Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Lily Marinho, o beijo e as demissões

Ontem, escrevi aqui sobre a (lenta) decadência da TV Globo.
Por uma (triste) ironia, no fim do dia foi anunciada a morte da viúva de Roberto Marinho, Lily. Também no fim do dia ficamos sabendo que o Big Brother terá – na próxima edição - um travesti em cena.
Qual a ligação entre os três fatos?
Vou tentar explicar.
Quinze anos atrás, na velha sede paulista da TV Globo, na praça Marechal, deu-se o rebuliço: a direção da emissora no Rio queria a demissão dos responsáveis pela cena “chocante” levada ao ar um dia antes, no “Fantástico”. Qual era a cena “chocante”? O beijo de dois (ou duas) “drag queens”. Um conhecido repórter do programa resolvera mostrar uma festa num evento gay que acontecia em São Paulo: a transmissão era ao vivo e, lá pelas tantas, deu-se a cena (sobre isso, há mais detalhes aqui, no blog “Doladodelá”).
A história que corria pelos corredores da TV na época era a seguinte: Lily Marinho vira a cena no “Fant[ástico” e considerara uma afronta à família brasileira; pediu providências ao Roberto Marinho. E aí vocês imaginam o resto da história. Quem pagou o pato? Hugo Sá Peixoto (cinegrafista que mostrou a cena) e Amaury Trolize (que, além de ótimo cinegrafista e responsável pela coordenação de imagens na Globo, cumprira naquele dia a função de diretor de TV, fazendo no caminhão o corte de imagens). Os dois perderam o emprego. Eram tempos em que drag queens beijando na boca estavam vetadas. Eram tempos em que a voz aristocrática de Lily Marinho ainda se fazia ouvir na poderosa emissora. Eram tempos, também, de uma hipocrisia violenta.
O que dona Lily diria se soubesse (ou se visse) o travesti que Boninho (diretor do Big Brother) resolveu escalar (leiam aqui o texto de Maurício Stycer) pra aumentar a audiência do BBB?  Provavelmente, a opinião dela hoje não contaria muito. Nos corredores do poder da Globo, dona Lily já estava morta. Tanto que – contrariando a linha oficial dos filhos de Roberto Marinho – resolveu abrir a velha mansão do Cosme Velho para receber Dilma durante a recente campanha eleitoral.
Não sei se o Brasil ficou um país melhor porque agora a presença de um travesti já não é considerada uma “afronta” na Globo. Provavelmente, sim. O que sei é que hoje o Hugo e o Trolize não perderiam o emprego se filmassem o beijo.
A decadência pode ter suas vantagens: não é preciso mais prestar contas à hipocrisia.
Mais uma página virada.

O general e a História

Por Mauro Santayana ( O Grande)

O general e a História

Se o general  José Elito Siqueira disse o que lhe foi atribuído, cometeu erro político irreparável e juízo equivocado sobre a História. O erro político foi tocar em assunto delicado e constrangedor, em qualquer governo democrático, e não só no de Dilma Rousseff: o dos desaparecidos durante o regime militar. Se assim pensava, não deveria ter aceitado o cargo.

Temos, sim, por que nos envergonhar do que ocorreu em 1964 e em todos os anos que se seguiram. Todos, militares e civis, sacerdotes e ateus, mulheres e homens, de esquerda e de direita, do governo e da oposição, que vivemos aquele tempo, temos, uns menos, outros mais, culpa pela supressão dos ritos democráticos.

Como diriam os anarquistas, não houve inocentes, e, se os houve, eles também cometeram o pecado do conformismo. Responsáveis foram dirigentes políticos de esquerda, que avaliaram mal a correlação de forças e pretenderam queimar etapas, ainda que o fizessem com os melhores sentimentos humanos, como os da igualdade e da liberdade.

A História costuma ser implacável contra os que violam seu ritmo e suas razões. Responsáveis, e com muito maior dolo, foram os que se aliaram aos estrangeiros, esquecendo os nossos interesses nacionais e os nossos valores, e se uniram aos Estados Unidos no confronto da Guerra Fria, com o argumento de que as fronteiras eram ideológicas e não geográficas.

