Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 6 de outubro de 2013

Você sabia que ficou mais rico?

 Durante a primeira década do século XXI, centenas de brasileiras e brasileiros de todas as idades e regiões do país criaram páginas na internet para denunciar que os meios tradicionais de comunicação (jornais, revistas, rádios, televisões e grandes portais de internet) tentam ludibriar a sociedade a fim de fazerem prevalecer suas preferências políticas.
Em boa parte, são pessoas como este que escreve – sem vinculações políticas ou corporativas de qualquer espécie, movidas, apenas, pela indignação com uma dita “grande mídia” que mente, distorce informações, inventa acusações e exalta grupos políticos e econômicos com fins unicamente particulares, ou seja, de forma a obter lucro para os seus controladores.
Trata-se, aqui, de grandes meios de comunicação de massa que cresceram e enriqueceram durante a ditadura militar, que os financiou para que defendessem o saque que os ditadores perpetraram sobre o patrimônio público e ocultasse os crimes de lesa-humanidade que cometeram com a finalidade de fazerem prevalecer aqueles interesses inconfessáveis.
Acima de todos os outros oportunistas despidos de qualquer traço de decência e capazes de vender seu país a quem pague mais estão quatro famílias que o regime ditatorial enriqueceu e que a democracia deixou impunes: Marinho, Frias, Civita e Mesquita são os nomes dos que erigiram uma máfia que roubou e continua roubando a nação enquanto acoberta políticos e empresários desonestos.
Na ânsia de defenderem seus interesses particulares – e sabendo que para manterem o poder discricionário que auferiram ilegitimamente dependem do jogo do poder entre os grupos políticos –, essas famílias adotaram a mentira e o logro como ferramentas.
Apesar de todo esse poder – e de forma quase intuitiva –, no limiar do novo século a maioria dos brasileiros passou a desconfiar da pregação política desses megaempresários do setor de comunicações e a votar de forma oposta à que pregavam. Eis que os brasileiros levaram ao poder um grupo político que aqueles veículos de comunicação demonizavam.
Ao longo da década passada e no início desta, as famílias enriquecidas pela ditadura, valendo-se das imensas quantidades de dinheiro público que lhes foram doadas pelos ditadores, vêm trabalhando com fúria incontida para convencer os brasileiros a votar nos políticos com os quais estabeleceram acordos na última década do século passado, os políticos do PSDB.
Contudo, o grupo político que desafiou e derrotou politicamente esses filhotes da ditadura, grupo esse encabeçado pelo Partido dos Trabalhadores e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente, logrou implantar políticas públicas que melhoraram sobremaneira a vida das populações abandonadas pelos preferidos da mídia e, assim, caíram nas boas graças da nação, o que vem lhes permitindo vencer sucessivas eleições.
As quatro famílias midiáticas e seus satélites, então, decidiram que havia que usar métodos artificiais para apear do poder aquele grupo político desafiador.
Primeiro, tentaram transformá-lo em inventor da corrupção no Brasil. Vendo que a maioria não acreditou, de cerca de um ano para cá as famílias midiáticas mitigaram a gritaria moralista e passaram a apostar na distorção da situação econômica e social do país, crente em seu poder “hipnótico”, com o qual fariam uma nação inteira acreditar que aquele grupo político desafiador a estaria levando à ruína.
O imenso preâmbulo acima serviu para contextualizar as informações que vêm a seguir.
Na última terça-feira, este blogueiro (independente, sem vínculos políticos e que sobrevive de trabalho autônomo no setor privado), vendo mais uma de tantas distorções cotidianas das famílias midiáticas, e movido pela indignação, tomou uma iniciativa: telefonou para um dos veículos das famílias supracitadas apenas para desabafar.
Liguei para Suzana Singer, ombudsman do jornal Folha de São Paulo. Conversei com ela durante quase uma hora. Expus minhas críticas e observações. Relatei parte da conversa aqui, neste espaço.  Na última edição dominical da Folha, em sua coluna semanal naquele veículo, Suzana abordou outro tópico da conversa que tivemos.
Liguei para ela, no último dia 1º, logo após assistir, no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entrevista do presidente da instituição, o pesquisador Marcelo Néri, que comentara os dados da última PNAD (2012).
Segundo definição do site do IBGE, que empreende a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), aquele estudo visa obter “informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da população, como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, e características dos domicílios (…)”.
Pois bem, a última PNAD revelou um dado surpreendente. Tão surpreendente que surpreendeu até a Néri, um dos principais coordenadores da pesquisa: no ano passado, apesar do “pibinho” de 0,9%, o brasileiro ficou muito mais rico – a renda média cresceu 8,9%.
No vídeo abaixo, o presidente do IPEA explica melhor. Prossigo em seguida.


