Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A aposta na democracia contra o caos

São Paulo elegeu neste domingo 1.125 representantes para governar a cidade com Haddad, o maior conselho popular da história brasileira.

por: Saul Leblon 


Prefeitura de São Paulo













A cidade de São Paulo elegeu neste domingo o maior conselho popular da história brasileira. Com pouco espaço na imprensa e uma divulgação despolitizada de parte da própria prefeitura,  ele representa, paradoxalmente, talvez a resposta mais arrojada ao anseio de participação ecoado nas ruas de junho.

São Paulo reúne 32 sub-prefeituras.

A partir de 25 de janeiro - quando os conselheiros eleitos tomam posse - elas terão um organismo local de fiscalização, consulta e proposição reclamado há décadas como antídoto ao caos logístico e social na maior metrópole brasileira e uma das maiores do mudo.

Com um representante para cada 10 mil habitantes,  a cidade disporá  então de 1.125 vozes a falar por ela com conhecimento de causa e legitimidade.

É a aposta na democracia contra o caos. Se vingar, fará história e não apenas em São Paulo.

Embora a área de ação de cada conselheiro esteja circunscrita ao perímetro do bairro, nada impede que a Prefeitura institua fóruns regionais ou mesmo municipais, compostos por representações proporcionais destes conselhos, para debater e planejar grandes ações de interesse de toda a cidadania.

Na verdade, dada a natureza sistêmica dos grandes problemas urbanos de uma metrópole como São Paulo, essa progressão democrática é quase inevitável.

O recente reajuste do IPTU, que inflamou o espírito separatista de uma parcela da cidade  cujo horizonte comunitário começa e termina na garagem do prédio, por certo teria outro respaldo político fosse ele previamente discutido e sancionado por um fórum de representações proporcionais  ao mosaico paulistano.

O debate sobre o novo Plano Diretor de São Paulo, fomentado pela gestão Haddad, certamente teria uma densidade e  um discernimento diferenciados, se  estruturado  a partir dos conselhos municipais.

O grande risco é subestimar essa oportunidade democrática abastardando-a como um  simulacro do que deveria ser.

O que deveria ser passa pelas grandes questões que desafiam a democracia e o planejamento da sociedade em nosso tempo.

Marx disse que o ‘o capital nasce escorrendo sangue e lama por todos os poros  da cabeça aos pés’.

A imagem se aplica literalmente  à descrição do processo contínuo de valorização e exclusão  em uma cidade com o tamanho e o calibre dos interesses entranhados nos 1.500 km2  de São Paulo.

A ideia de que esse açougue possa ser administrado pelo livre curso dos interesses graúdos  que o dominam é o que de mais próximo se pode conceber  em termos de barbárie urbana.

É disso, do direito ao livre curso dos mercados sobre a cidade, que falam as entrelinhas das críticas despejada contra a gestão Haddad por parte da emissão conservadora.

Critica-se o prefeito pelos seus acertos.

A intrínseca barbárie apregoada na fuzilaria contra o IPTU progressivo, e contra o Plano Diretor  que coíbe o vale-tudo imobiliário,  deriva da mesma cepa que na esfera nacional ecoa o bombardeio  contra  o  ‘intervencionismo da Dilma’.

Os elevados custos humanos e materiais da internalização da crise mundial no sistema econômica brasileiro nunca são projetados  quando se trata de fuzilar  ‘a gastança’ das medidas federais  tomadas para evitá-los.

Providências equivalentes, em termos de vida urbana, deveriam ter sido adotadas em metrópoles fortemente conectadas aos humores globais, como é o caso de São Paulo.

O Minha Casa, Minha Vida, no entanto, lançado como medida  contracíclica no plano federal, teve na São Paulo dirigida pelo comodato Kassab/serrista, um dos seus piores desempenhos. O mesmo se pode dizer  no que diz respeito  à adesão  ao Brasil Sem Miséria.
 
É forçoso arguir se até mesmo prefeitos progressistas iriam além do fatalismo ortodoxo, desprovidos de um contrapeso democrático  que os conectasse diretamente ao metabolismo nervoso da cidade.

São Paulo não precisa de uma crise mundial para revelar as camadas majoritárias de sua  gente expostas a um cotidiano de abandono  e privação.

Num  espaço por excelência de exercício da cidadania,  a igualdade perante a lei aqui significa muito pouco à imensa maioria dos paulistanos desprovidos do poder econômico  que lhes dê acesso aos gabinetes onde a cidade é decidida.

A cidadania que se exerce assim, esporadicamente,  no comparecimento às urnas descarnado de outras instâncias de participação, revela-se um poder meramente formal  diante do bloco granítico no qual se fundem  a política e o dinheiro.

O gradiente dos direitos civis na metrópole é diretamente proporcional à quilometragem que separa bairros elegantes dos arruamentos suburbanos.

Ninguém escapa do inferno pelas mãos do  diabo.

O que se disputa no Brasil hoje – enevoado pela vaporosa endogamia  de togas e mídia--  é se o passo seguinte da história aqui será determinado pelos  impulsos cegos dos mercados ou pelo planejamento democrático dos cidadãos.