As nossas razões eram as de não tomar partido algum na disputa entre os brancos nórdicos, e muitos brasileiros, em nome dos ideais de justiça e igualdade, defendiam – mesmo depois do relatório Khruschev contra Stalin – a política externa russa. Devíamos ter tido posição mais ativa no Grupo dos Não Alinhados. Isso não nos impediria de continuar fazendo negócios com Moscou e com Washington, como, aliás, americanos e soviéticos sempre fizeram entre eles.

Temos, sim, que nos envergonhar. Também foram responsáveis os que aplaudiam, nos estádios, o general presidente, enquanto nas masmorras, jovens e velhos, mulheres e homens, intelectuais, como Mário Alves, jornalistas, como Vladmir Herzog, e operários, como Manuel Filho, eram torturados e trucidados. Lembro-me do que me disse dom Paulo Arns, sobre aquele tempo. Contou-me que, ao visitar, em São Paulo, as presas políticas, depois de ouvi-las, queixou-se ao diretor do presídio. Ele se desculpou, dizendo que elas exageravam, e que devia descontar uns 50% em suas queixas. Dom Paulo lhe disse, então, que se apenas 5% do que se queixavam fossem verdade, todos os culpados pelo que elas sofriam, incluídos ele e o interlocutor, deviam ser condenados ao inferno. Responsáveis foram os veículos de comunicação que não só aplaudiram a repressão como com ela colaboraram e apoiaram o sistema autoritário, durante o período mais sangrento daquelas duas décadas.

Anistia, voltamos a lembrar, é esquecimento. Mas não podemos negar aos que perderam os seus filhos, pais e irmãos, naqueles anos pesados, o direito de saber onde foram sepultados, e as circunstâncias de sua morte. É da cultura de todos os povos o respeito e a veneração aos mortos. Assim é de seu direito resgatar seus restos e lhes dar sepultura, a fim de a eles levar as lágrimas da saudade.

Temos, sim, que nos envergonhar, e muito, todos os que vivemos aquele tempo. Não fizemos o bastante para evitar que homens como Manuel Fiel Filho e Vladmir Herzog fossem mortos, da forma como foram, sem nem mesmo o direito à honra do combate.

É hora de venerar os heróis que combateram de peito aberto os inimigos em Guararapes, como lutou e morreu Marcílio Dias, na Batalha do Riachuelo, e como pelejaram os heróis da FEB na Itália, mas, acima de todos, Caxias, o grande pacificador nos desencontros internos, que, uma vez vitorioso, recomendava a imediata anistia política aos revoltosos.

Os pobres

Da RedeCastorPhoto

Para Luiz Inácio Lula da Silva

Estamos em todos os becos, vielas, cortiços, palafitas
Como estamos em torres, naves, subterrâneos, trilhas
Ou em bancos, tribunais, igrejas, palácios, aeroportos
Como estávamos desde muito antes de antigamente em pirâmides
E ainda um dia certamente estaremos nas salinas radioativas de Marte
Somos sempre a maioria absoluta
No teatro de operações ocupamos imenso espaço referencial, somos
OS POBRES !

Somos a chamada grande massa populacional
Negros, quase brancos, mestiços, mamelucos, brasilíndios, afrogente
E sonhamos, construímos, somamos, geramos
Em campos, cidades, favelas, exércitos, núcleos sociais
Somos a humanagente
Somos OS POBRES !

Já não somos tão gado marcado
Ultrapassamos as barreiras do redil inumano
Fugimos do curral das vis aparências hostis
No Brasil, agora, pobres viajam, têm carro, celular, casa; passeiam de avião...
Assustam os insensíveis que têm desconhecimento histórico de riquezas injustas
Somos a maioria absoluta da população
Brasileirinhos e brasileiríssimos
Estivemos por centena de anos no bico do corvo como o joio social
Mas sobrevivemos
Nós somos OS POBRES !

Podemos fazer faculdades, erguer nossa casa, usufruir tecnologias
Não precisamos mais vender as nossas férias para não passar fome
Não precisamos mais verter o nosso sangue para ter o que comer
Nem mendigar um prato de comida, um pedaço de pão
Nossos filhos, nossos amores; perante a historia que é remorso
Sabem que tudo foi revisitado – com um operário padrão
Que se construiu presidente e elegeu como Seres Humanos, cidadãos
OS POBRES!

