Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EXEMPLO DO TEA PARTY NACIONAL , E SUAS ESCÓRIAS.

Porco Marco Antonio Arcoverde Cals elogia Miss Universo Leila Lopes


Observação: Eu chamo todos meus amigos e conhecidos de "Porco". Nada pessoal nem ofensivo, porco Cals

Falta pouco, quase nada

Se a presença de tal ou qual ministro é tudo que falta para dona Maria Cristina zurrar, convenhamos que não falta nada, pois isso não depende da vontade dela...
BURROS DE CARGA
Com mais três anos de Haddad à frente do Ministério da Educação, estaremos todos zurrando. É só o que falta para sermos burros de carga completos.

Maria Cristina Rocha Azevedo crisrochazevedo@hotmail.com
Florianópolis 
Seção de burros cartas do Estadão
Beservaçao: Fui dar uma procurada no Facebook para ver se tinha uma foto boa da dona Maria Cristina e não achei nada apresentável. Em compensável ela ostenta uma falsificação de uma charge do Angeli, coisa típica de quem defende a mesma ética na vida pública e na privada.


Leia mais em: O Esquerdopata
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Número de pessoas abaixo da linha pobreza bate recorde nos EUA



O número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos aumentou para 15,1% da população em 2010, chegando ao recorde de 46,2 milhões de pessoas. É o maior contingente de pessoas abaixo da linha da pobreza dos últimos 52 anos, desde que os dados começaram a ser coletados. O índice de aumento no número de pobres foi registrado pelo terceiro ano consecutivo e é o maior desde 1993.

O número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos aumentou para 15,1% da população em 2010, chegando ao recorde de 46,2 milhões de pessoas. Os dados são do censo norte-americano, divulgado terça-feira (13). É o maior contingente de pessoas abaixo da linha da pobreza dos últimos 52 anos, desde que os dados começaram a ser coletados. Em 2009, 14,3% da população norte-americana vivia abaixo da linha da pobreza.

O índice de aumento no número de pobres foi registrado pelo terceiro ano consecutivo e é o maior desde 1993. Atualmente, um em cada seis americanos vive na pobreza. Os Estados Unidos passam por um dos seus piores momentos econômicos. O governo tenta buscar meios para reduzir os impactos da crise, mas há também dificuldades políticas envolvendo as negociações.

Na segunda-feira (12), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao Congresso que aprove, o mais rápido o possível, sem postergações ou manobras, o projeto de lei que propõe medidas para a geração de empregos. O pacote prevê a criação de postos de trabalho a partir de cortes de impostos, gastos em projetos sociais e ajuda para governos locais e estaduais.

No último dia 8, Obama anunciou cortes de impostos para pequenos negócios e a classe média e o aumento da tributação sobre as grandes empresas e os mais ricos, como fundamentos da proposta de US$ 447 bilhões destinados a reativar a criação de empregos nos Estados Unidos.

(*) Com informações da BBC Brasil e da Agência Lusa de notícias

GOVERNANÇA MUNDIAL PATINA. MAS E NA BASE? EXEMPLO: COMO VAI A ESCOLA DE QUADROS DO PT?

*Cameron demite 111 mil**sindicatos ingleses marcam greve**conflitos violentos nas ruas da Itália** arrocho fiscal de Berlusconi racha o Parlamento** desacelera a criação de emprego industrial no Brasil**54% desaprovam condução de Obama na economia* gelo no Ártico atinge a menor extensão em 32 anos*

Os bancos franceses tiveram sua avaliação de risco piorada hoje. Motivo: o sistema financeiro gaulês tem mais de 59 bi de euros empenhados na Grécia, cuja dívida soma 300 bi de euros. O FMI  reúne-se para discutir o colapso da Grécia. Merkel, Sarkozy e Papandreu fazem teleconferência para evitar o 'default' grego. O secretário norte-americano Timothy Garthner vai à Polônia nesta 6ª feira para a reunião de ministros da economia do euro. Assunto: eurobonus e Grécia. A profusão de reuniões e declarações que não levam a nada reflete ao mesmo tempo um sentimento de prontidão e um vácuo de lideranças e instrumentos à altura da crise mundial. Se nem mesmo  um calote de 300 bi de euros encontra solução nesse corre-corre sem rumo, que esperança pode haver para desafios sistêmicos, a exemplo de uma reforma que devolva o dentifrício das finanças desreguladas de volta ao tubo? Por que as peças do quebra-cabeças não se juntam, ao contrário, se dissolvem, em contraposição ao que ocorreu em 1929? É singelo apontar o dedo para a medíocre expressão dos personagens que atravessam a tela em direção ao rodapé da história: Merkel, Sarkozy, Barroso, Cameron, Lagarde, Obama. Melhor do que o escarnecer os tripulantes do naufrágio seria arguir a estrutura à pique. Falta à crise um interlocutor social organizado, partidos e sindicatos consequentes, uma mídia progressista de qualidade e disseminada, enfim, idéias e forças que desloquem e ampliem o patamar das respostas sistêmicas requeridas. Foi num aluvião de mobilização social que surgiu  um Roosevelt; um Getúlio Vargas; uma Frente Popular na França e a proeminência de forças que ensejaram o New Deal e uma espiral de planejamento público, direitos sociais  e coerção saudável das finanças pelo Estado. Juntos, subordinariam os mercados às demandas da sociedade -em maior ou menor graduação, a depender da relação de forças local. Não se pode exigir dos personagens transitórios que cruzam a tela nesse momento mais do que mitigação. Cores e contornos acima de sua palidez terão que ser buscados na palheta progressista, ou nada deterá o rumo funesto dos acontecimentos. Singelo exemplo: em recente entrevista ao jornal Valor, o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Sergio  Nobre, lamentou que o PT tenha abandonado a organização de células de base -numa das quais ele despertou para a militancia discutindo política, projetos e lutas. Por quê? Ou ainda: que fim levou o projeto de escola de quadros do PT? Com a palavra, a direção do partido.
(Carta Maior; 4ª feira, 14/09/ 2011)

