No editorial de Veja desta semana, o diretor Eurípedes Alcântara não se envergonha em falar do Brasil como um país que segue o comando dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Diz Eurípedes que, até antes do episódio agora descoberto pela revista, o Brasil "não podia ser descrito como um país-satélite de Havana". O caso em questão trata de uma suposta reunião promovida pela embaixada de Cuba em Brasília. Nela, o embaixador Carlos Zamora Rodriguez teria distribuído dossiês sobre Yoani, em que ela é acusada de tomar cerveja e de comprar bananas – e que, portanto, teria se rendido ao capitalismo. Diante de representantes de movimentos sociais, o embaixador teria também revelado uma estratégia para seguir os passos da cubana no Brasil, numa típica ação de espionagem internacional.
Como, desta reunião, teria também participado o funcionário do Planalto Ricardo Poppi, subordinado ao ministro Gilberto Carvalho, estaria aí a prova do eixo PT-Havana. Um eixo, segundo Veja, comprovado desde que a revista denunciou dólares de Cuba na campanha presidencial de Lula em 2002 – algo que, por sinal, jamais se provou.
Liderando a indignação de Veja com a subordinação do governo brasileiro aos interesses da Havana, o blogueiro Reinaldo Azevedo pede, nesta manhã, a expulsão do embaixador cubano e cobra explicações de Gilberto Carvalho. "Com a palavra, a presidente da República. Com a palavra, o Ministério da Justiça. Com a palavra, o Senado Federal. Com a palavra, a Polícia Federal. Com a palavra, a Abin. Com a palavra, o Ministério Público Federal. Com a palavra, os líderes das oposições", diz Azevedo, em seu post intitulado "Escândalo, baixaria, ilegalidade" (leia mais
aqui sobre o seu mimimi).
Como sempre ocorre, é bastante previsível saber quem usará a palavra: Álvaro Dias (PSDB-PR), Roberto Freire, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e, talvez, Roberto Gurgel.
Do outro lado, o jornalista Leandro Fortes, de Carta Capital, também escreve sobre Yoani Sánchez, a quem define como uma dissidente de luxo. Leia abaixo:
Yoani Sánchez vive, hipoteticamente, em uma terrível ditadura comunista onde fazer oposição ao governo é proibido. Mas, ao contrário do que ocorria com os dissidentes soviéticos, por exemplo, ela não vive presa em um gulag submetida a trabalhos forçados, mas em casa, em frente ao um computador, postando em um blog particular.
Além disso, Yoani Sánchez, ao contrário dos verdadeiros dissidentes cubanos, aqueles que enfrentavam tubarões para fugir da ilha e aportar nas areias de Miami para viver o sonho americano, nunca precisou passar por esse perrengue.
Quando quis, a brava dissidente cubana foi morar na Suíça, mas percebeu que entre chocolates finos e paisagens lúdicas logo seria esquecida por seus financiadores e por seu público ávido por heróis anticomunistas: a comunidade cubano-americana da Flórida, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e, claro, o nosso glamouroso Instituto Millenium, da qual ela é uma das “especialistas”.
Assim, por motivos extremamente patrióticos, Yoani Sánchez voltou a Cuba para continuar sendo maltratada, torturada e perseguida pelo famigerado regime dos irmãos Fidel e Raul Castro.
Mais ou menos como Morena, da novela Salve Jorge, ao voltar para a Turquia certa de que, em momentos cruciais da vida, o Ibope é mais importante que a própria segurança.
Agora, Yoani Sánchez está chateadíssima com a reforma migratória baixada pela ditadura cubana, em janeiro, que acabou com a necessidade de se pedir permissão ao governo para sair do país. Será o fim da vitimização permanente da blogueira-prisioneira e de seus lamentos virtuais ecoados, por essas bandas, pelo que há de mais reacionário na mídia e na sociedade ocidental.
Será, também, o fim da bolsa-dissidente que a SIP paga a Yoani Sánchez para ela não ser obrigada a enfrentar as filas para compra de produtos básicos em Cuba, resultado direto de meio século do criminoso bloqueio econômico liderado pelos Estados Unidos. Tema, aliás, sobre o qual a blogueira não costuma se debruçar.
