A situação dos trabalhadores imigrantes é das mais significativas do mundo contemporâneo. A desregulamentação promovida pelo neoliberalismo permitiu o deslocamento dos capitais para qualquer parte do mundo que, por sua vez, pôde engajar força de trabalho nas melhores condições para eles.
Para tomar casos concretos de países que mais exportam mão-de-obra no nosso continente, El Salvador e Equador dolarizaram suas moedas, com as correspondentes consequências dramáticas que introduziram. Seguiram as indicações do FMI e se tornaram vitimas privilegiadas do livre comércio. Suas economias foram abertas, sua economia dolarizada, com um empobrecimento acelerado de toda a população e imigração maciça dos seus trabalhadores, buscando emprego e fontes de renda para envio às suas famílias.
El Salvador exportou maciçamente mão-de-obra para os EUA, o Equador para a Espanha. Trabalhadores que passaram a ser submetidos à superexploração da sua força de trabalho, seja por estar em condições de absoluta ilegalidade ou sem possibilidades de acolher-se às proteções possíveis do trabalho: legislação do trabalho, Justiça do Trabalho, sindicatos.
Eles se tornaram chave do ponto de vista econômico, porque as taxas de exploração da sua força de trabalho alimentam fortemente o processo de acumulação de capital. No caso dos EUA, se concentram – junto aos mexicanos e a outros imigrantes latino-americanos – no setor de serviços, que ganhou peso cada vez maior nesse país, conforme a estrutura produtiva foi em parte deslocada para outros países, com mão de obra muito mais barata – como México, China, entre outros.
No caso da Espanha, os trabalhadores equatorianos – junto a outros latino-americanos – alimentaram o boom da construção civil, motor do ciclo expansivo que explodiu recentemente por suas fragilidades na expansão do crédito, de forma similar ao que aconteceu nos EUA -, assim como se concentram nos trabalhos domésticos. Como sempre, trabalhos desqualificados, que não interessam aos trabalhadores espanhóis.
Esses trabalhadores são os mais fragilizados do ponto de vista da garantia dos seus direitos, em primeiro lugar, do emprego. Quando chegou a crise, foram os primeiros a perder seus postos de trabalho, com todas as consequências, antes de tudo a suspensão do envio de recursos para suas famílias nos seus países originários. Eles compõem o grosso das enormes taxas de desemprego nesses países – mais de 20% na Espanha e de mais de 45% entre os jovens, mesmo se uma parte deles não está computada, por estar em condições de absoluta informalidade.
Além da dimensão econômica do fenômeno, há as dimensões sociais e culturais. São submetidos a formas de marginalização, são discriminados, quando não diretamente criminalizados. Concentram assim os trabalhadores imigrantes alguns dos principais problemas do mundo contemporâneo.
Mas um caso ainda mais grave tornou-se um dos exemplos mais escandalosos de catástrofe humanitária. Se os trabalhadores latinoamericanos são aceitos em um país como a Espanha, mesmo com todas as limitações apontadas e outras mais, os africanos nem sequer conseguem chegar ao país. Fazem todos os esforços para tratar de chegar às costas espanholas, mas são simplesmente rejeitados. Semanalmente chegam nos mais diferentes tipos de embarcação, o que faz com que uma proporção alta não resista à travessia. Os outros são presos e devolvidos para os países de onde saíram.
Não há sequer estatísticas confiáveis sobre sua quantidade, mas são vários milhares, rejeitados ou mortos. Não existem como cidadãos, ninguém os representa, não possuem nenhum direito, são invisíveis. Os espanhóis se acostumaram a pequenas notas nos jornais sobre mais uma embarcação apreendida e o numero de prováveis mortos. Mesmo dispostos a trabalhar em quaisquer condições, nem sequer quando a economia espanhola crescia eram aceitos, menos ainda agora que o país tem uma economia literalmente falida.
