Autor: Fernando Brito
Ricardo Feltrin, colunista de TV do UOL, diz que a noite de ontem foi de “terremoto” na Globo, pelo fato de o Jornal Nacional ter caído a uma das mais baixas audiências de sua história, registrando 20 pontos em São Paulo. Apenas o dobro da versão da novela “Chiquititas” ou do telejornal da Record.
Foram 20 pontos, para um telejornal que – registra Feltin – tinha quase 36 pontos no Ibope há dez anos e quase o dobro nos anos 70.
Claro que estes “recordes negativos” guardam relação com a explicação de sempre: o baixo desempenho das novelas que cercam o noticiário.
Mas representa, também, o contínuo declínio não apenas da Globo, mas da TV como meio de informação, que não apenas perdeu a hegemonia com a popularização da internet como, a esta altura, caminha para perder também a liderança como principal fonte de informação para os brasileiros.
E é aí que se encontra a principal explicação para a fúria com que se investe contra os blogs desvinculados das grandes empresas de comunicação.
Engana-se quem acha que isso se deve a uma inexistente “disputa por verbas publicitárias do governo”.
O objetivo é sinalizar que qualquer iniciativa publicitária privada nestes veículos é “acumpliciamento” do anunciante com a “maldita esquerda”.
O leitor do Tijolaço, é claro, toma cerveja, usa creme dental ou compra sabão em pó tanto quanto qualquer outra pessoa.
Mas não interessa aos anunciantes brasileiros e só consegue publicidade pelas formas abertas com que empresas estrangeiras a fazem, a começar pelo Google, embora outros grupos estejam entrando neste segmento de mercado..
E o fazem com pagamentos muito menores que a veiculação tradicional de publicidade – sem que isso a torne igualmente barata para o anunciante – e pelo controle das métricas de audiência e, sobretudo, dos “cliques” sobre os anúncios, que é o que mais define o valor a ser pago.
Não pensem que o “vende mais porque é mais fresquinho ou é mais fresquinho porque vende mais” das relações Globo-Ibope não se reproduz nos meios eletrônicos.
Só que a realidade é um bicho teimoso e acaba se impondo.
O partido único da mídia, tal como “a voz do dono” do Jornal Nacional, apesar de todo o imenso poder de que ainda dispõe, é um dinossauro.
E não é culpa da mocinha Mili.