Yoani Sánchez, quem diria, terá, a partir de agora, que enfrentar a dura realidade de países capitalistas como o Brasil, onde milhões de pessoas gostariam de viajar a Cuba para conhecer as delícias, a cultura e a história desta ilha singular.
Mas não têm dinheiro para isso.
POR QUE ELES SEMPRE FAZEM O QUE VEJA
MANDA?
Apanhar a bola-la, estender a pata-ta, sempre em equilíbrio-bro, sempre em exercício-cio… misteriosamente, há alguns políticos que, embora não sejam cães (longe disso, são todos homens honrados), obedecem sempre, de maneira quase pavloviana, ao comando da Editora Abril; neste sábado, Veja criou uma crise artificial em torno da blogueira Yoani Sanchez; uma tremenda bobagem, mas, como a Abril pediu, lá estão Álvaro Dias (PSDB-PR), Agripino Maia (DEM/RN) e Roberto Freire sempre de prontidão; será que é para isso que os saltimbancos da oposição foram eleitos?
16 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 16:16
247 - Eles não se chamam Bobby, Lulu, Snoopy, Rocky, Rex ou Rintintin. Evidentemente, não são cães. São todos homens honrados, representantes do povo brasileiro. Mas há um traço intrigante no comportamento de certos políticos. Por que será que estão sempre de prontidão para obedecer ao comando da Editora Abril? É o caso, por exemplo, de três autênticos representantes da oposição: Álvaro Dias (PSDB-PR), Agripino Maia (DEM/RN) e Roberto Freire, do PPS.
Neste sábado, por exemplo, Veja criou um factóide, ao acusar o PT, o ministro Gilberto Carvalho e o governo cubano de organizarem uma campanha difamatória contra a blogueira Yoani Sanchez, que chega ao Brasil amanhã e será recebida com tapete vermelho por todos os veículos de comunicação que fazem parte da Sociedade Interamericana de Imprensa, a SIP. Em seguida, Reinaldo Azevedo, no seu cada vez mais monótono mimimi, cobrou uma resposta à altura. "Com a palavra, a presidente da República. Com a palavra, o Ministério da Justiça. Com a palavra, o Senado Federal. Com a palavra, a Polícia Federal. Com a palavra, a Abin. Com a palavra, o Ministério Público Federal. Com a palavra, os líderes das oposições".
E, da maneira mais previsível, os líderes da oposição apareceram.
Agripino Maia: "É um assunto muito grave. É um 'mal combinemos' para evitar a liberdade de expressão e de manifestação da cubana. Fere totalmente o princípio da convivência democrática. Se for o caso, eu mesmo vou levar ao plenário a discussão sobre um pedido de informações ao ministro".
Alvaro Dias: "O uso de dossiês tem sido recorrente no governo do PT. Agora há uma conspiração cubana em território nacional com a participação de agentes públicos instalados no Palácio do Planalto".
Roberto Freire: "O Gilberto Carvalho tem tantas explicações para dar, inclusive para a própria Justiça, que essa é só mais uma. Infelizmente, falta de compromisso democrático é proverbial nesse governo".
Será que foi para isso mesmo que os nobres representantes da oposição, à exceção de Freire, que já não têm mais mandato, foram eleitos? Será que assim honram os votos que receberam?
Para que reflitam a respeito, segue abaixo, um vídeo dos Saltimbancos:
E também a letra da canção "Um dia de cão":
Um Dia De Cão
Os Saltimbancos
Apanhar a bola-la
Estender a pata-ta
Sempre em equilíbrio-brio
Sempre em exercício-cio
Corre, cão de raça
Corre, cão de caça
Corre, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu,
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Lealdade eterna-na
Não fazer baderna-na
Entrar na caserna-na
O rabo entre as pernas-nas
Volta, cão de raça
Volta, cão de caça
Volta, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Estou às ordens
Sempre, sim, senhor
Fidelidade
À minha farda
Sempre na guarda
Do seu portão
Fidelidade
À minha fome
Sempre mordomo
E cada vez mais cão