Como derrotar gigantes



Golias, o lendário gigante filisteu das escrituras bíblicas vivia desafiando o exército israelita a lhe enviar um contendor à altura. Reza a lenda que o descomunal guerreiro ostentava três metros de altura e vestia uma armadura de 50 quilos. Diante da supremacia desproporcional do desafiante, portanto, não havia quem ousasse enfrentá-lo.
Certo dia, porém, o desafio foi aceito por um jovem e franzino israelita, Davi, que derrotaria o monstruoso adversário em combate usando uma mera, porém certeira, funda. O jovem que se tornaria rei após vitória de tal monta se valeu não só da coragem, mas da crença em que nada ou ninguém é invencível.
Há quem acredite, até com certa razão, que a mídia corrupta e golpista que se abate sobre esta nação há décadas e mais décadas, é invencível. Não poderia ser derrotada também na internet porque aqui também continua gigantesca diante de blogs e sites que imaginam que podem derrotá-la neste novo campo de luta.
Penso diferente. O elefante, por exemplo, é descomunal. Seria o Golias das selvas. Todavia, se tentar atravessar um rio infestado de diminutas piranhas, sucumbirá. Pode demorar mais tempo para ser devorado, mas será. Juntos e em seu habitat natural, os peixes são invencíveis (?) por qualquer ser vivo.
Sim, a grande mídia construiu gigantescos portais de internet que atraem milhões de internautas enquanto que blogs como este não passam de milhares ou até dezenas de milhares.  Com tal poder de divulgação – televisão, rádio, revistas, jornais, portais de internet –, a direita midiática conseguiu colocar algumas multidões nas ruas.
No Senado, ontem, o senador tucano Álvaro Dias deitou entusiasmada falação sobre os genéricos “movimentos contra corrupção” formados por alguns inocentes úteis e por outros nada inocentes, mas igualmente úteis à oposição demo-tucana e à mídia corrupta e golpista.
A prova da serventia que tais movimentos têm para grupos políticos apeados do poder central no início do século e mantidos fora dele até este limiar da segunda década do novo milênio reside – e se esconde – na euforia demo-tucano-midiática com eles.
Como, então, derrotar esses gigantescos impérios de comunicação? Ora, com o que pode ser usado como uma analogia para a funda de Davi ou para as piranhas que devoram o elefante. A blogosfera tanto pode ser a funda como os peixes carnívoros – a união, segundo dizem, faz a força.
Além disso, há que ver a qualidade dos manifestantes de lá e de cá. Para quem não sabe, há gente prometendo vir de Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Curitiba, do Rio de Janeiro e até de Fortaleza e de Salvador para o Ato Contra a Corrupção da Mídia que ocorrerá em São Paulo no próximo sábado.
Gastarão dinheiro, viajarão horas, até, para se unirem em resposta à nova estratégia da direita midiática de pôr pessoas bem e mal-intencionadas nas ruas em atos que serão usados como “prova” de repúdio popular à “corrupção” do governo Dilma e do governo do ex-presidente Lula.
O movimento contra a corrupção da mídia foi desencadeado por um blog que logo se transformou em vários blogs e em exércitos de leitores que espalham a notícia de que haverá reação à ofensiva destro-midiática. É gente que dedica horas incontáveis para, sem ganhar nada, lutar contra essa elite que infelicita este país há 500 anos.
Eis a fórmula para matar o Golias midiático que pode até falar mais alto também na internet, mas que não fala mais sozinho. Antes da rede, jamais um representante comercial sem formação jornalística poderia se fazer ouvir por milhares de pessoas. O gigante ainda é descomunal, mas a funda de Davi está bem mais potente.
Para concluir, deixo o leitor com uma reflexão: não terá “Davi” logrado impor derrotas a “Golias” em 2002, em 2006 e no ano passado?
—–
Amigos leitores sugerem a redação de um documento-base sobre as razões dos atos públicos contra a corrupção da mídia que ocorrerão até o fim desta inesquecível semana. Será feito. A última contribuição que este blogueiro dará ao movimento em curso será compilar as idéias dos que aqui comentaram e propuseram.

