Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O nome disso é escárnio

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Algo outrora inescapável  do epíteto de um escárnio contra o povo brasileiro  está em curso nos dias que correm.

O ruído que provoca -- tanto das fileiras do governo, quanto nas de segmentos que se avocam à esquerda dele--  é incompreensivelmente desproporcional a sua gravidade.

Que as sininhos não badalem  e, igualmente, seus carrilhões silenciem, é ilustrativo do fosso existente entre o inflamável alarido anti- Copa bimbalhada nas ruas e a real preocupação com o futuro do país e  a sorte da população.   

A Associação Médica Brasileira, em sintonia com a embaixada dos EUA e aliada à coalizão  demotucana, tendo respaldo e torcida da mídia, opera abertamente para destruir um programa de saúde pública emergencial voltado  às regiões e contingentes mais vulneráveis do país.

Não há resguardo das intenções, nem pudor na propaganda da ação.

A entidade que se proclama representante da corporação médica brasileira acolhe e viabiliza deserções de profissionais cubanos fisgados  pelo redil conservador em diferentes regiões e municípios.

O Estado brasileiro  investirá este ano R$ 1,9 bi em recursos públicos nesse programa, para agregar  43 milhões de atendimentos/ano ao SUS a partir de abril, quando o Mais Médicos atingirá seu efetivo pleno, com mais de 13 mil profissionais em ação, sendo seis mil cubanos.

A embaixada dos EUA  no Brasil  --em sintonia com a Associação Médica e lideranças dos partidos conservadores--opera abertamente para que não seja assim.

O  tripé orienta e encaminha pedidos de vistos especiais, a toque de caixa,  para que o maior número de desistentes possa rumar a  Miami, onde os espera a estrutura da ‘Solidariedade Sem Fronteiras’.

A ONG de fachada humanitária  tem como principal negócio –financiado por recursos orçamentários que a bancada cubana assegura no Congresso--   promover e operar deserções em  convênios de saúde firmados entre Havana e 66 países  nesse momento.

São mais de 43 mil  médicos cubanos em ação na América Latina, Ásia e África. Devem atingir  um recorde de 50 mil em dois meses, quando o convênio brasileiro estiver plenamente implantado.

Um aspecto da remuneração desses profissionais deliberadamente pouco divulgado  é que nem todos os convênios internacionais de Havana são pagos.

Na verdade, dos 66 países assistidos nesse momento apenas 26 se enquadram  no que se poderia chamar de prestação de serviços pagos.

Outros  40 países recebem contingentes médicos gratuitamente.

O mesmo ocorre com missões de educação ou esporte.

A ‘exportação’ de serviços rende a Havana, segundo a chancelaria cubana, cerca de US$ 6 bi/ano (três vezes mais que a segunda fonte de divisas do país,  representada pelo turismo).

A exportação de serviços  pagos - principalmente na área de saúde –  financia  as missões solidárias destinadas a países de extrema precariedade econômica e material ou focadas em situações de calamidade devastadora.

É assim desde 1960,  quando Cuba enviou  sua primeira missão de solidariedade ao Chile, vítima de um terremoto.

Eis a principal razão para a diferença entre o salário efetivamente recebido pelo profissional de uma missão e aquilo que o governo cubano arrecada pelo serviço prestado.

Uma parte do  saldo  financia as missões gratuitas que, repita-se,  são a maioria.

Outra sustenta a Escola Latino-americana de Medicina, que possuía em 2013 cerca de  14 mil alunos estrangeiros,  gratuitamente cursando ou com subsídio quase integral.

Com pouco mais de 11 milhões de habitantes, Cuba investe pesado em pesquisa na área de saúde e formação de médicos:  são quase 83 mil (1/138 habitantes).

O investimento tem duplo objetivo: zelar pela população que tem a menor taxa de mortalidade infantil do mundo, e gerar receita numa economia asfixiada  há 50 anos pelo embargo comercial norte-americano.

Também isso se financia através das missões remuneradas.

A ideia de que a doutora Ramona Rodriguez possa ter  desembarcado no Brasil desinformada dessas particularidades acerca de seu salario, subestima a conhecida determinação de Havana, de ressaltar interna e externamente aquela que é a marca inegável de sua ação internacional: a solidariedade.