A  importância do conselho  eleito neste domingo em São Paulo deve ser avaliada dentro dessa disjuntiva

Com algum otimismo, até mais além dela.

A história ensina que a passagem de uma época para outra requer não apenas condições objetivas, mas rupturas de engajamento social que  reúnam a  energia da força e do consentimento para desbravar  novos caminhos.

O novo caminho no caso de São Paulo significa tornar  a democracia  na gestão da cidade  indissociável dos que dela sempre foram excluídos.

A gestão Haddad  tem um pedaço disso nas mãos a partir de agora. Cabe não desperdiçar  a colheita embutida na semente.

A ver.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Trajetória de Kassab é marcada por problemas com a lei e denúncias


Nos últimos dias, estabeleceu-se pela imprensa bate-boca entre Fernando Haddad e seu antecessor Gilberto Kassab. Esse bate-boca ocorre no âmbito de escândalo que, apesar de circunscrito à capital paulista, alcançou dimensão nacional devido a que não se pode falar da gestão Kassab sem falar na de seu padrinho José Serra – Kassab já teve outros “padrinhos”.
No domingo, no âmbito da espantosa corrupção que brota da investigação da gestão anterior pela atual (o escândalo do ISS, ou da “máfia dos fiscais”), manchete de primeira página da Folha de São Paulo reproduziu declaração de Haddad de que teria encontrado “descalabro” quando assumiu a prefeitura paulistana.
No dia seguinte, a mesma Folha traz, também na manchete principal de primeira página, a resposta de Kassab: “Descalabro é gestão de Haddad”.
Quem foi acusado indiretamente, portanto, reagiu acusando diretamente. Ainda que pareça um detalhe que Haddad não tenha citado Kassab em sua crítica, mas que tenha sido citado por ele na resposta, o que se extrai desse fato é uma subida de tom do ex-prefeito, que preferiu responder a uma crítica dura com dureza ainda maior.
A opinião sobre os seis anos de Kassab ou os 10 meses de Haddad naquela prefeitura, porém, fica ao gosto do freguês, mas sempre deixando registrado que a opinião de quem escreve é a de que ainda é cedo para julgar a segunda gestão, mas é mais do que possível julgar a primeira…
Pode-se dizer, pois, que a maioria dos paulistanos reprovou não apenas a gestão Kassab, mas, também, a de quem o elegeu, José Serra. E pode-se dizer isso sem sombra de dúvida porque Serra disputou a sucessão do governo que elegeu em 2004 e reelegeu em 2008 e foi pessoalmente reprovado, ao não ter sido eleito.
Serra está pagando o mesmo preço que pagou Paulo Maluf, que, como o tucano, elegeu-se prefeito com muito apoio na capital paulista e, graças ao mau sucessor que pediu aos paulistanos que elegessem, entrou na mesma decadência.
Com efeito, quem elegeu Fernando Haddad no ano passado não foi só ele mesmo; Kassab tem parte do mérito. A principal estratégia da campanha petista foi vincular o adversário tucano ao então prefeito, quem, no estertor da campanha eleitoral de 2012, batia recordes sucessivos de impopularidade.
Kassab surpreendeu a muitos com a sua má gestão, pois foi eleito sob um discurso de “competência” e de resgate do Executivo municipal. Tal qual Haddad, Kassab afirmou, logo que ele e Serra assumiram a prefeitura (2005), que a receberam de Marta Suplicy na mesma situação de “descalabro”. O início da gestão Serra, então, foi marcado por acusações à antecessora. E Kassab manteve o discurso.
Haddad, o suave Haddad, porém, retribuiu na mesma moeda a crítica que recebeu de Kassab lá atrás, quando acusou a gestão de que o atual prefeito participou de ter entregue uma administração falida e cheia de irregularidades. A única diferença, porém, é que os fatos dão razão à acusação de Haddad, mas não dão à de seu antecessor.
Ou alguém sabe citar algum escândalo sequer similar ao de agora durante ou após a gestão Marta Suplicy? Afinal, até aqui já se sabe que meio bilhão de reais foi surrupiado e o atual prefeito, que investigou e denunciou o “descalabro”, já anuncia que o que apurou seria a ponta do iceberg…
Contudo, o que está sendo levantado não deveria surpreender. Qualquer um que conheça um pouco a história de Kassab irá se lembrar da comoção que causou a escolha dele por Serra para ser candidato a vice-prefeito em sua chapa em 2004 devido não só à participação do então pefelista no governo Celso Pitta, mas a suspeitas sobre seu patrimônio. Entre outras.
Como o bate-boca entre o atual prefeito e o antecessor aconteceu na Folha, talvez este Blog possa oferecer um pouco de “memoriol” ao jornal para, quem sabe, lembrar aos seus leitores quem é quem nessa história.
Uma pesquisa nos arquivos da Folha, por exemplo, poderia ser muito esclarecedora. De forma a colaborar com a prevalência dos fatos, então, aqui vai um breve mergulho na história de Kassab, ou à forma como ela foi contada por esse jornal.
—–
Em 15 de março de 1994, Kassab aparece pela primeira vez nos arquivos da Folha. Foi em uma reportagem sobre coligação entre o PSDB e o PL, partido do qual o ex-prefeito, então vereador em São Paulo pelo PL, era presidente estadual. A negociação de Kassab se deu com o presidente do PSDB paulista, o então deputado estadual Geraldo Alckmin.