A Cantanhêde, inspirada pelo perfume da massa cheirosa

Assim é o bolsa-família dos sonhos de nossa sub-elite
Ela voltou! Depois de férias, eis que ressurge, em grande estilo, nas páginas da Folha de S. Paulo, Eliane Cantanhêde, ex-especialista em aviação de caça e em relações militares, agora como – sabe-se lá por que experiências – guia de compras em Miami.
“A classe média vai ao paraíso: às compras nos EUA. Também, pudera. Um casaco que aqui custa R$ 800 sai por US$ 200 (menos de R$ 400) lá. Uma blusa de seda, R$ 500 aqui, US$ 60 lá. Um macacão de bebê, R$100 aqui, US$ 10 lá. Bons lençóis, R$ 600 aqui, US$ 50 lá. Eletrônicos? Nem se fala. A diferença é tão grande que as passagens saem de graça. Então, vai a família inteira -pai, mãe, filhos adultos, crianças, netos. Na volta, as malas enormes e empilhadas são um espanto.”
Sentiram o padrão da massa cheirosa?
A culpa, é claro, é da nossa carga fiscal.
“E ainda me vêm com essa história de recriação da CPMF?”, reclama a moça elegante, ainda com as sacolas de compras.
Os lençóis puídos de nossos hospitais públicos não são de 600 fios, é claro, para merecerem um impostinho.
Não, não, precisamos lutar com energia e coragem, convoca a jornalista.
“Depois das manifestações no Sete de Setembro em Brasília, começa a mobilização na internet para novos atos pelo país no dia 20. No Rio, por exemplo, será na emblemática Cinelândia. O grito de guerra é “abaixo a corrupção”. Mas bem que poderia evoluir para “abaixo a corrupção, os impostos astronômicos, os maiores juros do planeta”. Parece mais saudável do que voar o tempo todo para Miami”.
A massa cheirosa não terá dificuldades em chegar à Cinelândia, pois o metrô vai à Ipanema, construído com os impostos astronômicos.
Nem para ir a Miami, porque as passagens estão baratas – curioso, apesar dos impostos astronômicos – e os maiores juros do planeta garantiram uma grana ali no fundo de renda fixa.
Fique tranquila, D. Cantanhêde, a Presidenta já garantiu que não virá uma nova CPMF. Mas não garantiu que não virá mais um “imposto astronômico”, destes que taxem consumo no exterior, compras de luxo e grandes fortunas.
É triste o retrato da sub-elite brasileira, desta que acha Miami o paraíso e que não acha absurdo que um mês de trabalho de um brasileiro possa custar menos que um lençol, porque as domésticas estão muito exigentes, agora.
PS. E para quem acha que isso é exagero, recomendo a leitura do Premio Nobel de Economia, Paul Krugman, há dois dias: “Atualmente – os melhores ou, pelo menos, os supostos homens e mulheres sensatos que deveriam estar cuidando do bem-estar da nação, não têm essa convicção, enquanto que os piores, representados por uma boa maioria dos republicanos, estão tomados por uma fúria irascível”

O Tea Party brasileiro e seu precioso R$1,26



Talvez muita gente não saiba, mas o nome do movimento de extrema-direita nos Estados Unidos é Tea Party por conta de um episódio ocorrido no processo de independência daquele país, conhecido como Festa do Chá de Boston, quando um grupo de colonos americanos, protestando contra os impostos exigidos pela Coroa inglesa, usaram roupas de índios e atacaram um navio da Companhia da Índias Orientais carregado de folhas de chá.

Foi justamente por causa dos impostos – e não por causa da independência – que o movimento, agora, apropriou-se deste nome. O programa deste setor do Partido republicano – e, de certa forma, de todo o partido – se resume em cortes de impostos.

Ninguém, é claro, seria contra qualquer corte de imposto se isso não comprometesse aquele mínimo de equilíbrio para merecer o nome de civilizada.

Mas não é assim. Aqui, a imprensa brasileira, sempre desejosa de mostrar que seu “modelo” mundial é um território paradisíaco de baixos impostos, noticiou que o presidente Barack Obama anunciou um plano para combater o desemprego que corta impostos. Verdade. Corta impostos sobre folha de pagamento e pequenas empresas, além de aumentar benefícios sociais aos desempregados e propor um programa de obras públicas e de construção civil para minorar a desocupação que levou o país a um recorde de pobreza., anunciado oficialmente hoje.

Se você refletir, vai ver que não há nada de muito diferente do que se fez aqui, com a ampliação do Simples, desonerando as micro, pequenas e médias empresas e com os programas integrantes do PAC, destacadamente o Minha Casa, Minha Vida.

Mas o programa de Obama também prevê aumento de impostos, uma vez que não há mágica que faça dinheiro aparecer do nada. Segundo a Agência Reuters, “o plano de Obama levantará 400 bilhões de dólares nos próximos 10 anos ao colocar novos limites sobre deduções para pessoa física com renda superior a 200 mil dólares por ano e para famílias com renda de mais de 250 mil dólares.O restante do dinheiro virá de outros impostos, incluindo taxas sobre donos de jatos corporativos e sobre a indústria de gás e petróleo.”

Em resumo, aumento do Imposto de Renda, sobre propriedade e sobre atividades excepcionalmente rentáveis.

Nos EUA, quem ganha acima de US$ 200 mil (R$ 340 mil) por ano paga uma alíquota entre 33 e 35%, antes do aumento. Aqui, paga 27,5%.

O desmeprego americano reflete-se diretamente os serviços de saúde. Cerca de 50 milhões de americanos estão, por conta de um sistema privado de saúde, baseado em planos de saúde empresariais, por conta do desemprego, estão sem qualquer cobertura médica. Não tem SUS por lá.

Todos querem recursos para a saúde. Mas não podemos fazer aumentos de impostos, porque isso sufocaria nossa economia. Verdade, de estes impostos forem criados sobre a cadeia produtiva. Mas não se forem aplicados sobre a renda e sobre transações que não estimulem nossa economia.

A classe média alta e a elite brasileira não estão afogadas em impostos. O sistema tributário brasileiro castiga os pobres: 53,9% dos rendimentos daqueles que ganham até dois salários mínimos é consumido em tributos indiretos. Já entre os mais ricos, com renda acima de 30 salários mínimos – R$ 16,35 mil mensais - a carga tributária é de 29% dos rendimentos. Tanto não é desesperadora a situação de nossa classe média alta que o número de turistas brasileiros que visitaram os Estados Unidos no primeiro semestre de 2011 cresceu 28,1%, em comparação com o mesmo período de 2010. Só no mês de junho o crescimento foi de 33,8%. E cada um deles deixa lá, em média, R$ 10 mil.