A mesma alegação de ignorância tampouco se pode conceder –neste aspecto--  ao colunismo isento, que cuida de  festejar as deserções  –por  ora pontuais --  como se fossem o preâmbulo de uma diáspora libertária, em marcha épica rumo a Miami.

A participação  da embaixada norte-americana no jogo de aliciamento e hipocrisia  é ainda mais grave.

Trata-se de uma tentativa de sabotagem de um programa soberano de saúde pública emergencial, cujo desmonte poderá agregar novas vítimas e mais sofrimento num universo de milhões de brasileiros desassistidos.

Se a intrusão é desconcertante, não se pode dizer que surpreenda.

Quando o governo Lula decidiu quebrar a patente de anti-virais , em 2007, a embaixada norte-americana operou para sabotar a medida.

Agiu em contato direto com as múltis do setor farmacêutico, o Departamento de Estado do governo Bush  e ‘amigos’ locais -- não se sabe se os mesmos que hoje cerram fileiras com o duplo interesse de  implodir o ‘Mais Médicos’ e sangrar Havana.

Telegramas  secretos da época, obtidos pela organização  Knowledge Ecology International (KEI),  revelam ameaças de represália enviadas então a Brasília:

“(...) uma licença compulsória pode fazer com que fabricantes de produtos farmacêuticos evitem introduzir novos remédios no mercado e seria mais difícil para o Brasil atrair os investimentos que tanto necessita", relatava um deles sobre o teor de reuniões com autoridades e políticos locais.

Lula oficializaria em maio de 2007 o licenciamento compulsório do anti-retroviral  Efavirenz, usado por 75 mil pacientes de Aids atendidos pelo SUS. Um genéric importado da Índia passou a ser usado ao preço de  US$ 0,45, contra US$ 1,59 cobrado pela  multinacional norte-americana.  Uma  economia de US$ 30 milhões até 2012.

O sultanato de jaleco branco trata a saúde como um mercado de camelos; alia-se ao conservadorismo retrógrado e tem na embaixada dos EUA um corredor de fuga.

Volte-se um pouco mais no tempo, até as vésperas do golpe de 64,  e lá estarão, de novo,  os mesmos protagonistas, com idênticos propósitos.

O embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, fileiras udenistas e lacerdistas, múltis do setor farmacêutico e sabujos da mídia, a ganir a pauta da estação.

Eram tempos de inflação galopante e dinheiro curto: a saúde corria risco.

O então ministro da Saúde, Souto Maior, lutava para obter uma redução de 50% sobre os preços de 70 medicamentos mais usados pela população.

Laboratórios das multinacionais abriram guerra contra o tabelamento.

Às favas a saúde: primeiro, os interesses das corporações.

Lembra algo do comportamento atual da embaixada que se orienta pelos mesmos valores e da Associação Médica Brasileira que tanto quanto os abraça?

No famoso comício da Central do Brasil, sexta-feira, 13 de março de 1964, João Goulart decretou a expropriação de terras para fins de reforma agrária, encampou refinarias e anunciou estudos para fabricação estatal de medicamentos no país.

O conjunto era fiel aos preceitos do ‘sanitarismo-desenvolvimentista,’ abraçado  então pelas fileiras progressistas da medicina brasileira.

Médicos como Samuel Pessoa, Mário Magalhães,  Gentile de Melo e Josué de Castro –autor do clássico ‘Geografia da Fome ‘ e primeiro secretário- geral da FAO, que faleceu no exílio , cassado pela ditadura e impedido de retornar ao Brasil mesmo para morrer – eram alguns de seus  expoentes.

Profissionais que hoje seriam olhados com suspeita, enxergavam a luta pela saúde como indissociável da luta pela desenvolvimento econômico e humano do país.

Em setembro de 1963, Jango, com apoio deles,  restringiu a remessa de lucros da indústria farmacêutica. Mister Lincoln Gordon foi à luta:  a USAID retaliou no lombo da pobreza cortando a ajuda no combate à malária – que se destacava como uma das principais doenças tropicais na época.

A ofensiva apenas fortalecia as convicções dos sanitaristas-desenvolvimentistas.

