Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sábado, 21 de abril de 2012

As sete quedas da imprensa

Por Luciano Martins Costa em 18/04/2012 na edição 690

O noticiário do Distrito Federal acrescenta, a cada dia, novas evidências de que o senador Demóstenes Torres, de Goiás, não atuava simplesmente como um parlamentar, mas como sócio do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlos Cachoeira. Em sua expressão “legal”, a associação teria como face institucional a construtora Delta e o laboratório Vitapan, apontada como a maior indústria de medicamentos genéricos do país.
Em torno desse esquema, dizem os jornais, funcionaria uma extensa rede de outras empresas, algumas legais, outras apenas de fachada, cuja atividade principal seria dar um aspecto de normalidade a operações financeiras destinadas a “lavar” o dinheiro do jogo e da corrupção.
O ponto de partida dos negócios, ao que tudo indica, é a indústria da jogatina ilegal, tolerada em Goiás à base de propinas e estendida até o Tocantins com o apoio de políticos cujas campanhas eleitorais têm sido financiadas pelo dinheiro de máquinas de apostas. Suspeita-se agora que o senador Demóstenes Torres pode ter se associado ao contraventor ainda antes de abraçar a carreira parlamentar, quando atuava como procurador de Justiça e secretário de Segurança no estado de Goiás.
Manifestações antirrepublicanas
Se o caso é verdadeiro, temos aqui o modelo exemplar para uma investigação jornalística que pode desvendar um dos mais típicos esquemas de corrupção em prática no país – e quem sabe inspirar políticas de prevenção e contenção. Mas, a julgar pelo que dizem os jornais de quarta-feira (18/4), não é isso que está ocorrendo.
Como se tornou prática desde a eclosão do chamado escândalo do “mensalão”, a imprensa brasileira não parece interessada em investigar coisa alguma. A amostra de declarações colhidas sobre o caso Cachoeira-Demóstenes e sua hierarquização nas páginas dos diários revela que a imprensa já começou a dirigir o noticiário com o propósito claro de manipular as evidências.
O núcleo do escândalo começa a se deslocar lentamente da dupla principal para protagonistas secundários, com a proliferação de acusações que, dando a impressão de alcançar um número indefinido e muito amplo de suspeitos, acaba por instalar a ideia de que tudo estaria contaminado pela ação do grupo criminoso.
Ao dar curso a qualquer denúncia de relacionamento com um dos acusados, sem avaliar a frequência e o teor de conversas gravadas pela polícia e confrontar esse conteúdo com fatos reais, como a concessão de obras ou transferências de dinheiro, a imprensa dilui o efeito da investigação e reforça a sensação geral de descrença na democracia representativa. Assim, começam a pulular nas redes sociais digitais manifestações condenando genericamente as instituições republicanas.
Evidentemente, o comportamento de muitos parlamentares e representantes do poder Executivo e do Judiciário não tem contribuído para erigir em nome dos três poderes da República as estátuas de integridade que se espera deles.
Os paladinos da Justiça
A manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, que deve deixar a presidência da Corte Suprema na quinta-feira (19), é uma dessas oportunidades em que o estadista se retira do recinto e deixa atrás de si um rastro em que se podem identificar claramente os sinais de despeito, onipotência, ciúmes e outros sentimentos humanamente rasteiros.
Por trás dos destempero do ministro ressoam seus desentendimentos com a corregedora Eliana Calmon e sua frustração por não ter conseguido, em dois anos no cargo, concretizar o aumento de vencimentos do poder Judiciário.
Mas o conjunto de notícias também induz o leitor atento a notar que há uma disputa de bastidores no Supremo Tribunal Federal em torno do julgamento do caso intitulado “mensalão”.
Depois de muito barulho, período em que a corte se manteve no centro das atenções do país, com a construção de verdadeiros “pais da pátria”, a imprensa revela que os ministros provavelmente não serão capazes de dar um esclarecimento à nação sobre o que foi tudo aquilo.
Os jornais levantam a hipótese de que alguns dos supostos crimes apontados pela acusação poderão prescrever antes de vir uma sentença. Algumas notas publicadas aqui e ali dão a entender que certos personagens demonizados pela imprensa simplesmente vão passar incólumes pelo julgamento, pela falta absoluta de provas para incriminá-los.
No meio do noticiário, há evidências de ligações entre o processo inicial do caso “mensalão” e o caso Cachoeira. Mais um pouco e vamos descobrir que Demóstenes Torres, o antigo paladino da Justiça, tinha outros sócios nesse processo, que a imprensa se verá obrigada a manter no anonimato.

