Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Piada pronta: repórter DO ESTADÃO chama blogueiro de “mentiroso”


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A esquerda faz muitas críticas “à mídia”, mas se esquece de que não existe uma “mídia” propriamente dita. O que existe é um exército composto – salvo honrosas exceções – de puxa-sacos dispostos a vender a alma na esperança de caírem nas boas graças dos patrões.
A mídia que tanto indigna a setores tão amplos da sociedade é produto dos ditos “profissionais da imprensa”, seja de que “nível” forem. Nesse aspecto, tanto faz um Reinaldo Azevedo ou um repórter de campo da Veja: ambos se valem das mesmas práticas.
Sempre ressalvando que tudo, nesta vida, tem exceção e com a “mídia” não é diferente.
Qual é a diferença, porém, entre Mervais, Azevedos, Cantanhêdes, et caterva, e os repórteres de política que correm exclusivamente atrás de “pautas” que possam prejudicar a esquerda, os movimentos sociais, os sindicatos e todos aqueles agentes políticos que incomodam a direita?
Seja como for, esses pensamentos me ocorrem ao chegar em casa após passar o fim da tarde de sexta-feira 17 na sede nacional do PT em São Paulo, no “centro velho” da cidade. No local ocorreria entrevista coletiva do presidente da sigla, Rui Falcão.
Este blogueiro – entre outros, assim como a “grande mídia” – recebeu aviso de pauta do PT sobre coletiva em que, entre outros fatos, seria divulgado o nome do novo tesoureiro do PT, o ex-deputado federal por Sergipe Márcio Macedo, que já foi ligado ao ex-governador Marcelo Deda, morto em 2013.
A entrevista estava agendada para as 16 horas e 30 minutos. Cheguei ao número 132 da rua Silveira Martins, que dista poucas centenas de metros das Praças da Sé e João Mendes. Estacionei o carro ao lado da sede petista e já havia umas 10, 15 pessoas à porta.
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Grandes câmeras apoiadas em tripés, carros e furgões de reportagem da Globo, da Band, do SBT, do Estadão etc. tomavam a rua. No saguão do prédio do PT, mais uma dezena de repórteres aguardava que terminasse reunião da direção petista para subirem ao auditório.
Um porta-voz do PT sai ao saguão e chama os repórteres para anunciar o nome do novo tesoureiro do partido. Imediatamente, o batalhão de repórteres se põe a digitar em seus celulares, tablets, notebooks ou a fazer ligações telefônicas, repassando as informações.
Como já testemunhei em outras oportunidades, apesar de trabalharem em veículos distintos, nessas coberturas políticas esses repórteres parecem atuar todos para um único veículo – compartilham informações e opiniões, que repassam aos seus veículos.
Quem já testemunhou uma cena dessas não se surpreende quando, no dia seguinte, lê reportagens praticamente idênticas no Estadão, no Globo, na Folha, nos telejornais etc.
O trabalho é pasteurizado, mecânico.
Voltando ao ocorrido na tarde desta sexta, dos blogueiros avisados pelo PT sobre a entrevista compareceram um representante da Rede Brasil Atual, o coeditor do Diário do Centro do Mundo, Kiko Nogueira, e eu.
Cheguei antes deles e, como costumo fazer, fiquei na miúda ao lado dos grupinhos de repórteres prestando atenção no processo de fazer linguiça que são essas coberturas. Eis que percebo a presença de um repórter do Estadão com o qual tive uma discussão no ano passado.
Relato, a partir daqui, a razão da discussão que tive com esse repórter.
Em 17 de maio do ano passado, ocorreu o 4º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que contou com a presença de Lula. Na oportunidade, o ex-presidente deu uma declaração sobre crítica que a mídia fizera aos estádios de futebol que estavam sendo construídos para a Copa do Mundo, de que nenhum deles contava com estação de metrô dentro.
Lula disse, no evento, que não fazia sentido construir uma estação de metrô dentro de um estádio de futebol porque fica muito caro e essa estação só teria grande movimento em dias de jogos, e que, portanto, essa cobrança seria “babaquice”.
Minutos depois, em todos os portais de internet, e no dia seguinte, em todos os grandes jornais, manchetes dizendo que, para Lula, pedir metrô em estádio seria “babaquice”.
Folha Lula
Um grupo de blogueiros presenciou como nasceu essa manchete comum a toda a grande mídia.
Segundo esses colegas me informaram, à porta do encontro de blogueiros os repórteres dos grandes veículos, em rodinha, teriam combinado como relatariam a fala de Lula sobre metrô nos estádios. Os blogueiros que fizeram a denúncia fizeram até um vídeo do flagra.