Embora heterogêneos nas filiações ideológicas, seus  representantes  entendiam que doença e pobreza  caminhavam juntas. Como tal deveriam ser enfrentadas  em ações soberanas, abrangentes e desassombradas, que rompessem a fragmentária  estrutura de uma sociedade retalhado por interesses que não eram os de seu povo. 

Compare-se isso com o sultanato de jaleco branco.

Esse que  hoje trata a saúde como um entreposto de camelos; alia-se ao conservadorismo mais retrógrado  e tem na embaixada dos EUA um corredor de fuga em prontidão obsequiosa.

Bajulado pela mídia, o conjunto quer implodir o ‘Mais Médicos’.  
O nome disso é escárnio. E Brasília deveria dizê-lo  claramente ao embaixador gringo, ao chamá-lo a prestar esclarecimentos sobre ingerência e sabotagem em assuntos internos.

PSTF (Partido do Supremo Tribunal Federal)


Será um presente dos deuses se realmente o ministro Joaquim Barbosa deixar o Supremo Tribunal Federal a tempo de se candidatar a presidente da República (por qual partido?) ou mesmo após o prazo legal para que candidaturas sejam apresentadas.
Infelizmente, porém, o ministro Gilmar Mendes não deu a menor indicação de que fará o mesmo.
Mas, se Barbosa cumprir a promessa feita à revista Veja, o Brasil terá um a menos em sua Suprema Corte de Justiça a desmoralizá-la cotidianamente com declarações e decisões (como ministro) que escancaram viés político onde só caberia sobriedade.
Barbosa e Mendes, aliás, não estão sozinhos. Há outros exemplares de juízes militantes políticos que vêm atuando no STF e, assim, desacreditando aquela Corte.
Contudo, Luiz Fux ainda mantêm um traço de sobriedade e, inclusive, após alguns showzinhos que deu ao longo do julgamento do mensalão, parece ter recuperado a linha. Infelizmente, a redução do elenco desse show lamentável não põe fim a ele.
Barbosa, em nota oficial, desmentiu que deixará o STF logo após terminar o serviço (condenar a penas draconianas os petistas José Genoino, José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha) e a tempo de se candidatar a presidente, mas deixou claro que irá trilhar o caminho da política.
Ingressando na política, como deixa ver que fará tanto em suas declarações à Veja quanto na nota oficial desmentindo que se candidatará neste ano, o hoje presidente do Supremo fará aos historiadores o favor de esclarecer sua conduta histriônica e político-partidarizada durante o julgamento do mensalão, deixando ver às gerações futuras que aquele processo foi uma farsa.
As pretensões políticas de Joaquim Barbosa, pois, explicam sua conduta entre 2012 e hoje, independentemente de sua candidatura a seja lá o que for sair agora ou depois.
Já o ministro Gilmar Mendes, como pretende continuar no STF – por não ter cogitado publicamente deixar o cargo – deve manter a imagem que a Corte vai construindo, de ter se transformado em um partido político.
É certo que, à exceção de Barbosa, Mendes e Fux, os demais integrantes do Supremo têm mantido a compostura ao menos nas declarações públicas. Mas como a maioria de seus membros endossaram as ações políticas desses três, o colegiado inteiro acaba pagando o pato.
Uma piada amarga já circula há tempos nas redes sociais: referir-se à principal Corte de Justiça do país como PSTF (Partido do Supremo Tribunal Federal).
Trata-se, pois, de humor eivado de amargura com a degradação de um colegiado que deveria primar pela circunspeção, mas que enfia o pé na jaca semana sim, semana não por obra e graça de seu presidente e de outro integrante que vive dando uma banana para a compostura que o cargo lhe cobra.
Diante dos últimos showzinhos de Barbosa e Mendes, o restante do colegiado deve ter suspirado aliviado com a promessa de um deles de reduzir o elenco desse espetáculo sofrível que também envergonha quem se comporta como deveria.
Diante de tudo isso, após deixar o Supremo, Barbosa bem que poderia criar seu próprio partido. A Justiça brasileira, no Estado em que está, dificilmente iria interpor obstáculo à criação de uma legenda sob a sigla PSTF.