Em 6 de agosto de 1994, cerca de quatro parcos meses depois, em sua segunda aparição na Folha, Kassab já debuta no noticiário sobre corrupção em São Paulo – a partir dali, não pararia mais.
O que ocorreu foi que, no dia anterior, a Polícia Federal apreendeu 49.012 bônus eleitorais, no valor total de R$ 11.424.200,00 na sede da empresa Guararapes, de propriedade de Nevaldo Rocha – pai do então candidato do PL à Presidência, Flávio Rocha.
A apreensão dos bônus eleitorais, dos cheques recebidos a título de contribuição para a campanha do PL e dos livros de contabilidade do partido foi determinada pelo então corregedor-eleitoral de São Paulo, Márcio Martins Bonilha.
Segundo a Justiça eleitoral, à época, o cofre da Guararapes era um local “impróprio” para a guarda de tais documentos – os bônus deveriam estar sob a guarda do partido, e não no cofre de uma empresa privada.
Naquele 5 de agosto de 1994, Kassab desvinculou-se pela primeira vez de irregularidades que estavam ocorrendo sob seus olhos. Como presidente regional do PL em São Paulo, o então vereador Gilberto Kassab disse que os bônus comercializados de forma irregular eram “de única responsabilidade do candidato Flávio Rocha”.
Durante depoimento ao juiz eleitoral Waldir de Souza José, Kassab disse que esses bônus foram repassados a Rocha pela Executiva Nacional do seu partido, o PL.
A matéria da Folha ainda informou que “Kassab compareceu espontaneamente ao TRE, antes de sua convocação”.
Em 22 de março de 1995, Kassab volta ao noticiário pouco abonador. A matéria da Folha é sobre nepotismo na Assembleia Legislativa e ele, no ano anterior, elegera-se deputado estadual pelo PL de São Paulo.
Segundo a matéria, três deputados contrataram familiares para trabalhar em seus gabinetes, por R$ 1.500. Um deles era Kassab. Pôs a irmã Márcia como secretária. “Ela trabalha comigo direitinho há oito anos”, justificou.
Em 11 de maio de 1996, a Folha publica matéria sobre festa em que ocorrera o lançamento da candidatura de Celso Pitta pelo então prefeito Paulo Maluf. Kassab aparece no texto por ter sido citado como possível candidato a vice-prefeito na chapa de Pitta, que, ao longo de sua gestão, sofreu acusações pelo primeiro escândalo da máfia dos fiscais paulistanos.
Em 10 de dezembro de 1996, com Pitta e seu fura-fila já eleitos pelo ainda prefeito Maluf, o deputado estadual Gilberto Kassab – agora no PFL – é indicado secretário de Planejamento do governo que começaria em cerca de três semanas.
Em 22 de março de 1997, a impressionantes menos de três meses da posse, e após um mês com a Prefeitura de São Paulo praticamente paralisada por causa das denúncias da CPI dos Precatórios, secretários, vereadores e assessores políticos começaram a articular uma campanha “reage, Pitta”.
O objetivo da campanha que Kassab abraçara era estancar os prejuízos causados pelas denúncias de corrupção na CPI e mostrar publicamente que o governo Pitta estava funcionando normalmente, apesar da crise.
“Essa operação de resgate da imagem do prefeito não só é necessária como também justa. Ele é um homem correto e merece toda a confiança”, declarou Gilberto Kassab, então secretário de Planejamento.
Em 4 de maio de 1997, ocorreu um fato sobre o qual os que acham que o trânsito de São Paulo hoje é “caótico” deveriam refletir. Reportagem da Folha mostrou que urbanistas, técnicos de trânsito e associações de moradores afirmaram, à época, que São Paulo se tornaria ainda mais caótica se o novo Plano Diretor, proposto pelo então prefeito Celso Pitta, fosse implantado.
Detalhe: Gilberto Kassab, então secretário municipal do Planejamento, foi o responsável pela elaboração daquele Plano Diretor.
Em 10 de outubro de 1997, vejam só, o então secretário do Planejamento de São Paulo, Gilberto Kassab, não atendeu às ligações da Folha sobre assunto de sua influência, a liberação irregular de construção de um prédio na região do parque do Ibirapuera, onde a lei não permitia. Se alguém teve algum déjà vu, teve boas razões para tanto…
Em 12 de abril de 1998, Kassab já estava fora do governo Pitta. Saiu para ser candidato a uma vaga de deputado federal pelo PFL de São Paulo. Naquele dia, o colunista da Folha Elio Gaspari comentou assim a campanha dele:
“(…) A opulência da campanha à Câmara do pefelista Gilberto Kassab, um dos caixas da campanha dos vereadores em 96, está provocando inveja entre os demais candidatos do próprio PFL e do coligado PPB (…)”
Em 10 de junho de 1998, o então deputado Paulo Lima (PFL-SP) acusou Paulo Maluf de ter pago R$ 30 milhões ao PFL para apoiar sua candidatura ao governo do Estado, e também acusou o então deputado estadual Gilberto Kassab de estar por trás do negócio.
Em 27 de junho de 1998, o então prefeito Celso Pitta foi condenado em primeira instância pela Justiça por usar verba pública em propaganda pessoal. Com ele, foram condenados dois secretários e um assessor de imprensa do prefeito. Kassab foi um dos quatro condenados. Posteriormente, safou-se.
