Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Acabou a novidade. Agora é disputa, o combate bruto

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Ibope certamente gostaria, mas os números não deram para “chegar lá”: colocar Marina Silva à frente de Dilma Rousseff no primeiro turno.
No segundo, há alguma verossimilhança , porque resta um resíduo numérico de Aécio – muito mais do que real, pois sua candidatura desmilinguiu-se – ao qual atribuir a transferência dos votos a Marina da segunda etapa.
Logo veremos que não é assim, nem será assim.
O dado mais importante, para mim, é que nem o Ibope – e antes o Datafolha – conseguiram registrar uma erosão na base de apoio de Dilma Rousseff.
O fator que levou a isso não está esgotado, ao contrário: os programas de televisão.
Ela continua tendo um patamar mais que sólido para não apenas ir ao segundo turno como para vencê-lo.
Porque, se não acendeu um sinal amarelo (diria até laranja) em sua campanha é que estão “papando mosca”.
Marina começa a adquirir a característica de candidata de uma seita.
O de uma candidata confessional.
O que não agrada nem mesmo a uma expressiva parcela do eleitorado evangélico, que dirá os católicos, os de cultos afro-brasileiros e os que, com qualquer religião ou sem ela, entendem o Estado como patrimônio de toda a comunidade.
Os efeitos da demonstração de poder de Silas Malafaia ultrapassam em muito a desilusão da comunidade LGBT com sua ex-deusa.
Serviram de alerta sobre a capacidade de certos líderes polêmicos e agressivos de dominar e dirigir a neocandidata do PSB, que está completamente inerte quanto a isso. De um lado, por oportunismo eleitoral; de outro, porque não vê como se livrar da lama do jatinho que, mesmo ainda não tendo caído na “boca do povo” já os colocou em enormes dificuldades nos círculos políticos.
Mas é no povão que este desgaste bate pesado.
Aqui no Rio, já é possível ouvir a irreverência carioca fazendo galhofa da exibição de força de Malafaia e da rápida submissão de Marina às suas exigências: de domingo para cá já ouvi que a reforma tributária abolirá os impostos e instituirá o dízimo e que o “Mais Médicos” vai virar o “Mais Pastores”…
Isso é um desserviço não apenas à democracia, mas também aos próprios evangélicos, que devem ser respeitados em sua fé e suas práticas.
O fato concreto é que a “onda Marina” chegou à praia e, embora ainda tenha avançado, vai se dissolvendo em espuma.
Ainda falta um mês para as eleições.
O cenário é, ainda, extremamente perigoso.
Mas o turbilhão, ao que parece, vai minguar.
E, atenção: se a direita orgânica – a mídia à frente dela – se convencer que  Marina não pode dar-lhe o que quer, que é  a derrota de Lula e Dilma –  pode decidir “executar” Marina Silva antes do pleito.
E tentar remontar os cacos do PSDB.
Mas, lembrem-se todos: analisar eleição com base em dados de Ibope e Datafolha é trabalhar com uma espécie de “advogado do diabo” numérica.
Outras pesquisas mostram que a “onda” é bem menor.
Algo me diz que é por isso que Lula, velho marinheiro, em meio ao nevoeiro, leva o barco devagar.