Estamos na escala da inclusão social
Milhões saíram da amargura da miséria absoluta
Temos três refeições por dia
Finalmente alguém pensou em nós - os excluídos, os descamisados, os Sem Teto, Sem Terra, Sem Amor pátrio
Temos muito amor para dar
E não vamos dar a nossa cota de dor aos que nos vitimaram, nos marcaram: eles não suportariam...
Nem daremos nossa taxa de trevas no historial de nosso sangue lavrado
Somos o Brasil também agora
A cara, a cor, a coragem, a música, o futebol, o significante e o significado:
SOMOS O POVO !

Um homem público que veio do povo para o povo
Finalmente, depois de mais de 500 anos
Nos proveu, nos pensou, reparou em nós e nos estendeu a mão pública
Abriu as portas do palácio para o povo
Para os órfãos das ruas de amargura
Que país era esse, que era só rico para os ricos
E não era rico também para o restante carente da população sempre expropriada?
Agora é um país de todos para todos
O POVO
Do qual todo poder emana e em seu nome deve ser exercido.

Sobrevivemos. As mãos lanhadas. Os olhos tristes. A fome, a fome!
Sobrevivemos, Pátria Mãe
Comemos o pão que o diabo amassou.
Índios mortos: milhões
Negros escravos e mortos: milhões
Operários como ovelhas tosquiadas pela máquina insana do lucro a qualquer preço, a qualquer custo
Sobrevivemos para contar a história e somos também agora sujeitos da história
A nossa presença foi reconhecida
Somos os POBRES
Somos o POVO !

O Brasil já não está mais deitado em berço esplêndido
Nós nos levantamos, coragem irmãos, coragem
Subimos nos ombros de um gigante metalúrgico para enxergar mais longe
Cá estamos, irmãos, cá estamos em lágrimas
E finalmente reconhecidos na identidade sagracial de uma nação emergente
Em terra que emana leite, pão e mel

Ainda há muito o que fazer, conquistar, buscar democracia social
Tardou a justiça que finalmente começou e viça
O metalúrgico operário aleijado pela máquina nos resgatou
Governou para todos
Governou para o povo
Somos pobres mas temos deveres – e direitos.
A esperança venceu o medo, a mentira, a hipocrisia, a opressão social histórica
A pátria amada ouve o brado retumbante
O povo tomou a direção da barca
Os pobres em ascensão social
Somos a maioria e somos reconhecidos, temos alma e coração
Os braços fortes, a braveza como voto de luz
Não somos mais peças de reposição para riquezas injustas, lucros impunes, propriedades roubos
Sofridos mas vitoriosos deixaremos um país melhores para os nossos descendentes
A Nação Brasil agora tem um Povo para chamar de seu
Salve Limpo Pendão da Esperança
Pátria Amada
BRASIL!

Por Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, SP, Brasil
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Conselheiro em Direitos Humanos, Prêmio Lygia Fagundes Telles Para Professor Escritor
E-correio: poesilas@terra.com.br
Sítio: Porta-Lapsos
Poema da Série: “Verás Que Um Filho Teu Não Foge à Luta”
Poema social enviado por Fernando Rossas Freire


Leia mais em: O Esquerdopata 
Under Creative Commons License: Attribution

Brasileiros lideram pesquisa de consumo de celulares e TVs HD

Consumidores brasileiros lideraram as compras de telefones celulares, TVs de alta definição, câmeras digitais e netbooks em um estudo da consultoria Accenture.

A empresa ouviu 8 mil consumidores em oito dos principais países emergentes e industrializados em 2010.

A pesquisa anual sobre produtos e serviços eletrônicos, que destaca o surgimento de "um novo paradigma de consumidores de tecnologia", chama atenção para a sede dos países emergentes por produtos eletrônicos, comparados aos mercados mais estáveis dos países ricos.

"Com economias mais estáveis e riqueza crescente entre a classe média desses países, o apetite dos consumidores por tecnologia, especialmente móvel, é insaciável (nesses países)", diz o estudo.