Em 19 de junho de 1999, a coluna Painel da Folha afirma que Kassab era considerado pelas “más línguas” como o “dono” do PFL em São Paulo.
Em 25 de fevereiro de 2000, em ação de improbidade administrativa em que foi condenado junto com o então prefeito Celso Pitta por uso de verba oficial de publicidade em benefício deste, Kassab argumentou em sua defesa que a responsabilidade pelo anúncio fora do prefeito e de sua assessoria de imprensa, adotando uma postura de se distanciar dos escândalos que mantém até hoje. Mais tarde, Kassab se safaria da condenação em instância superior da Justiça paulista.
Em 6 de maio de 2000, a Folha noticiou que a ex-primeira-dama Nicéa Pitta e o vereador cassado Vicente Viscome acusaram o então vereador Toninho Paiva e o então deputado federal Gilberto Kassab (PFL-SP) de comandarem um esquema de corrupção em cemitérios municipais e em unidades da secretaria municipal dos Esportes.
Em 17 de setembro de 2003, a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo apreendeu US$ 130 mil com um investigador da Polícia Civil na rodovia Anhanguera, em de Santa Rita do Passa Quatro (253 km de SP). Segundo o policial que fez a apreensão, o dinheiro era do então deputado federal Gilberto Kassab (PFL).
O investigador Marco Antônio Beolchi Adami trabalhava no Departamento de Polícia Judiciária do Interior de São José dos Campos e foi detido com Aldemir Torquato de Araújo em um Ômega.
De acordo com a Polícia Federal de Araraquara, o dinheiro estava em uma bolsa no porta-malas do veículo. “Segundo os policiais rodoviários, eles [a dupla] disseram que na bolsa havia tênis. O motorista tentou fugir”, disse o delegado.
Adami disse aos policiais que o dinheiro era resultado da venda de um imóvel feita pelo deputado federal.
Kassab, mais uma vez, desconhecia um problema com a lei em que apareceu. Disse não saber a origem do dinheiro e estranhou o fato de os homens terem citado o seu nome à polícia.
“Deve estar havendo algum engano ou alguém está agindo de má-fé. Não conheço essas pessoas e não vendi nenhum imóvel.”
Em 22 de junho de 2004, a Folha noticiou que no dia anterior o PFL indicara Kassab para candidato a vice-prefeito na chapa de José Serra.
Em 24 de junho de 2004, tucanos levaram ao então governador Geraldo Alckmin relatório sobre processo em que Gilberto Kassab, vice escolhido pelo PFL para a candidatura de José Serra a prefeito, foi condenado por improbidade administrativa praticada quando secretário do Planejamento de Celso Pitta. A leitura, segundo a Folha, impressionou o governador.
Isso porque, em 1998, a 10ª Vara da Fazenda Pública tirou os direitos políticos de Kassab por cinco anos. E, em 2000, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmara a sentença, depois suspensa pelo STJ.
Os tucanos ficaram aflitos com a solução Kassab e propuseram ao PFL que escolhesse outro nome. Contudo, o PFL permaneceu impassível sobre aquela “solução”.
Em 7 de julho de 2004, a Folha informa que o patrimônio de Kassab tivera salto de 316% em 4 anos – entre 1994 e 1998, quando foi secretário de Celso Pitta e sofreu ação por improbidade administrativa.
Ao se candidatar à Assembleia Legislativa em 1994, Kassab declarou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) um patrimônio de R$ 102 mil, em valores da época. Em dezembro de 2003, o mesmo Kassab atingiu R$ 3,9 milhões de patrimônio.
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A partir daquele ponto de 2004, a campanha tomou o noticiário, Kassab parou de sofrer acusações na mídia, Serra se elegeu e ele virou vice-prefeito. Nos anos seguintes, até 2011, o noticiário da mídia paulista sobre a administração de São Paulo tornou-se escasso. Parecia que a cidade não tinha prefeito.
Houve alguma agitação em relação à administração paulistana quando Serra, em 2006, rompeu promessa que fizera por escrito na campanha de 2004 e deixou o cargo de prefeito para se candidatar a governador, mas, a partir de 2006, pouco se ouviu falar do sucessor do tucano na prefeitura.
Enquanto isso, a cidade afundava de uma forma que tornaria Kassab o grande peso para seu padrinho político na eleição municipal do ano passado, quando a associação com o afilhado derrotou o tucano.
O que este texto pretendeu oferecer ao leitor, pois, foi subsídio para decidir quem pode ter mais razão nesse bate-boca entre o prefeito anterior e o atual. A trajetória política de Kassab nos últimos vinte anos mostra um político eternamente enroscado com a lei e alvo de acusações de corrupção em áreas que, agora, todos estão vendo em que estado de descalabro estão.
A trajetória de Haddad, por sua vez, está mais fresca na mente dos paulistanos e, como se sabe, é bem melhor do que a de quem o antecedeu diretamente na prefeitura.
Kassab, além disso, aparece neste texto como um dos grandes responsáveis pelo que São Paulo é hoje, para o bem ou para o mal. Mas a julgar pelo que opinam os paulistanos sobre sua cidade, o que São Paulo é hoje não contribui para a imagem do ex-prefeito.  A São Paulo atual sugere que Kassab usou mal a grande influência que exerceu sobre ela nesse tempo todo.