Você acabou de assistir ao trailer de um eventual governo Marina

País começa a acordar e vantagem de Marina começa a 
cair


Não é preciso dizer muito. Os recém-divulgados números das pesquisas Datafolha e Ibope falam por si: Marina Silva atingiu o teto e começa a cair. Aos números, pois.
Na pesquisa Ibope anterior, divulgada no dia 26, há cerca de uma semana, em primeiro turno Aécio Neves tinha 19%, Marina tinha 29% e Dilma Rousseff tinha 34%. Em simulação de segundo turno, Marina venceria Dilma por 45% a 36% – 9 pontos de vantagem para a candidata de oposição.
Na nova pesquisa Ibope, Dilma sobe três pontos e Marina, 4. Aécio cai 4 pontos – tinha 19% e, agora, 15%. Porém, a grande questão é o segundo turno. A vantagem de Marina sobre Dilma caiu para 7 pontos (46% a 39%). Dilma subiu 3 pontos e Marina, 1.
Na nova pesquisa Datafolha, a situação de Dilma melhorou ainda mais em relação à pesquisa anterior. No primeiro turno, só Dilma oscilou para cima (1 ponto), para 35%. Marina ficou estagnada com os mesmos 34%. Mas, no segundo turno, a vantagem de 10 pontos de Marina, caiu para 7 (48% a 41%).
Para quem lê este Blog – e acredita no que lê –, não houve surpresa. Há quatro dias, o post A única certeza é a de que o PSDB acabou já tratava de recomendar aos antipetistas fanáticos que baixassem a bola porque Dilma continua no jogo; só quem está fora, é Aécio. Naquele post foi antecipado que Marina tinha atingido o teto.
E não é a redução da comoção pela morte de Eduardo Campos que já vai cedendo lugar à racionalidade, é que Marina não diz nada ou diz premissas contraditórias. Aos poucos, conforme vai ganhando importância, as pessoas começam a leva-la a sério e a prestar atenção ao que diz e não só na imagem que forjou.
E é ai que mora o perigo. Para ela.
A posição dúbia sobre direitos dos homossexuais pegou mal, mas a posição espantosa de Marina em relação ao pré-sal e a tal “roleta bíblica” (essa senhora diz que toma decisões importantes abrindo aleatoriamente a Bíblia) assustaram até a mídia e o PSDB.
E o empresariado foi atrás.
Marida é uma fraude. E o pior é que não é uma fraude proposital. Ela acredita mesmo nas coisas que diz. Inclusive que poderia governar sem programa, sem apoio de uma base política e de um partido sólidos.
O país não entrará nessa aventura a esta altura do campeonato. Dilma está no jogo. E para vencer.

Você acabou de assistir ao trailer de um eventual governo Marina



First things first, dizem os ingleses. Ou “Primeiras coisas primeiro”. E a primeira coisa é que não se pode chamar de “campanha do medo” simplesmente lembrar que é irracional embarcar em viagem da qual não se sabe em que condições será feita e nem qual é o destino, pois as condições dessa viagem podem levar a desfecho diferente do pré-estabelecido.
Dito isso, o passo seguinte é mergulhar na história recentíssima do país. E quando se usa o adjetivo “recentíssima”, é no sentido literal: o que se relembra, aqui, são dois casos recentes envolvendo a candidata a presidente Marina Silva.
Os casos em tela são o de Marina ter proposto apoio à união civil entre homossexuais, retirado tal apoio e, ao fim, relativizado a retirada, e o de ter sugerido que não investiria na exploração do pré-sal, caso se elegesse presidente, mas, em seguida, de ter voltado atrás e dito que, sim, investiria.
Entendeu, leitor? Ela apoiou os homossexuais, depois desapoiou e, ao fim, disse que apoiaria, apesar de ter retirado o apoio de seu programa de governo. Em seguida, apesar de ter insinuado que não investiria no pré-sal, passou a dizer que investiria, sim, mas “não só” no pré-sal.
Ora, como acertadamente diz a candidata a presidente Luciana Genro, do PSOL, em questões assim é preciso ter lado: ou você apoia ou não apoia direitos plenos para homossexuais. Tem que deixar claro. O povo quer saber para gostar ou não, mas quer saber. E, portanto, o candidato tem OBRIGAÇÃO de responder claramente.
No caso do pré-sal, a postura de Marina é ainda mais grave porque, com os lucros imensos que pode gerar, sua exploração pode permitir à próxima geração de brasileiros viver em um país diametralmente diferente, pois quase toda essa riqueza iria para a Educação.
Marina esbofeteia os brasileiros ao não dizer, tintim por tintim, o que vai fazer em relação ao pré-sal. E cabe aos outros candidatos – incluindo Aécio Neves e Luciana Genro, entre outros – cobrar da “socialista” que informe ao país o que fará com esse que pode ser o passaporte dos brasileiros para o futuro.
Enfim, pois, chegamos à “cereja” do bolo. Esse vai-e-vem, esse vai-não-vai, esse vai-e-volta de Marina é nada mais do que a prévia do que seria seu governo, sobretudo pela intensa guerra de facções que se estabeleceria, com o Congresso chantageando o governo o tempo todo e ganhando (no grito) sempre.
Até o PSDB começa a se preocupar. Apesar de, tacitamente, ter oferecido apoio a Marina no segundo turno – enquanto Aécio encenava um teatrinho para dizer que não sabia da oferta –, o partido já começa a se preocupar, pois sabe que deve sair da eleição ainda mais enfraquecido, ao menos em nível federal, e que, por isso, não teria tanta importância em um governo Marina, que pode até acolhê-lo, mas desde que se comporte muito bem…
Você acaba de assistir, pois, ao trailer de um eventual governo Marina Silva. E o desfecho do filme não ficou claro. O espectador ficou sem saber se Marina apoia ou não os homossexuais e a exploração do pré-sal. E é assim com praticamente tudo mais que ela diz, pois ninguém entende (de fato) o que fala, ainda que muitos pensem que entendem.