A presidenta Dilma tem razão. A CPMF desmoralizou-se pelo fato de ter sido sua renda destinada a outras despesas que não às do sistema de Saúde. Mais ainda, porque teve o erro de origem de não incidir sobre aqueles que movimentavam a partir de certo valor em suas contas, o que poderia ter sido limitado a, por exemplo, dez salários mínimos. Isso foi o que Lula tentou fazer, mas as pressões já eram grandes demais para que isso fosse viável.

Nos Estados Unidos, Obama tem pouca chance de aprovar seu plano para gerar empregos, porque nem a oposição nem a grande mídia – salvo exceções – se oporá às elevações de importo. Aqui, da mesma forma, não existem condições políticas de recriar a CPMF.



Mas existem, se começarmos a discussão, a possibilidade de taxarem-se as altíssimas rendas e as grandes fortunas. Nossos problemas fiscais tem sido resolvidos, até agora, com o crescimento e a formalização da economia, não com a elevação de taxas, que só ocorreu para regular fluxos de capitais – caso do IOF – e não para resolver probremas de arrecadação.

Se podemos e devemos financiar uma saúde pública de alta qualidade, precisaremos, como diz o Dr. Adib Jatene, pagar por isso. Até porque já pagamos: os planos de saúde que todos, com boas razões, querem fazer cobram mais dos clientes em um mês do que lhes custaria a CPMF em um ano.

Como exemplo, quem tem uma renda familiar de 10 mil reais por mês recolheria de CPMF e a movimenta no banco, com aquela alíquota de 0,38%, mesmo sem isenção até um certo patamar da renda, R$ 38 reais mensais. Ou R$ 1,26 por dia.

Esse é o valor que faz nossa elite gritar, em lugar de discutir com seriedade as fontes possíveis e justas de financiamento para uma elevação da saúde pública a um nível adequado, onde ela própria possa, querendo, utilizar-se dela.

E não as compras em Miami, como a alguns de seus porta-vozes.



NaMariaNews: Alckmin gasta 9 milhões pela fidelidade do PIG (*)

 
Saiu no Viomundo:

NaMariaNews: Alckmin gasta 9 milhões pela fidelidade da PIG


Alckmin: 9 milhões pela fidelidade da ‘Proba Imprensa Golpista’

E seu Barão assina os jornais e revistas para as Escolas Públicas

Do NaMariaNews


Interrompemos nossas saudáveis férias nas paradisíacas selvas de Bornéu para informar que a chuva é molhada, o sol é quente, a grama é verde e a Educação de São Paulo continua a mesma, embora sob completa nova direção.


O Barão de Taubaté, ou melhor, o Sr.  José Bernardo Ortiz Monteiro é o presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) desde sua nomeação pelo Governador Geraldo Alckmin, em janeiro deste ano.


Pois não é que depois de ferrenha labuta nas negociações, Ortiz acatou ordem superior e assinou milhares de exemplares de jornais e revistas do PIG (Proba Imprensa Gloriosa) – para as melhores escolas públicas do mundo, cujos professores são também os mais bem remunerados do planeta? Sim. Exatamente como fizeram seus antecessores, o ex-governador José Serra e o finado Paulo Renato Costa Souza, ex-secretário de Educação de SP, o Barão de Taubaté fechou com a Folha de SP, Estadão, Veja, IstoÉ e Época. Tudo, como sempre, sem licitação.


Desnecessário dizer que, mais uma vez, a CartaCapital não aparece no rol dos favorecidos.


Eis os contratos, datas e seus valores, de acordo com o Diário Oficial:


27/julho/2011 – Época

- Contrato: 15/00628/11/04

- Empresa: Editora Globo S/A

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Época” – 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 1.203.280,00

- Data de Assinatura: 26/07/2011

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)


29/julho/2011 – Isto É

- Contrato: 15/00627/11/04

- Empresa: Editora Brasil 21 LTDA

- Objeto: Aquisição pela FDE, de 5.200 (cinco mil duzentas) assinaturas da “Revista Isto É”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: 1.338.480,00

- Data de Assinatura: 25/07/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)


3/agosto/2011 – Veja

- Contrato: 15/00626/11/04

- Empresa: Editora Abril S/A

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Veja”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo

- Projeto Sala de Leitura

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 1.203.280,00

- Data de Assinatura: 01/08/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)


6/agosto/2011 – Folha

- Contrato: 15/00625/11/04

- Empresa: Empresa Folha da Manhã S.A.

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas anuais do jornal “Folha de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 2.581.280,00

- Data de Assinatura: 01/08/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)


17/agosto/2011 – Estadão

- Contrato: 15/00624/11/04

- Empresa: S/A. O Estado de São Paulo

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas anuais do jornal “O Estado de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Salas de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 2.748.616,00

- Data de Assinatura: 01-08-2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)


Total: R$ 9.074.936,00.


Você pode comparar os valores e quantidades dos anos anteriores nas tabelas deste texto.


Extenuado de tanto firmar tão bons acordos pedagógicos, o presidente da FDE, José Bernardo Ortiz Monteiro, como faz qualquer funcionário público, foi ter uns dias de férias lá na Europa.

Oh là là!