sábado, 9 de novembro de 2013

KASSAB E SERRA TINHAM OU NÃO O DOMÍNIO DO FATO?

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

DE QUEM É O ROSTO QUE A FOLHA NÃO MOSTRA ? Mauro Ricardo, o homem-bomba do Cerra !

Imagem publicada na página C3 da Folha (*)


A Folha (*) dedica duas páginas ao assunto e não menciona o nome do Mauro Ricardo no texto.

Por que ?

Porque Mauro Ricardo é o elo entre Cerra, Kassab e o que a própria Folha chama de “máfia do ISS”.

Clique aqui para ler “Quem liga Cerra ao rombo na Prefeitura de SP”. 

Na foto, o rosto sem a proteção da Folha (foto: Ciete Silvério / site do Governo de SP)

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Mídia de SP culpa PT por corrupção no PSDB e no DEM

Vamos simplificar a questão: durante a gestão demo-tucana na prefeitura de São Paulo (2005-2012) surgiu um esquema de corrupção que pode chegar a meio bilhão de reais (!). Servidores públicos da Subsecretaria da Receita nomeados a cargos de confiança pelos ex-prefeitos José Serra e Gilberto Kassab foram presos, acusados de integrar esquema de cobrança de propina.
O esquema funcionou durante a gestão de um grupo político que chegou à prefeitura paulistana em 1º de janeiro de 2005, com o tucano José Serra à frente. Ele governou até 30 de março de 2006, quando se demitiu do cargo para disputar o governo do Estado de São Paulo, deixando o Executivo municipal nas mãos do então vice-prefeito, Gilberto Kassab.
O esquema funcionou dentro da prefeitura em salas contíguas à do prefeito, fosse ele Serra ou Kassab. Este, diz simplesmente que “não sabia” de nada. Quanto a Serra, não diz nada porque, até o momento, o setor da imprensa que tem acesso a ele não lhe perguntou nada (?!).
Até aí, tudo bem. Serra, Kassab, enfim, qualquer chefe do Poder Executivo pode dizer que “não sabia” de um esquema de corrupção surgido em uma administração sob seu comando e, até prova em contrário, tem direito ao benefício da dúvida.
O que espanta, o que chega a chocar é que, além de uma imprensa que tenta se passar por “isenta” aceitar bovinamente a alegação de um dos dois ex-prefeitos sob os quais surgiu o esquema de corrupção de que “não sabia” de nada e de nem ao menos perguntar nada ao outro, acusa os adversários deles pela corrupção que ocorreu enquanto governaram.
E o que é pior: quem acusa a oposição ao governo sob o qual surgiu o esquema de corrupção são ninguém mais, ninguém menos do que envolvidos naquele esquema de corrupção.
A auditora fiscal da prefeitura de São Paulo Paula Sayuri Nagamatique deu declarações à imprensa levantando suspeitas sobre o atual secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad, o vereador Antonio Donato. Ela o acusa de estar envolvido no esquema que desviou cerca de de R$ 500 milhões e que ocorreu no setor em que ela trabalhava à época dos crimes.
Quem é Paula Sayuri Nagamatique? Simplesmente a ex-chefe de Gabinete de Mauro Ricardo Costa, que foi secretário municipal de Finanças na gestão do então prefeito José Serra. Costa também é suspeito de integrar o esquema.
Além da acusação de Paula, que atuava na Secretaria da Prefeitura onde foi montado o esquema de corrupção à época em que aquele esquema funcionou, outra mulher faz acusações ao mesmo secretário do prefeito Fernando Haddad. Vanessa Alcântara é mulher de um dos auditores fiscais presos no âmbito das investigações desencadeadas pela atual administração e acusa Donato – sem provas – de ter recebido doação do grupo criminoso para a sua campanha eleitoral, ano passado.
A acusação da mulher de um dos criminosos ao secretário do prefeito Haddad foi divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo. Já a Folha de São Paulo, além de comprar a acusação da mulher do servidor corrupto, ainda diz que o prefeito Fernando Haddad “Saiu em defesa do secretário de Governo e atacou as duas mulheres que não são investigadas”.
Uma dessas mulheres que a Folha diz que “não são investigadas” é “companheira” de um dos bandidos presos recentemente; a outra, foi chefe de gabinete de outro suspeito, o ex-secretário de Finanças da gestão de Kassab e Serra. Mauro Ricardo é suspeito porque em 2012 mandou arquivar denúncia de corrupção de fiscais, segundo reportagem do portal R7.
Como se vê, o comando da Prefeitura durante a gestão Serra-Kassab foi alertado para um esquema que só foi desbaratado neste ano pela administração Haddad, que criou a Controladoria Geral do Município, a qual denunciou a roubalheira.
Além das acusações do Estadão e da Folha aos adversários dos dois ex-prefeitos sob os quais surgiu o esquema de corrupção, a Veja acusa o atual secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, por sua mulher figurar no contrato social de um estacionamento cujo dono é o auditor fiscal Moacir Fernando Reis, envolvido no esquema de corrupção.
Eis um bom momento para lembrar a famosa teoria do “domínio do fato”, usada para condenar sem provas políticos envolvidos no escândalo do mensalão. Quem detinha o controle da administração paulistana não deveria responder pelo esquema de corrupção desbaratado? Para Estadão, Folha e Veja, não. Quem aparece em suas páginas é a oposição ao governo sob o qual surgiu o esquema.
Pela tese dos dois jornais e da revista, Tatto e Donato, inimigos políticos de Serra e Kassab, forçaram esses dois a nomearem os auditores fiscais que montaram o esquema de corrupção e obrigaram Kassab a arquivar investigação do esquema.
Além disso, o mesmo Ministério Público de SP ao qual pertence o procurador Rodrigo De Grandis – aquele que arquivou o escândalo Alstom “numa gaveta” – afirma que a mulher de um dos corruptos presos e a chefe de gabinete do secretário de Finanças que mandou arquivar investigação que tentaram abrir ano passado “não são investigadas”.
Segundo petistas consultados pelo Blog – e que não quiseram falar publicamente sobre o caso –, porém, seria “questão de tempo” para essas versões caírem por terra. Segundo disseram, membros do Ministério Público paulista estão seguindo o mesmo caminho do procurador De Grandis, de acobertamento de escândalos envolvendo o PSDB. E serão desmascarados.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