Ranking de países com mais compradores de celulares em 2010
1º - Brasil
2º - Índia
3º - Rússia
4º - China
5º - França
6º - EUA
7º - Japão
8º - Alemanha

Ranking de países com mais compradores de TVs HD em 2010
1º - Brasil
2º - França
3º - China
4º - Japão
5º - Rússia
6º - EUA
7º - Alemanha
8º - Índia

Ranking de países com mais compradores de netbooks em 2010
1º - Brasil
2º - China
3º - Rússia
4º - Índia
5º - Alemanha
6º - EUA
7º - França
8º - Japão

Ranking de países com mais compradores de câmeras digitais em 2010
1º - Brasil
2º - China
Índia
Rússia
5º - Alemanha
França
7º - EUA
Japão

Bessinha flagrou Tony Palocci em ação



Saiu na Folha (*), pág. A7:

“Críticos minaram diplomacia comercial do Brasil com os EUA.”

“Estratégia do Itamaraty foi atacada em contatos com americanos … ”

“Defensores da ALCA acenaram aos EUA com a chance de reativar as negociações em 2005, quando o então Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aproveitou um encontro de Lula com o Secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, para debater a idéia.”

“Segundo os americanos, (Tony – PHA) Palocci ‘se ofereceu (sic) para liderar (sic) um esforço para dar novo impulso às negociações’ e levar (sic) o Itamaraty a ‘uma postura mais proativa (sic)’. Lula ‘desconversou’, indicando que não tinha interesse.”

Navalha
Quer dizer, então, que, depois do Nelson Johnbim, temos agora o ministro Tony Palocci.
Dois que espinafram a política externa brasileira para autoridades americanas.
Papelão, hein ?
Como o Celso Amorim deve ter sofrido, nas mãos do Tony e do Johnbim.
A ALCA, como se sabe, foi uma tentativa americana de unir as Américas, sob a liderança americana.
Era a criação de um Commonwealth do Império Americano.
A tentativa começou com Bush, o pai, tomou outro formato com Clinton, e Bush, o filho, tentou ressuscitá-la.
O principal objetivo sempre foi botar o Brasil – o maior país da América Latina – debaixo do guarda-chuva americano.
Outro grande da America Latina, o México, já estava devidamente abrigado sob o guarda-chuva do Nafta.
E deu no que deu.
O PiG (**) e a elite branca se excitaram com a idéia de aderir à ALCA e oficializar a volta à condição de colônia com que sempre sonharam.
Lula resistiu.
Celso Amorim comeu o pão que o diabo amassou nos editoriais coloniais do Estadão.
O que não se sabia é que Tony trabalhava nos bastidores.



Em tempo: como sempre, a Folha (*) errou na hora de fazer o título. Quando deu a notícia de que o Johnbim foi ao embaixador americano para solapar a política externa do Governo a que servia, o título da Folha (*) era outro. Escondia a infidelidade do ministro serrista. Agora, para proteger Tony Palocci – quindim de Iaiá do PiG (**) – fez o mesmo. Deu a proteção dos últimos parágrafos da matéria.


Paulo Henrique Amorim

DILMA INTERVEM NA FARRA CAMBIAL

(Carta Maior; Quinta-feira, 06/01/2011)

OBAMA SOB FOGO INTENSO

Começa na próxima semana o embate entre a maioria republicana do Congresso e o governo Barack Obama. Os republicanos assumiram o comando da Câmara ontem e chegaram dispostos, nas suas palavras, ' a desfazer tudo o que Obama fez nos últimos anos, a começar pela reforma do sistema de saúde, alvo da ofensiva neoconservadora a partir da próxima 2º feira. Muitos dos 242 congressistas republicanos (os democratas somam 193 cadeiras) inspiram-se nos preceitos do rastejante conservadorismo vocalizado pelo Tea Party. Para esse núcleo duro da direita norte-americana, Obama é comunista e seu governo está suprimindo o espaço de livre arbítrio dos cidadãos da  América. Por exemplo, ao propugnar que todos tem direito a um serviço de assistência de saúde e que o conjunto da sociedade, sobretudo os endinheirados, devem bancar o acesso dos mais pobres a essa prerrogativa. A repulsa anti-social dos neocons gringos lembra o comportamento de uma certa coalizão política  em relação aos programas sociais do governo Lula. Puro ódio de classe
(Carta Maior; Quinta-feira, 06/01/2011)