“Chutonomia”, a ciência econômica do jornalismo-urubu

valetudo

A composição das matérias acima é só um pequeno exemplo da péssima qualidade e da irresponsabilidade do jornalismo econômico do nosso país.
Não é economia, é “chutonomia”, onde os fatos são “ajeitados” para chegar a uma conclusão pré-determinada.
Não raro, uma conclusão pessimista ou, até, apavorante.
A onda de calor e seca são um prato feito para isso.
Na Folha, a consultoria LCA prevê um aquecimento da economia, com o crescimento das vendas de produtos e serviços ligados ao calor.
O Globo, curiosamente, ouve a mesma consultoria, mas o que dizem só vai lá para o finalzinho da matéria, não sendo considerado para rebater o argumento econômico de imensa profundidade do professor Jose Julio Senna, diretor do BC no governo Sarney, que afirma:
“Há uma deterioração do balanço de pagamentos e uma inflação alta. Os agentes já acham que o governo não toma as medidas necessárias para contornar esses problemas. O verão tórrido acaba exacerbando a falta de confiança”.
Como assim, professor? O pessoal fica de mau-humor? Não tem ar condicionado nos centros de comércio do Mercado?
Ora, é obvio que se chegasse a haver um racionamento ou se houvesse o que não é possível dizer até agora, uma quebra da safra agrícola, certo.
Mas tudo é possível para dizer que o Brasil não vai crescer.
E – aí sim – entra em ação uma regra subjetiva da economia: a das profecias auto-realizáveis, que depende não do sol e da chuva, mas do comportamento dos agentes econômicos: quando só se espera coisas ruins, elas acabam por acontecer.
Não se iluda, caro leitor.
A campanha eleitoral, até junho, está mais no caderno de economia que no de política.

DCM: PAÍS TEM DE SE LIVRAR DE JUÍZES COMO BARBOSA E GILMAR




Sem noção

Nunca na história do Brasil juízes do Supremo foram tão petulantes, tão desastrados, tão enviesados em seus julgamentos e tão nocivos para a democracia como Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes.

O Brasil tem visto, nos últimos dias, a exacerbação de um comportamento simplesmente intolerável da parte dos dois.

Como aceitar que dois juízes da corte mais alta se mostrem tão parciais? Eles deveriam pairar acima das paixões políticas, como todo juiz que se preze, mas eles acabaram absolutamente tragados por elas.

As frases e as atitudes de Barbosa e Gilmar desafiam o bom senso mesmo, a inteligência e o decoro.

Gilmar, sem evidência nenhuma, acusou de desonestas as vaquinhas dos petistas condenados. Isto é comportamento de juiz? É este exemplo que ele quer passar para a sociedade? Ele faz ideia de quanto contribui, com gestos desse calibre, para a degradação da imagem da justiça? Ou será que ele acredita que a voz rouca vê nele um herói?

Se acredita, é um caso de patologia psíquica, de desvinculação da realidade. Que se providencie um alienista.

Barbosa não fica atrás. Segundo a Veja, agora ele acusou abertamente o PT de ter sido tomado por “bandidos”.

Se disse isso, e é difícil imaginar que a Veja fosse inventar declarações para atrapalhar seu queridinho, ele está insultando não apenas o PT, mas milhões de brasileiros que votam no partido.

Barbosa, numa nota, negou. Mas você pode bem imaginar o que deve ter acontecido no bastidor: atendeu o telefone, como sempre, conversou com algum jornalista da Veja, disse o que pensava e depois imaginou que eraoff – como no jornalismo chamamos as conversas que não são para publicar.

Mas era uma frase boa demais para ser guardada por uma revista dedicada a exterminar o PT, e o resto é o que se viu.

Num mundo menos imperfeito, Barbosa e Gilmar Mendes já teriam sido varridos do Supremo por pressão da opinião pública.

Mas aí estão os dois, sempre dispostos a falar diante de microfones numa alegre disponibilidade aos pedidos da mídia. Não têm a menor reserva, a menor discrição, a menor compostura.

Eles se comportam como políticos, quando deveriam estar acima disso, arbitrando as coisas mais importantes do Brasil.

Por isso são duas tragédias jurídicas cujo efeito destrutivo sobre a sociedade é maior a cada dia que passa.

O país tem que discutir, e com urgência, como se livrar de integrantes do Supremo que não sabem se comportar.

Esperar que o tempo faça seu serviço – só aos 70 vem a aposentadoria — é uma crueldade com os brasileiros.