FISCAL CONFIRMA PROPINA E FAZ DELAÇÃO PREMIADA

sábado, 16 de fevereiro de 2013

PSDB organiza ataques a Haddad na internet por enchentes em SP


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Nem as oposições partidárias oficiais tiveram “coragem” de criticar o prefeito Fernando Haddad por alagamentos que se abateram sobre São Paulo na última sexta-feira, mas uma horda de internautas, despindo-se de qualquer senso de ridículo, teve essa “coragem” imensa.
Neste Blog, por exemplo, comentários de leitores apontaram o fato de que a capital paulista sofreu pontos de alagamentos durante o temporal em questão como “prova” de “incompetência” de um gestor público que está no cargo há SEIS SEMANAS.
Esse tipo de comentário se espalhou na internet e foi repetido também ao vivo por toda cidade, conforme relatos de pessoas que me procuraram para comentar postura que, de fato, é impressionante, pois denota ausência de qualquer traço de autocensura.
Antes de prosseguirmos, leia, abaixo, o teor de algumas dessas manifestações absurdas – o português foi corrigido para facilitar a leitura.
—–
Décio – Atibaia/SP
Enviado em 15/02/2013 as 22:06
Cadê o Haddad, que ia resolver tudo isso? “Sumpacity” está debaixo d’agua.

*
Victorino Salomão
Enviado em 15/02/2013 as 21:26
São Paulo alagada. Cadê o super prefeito que o blogueiro votou e falou pra todo mundo votar, hein? Que eu saiba ele tinha respostas e soluções para tudo. Lamentável! Haddad é a grande decepção deste ano, disparado.
——
Esse tipo de manifestação delirante foi vista por toda internet, mas não só. Quem é de Sampa certamente ouviu a mesma coisa de conhecidos, parentes, colegas de trabalho etc.
A simplicidade da resposta a uma barbaridade como essa escancara como há gente mal-intencionada por aí, capaz de exigir que, em 9 semanas (45 dias) no cargo, o novo prefeito de São Paulo solucionasse problema que os ex-prefeitos José Serra e Gilberto Kassab não solucionaram durante os 8 anos em que governaram a capital paulista.
A mídia, por sua vez, se não teve coragem de se aproveitar da chuva de sexta-feira para atacar Haddad, tampouco teve a decência de publicar uma mísera análise deixando muito claro que o prefeito não pode ser responsabilizado pelos danos que essa chuva causou à cidade.
Se existem culpados pelos recentes alagamentos, eles são Serra e Kassab. Haddad não teve tempo para fazer nada, ainda. Só no próximo verão é que se poderá cobrar alguma coisa dele. E, mesmo assim, comparando os resultados que conseguir com os que foram conseguidos por seus antecessores após o primeiro ano de governo.
Por incrível que pareça, é preciso escrever esta obviedade com todas as letras. E isso porque há muita gente mal-intencionada por aí que não conhece limite ético algum para a politicagem e a falta de espírito cívico às quais se devota com tanto ardor.
Contudo, se os pobres de espírito servem de massa de manobra a políticos de oposição a Haddad que não tiveram coragem de fazer uma crítica tão absurda em seus próprios nomes, o rastreamento da origem desse movimento levou ao PSDB paulistano.
Nos próximos meses, fica claro, será posta em prática uma estratégia para tentar antecipar críticas a Haddad que só poderão ser feitas, dentro de critérios de bom senso, quando sua gestão já tiver tempo suficiente de duração.
A responsabilização do prefeito por um problema que dura décadas a fio após poucas semanas no cargo, se não foi feita por adversários oficiais dele, foi organizada por eles de forma subterrânea, antiética, covarde. E são só SEIS SEMANAS de governo, ainda.

