Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

QUEM PAGA OS PANFLETOS DO BISPO BERGONZINI CONTRA DILMA?

Dois milhões e 100 mil panfletos contra Dilma Rousseff, com falsa chancela da CNBB, estavam sendo rodados em uma gráfica em SP, descoberta pelo PT. Os responsáveis pela Pana Editora e Gráfica afirmam que o material --apenas um lote de um total de 20 milhões de panfletos que estão sendo rodados em SP com o mesmo conteúdo-- foi encomendado pelo bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, da diocese de Guarulhos-SP. Perguntas que precisam ser respondidas: 1- Desde quando o bispo de Guarulhos tem dinheiro para imprimir 20 milhões de panfletos apócrifos? 2-Quem paga as gráficas? 3- De onde veio o dinheiro? 4- Em que conta da diocese ele foi depositado? 5-Quem orientou o texto a falsear a chancela da CNBB? 6-Dom Bergonzini conhece 'Paulo Preto', o homem acusado de sumir com R$ 4 milhões do caixa 2 da campanha de Serra -- que guarda segredos com força suficiente para obrigarem Serra a tratá-lo, alternadamente, num dia como 'factóide' e no outro, como 'competente e inocente' -- tudo isso num hiato de apenas 12 horas depois que Paulo Preto ameaçou Serra na Folha dizendo:' não se abandona um líder ferido na estrada; não cometam esse erro'. 7- Quem, afinal, está abastecendo o caixa da diocese de Guarulhos para transformá-la num bunker eleitoral anti-Dilma? Com a palavra, a operosa Polícia Federal de SP e a não menos operosa vice-procuradora do TSE, Sandra Cureaunull

Postado por Saul Leblon às 16:53

Os envergonhados e os desavergonhados
Todas essas amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto, agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso. O artigo é de Bernardo Kucinski.
Rompo meu silêncio de três anos na Carta Maior por causa da minha mulher. Ela perguntou: você não vai fazer nada? Não vai participar da campanha? Eu não sou mais jornalista, respondi, sou ficcionista; não quero mais saber de política, chega, cinqüenta anos sendo usado, agora chega. Ela acabara de ler a história do bispo que mandou imprimir dois milhões de folhetos contra a Dilma. Eu lembrei ter dito a ela que a Igreja Católica estava traindo, já naquele dia em que soltaram o manifesto acusando Lula da fascista, com a assinatura do Dom Paulo. O pobre homem em estado avançado de Alzheimer, e arrancam dele essa assinatura.

A Igreja não está traindo, está fazendo o que sempre fez, ela respondeu. Nós acabávamos de voltar de uma viagem à Cartagena, na Colômbia, onde visitamos o museu da Inquisição. Os instrumentos de tortura ali exibidos, de fazer o DOI-CODI sentir vergonha, ficaram gravados fundo na nossa imaginação.

Está traindo sim, eu falei, está traindo em primeiro lugar porque usou um método traiçoeiro, o método das mentiras, da difamação, em segundo lugar porque está usando o dinheiro que arranca dos pobres para combater o governo dos pobres, e em terceiro lugar porque está usando uma eleição universal, republicana, para emplacar um dogma religioso, dogma dos mais nefastos, que só prejudica as mulheres pobres. 

Um Papa decidiu lá em Roma que o aborto é a linha divisória entre uma sociedade moderna, laica, regida pelo saber científico, e a sociedade atrasada, na qual os padres mandam na vida das pessoas e a Igreja por isso mantém seu poder. E veio a ordem, lancem a campanha contra o aborto bem no meio da campanha eleitoral. Eles são profissionais. Fazem isso há dois mil anos, desavergonhados, Os evangélicos, amadores, entraram de carona. 

Agora vou falar dos envergonhados, esses que passaram oito anos disseminando mentiras sobre a transposição do São Francisco, acusando Lula de só beneficiar o agronegócio, demonizando as novas hidroelétricas, tumultuando audiências públicas em nome de índios e caboclos desprovidos de luz elétrica, obstruindo a construção de pontes e estradas que integrariam o continente, combatendo os transgênicos em nome de uma visão pré-darwiniana da natureza, esses que se condoem com gatinhos e pererecas, mas não com os meninos de rua ou os moradores de palafitas. Esses, que agora estão lançando manifestos dizendo envergonhadamente para votar contra o Serra. Por que não dizem bem alto votem na Dilma? 

E também essas todas, amigas minhas, da Vila Madalena, de Pinheiros, da USP, mulheres esclarecidas, emancipadas, que votaram na Marina apesar de evangélica e anti-aborto e agora descobriram que todo o seu estado maior é formado por tucanos. Ou ainda não descobriram? A vocês todas eu digo: não se trata agora de derrotar o Serra ou o neoliberalismo. Tudo isso é transitório, efêmero. Trata-se de derrotar a grande conspiração obscurantista. Trata-se da luta milenar da razão contra a superstição, da tolerância contra o fanatismo, da modernidade contra o atraso. 

(*) Bernardo Kucinski é jornalista, autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000)

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