equity que freqüentou os bastidores da política. Ex-ministro do Planejamento, Kandir é sócio da Governança & Gestão Investimentos, que já captou 300 milhões de reais.
Seu primeiro grande negócio foi a compra do controle acionário da rede de supermercados Gimenes, em abril. Com sede em Sertãozinho, no interior paulista, a cadeia tem 27 lojas na região de Ribeirão Preto.