sábado, 27 de outubro de 2012

HADDAD TRUCIDA CERRA NA GLOBO


A Globo testemunhou o eclipse da “elite da elite” dos tucanos. E a ascensão de um novo líder petista.



É um absurdo que o debate final da campanha de prefeito de São Paulo tenha que se submeter à programação da Globo e comece às 23h03, quando o espectador dorme ou está na pizzaria.

Mas, se o Supremo Tribunal de Salém segue a programação da Globo e a FIFA também, o que dizer ?

Haddad trucidou Cerra.

Trucidou no capítulo Kassab, herdeiro de Cerra, que não fez os 150 corredores de ônibus que prometeu, não construiu os três hospitais que prometeu.

Haddad imprensou Cerra na questão da segurança, que, no coronelato tucano levou a uma epidemia de homicídios: 20 mortes em 24 horas.

Cerra começou a engolir saliva e a tremer a mão direita quando Haddad pressionou sobre a lastimável incompetência tucana na construção do metrô.

Haddad lembrou que a cada eleição os tucanos prometem obras do metrô que, depois da eleição, adiam.

É o caso da Linha 6, que foi prometida, não está licitada e passou a ser prometida para 2019.

E não adianta enrolar, porque o pessoal da Brasilândia sabe, disse Haddad.

Aí, Cerra usou o que poderia ser a bala de prata.

Pediu a Haddad para explicar por que os petistas foram condenados pelo mensalão no Supremo.

Haddad respondeu: talvez você saiba explicar melhor, porque o mensalão começou com os tucanos de Minas e será julgado.

No capítulo Educação, Haddad se permitiu dizer que Educação não é a raia do Cerra e deu uma breve aula.

Depois, quando Cerra disse que Haddad estava nervoso, Haddad explicou que estava, na verdade, indignado.

Porque Cerra diz na campanha o que a cidade não vive na vida real: “tua propaganda não reflete a vida da cidade”.

Cerra recuou.

Salivou.

Beijou a lona.

E quem disse que o Cerra é mais preparado ?

Haddad está indignado.

E Cerra não tem o que dizer.

A Globo testemunhou o eclipse da “elite da elite” dos tucanos.

E a ascensão de um novo líder petista.

O perigo agora é a edição que o jornal nacional fará no sábado desse debate em que Cerra acabou de perder a eleição.

Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Desaprovação a Kassab é o grande fato da eleição em SP