Com base no relato dos blogueiros, fiz um post contendo a informação de que eles afirmaram ter presenciado os repórteres combinando o tom de uma manchete que, corroborando o relato, saiu praticamente idêntica em Folhas, Globos, Estadões etc.
Conheço alguns dos repórteres da mídia corporativa presentes àquele encontro de blogueiros. Um deles, do Estadão, ficou furioso com o post que escrevi. Enviou-me mensagens por SMS criticando o post e me chamando de “mentiroso”. Eu lhe disse que apenas havia reproduzido informação que colegas blogueiros me passaram, mas ele não quis saber.
Nunca mais tinha tido contato com aquele repórter. No dia em que escrevo, porém, ele estava presente diante da sede do PT. Até lhe fiz um cumprimento, que não foi correspondido. Fiquei na minha.
Alguns minutos depois, estava eu próximo a uma rodinha de repórteres de que ele participava. Quando me viu, disse em voz alta, obviamente que para que eu ouvisse, o seguinte:
— Cuidado, falem baixo porque tem um blogueiro progressista escutando.
Passaram-se mais alguns minutos e os presentes fomos chamados para o auditório – a coletiva iria começar.
Eu estava à porta conversando com o Kiko Nogueira. Quando nos preparávamos para entrar no prédio, esse repórter do Estadão, chamado Ricardo Galhardo, passa olhando para minha cara. Em uma tentativa de desanuviar o ambiente, brinquei:
— Não precisa ter medo, blogueiro progressista não morde.
O sujeito, visivelmente alterado, com os olhos injetados de raiva, chamou-me de “mentiroso”. O Kiko Nogueira, do DCM, ficou tão surpreso que soltou um “Opa!”.
Claro que eu lhe devolvi a “gentileza”, mas esse não é o ponto.
A razão pela qual o tal repórter do Estadão alertou os colegas de minha presença seria a de que eu teria inventado que os repórteres combinaram a pauta que apareceu igualzinha na primeira página de todos os grandes jornais de 18 de maio do ano passado.
Eu não vi a cena da combinação de pauta, mas o vídeo acima mostra que os repórteres ficaram constrangidos com a pergunta dos blogueiros sobre se combinaram a pauta sobre a fala de Lula.
A verdade verdadeira é que esses ditos “profissionais da imprensa”, em grande parte, confundem-se com seus patrões. Acham-se muito importantes. E agem de forma ameaçadora. Pensam que fazem parte de uma grande família midiática feliz, esquecendo-se de que, daqui a pouco, baixa um “passaralho” nas redações e eles são postos no olho da rua.
Para mostrar como essa gente “se acha”, mais uma cena da tarde desta sexta-feira 17.
Pouco antes do entrevero com o jornalista do Estadão, o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, deixava a sede do PT quando foi cercado pelos repórteres. Cheguei perto antes de alguns deles e coloquei o celular próximo do rosto de Garcia para filmar sua fala, mas não consegui.
Os repórteres exigiam que eu saísse da frente das câmeras deles, cheguei a ser empurrado. Para evitar um confronto, acabei desistindo. Até porque, de empurrão em empurrão eu já havia perdido boa parte da fala de Garcia.



Dentro da sede do PT, na coletiva, só perguntas provocativas. Nada sério foi tratado. O sujeito que me insultou quis saber como o PT respondia a declaração do ministro Gilmar Mendes no sentido de que a corrupção está no “DNA” do PT.
Parece coisa de fofoqueira de bairro, não?
Enfim, só vendo esse exército de pit bulls “trabalhar” para entender por que o produto final desse “trabalho” é tão tendencioso, parcial, virulento e infiel aos fatos – o que, aliás, torna piada pronta repórter do Estadão – justo do Estadão – chamar alguém de “mentiroso”.