Alvíssaras, confrades.


PS – Agradeço ao gentil comentarista desta casa, em texto sobre os contratos do Estado (leia-se José Serra via Prodesp) com a empresa de escutas/grampos e que tais, Fence Consultoria, que escreveu o seguinte:


“Para achar coisa do PSDB é uma aranha, mas contra o petismo é mosca morta”


A ele nossa inteira concordância. Há mesmo seres mutantes em todas as esferas. Por exemplo, caro comentarista: por vezes sois uma araponga, mas em outras também um tucano.

A crise do euro e a indigência de idéias



Em toda a celeuma, que semanalmente provoca crises de adrenalina em escala mundial, ressalta-se a falta absoluta de alternativas de um lado ou do outro do Atlântico. Até o momento ideólogos de direita na mídia e nas universidades conseguiram criar um muro férreo em torno da idéia central de que a solução de tudo parte, como item número um da agenda única, da contenção de despesas públicas, da “independência” dos bancos centrais e da privatização de bens públicos. O artigo é de Flávio Aguiar.

Na que passou e neste começo de semana um pequeno terremoto agitou o governo alemão. As forças mais à direita, representadas pelo vice-chanceler Philipp Rösler, do FDP, e pelo primeiro ministro da Baviera (da União Social Cristã, CSU, co-irmã da União Democrata Cristã da chanceler Ângela Merkel), Horst Seehofer, começaram a falar abertamente de um endurecimento em relação à Grécia. O vice-chanceler aventou a possibilidade de uma moratória ou falência da Grécia em relação à sua dívida pública (movimento que agora atende pelo termo “default” ou “reestruturação”), enquanto Seehoffer aventou a simples possibilidade de expulsar aquele país da zona do euro.

A posição de Rösler aventava para a possibilidade (ainda no campo das conjecturas) de que o FDP não venha a votar no Parlamento Alemão (Bundestag) pela aprovação do novo pacote de ajuda à Grécia, da ordem de mais uma centena de bilhões de euros, além de outra centena já comprometida. Essas declarações públicas vieram na esteira de uma crise de confiança em relação aos bancos franceses, que, com os alemães, estão entre os maiores credores da Grécia, no caso do já esperado nessa altura “default”grego, discutindo-se muitas vezes o quando isso deverá ocorrer.

A maré chegou a tal ponto que o Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble e a própria chanceler vieram a público pedir que membros do governo e da coalizão se calassem sobre a possibilidade da falência, e desautorizaram qualquer especulação no sentido de que o governo alemão encarava até mesmo uma perspectiva de “autorizar” esse movimento por parte da Grécia ou sua saída da zona do euro, retornando ao passado dracma.

Há no ar o temor de que, se a Grécia declarar uma moratória ou a impossibilidade de pagar o total de sua dívida, Portugal e Irlanda venham a fazer o mesmo, seguidos por Espanha e Itália. Aí sim o sistema bancário europeu balançaria, a maré montante da crise atravessaria o Reno e chegaria com fragor à Alemanha de Frankfurt e Berlim, e a tsunami decorrente atravessaria o Atlântico engolfando, mais uma vez, Washington e Nova York.

Em toda a celeuma, que semanalmente provoca crises de adrenalina em escala mundial, ressalta-se a falta absoluta de alternativas de um lado ou do outro do Atlântico. Até o momento ideólogos de direita na mídia e nas universidades conseguiram criar um muro férreo em torno da idéia central de que a solução de tudo parte, como item número um da agenda única, da contenção de despesas públicas, da “independência” dos bancos centrais (como se isso existisse), e, portanto, que a solução passa pela privatização incontida e incondicional dos bens públicos capazes de tornar o Estado um vetor de desenvolvimento, pelo corte substancial nos investimentos, sobretudo os sociais, e pela dispensa e arrocho em relação aos trabalhadores e aposentados do setor.

Nada há que se contraponha a essa maré de idéias que já não deram certo em várias partes do mundo, mas que são fáceis de defender, mesmo sem argumentos, porque se apóiam numa espécie de “senso comum” de que um estado robusto é um “gigante de desperdício”. Não estou me referindo a campanhas movidas por extremas direitas dentro e fora da mídia, do tipo praticado pelos Tea Party e Fox News, ou agências do Império de Murdoch; refiro-me ao consenso médio da grande maioria de comentaristas econômicos, a editoriais e a dirigentes partidários dos mais variados matizes, que nada têm a oferecer como alternativas a essas mezinhas herdeiras do neoliberalismo.

No pico desse círculo vicioso e viciado de idéias, os dirigentes financeiros da Europa – nos governos e nas instituições privadas – chantageiam cada vez mais o governo grego porque este ainda não demitiu o suficiente seus funcionários e porque ainda não privatizou, na pressa desejada, os 50 bi de euros que ainda tem por privatizar. A ameaça (que provocará uma hecatombe) é a de não entregar as parcelas da ajuda prometida no tempo devido, para que, no fundo, a Grécia possa repassa-las, em grande parte, aos bancos credores.

Quando se parte para alternativas partidárias, o campo fica confuso. Os partidos socialistas ou social democratas se renderam à retórica do Consenso de Washington há muito tempo, e agora não sabem como sair disso. Os Partidos Verdes aderem mais e mais a uma espécie de “bio-capitalismo” que não confronta o “disco rígido” do programa da financeirização da política, da produção e do mundo.