Pela lógica, a eleição para prefeito de São Paulo – que se conecta com as eleições de 2014 – deveria estar decidida. Está no páreo José Serra, aquele que, depois de Lula, talvez seja o político mais conhecido hoje no Brasil. Essa “lógica”, porém, não está funcionando.
Ex-candidato a presidente duas vezes, ex-governador do Estado mais rico e ex-prefeito da capital paulista, do alto de uma carreira política de mais de 40 anos deveria surrar os candidatos neófitos que disputam consigo. Todavia, suas perspectivas parecem cada vez menos consistentes.
Pesquisa Datafolha sobre a sucessão municipal de São Paulo divulgada no fim de semana revela uma piora surpreendente das perspectivas de Serra. Para os outros candidatos, porém, a pesquisa foi inócua. Quase todos são ilustres desconhecidos, o que, com a TV, deve mudar em breve.
Para Celso Russomano, único razoavelmente conhecido, mas candidato por uma minúscula legenda de aluguel, a pesquisa não diz nada. É herdeiro dos eleitores que se afastaram de Serra e não sabem para onde ir. Segundo o Datafolha, grande parte de seu eleitorado vota tradicionalmente no PT e não sabe quem é o candidato petista…
O maior beneficiário do atual quadro eleitoral é Fernando Haddad. Quase 40% do eleitorado paulistano se diz disposto a votar no candidato indicado por Lula e esse é o percentual dos que não conhecem o candidato do PT. Seu espaço para crescimento é enorme.
Gabriel Chalita não tem padrinho político forte e seu partido, o PMDB, não tem tradição de chegada em São Paulo. Quanto a Soninha, não vale a pena nem gastar uma análise. Sua candidatura é uma invenção de Serra e vai virar pó rapidamente.
E quanto aos outros candidatos, nem mesmo pontuam nas pesquisas e não haverá o que mude isso.
Na origem desse quadro está o prefeito Gilberto Kassab. Sua administração mal-avaliada é o que está enterrando Serra. No início do ano, a aprovação do prefeito estava até melhor (22%). Em março subiu um pouco e se esperava que conforme fosse sendo lembrada a sua ligação com Serra, melhoraria.
Ocorreu o contrário. Após Kassab declarar publicamente seu apoio a Serra e de este anunciar que faria campanha pela “continuidade” em São Paulo, ambos perderam apoio. A aprovação do prefeito (20%) está menor que em janeiro, sua reprovação foi a 39% e a rejeição a Serra aumentou para 37%.
Tudo isso se conecta com o noticiário cada vez mais inevitável sobre a explosão da violência e da criminalidade em São Paulo e com o estado de espírito do paulistano diante de um cotidiano que já se tornou insuportável.
São Paulo está imunda, uma legião de moradores de rua vaga desorientada pela cidade, a sensação de insegurança já atingiu níveis alarmantes, enfim, não se consegue achar praticamente nenhum paulistano que se diga satisfeito com a sua cidade.
Tampouco se consegue achar quem defenda Kassab. Mesmo os antipetistas mais convictos não têm coragem de defendê-lo. Daí o inchaço de Soninha, quem só serve para os que votam com o fígado e não têm coragem de assumir voto no padrinho político da Geni da eleição deste ano.
A rejeição de Kassab perdeu o caráter apolítico que tinha no início de 2012. O paulistano manifestava desgosto pelo governo que elegeu mas não tinha sido provocado a pensar em sobre por que o elegeu. Agora, está pensando. E está se enfurecendo.
É o efeito Celso Pitta. Serra criou Kassab e, de certa forma, ao abandonar a prefeitura nas mãos dele foi como se tivesse dito a frase de Maluf sobre a sua criatura, de que se Pitta não fosse um grande prefeito ninguém deveria mais votar em si.
Quando a campanha começar mesmo, Serra terá o apoio costumeiro da mídia e o antipetismo de parcela expressiva do eleitorado paulistano será açulado. Todavia, em 2012 há um fator que não existiu em 2008 e muito menos em 2004: São Paulo não estava tão mal, naqueles anos.
Como já se disse incontáveis vezes nesta página, ninguém está agüentando mais viver em São Paulo. Uma pessoa que se atrasa para chegar em casa deixa a sua família em pânico. O cidadão sai estressado de manhã para trabalhar e à noite volta histérico para casa.
Não há antipetismo que resista a um cotidiano como esse. As pessoas estão propensas a refletir sobre novos rumos para a cidade.
O desastre político e administrativo de Kassab, portanto, é o que está causando essa indefinição no quadro eleitoral de São Paulo. Repito: não fosse a insatisfação do paulistano com a cidade, Serra, a esta altura, deveria estar praticamente eleito.
A julgar pelo anúncio feito inicialmente pelo tucano de que faria campanha pela “continuidade” administrativa em São Paulo – ou seja, por mantê-la no rumo em que está –, ele deve ter subestimado o descontentamento da população.
Pode-se prever, assim, que Serra tentará se afastar de Kassab durante a campanha. Se assumir sua ligação com ele, será suicídio. Todavia, desvincular-se de sua cria política parece praticamente impossível, a esta altura. Os outros candidatos não permitirão.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A PIGARRA TUCANA

*700 milhões de barris de petróleo: Petrobrás  descobre poço no pré-sal com óleo leve suficiente para quase um ano de consumo brasileiro, além de imensa reserva de gás**
É um velho truque do conservadorismo brasileiro reiterado ao longo da história: quando a raiz dos problemas  repousa nas entranhas de seu aparelho administrativo  ou no descaso histórico com as prioridades da população, desfralde-se a bandeira udenista da sabotagem perpetrada por 'agitadores'. A lenga-lenga exala naftalina e remete ao linguajar pré-golpe de 64,  mas encontra em São Paulo 71 quilômetros de motivações para ser ressuscitada com regularidade suíça pela pigarra do PSDB. Nessa rede escandalosamente curta e saturada do metrô --inferior a da cidade do México, por exemplo, com 200 kms--  os registros de acidentes e interrupções exibem uma frequência preocupante: só este ano foram 143 ocorrências, média de uma por dia. Nesta 4ª feira, a metódica pigarra conservadora aproveitou a greve salarial dos metroviários para isentar a gestão temerária por trás dos transtornos renitentes. A narrativa é a de um 'jornal da tosse'.Gargantas raspando pastilhas Walda emitem denúncias de sabotagem e insinuam 'incêndios do Reichstag' de olho nas eleições municipais. Agitadores conturbam o ambiente da metrópole; não fosse isso, os serviços públicos tucanos deslizariam no azeite fino de oliva. (LEIA MAIS AQUI)