Dilma a Marina: é política da verdade, não do medo

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Em resposta ao ataque da candidata do PSB, nesta manhã, que disse que a presidente Dilma Rousseff pretende voltar com a política do medo ao compará-la com o ex-presidente Fernando Collor, candidata à reeleição afirmou, durante encontro com empresários da indústria em Belo Horizonte: "Não, querida, é a política da verdade. O que nós dissemos, não é que as pessoas são iguais, é que se você não tem número suficiente de deputados você não aprova nenhum projeto"; pela primeira vez, Dilma falou em fazer mudanças "políticas" e nas "equipes" caso seja reeleita; e disse que se não fossem as medidas anunciadas pelo governo, a situação da indústria, que hoje é "bastante complexa", estaria pior 


BELO HORIZONTE (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff (PT), em evento de campanha à reeleição nesta quarta-feira, afirmou que a comparação da adversária Marina Silva (PSB) com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, feita na propaganda de TV da petista, não representa a política do "medo", mas a da "verdade".

"Não, querida, é a política da verdade. O que nós dissemos, não é que as pessoas são iguais, é que se você não tem número suficiente de deputados você não aprova nenhum projeto", disse ao ser questionada se a comparação de Marina com Collor, hoje aliado de seu governo, seria uma reedição da política do medo que o PT foi alvo em eleições anteriores.

"Acho que na democracia a gente perde e a gente ganha. Inclusive, eu quero dizer que perdi algumas vezes, mas ganhei outras tantas no Congresso Nacional", disse Dilma a jornalistas em Belo Horizonte.
Na terça-feira, a propaganda de Dilma na TV exibiu trechos em que um locutor questiona a governabilidade de um eventual governo de Marina, citando os ex-presidentes Collor e Jânio Quadros, que não concluíram os mandatos, como momentos em que o país escolheu "salvadores da pátria" e "chefes do partido do eu sozinho". Jânio renunciou, e Collor sofreu impeachment.

"A necessidade de negociar é inexorável. É importante saber, ao negociar não ceder diante dos interesses do Brasil", afirmou.
(Reportagem de Ezequiel Fagundes)

A presidente também disse que, não fossem as medidas anunciadas pelo governo, a indústria estaria hoje em uma situação pior. Leia abaixo na reportagem da Agência Brasil:

Mariana Tokarnia* - Repórter da Agência Brasil

Diante de 120 empresários ligados à indústria, a presidenta Dilma Rousseff defendeu as políticas de incentivo para o setor desenvolvidas pelo governo. Disse, no entanto, que queria que os resultados de crescimento fossem diferentes. "Eu gostaria que o Brasil estivesse crescendo em um ritmo mais acelerado. Mas imagina o que teria acontecido se não tivéssemos tomado essas medidas. Eu acho que protegemos as condições de ter um futuro na nossa indústria", disse ao se referir a ações como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e incentivos tributários para compra de veículos.

O encontro ocorreu na Olimpíada do Conhecimento, que está na oitava edição e reúne estudantes de cursos técnicos para realizar tarefas semelhantes às que enfrentariam em situações cotidianas no trabalho. Hoje (3), começam as competições entre os 726 participantes.