Justiça seletiva: mensalão tucano volta a mudar de instância – vai ao TJMG


Confira e divulgue a lista completa com os nomes dos deputados e
 partidos que votaram a favor da terceirização e do desmonte dos
 direitos trabalhistas
 no Brasil. Aqui:







mensalão capa
Em tempo de extrema celeridade e contundência da Justiça com casos de corrupção envolvendo o PT, o que deveria ser uma boa notícia acaba servindo para causar mais indignação com a seletividade dessa mesma “justiça”.
O caso mais escandaloso envolvendo o Poder Judiciário brasileiro por certo é o julgamento do dito “mensalão tucano”, que ocorreu em 1998 e 17 anos depois ainda não foi julgado, enquanto que o caso do mensalão do PT foi julgado e concluído em apenas 7 anos.
Se for contado somente o tempo decorrido desde a acusação formal do Ministério Público ao principal personagem do mensalão tucano, o ex-senador e deputado do PSDB mineiro Eduardo Azeredo, nesta quinta-feira, após um ano e dois meses parado, o caso finalmente voltou a “andar”.
Em 7 de fevereiro do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) recomendação para que o então deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) fosse condenado, no processo do mensalão mineiro, a 22 anos de prisão por lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público).
Clique na imagem abaixo para ler a denúncia do PGR contra Azeredo.
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Doze dias depois da denúncia do PGR, Azeredo renunciou ao mandato de deputado federal por Minas Gerais a fim de adiar a tramitação do processo, que, em sendo o réu deputado, seria julgado rapidamente pelo Supremo Tribunal Federal.
A manobra protelatória funcionou. À diferença do que fez no caso do mensalão do PT, o STF aceitou a manobra de Azeredo e permitiu que o caso fosse remetido à primeira instância, na Justiça mineira.
Lá, como ocorre em São Paulo, o PSDB manda, de modo que o processo ficou parado por um ano.
Como a sociedade já parece ter desistido de ver esse caso ser julgado, faça-se justiça à Folha de São Paulo, que denunciou a situação escandalosa de acobertamento criminoso de Azeredo pelo mesmo Poder Judiciário tão célere ao condenar membros do Partido dos Trabalhadores.
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A matéria da Folha foi feita logo após a juíza que deveria fazer o caso andar (após mais de um ano parado) ter declinado da competência para fazê-lo.
O que ocorreu foi o seguinte: em 11 de abril, duas semanas antes da reportagem da Folha, a magistrada Melissa Pinheiro Costa Lage foi escolhida para comandar a 9ª Vara no lugar de Neide da Silva Martins, que se aposentou, conforme diz a reportagem do jornal paulista. Porém, dois dias depois (13/4) ela declinou da competência para o julgamento do processo que apura os crimes de peculato e lavagem de dinheiro ocorridos durante a campanha de Eduardo Brando Azeredo para o governo de Minas Gerais, em 1998.
A magistrada Melissa Pinheiro Costa Lage citou a Constituição Estadual para tomar tal decisão – o texto constitucional prevê, em seu artigo 106, competência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para julgar secretário de estado, bem como decidir sobre eventual desmembramento do processo em relação aos outros réus.
Ocorre que um secretário de Estado nomeado pelo governador Fernando Pimentel está envolvido no mensalão tucano, de modo que, agora, compete ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgar o processo que envolve Azeredo.
Clique na imagem abaixo para ver o andamento do processo envolvendo Azeredo.
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Em tese, o caso deve voltar a andar quando chegar ao TJMG. Porém, como se sabe, desde 1998 esse caso demora anos para ir de um lugar a outro, nessa Justiça que quando o caso envolve o PT anda de fórmula 1, e quando envolve o PSDB anda a reboque de uma tartaruga.
Como a decisão de enviar o processo do mensalão tucano para o TJMG foi tomada nesta quinta-feira, 16 de abril, este Blog começa a contar, a partir de agora, o tempo que irá transcorrer até que chegue ao seu destino.
Contudo, mesmo que não demore anos, é muito provável que essa Justiça partidarizada e seletiva invente mais alguma manobra para garantir que prescrevam as acusações contra o tucano Azeredo, umbilicalmente ligado ao novo “golden boy” da direita tupiniquim, Aécio Neves.