No caso da Alemanha, voz isolada, a Linke prega, mais recentemente, uma valorização da política, da distribuição mais eqüitativa de renda e da democracia como alternativa às propostas de administração da crise baseada nos princípios que construíram a própria crise. Essa é uma alternativa interessante, mas que ainda está no balbucio, e a que falta necessárias correntes de solidariedade e sustentação Europa afora(para dizer o mínimo), pois os movimentos de trabalhadores, estudantes e aposentados na Grécia, Portugal, Irlanda, parecem lutar sozinhos contra o consenso geral de que “eles estão errados” e “defendem privilégios insustentáveis”, isto é, seus direitos legalmente constituídos.

Diante desse quadro desolador, parece mentira, mas algumas idéias razoáveis aparecem... no campo do FMI! Como, por exemplo, a admissão (ainda feita a boca pequena nos corredores) de que o “default” da Grécia pode muito bem ocorrer, não por “incompetência” ou “vagabundagem” dos gregos, como quer explicar a direita, mas simplesmente porque a dívida tornou-se impagável e honrá-la significa, como vem acontecendo, prostrar a possibilidade de qualquer reação pelo país.

Enquanto isso, na caluda e na moita, os chineses, que já arrendaram o porto do Pireu, consideram a possibilidade de “comprar” a dívida italiana. Será?

Herança neoliberal, políticas recessivas intensificam crise financeira no mundo



Programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, cinicamente propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica - apesar de todos os sinais de fracasso dessas políticas. Questão foi discutida no seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior em São Paulo e que reuniu especialistas para um debate sobre a natureza da crise e como o Brasil poderia agir para ser protagonista de uma nova etapa do concerto de nações.

SÃO PAULO - Dentro do possível, o Brasil está se saindo bem no enfrentamento desta nova etapa da crise financeira global, em 2011. A aposta em uma política econômica anticíclica, novamente empregada agora, é um remédio que já foi testado com sucesso em 2008 e deve evitar uma contaminação mais intensa do ambiente local pelos problemas vividos nos Estados Unidos e na Europa. Mas nada está definido, diante do grau de desconcerto do sistema financeiro e da falta de acordo entre as nações sobre mecanismos de governança global. O disputa ideológica segue intensa. O programa neoliberal, que enfraqueceu a capacidade de planejamento dos Estados e fortaleceu o poder dos mercados, também propõe a sua solução para a crise, baseada em corte de gastos públicos e recessão econômica. É essa a opção da grande mídia brasileira, expressa na opinião de seus colunistas, mas não precisa ser - como não está sendo - a do país.

A análise descrita acima é um dos diagnósticos que podem ser tirados do seminário "Neoliberalismo: um colapso inconcluso", promovido pela Carta Maior nesta segunda-feira (12), em São Paulo, com apoio da PUC-SP. O evento reuniu notórios especialistas em diversas áreas do conhecimento para um debate sobre a natureza da crise atual, os seus desenlaces possíveis, as propostas alternativas para combater o descalabro financeiro e como o Brasil poderia agir para se proteger e se tornar protagonista de uma nova etapa do concerto de nações. O seminário, mediado pelo professor de jornalismo da USP Laurindo Leal Filho, foi transmitido ao vivo pela TV Carta Maior. Participaram:

- Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp)
- Maryse Farhi (Unicamp)
- Emir Sader (Uerj)
- Samuel Pinheiro Guimarães (Itamaraty)
- Ignacy Sachs (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - Paris)
- Ladislau Dowbor (PUC-SP)
- Paulo Kliass (Governo Federal - funcionário de carreira)
- Marcio Pochmann (Ipea)

A singularidade da crise financeira mundial
O primeiro bloco contou com as análises dos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Maryse Farhi, ambos professores da Unicamp. Em sua intervenção, Belluzzo recuperou o viés liberal que norteou a maior parte da história capitalista. "A regra sempre foi esta, de um capitalismo liberal com desordem financeira e concorrência entre os países. Momentos como aquele após a Segunda Guerra, quando se tentou domesticar o capitalismo, foram exceção", disse ele. O economista lembrou que nas décadas de 50 e 60 a economia dos EUA era bastante regulada, com tabelamento de juro e controle do crédito pela autoridade monetária. Isso garantiu uma "época de ouro", com crescimento econômico e baixa inflação. A história começou a mudar quando as forças políticas que sustentavam esse projeto, entre partidos e sindicatos, perderam força.

A nova conjuntura política avalizou a liberalização econômica e o descontrole sobre a alavancagem das grandes instituições financeiras que geraram a atual crise, sem que a promessa de bonança econômica e mais empregos se concretizasse. Agora, Belluzzo não vê solução para países em crise sem que os bancos assumam parte do prejuízo com um corte da dívida soberana - o que já está sendo discutido no caso da Grécia. O problema é que esses países estão buscando o equilíbrio fiscal e da relação dívida/PIB com políticas recessivas, que intensificam os déficits - mais um item do receituário neoliberal que continua sendo usado.

Diante da persistência da crise, Maryse Farhi acredita que o futuro pode ser ainda pior. Segundo ela, governos europeus já não têm margem para executarem políticas monetária e fiscal a fim de incentivarem suas economias, como o Brasil e outros países em desenvolvimento têm feito. Na verdade, os europeus, desde o início das turbulências, em 2008, já haviam optado por políticas recessivas, com o corte de gastos públicos. "A Alemanha chegou a colocar um teto para a dívida na constituição do país, e Espanha e Inglaterra seguem no mesmo caminho", afirmou. Os EUA, com o presidente Barack Obama, buscaram executar políticas anticíclicas, mas a perda da maioria democrata na Câmara dos Deputados em 2010 dificulta que novos passos sejam dados nessa linha.