O MENSALÃO DA REVISTA VEJA

Se a chapa esquentar, capo da Veja terá como fugir da lei

 



Apesar da afetação de arrogância de seus paus-mandados, o italiano Roberto Civita, dono da revista Veja, está perdendo noites de sono com a disposição de cerca de metade do Congresso Nacional de convocá-lo a dar explicações na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que terá início na semana que entra.
Durante a semana que finda, Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril, reuniu-se em Brasília com lideranças dos partidos a fim de apresentar um pleito do patrão: não ser convocado a depor.
Há relatos de que Barbosa voltou com a pasta vazia para São Paulo, munido apenas de uma notícia para dar ao chefe: ele colecionou muitos inimigos no Legislativo e, apesar de ter amigos, eles são minoria nas duas Casas legislativas e, assim, dificilmente o capo da Veja não será convocado a explicar uma relação suspeitíssima de sua revista com o crime organizado.
Não é por outra razão que, agora, a grande imprensa escrita – que, inicialmente, tentou ignorar as relações de tenentes da Veja com o crime e a constatação de que incontáveis matérias que a revista publicou originaram-se desses contatos – já trata abertamente do assunto.
As televisões abertas ainda escondem as relações suspeitas da Veja com o crime organizado, mas será difícil que relação tão íntima da revista com os bandidos fique fora dessa mídia quando a CPMI começar a funcionar, pois, nas escutas, a quadrilha de Cachoeira cita reportagens da Veja para favorecê-la, algumas das quais acabaram de fato sendo publicadas.
Além disso, o segredo mais bem guardado sobre a Operação Monte Carlo, até o momento, é o teor amplo dos contatos entre a revista de Civita e a quadrilha. Esse teor, suspeita-se, pode ser muito mais explosivo do que estão supondo jornalistas de outros grandes veículos de comunicação que, tal qual os senadores que apoiaram Demóstenes Torres precipitadamente, nem imaginam o que a Veja andou fazendo nessa cachoeira de corrupção.
O ódio visceral que a mídia nutre por Lula impede que reconheça que ele não é um ingênuo que estimularia uma CPI achando que os adversários políticos e midiáticos não tentariam inverter o foco das investigações, jogando-o contra o governo, o PT e aliados. E que, portanto, sabe muito mais sobre o trabalho da Polícia Federal do que supõem seus inimigos.
A possibilidade de a chapa esquentar para Civita, portanto, não é desprezível. No limite, pode ser considerado membro da quadrilha de Cachoeira, se não for o cabeça. Se isso ocorrer, tal qual o italiano Salvatore Cacciola, Civita pode picar a mula para a Itália a fim de se colocar a salvo da lei brasileira.
Até porque, não haverá de faltar um juiz do Supremo Tribunal Federal para lhe conceder um habeas-corpus às duas da madrugada.

COM A PALAVRA , A ELITE BRASILEIRA : O fascismo vai bem, obrigado, no Twitter

Barbosa não pode falar. É a “crise” na Casa Grande


 

Marco Aurélio (Collor de) Melo dá entrevista toda terça-feira.

Até a colona (*) social metida a consultora jurídica ele fala.

O Gilmar dá entrevista toda quinta-feira.

Quando Joaquim Barbosa fala, só aí, então, o PiG  (**) instala uma “crise” no Supremo.

É o que fizeram neste sabado os editorialistas e colonistas do PiG.

Porque Barbosa chamou Peluso – o Merval quer votar o mensalão logo, para que o Peluso possa condenar o Dirceu – de caipira tirânico e manipulador de resultado.

Se Barbosa ficasse quieto, de boca calada, quando Peluso disse que ele é inseguro, porque não tem certeza de suas virtudes intelectuais para estar na Suprema Corte, se Barbosa enfiasse a viola no saco, aí não haveria “crise” nenhuma.

Seria tudo muito natural.

O conservador imperial da Província espinafra o liberal, e o liberal inseguro se acovarda.

Do jeito que a Casa Grande – na acepção do Mino Carta – gosta.

Só que Barbosa foi pra cima.

Defendeu-se e atacou o jenio caipira – quem teve a ideia de jerico de indicar o Peluso ao Nunca Dantes ?

O Supremo está irremediavelmente misturado ao show business brasileiro, à “sociedade  do espetáculo”.

A culpa é do ministro (Collor de ) Mello, que, na presidência do STF, decidiu transformar as sessões num reality show.

Sob o pretexto de dar transparência à Justiça – e ele votou contra o CNJ … – deu, sim, curso a suas exibições de pedantismo e prolixidade inútil.

Depois, o Supremo se acovardou diante da Globo e abriu as portas para a vulgarização.

Foi quando o fotógrafo do Globo e da Globo violou a intimidade e o sigilo dos ministros Lewandowski e Carmen Lucia, ao divulgar sua troca de e-mails.