Dilma reuniu-se com empresários, presidentes de federações e diretores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e, após apontar a educação e a inovação como caminhos para o desenvolvimento, reconheceu: "vivemos em uma situação bastante complexa na indústria, mas só me pergunto o que seria se não tivéssemos tomado as medidas que tomamos na área industrial e no reconhecimento de que a indústria é estratégica para o país e que uma política industrial é necessária".

Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, fez elogios às políticas de incentivo ao ensino técnico. "[A olimpíada] mostra como os jovens estão se preparando para participar do desenvolvimento do país, não só na indústria, mas jardinagem, cuidadores de idosos. Em diversas atividades temos jovens participando, estudando e se interessando pelo ensino técnico e tecnológico", disse Andrade, destacando que 82% dos jovens são beneficiados pelo Programa Nacional de

Acesso ao Ensino Técnico em Emprego (Pronatec).

Os competidores mais bem colocados nessa etapa nacional concorrem a vagas na competição internacional, World Skills, que ocorrerá em São Paulo no ano que vem. Andrade convidou a presidenta Dilma Rousseff, diante dos empresários, independente de reeleita, para fazer a abertura da competição internacional World Skills. Dilma apresentou balanços e fez promessas aos presentes, mas não respondeu, no discurso, o convite de Andrade.

As competições da Olimpíada do Conhecimento vão até sábado. Neste ano, simultaneamente, ocorre o primeiro Festival Internacional de Robótica. Mais de 800 competidores participam dos dois eventos.

Dilma visitou o Festival de Robótica, onde assistiu a duas simulações de competição. "Interessantíssimo", comentou, após fazer perguntas aos estudantes. Com a mão apoiada no canto de uma das arenas, quase ficou no caminho de um dos robôs, mas se moveu rapidamente. Sorrindo, acenou para arquibancada onde estavam as torcidas dos competidores e para o local onde estava a imprensa.

A presidenta estava acompanhada do ministro da Educação, Henrique Paim, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, e do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann. O candidato ao governo de Minas Gerais pelo PT e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, também estava presente. Dilma segue na capital mineira em agenda de campanha.

*A repórter viajou a convite do Senai

Messianismo, fundamentalismo religioso e poder para o mercado financeiro

Dilma fuzila os operadores de mercado de Marina: "É absolutamente inacreditável que alguém proponha reduzir o papel dos banco públicos"

O Jornal da Globo, cuja audiência se equipara à relevância de seu jornalismo, resolveu sair do anonimato 'denunciando' a ausência de Dilma em entrevista desta 3ª feira. Em tempo: a assessoria de Dilma avisou 4 dias antes que a candidata não compareceria

Globo admite que Dilma desmarcou a entrevista ao marcante telejornal do âncora William Waack: 'Nada disso desmente a realidade de que a candidata se recusou a dar a entrevista' afirmou a emissora. E quem disse que a candidata é obrigada a dar entrevista à Globo?

Acreditava que no Brasil não havia o risco de um novo salvador. Afinal, o momento em que Collor apareceu como candidato da nova política parece distante.

Flávia Biroli
Arquivo

A candidata do PSB, Marina Silva, se apresenta como a representante da “nova política”.

A política não seria feita de acordos e disputas entre partidos políticos e grupos na sociedade, mas de uma reunião das pessoas “de bem”. Quem define quem faz parte da “nova política” é a própria candidata, com uma sabedoria que, ao que parece, viria da pureza de quem está fora da política e imbuída de uma missão.

Acreditava que no Brasil de hoje não havia o risco de um novo salvador. Afinal, o momento em que Collor apareceu como candidato da “nova política”, contra a política dos marajás, parece não apenas distante, mas de algum modo aquém do patamar em que as disputas se colocaram desde então.

Estava enganada. Temos hoje novamente uma candidata que se apresenta como a representante da “nova política”.  A recusa da dinâmica política aparece como a solução, os partidos e as instituições são vistos como entraves, mas sua candidatura só foi possível porque seguiu a rota mais convencional do casuísmo, tomando carona em um partido que nada tem a ver com a agenda que parecia ser a sua. E tudo para garantir que não ficaria de fora da disputa eleitoral, mesmo não acreditando nos caminhos desta política.