São todos órfãos da globalização neoliberal. No caso dos africanos, os casos mais extremos, mais graves, mais desamparados. O livre comércio vale para as mercadorias e os serviços, mas não para os trabalhadores, os seres humanos.
Para tomar casos concretos de países que mais exportam mão-de-obra no nosso continente, El Salvador e Equador dolarizaram suas moedas, com as correspondentes consequências dramáticas que introduziram. Seguiram as indicações do FMI e se tornaram vitimas privilegiadas do livre comércio. Suas economias foram abertas, sua economia dolarizada, com um empobrecimento acelerado de toda a população e imigração maciça dos seus trabalhadores, buscando emprego e fontes de renda para envio às suas famílias.
El Salvador exportou maciçamente mão-de-obra para os EUA, o Equador para a Espanha. Trabalhadores que passaram a ser submetidos à superexploração da sua força de trabalho, seja por estar em condições de absoluta ilegalidade ou sem possibilidades de acolher-se às proteções possíveis do trabalho: legislação do trabalho, Justiça do Trabalho, sindicatos.
Eles se tornaram chave do ponto de vista econômico, porque as taxas de exploração da sua força de trabalho alimentam fortemente o processo de acumulação de capital. No caso dos EUA, se concentram – junto aos mexicanos e a outros imigrantes latino-americanos – no setor de serviços, que ganhou peso cada vez maior nesse país, conforme a estrutura produtiva foi em parte deslocada para outros países, com mão de obra muito mais barata – como México, China, entre outros.
No caso da Espanha, os trabalhadores equatorianos – junto a outros latino-americanos – alimentaram o boom da construção civil, motor do ciclo expansivo que explodiu recentemente por suas fragilidades na expansão do crédito, de forma similar ao que aconteceu nos EUA -, assim como se concentram nos trabalhos domésticos. Como sempre, trabalhos desqualificados, que não interessam aos trabalhadores espanhóis.
Esses trabalhadores são os mais fragilizados do ponto de vista da garantia dos seus direitos, em primeiro lugar, do emprego. Quando chegou a crise, foram os primeiros a perder seus postos de trabalho, com todas as consequências, antes de tudo a suspensão do envio de recursos para suas famílias nos seus países originários. Eles compõem o grosso das enormes taxas de desemprego nesses países – mais de 20% na Espanha e de mais de 45% entre os jovens, mesmo se uma parte deles não está computada, por estar em condições de absoluta informalidade.
Além da dimensão econômica do fenômeno, há as dimensões sociais e culturais. São submetidos a formas de marginalização, são discriminados, quando não diretamente criminalizados. Concentram assim os trabalhadores imigrantes alguns dos principais problemas do mundo contemporâneo.
Mas um caso ainda mais grave tornou-se um dos exemplos mais escandalosos de catástrofe humanitária. Se os trabalhadores latinoamericanos são aceitos em um país como a Espanha, mesmo com todas as limitações apontadas e outras mais, os africanos nem sequer conseguem chegar ao país. Fazem todos os esforços para tratar de chegar às costas espanholas, mas são simplesmente rejeitados. Semanalmente chegam nos mais diferentes tipos de embarcação, o que faz com que uma proporção alta não resista à travessia. Os outros são presos e devolvidos para os países de onde saíram.
Não há sequer estatísticas confiáveis sobre sua quantidade, mas são vários milhares, rejeitados ou mortos. Não existem como cidadãos, ninguém os representa, não possuem nenhum direito, são invisíveis. Os espanhóis se acostumaram a pequenas notas nos jornais sobre mais uma embarcação apreendida e o numero de prováveis mortos. Mesmo dispostos a trabalhar em quaisquer condições, nem sequer quando a economia espanhola crescia eram aceitos, menos ainda agora que o país tem uma economia literalmente falida.
São todos órfãos da globalização neoliberal. No caso dos africanos, os casos mais extremos, mais graves, mais desamparados. O livre comércio vale para as mercadorias e os serviços, mas não para os trabalhadores, os seres humanos.
Postado por Emir Sader às 02:27