A então presidenta do STF, Ellen Gracie, aquela que entrou para a História da Magistratura Tropical, ao decidir que Daniel Dantas não é Daniel Dantas, mas Daniel Dantas, essa notável presidenta calou-se e não processou a Globo.

Calou-se diante da Casa Grande – na acepção do Mino Carta.

E o Supremo desvalorizou-se.

Pelas próprias mãos.

O STF anistiou os torturadores do regime militar.

Inventou o HC Canguru de 48 horas.

Enrolou-se na Ficha Limpa.

E agora se deixa imprensar contra parede pela Globo – que dorme na maior suíte da Casa Grande -  que quer votar logo o mensalão.

(O Conversa Afiada concorda com o Vander e acha que  se poderia votar logo o mensalão.

Mas, antes, prefere que o Supremo legitime de uma vez por todas a Satiagraha.

E, no caso do mensalão, o C Af quer ver o Supremo condenar o Dirceu – com ou sem o Peluso.)

O PiG é um fabricante de “crise”.

Faz parte da ideologia Golpista anunciar o Fim do Mundo toda semana, para desmontar as instituições  que legitimam a vontade popular.

É o caos semanal.

É diante do caos, só sobrevivem os banqueiros e os neolibelês que a Urubóloga entrevista – só eles, os Sábios, sabem o Caminho da Salvação para a Grécia, Portugal e o Brasil.

Se o Ministro Barbosa tivesse ficado quieto, diante das tirânicas provocações caipiras, estaria tudo bem.

Até segunda-feira.

Porque na segunda-feira o jornal nacional tentará, de novo, abrir as portas do Supremo com a gazua do mensalão.

Que, como diz o Mino, ainda está por provar-se.

A Veja, a Globo e o Crime Organizado têm que condenar o Dirceu antes de a CPI – que terá um relator petista – expor suas vísceras pretas.

Antes de a Satiagraha botar na cadeia quem de lá não deveria ter saído.

E tudo isso correria com mais fluidez se o Barbosa não ousasse subir as escadas da Casa Grande – na acepção do Mino.


Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

CAPAS DA VEJA

Dilma peitou os bancos. O FHC ia vender o BB e a CEF


 

O Mantega espinafrou o spread dos bancos.

O BB cortou os juros.

A Caixa cortou os juros.

O Banco Central baixou a Selic, a caminho dos 8%.

A Febraban do Murilo Portugal foi enfrentar o Mantega e saiu pela porta dos fundos.

O HSBC e o Santander cortaram os juros.

O Bradesco cortou os juros.

O Itaú – que só reclama da inadimplência (por que não trata de analisar risco melhor ?)  – correu atrás e cortou os juros.

Agora, o BB e a Caixa aplicam um segundo round de corte de juros.

Se os bancos privados não forem atrás, de novo, vão continuar a perder mercado para o BB e a Caixa, como perdem desde 2008, quando demoraram a “sair da poça”.

Foi o Nunca Dantes quem destituiu o Meirelles – aquele que presidia o BankBoston – e fez o BB, a Caixa e o BNDES reduzirem os juros na marra para evitar a recessão.

Lula transformou aquele tsunami da Urubóloga na marolinha.

Agora, a JK de Saias peita os bancos e corta o lucro deles com spread ou sem spread.

Ou reduz os juros ou dança, não é isso, Portugal ?

E se não reduzir corre o risco de ficar com a fama de prejudicar o cliente.

Agora, amigo navegante, imagine se o Farol de Alexandria consegue levar às últimas consequências a fúria privatizante, aquela bandeira que ele tomou do Collor.

Imagine, amigo navegante,  se o Padim Pade Cerra ganha as eleições de 2002 e 2010.

Eles tinham vendido o Banco do Brasil e a Caixa.

Atesta esse documento que o Ministério da Fazenda preparou para o FMI.

Mais barato do que venderam a Vale – a pedido do Cerra, como demonstra o  Fernando Henrique.

Vendiam as joias da coroa.

O Francisco Grou tinha transformado o BNDES numa sub-seção do Morgan Stanley.

E o Cerra entregava o pré-sal à Chevron, como prometeu no WikiLeaks.

Eles queriam “virar a página” do varguismo.

E fugiram de navio, com o Lacerda a bordo, com medo do povo.

Como diria o CPC da UNE,  esse tucanos de São Paulo teriam feito do Brasil “um imenso Portugal”.

Ou, como diz o Delfim, os tucanos de São Paulo venderam as joias da família e aumentaram a dívida.

Sao uns jenios !

Esse Nunca Dantes …


Paulo Henrique Amorim