Marina Silva também se apóia em concepções da economia que nada têm de novas, que são defendidas há décadas pelos banqueiros e pelos economistas que estão com ela – eles tiveram, aliás, lugares bem pagos e de prestígio em consultorias, bancos e em governos anteriores.

Maior controle do mercado sobre o Banco Central (a independência do BC), ajustes na economia para restabelecer a “confiança” dos investidores, é assim o “novo” de Marina Silva. Ela é “nova” financiada pelo Itaú, fazendo acordos com o agronegócio e com uma agenda econômica produzida por André Lara Resende (quem não se lembra dele, pode lançar no google confisco da poupança no governo Collor, grampo do BNDES, banco Matrix, privatização da Telebrás etc.) e Eduardo Gianetti (que repete a fórmula dos “ajustes duros” e da autonomia do Banco Central, além de elogios à política econômica de Fernando Henrique Cardoso).

O fundamentalismo religioso a coloca numa posição em que a crença supera os direitos individuais. Já falou a favor do criacionismo, recusando o conhecimento científico. É contrária aos direitos dos homossexuais e prefere diluir os problemas em noções vagas de diferença a enfrentar o fato de que sua posição colabora para a recusa da cidadania e para a violência contra tantas pessoas. É mulher na política, mas retirou a palavra “sexismo” do seu programa de governo. Afinal, conflitos são coisa do passado.

O que ela teria de distinto, sua identidade de ambientalista, vai rapidamente pelo ralo. Afinal, é preciso garantir a “confiança”. E como não há conflitos na sociedade dos discursos de Marina Silva, as dúvidas sobre os transgênicos se resolvem definindo áreas de plantio para transgênicos e não-transgênicos: um caminho para a paz entre o agronegócio e os ambientalistas, afinal! E o etanol se transforma em aliado do ambientalismo, garantindo um lugar para os usineiros no pacote da “nova política”.

O messianismo garante que Marina Silva seja “líder nata” sem propostas e com a entrada mais tradicional no jogo político. Ela está acima das disputas e dos conflitos. E os acordos… bem, os acordos são feitos à velha moda, nos bastidores, enquanto ela repete “nova política”, “nova política”, “nova política”.

Sabemos, no entanto, que os conflitos sociais não desaparecem e os apoios de banqueiros, investidores e empresários são cobrados depois. Sabemos também que por mais complicado que seja governar com instituições democráticas, sem elas nós todos nos tornamos reféns do que nos reservam as boas intenções ou a vontade de uma “iluminada”.

(*) Professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília

O PSB “declarou” o avião. Como o que? Cartas para a redação de O Globo

quemondecomo
Toda a imprensa sabia que ontem era o último dia para a segunda prestação de contas da campanha: a presidencial, inclusive.

Todas as matérias apontavam a existência de laranjas em meio à operação de compra. E mencionavam um ponto chave para saber-se a verdade: como o PSB apresentaria à Justiça a situação do avião que provocou a queda de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva.

Nenhum jornal, porém, à exceção de O Globo, publica uma linha sobre as contas apresentadas ontem.
E, mesmo esse, o faz com uma indigência que soma o despreparo do repórter à falta de apetite jornalistico de seu editor.

“O partido incluiu na prestação (de contas) o avião que conduzia Campos a Guarujá, quando ocorreu a tragédia.”

Sim, muito bem. Incluiu. Como o que? Empréstimo? Doação? Cessão? Presentinho?

No segundo parágrafo, depois do “incluiu” a repórter escreveu que ¨nesta parcial, será declarado apenas o avião, mas a quantidade de voos e os custos serão lançados apenas na prestação final”.

O texto não consegue explicar se trata do passado – “incluiu” – ou do futuro com o “será declarado”.
E mais não disse nem foi perguntado.

Então, ficamos assim. O avião foi declarado, não importa como o que. Não importa quem deu,cedeu ou vendeu, não importa coisa alguma.

Afinal, o avião serviu a Marina,  grande esperança da mídia, então está tudo bem.
Viva o jornalismo brasileiro!