Em concordância com Belluzzo, a professora diz que nenhuma das estratégias, nem a norte-americana, nem a européia, deram resultado. "A contração fiscal tem produzido resultados macroeconômicos bastante negativos, porque a arrecadação final caiu, a economia voltou a se desalecerar, os preços dos imóveis continuam em queda e as empresas, apesar de voltarem a lucrar, preferem não investir diante das incertezas", analisou Maryse.

Já a situação brasileira permanece relativamente melhor. Para Belluzzo, o país tem reservas, está numa situação fiscal bem administrada e o mercado interno pode ser mobilizado para evitar a recessão. Além disso, ele acredita que alguns efeitos da crise podem até beneficiar o Brasil, com a estabilização ou até a queda dos preços das commodities e a influência disso no combate à inflação. "A crise pode ser passageira aqui se o governo tiver capacidade de planejamento", disse.

Panorama geopolítico: novos atores e novas agendas
O segundo bloco do seminário teve comentários do professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, e de Ladislau Dowbor, da PUC-SP, ambos estudiosos do desenvolvimento sustentável. Lembrando que a Rio+20, a conferência da ONU que marcará as duas décadas da ECO-92, ocorrerá no próximo ano, Sachs defendeu que a sociedade contemporânea precisa voltar a "planejar seu futuro", usando dois conceitos, para ele, fundamentais: a pegada ecológica e o trabalho decente. O primeiro, retirado da ecologia, trata-se de um índice que mede o impacto gerado por determinada atividade no ambiente, e o segundo, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), diz respeito à qualificação de vagas de emprego a partir dos direitos que devem ser garantidos ao trabalhador.

"A conferência Rio+20 está chegando e não há tempo hábil para que um grande número de propostas seja construído e negociado, por isso acho que devemos usar essa oportunidade para mapear o caminho, usando aqueles dois conceitos que considero importantes", afirmou Sachs. O professor voltou a apresentar propostas para a superação da crise atual, entre elas a de que o uso de oceanos e do ar por companhias de transporte sejam taxados, um fundo de desenvolvimento seja criado com 1% do PIB dos países ricos e a estrutura global de cooperação técnica passe a ser orientada por biomas, e não pela proximidade geográfica entre as nações.

"Nós temos uma perda sistêmica de governança. Liquidou-se a capacidade de planejamento, não há instrumentos de longo prazo, não há visão sistêmica, não há políticas estruturais", afirmou Ladislau Dowbor, em linha com o pensamento de Sachs. O economista da PUC-SP lembrou que esse "desgoverno global" é responsável pelo caos climático em diversas regiões e a tragédia da fome no globo, que atinge um bilhão de pessoas e 180 milhões de crianças, conforme dados das Nações Unidas.

"Precisamos resgatar a função pública do Estado para que o dinheiro seja utilizado realmente onde há necessidade", criticou. Dowbor lembra que os governos dos países ricos despejaram fortunas de recursos públicos para combater a crise, mas que a "gestão privada desses recursos está gerando um caos". Em defesa da organização local, ele elogiou ações como a da rede Nossa São Paulo e disse que os "5.500 municípios brasileiros" precisam organizar iniciativas próprias com foco na qualidade de vida. "Muitos acham que o poder local é de segunda linha, mas ele é essenciais para resgatar o poder de transformação da sociedade", concluiu.

Desafios e trunfos da América Latina
Diante do cenário de incertezas, caberá aos latino-americanos algum papel protagonista? Essa questão foi apresentada pelos organizadores do seminário ao sociólogo Emir Sader e ao embaixador Samuel Pinheiros Guimarães, alto representante do Mercosul, no terceiro bloco do Seminário Carta Maior.

Apesar de reconhecer que "elementos estruturais do neoliberalismo foram herdados e ainda não superados", Sader aponta que na América Latina há uma "clara tentativa de rompimento com o modelo anterior". Ele cita os governos de Lula no Brasil, Néstor Kirchner e agora, Cristina, na Argentina, José Mujica no Uruguai, Fernando Lugo no Paraguai, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador e, claro, Hugo Chávez na Venezuela como oportunidades de superação da ditadura financeira no continente.

"A grande dificuldade é que a virada se deu sobre um marco negativo. No caso do Brasil, a herança maldita do governo Fernando Henrique era a fragmentação social, o fim do projeto de desenvolvimento, a desarticulação das condições que permitiram o desenvolvimento anterior, a crise fiscal e a abertura comercial descontrolada", apontou Sader. Tudo isso sustentado por o que o atual presidente do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) chama de "ditadura da palavra". "É o resultado da concentração da mídia, que, quando baixamos o juro, virou um muro de lamentações", ironizou.

Já o embaixador Guimarães aponta a América Latina como uma tradicional área de influência dos EUA, que continua tentando "incoporar economicamente" os países com tratados bilaterais - casos do Peru e da Colômbia. Esse fator dificultaria o surgimento de projetos autônomos na região. "O que nos salva um pouco é que os governos da América do Sul são de esquerda em sua maioria, preocupados com o desenvolvimento de infra-estrututa, com o desenvolvimento social, com o mercado interno", afirmou. Ele diz que o advento da China como potência hegemômica - "eu não acredito em emergentes, pois só há um, a China" - acrescenta um outro fator de pressão aos latino-americanos, que vendem commodities e compram produtos industrializados dos chineses.

Para o embaixador, a China, mais do que a atual crise financeira, deve se tornar a principal influência externa para os países da região. "E como somos competidores na venda de produtos, como a soja, precisamos de políticas de Estado razoavelmente coordenadas", opinou. Sobre a possibilidade de coordenação financeira regional, tema questionado no seminário, o embaixador vê dificuldades. ¨Todos são latino-americanos, mas a orientação sobre a política monetária é muito diferente em cada país", disse.

O Brasil e os canais de transmissão da crise
O quarto bloco do seminário contou com a presença de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e do economista Paulo Kliass, funcionário de carreira da administração federal, para uma análise sobre os canais de transmissão da crise global em direção ao Brasil. Crítico do receituário neoliberal, Kliass lembrou que a atual conjuntura revela "que o livre jogo da oferta e da demanda não se mostra como solução para alocar recursos e resolver a crise". Segundo ele, mais regulação é necessária, inclusive com estratégias de controle de capitais.

Para o economista, a partir do segundo mandato do presidente Lula o país passou a usar mecanismos importantes para enfrentar a crise e estimular sua economia, como os aportes do BNDES, medidas de desoneração fiscal e estímulo ao crédito às famílias. "Mas poderia ter avançado mais, como foi o caso da China e da Índia", afirmou. Para Kliass, o Brasil ainda precisa reduzir muito suas taxas de juro, "para estimular a geração de emprego, evitar a entrada de capital financeiro e permitir a recuperação da taxa de câmbio". "A classe média deixará de passar duas férias por ano em Miami, mas é preciso lembrar que por conta dos juros altos o governo transferiu R$ 1,4 trilhão em dez anos para o setor financeiro, quase um PIB brasileiro", criticou.

Em sua exposição, Marcio Pochmann também elogiou o fato de o governo brasileiro estar agindo à crise de modo diferente ao que fazia nas décadas de 80 e 90, "quando o receituário pregava aumento do juro, mais imposto, o não reajuste do salário mínimo, corte de gastos sociais e de investimentos, e privatizações". "A partir de 2008 a proposta foi diferente, com desonerações fiscais importantes, aposta no salário mínimo, o programa de construções habitacionais, os programas sociais, as ações do BNDES", disse ele, com concordância com Kliass.

Apesar disso, Pochmann afirma que projetos ultrapassados, como o que defende que o Brasil se torne uma plataforma global de exportação de produtos primários, ainda encontram eco na sociedade. "É um projeto que aposta na expansão desses setores, mas sem se preocupar com a geração de empregos de qualidade e o atendimento das maiores mazelas do país", disse. Porém, a maioria que defende "o fortalecimento de cadeias produtivas de alto valor agregado e a geração de conhecimento" está no comando e deu sinais de que não aceitará "vôo de galinha", com o recente corte na taxa Selic. "Como em outros momentos da história brasileira, a crise é uma oportunidade para o Brasil mudar suas políticas", analisou o presidente do Ipea.

ENDINHEIRADOS VENCEM A FILA DO SUS ?


*pobreza nos EUA atinge 15% da população**53% desaprovam Obama** credores impõem juro recorde à Itália**FMI discute colapso grego nesta 4ªENDINHEIRADOS  VENCEM A FILA DO SUS ?

A mídia do dinheiro garante que o governo desistiu. Não vai mais taxar bancos, operações financeiras, ricaços, helicópteros, jatinhos (isentos de IPVA). A presidenta Dilma, asseveram os porta-vozes da plutocracia, não quer  o risco de um desgaste em ano eleitoral. A mídia que derrubou a CPMF  e subtraiu R$ 40 bi da saúde comunica que o governo decidiu ressuscitar a lenga-lenga do ‘fazer mais com menos'. Nada contra a eficiência do gasto público. Ao contrário. A dúvida é se no caso da saúde já não é o que acontece, no limite do suportável, quando se dispensa ao brasileiro um gasto per capita sete vezes inferior ao dos franceses, por exemplo. Isso é média. O deserto real é mais árido: apenas 42% daquilo que o país gasta com saúde tem origem e destino público. Sai do governo e chega na fila do SUS, que atende mais de 75% da população. Outros 58% só circulam entre os 25% que tem plano de saúde.Em países onde a saúde é direito universal essa desproporção não ocorre: o gasto do Estado representa 75% do investimento total. Mas o jornalismo  nativo diz que o governo do PT decidiu ‘fazer mais com menos' na área que concentra a maior queixa contra a qualidade do serviço público. Nada mais falso do que opor as urnas à justiça tributária e social. A União investe apenas 1,8% do PIB em saúde (o restante vem dos  estados e municípios). O articulista de Carta Maior, Amir Khair, informa que nos últimos 12 meses até julho o gasto do país com juro da dívida pública  atingiu R$ 225 bi: 5,7% do PIB. Como o superávit primário deve ficar em 3,2% do PIB até dezembro,  restará um rombo equivalente a 2,5% do PIB. Maior do que o gasto da União com a saúde, ele vai engordar a dívida em 2012. Em coluna nesta pág., o economista João Sicsu lembra que 47% da carga tributária brasileira (a tal ‘carga insuportável' de 35%, em nome da qual a coalizão demotucana extingiu a CPMF) advém do "consumo", que pesa sobretudo na renda dos mais pobres. E que menos de 5% dela advém de "transações financeira". Fica a dúvida: taxar o privilégio desgasta mais do que o ônus de operar um sistema público de saúde com um déficit de caixa deR$ 30 bi?

(Carta Maior; 4ª feira, 14/09/ 2011)