Antes de ligar para a ombudsman da Folha, fiz alguns comentários no Twitter que reproduzo abaixo.
Em seguida a esses tuítes escritos sob indignação extrema, o telefone toca: é Suzana Singer retornando o recado que deixei em seu escritório. Entre muito que lhe disse ao longo da conversa, comentei os dados altamente positivos da PNAD e a contradição de a pesquisa ter sido abordada tanto na Folha como no resto da mídia sob viés diametralmente oposto.
Em sua coluna deste domingo, a ombudsman abordou a questão. Relata como a mídia transformou uma notícia excelente em um amontoado de péssimas notícias.
Antes de reproduzir a coluna dessa jornalista que, com sua matéria sobre o tema em questão – publicada na Folha de São Paulo de 6 de outubro de 2013 –, ganhou meu respeito, quero cumprimenta-la, pois fez uma pesquisa aprofundada sobre a trapaça que tanto o jornal em que trabalha quanto o resto da “grande mídia” praticaram mais uma vez.
Deixo-o, caro leitor, com a belíssima coluna da ombudsman da Folha, Suzana Singer.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
6 de outubro de 2013
OMBUDSMAN
SUZANA SINGER ombudsman@uol.com.br @folha_ombudsman facebook.com/folha.ombudsman
Arauto das más notícias
Folha destaca apenas dados negativos da Pnad, apesar de a pesquisa ter apontado aumento de renda em 2012
A edição que a Folha fez da pesquisa Pnad, que traça anualmente um quadro social do país, é um prato cheio para quem acha que o jornal só publica más notícias. Todos os destaques pinçados no levantamento eram negativos.
O título na capa informava que “Analfabetismo e desigualdade ficam estagnados no país” (28/9). Em “Cotidiano”, havia o aumento da diferença de renda entre homem e mulher, os salários inchados pela falta de mão de obra especializada e o celular como o único tipo de telefone em mais da metade dos lares. A análise dizia que o resultado da pesquisa pode significar “o fim da década inclusiva”.
Outros jornais optaram por manchetes do tipo uma no cravo outra na ferradura: “Renda média sobe, mas desigualdade para de cair” (“O Globo”), “Analfabetismo para de cair no país; emprego e renda sobem” (“Estado”), “Em todas as regiões houve aumento de renda, mas a desigualdade ficou estagnada” (Jornal Nacional).
Com seu característico catastrofismo, a Folha fez uma leitura míope da pesquisa, que é muito importante pela sua abrangência -são 363 mil entrevistados respondendo sobre escolaridade, trabalho, moradia e acesso a bens de consumo.
O dado mais surpreendente era que a renda do brasileiro cresceu em 2012, ano em que o PIB subiu apenas 0,9%. Na Folha, esse fenômeno só foi citado no meio de uma reportagem sobre a desigualdade.
Coube ao colunista Vinicius Torres Freire, no dia seguinte, chamar a atenção para o fato de que o Brasil estava mais rico “e não sabíamos”. “É possível dizer que a taxa de pobreza deve ter caído bem no ano passado”, escreveu Freire.
Pelos cálculos de Marcelo Neri, 50, presidente do Ipea, 3,5 milhões de brasileiros saltaram a linha de pobreza em 2012. “No conjunto das transformações, foi a melhor Pnad dos últimos 20 anos”, diz Neri.
A desigualdade parou mesmo de cair, mas foi porque os muito ricos (1% da população) ficaram ainda mais ricos (a renda subiu 10,8%), num ritmo mais rápido do que os muitos pobres (10% na base da pirâmide) ficaram menos pobres (ganho de renda de 6,4%). É claro que não se deve desprezar o abismo social, mas não dá para ignorar que houve uma melhora geral no ano passado, o que é um mistério a ser explicado pelos economistas.
Se o jornal subestimou o dado da renda, deu espaço demais para o fato de o analfabetismo ter parado de cair. Teve nesse ponto a companhia dos outros jornais e da TV.
Depois de 15 anos de queda contínua, a taxa de analfabetismo variou de 8,6% para 8,7%. A diferença, irrisória, pode ser apenas uma flutuação estatística. Nem o fato de a taxa ter parado de cair é importante, segundo os especialistas.
Os analfabetos brasileiros concentram-se, principalmente, na faixa etária mais alta (60 anos ou mais). Os mais velhos, que não tiveram acesso à escola na infância, são mais difíceis de serem alfabetizados. “Entre os jovens, a proporção de analfabetos continua caindo. A conclusão é que, embora nossa educação tenha muitos problemas, este não é um deles”, explica Simon Schwartzman, 74, presidente do Iets.
O destaque dado à diferença entre a remuneração de homens e mulheres também foi descabido. Em 2011, a brasileira recebia 73,7% do salário de um homem. No ano passado, era 72,9%.
Além de não ser uma variação muito significativa, pode ser um problema amostral. “As mulheres não estão necessariamente ganhando menos do que os homens. Se elas já têm uma renda média menor, basta crescer a participação feminina no mercado de trabalho para aumentar a diferença entre os sexos”, afirma Marcio Salvato, 44, professor de economia do Ibmec.
Entre os bens de consumo, o jornal destacou o celular e as motos. Wasmália Bivar, 53, presidente do IBGE, ressalta a máquina de lavar roupa, presente em 55% das casas. “Para a vida das famílias mais pobres, é um bem de grande significado, porque dá mais tempo livre para as mulheres.”
Não é fácil escolher o que há de mais relevante em uma pesquisa extensa como a Pnad, mas não dá para adotar o critério dos piores números. O jornalismo deve ter como primeira preocupação o que vai mal, apontar os problemas, só que o necessário viés crítico não pode impedir que se destaque o que é de fato o mais importante.

FHC não mostrou o DARF



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O cinismo de FHC, em seu artigo de hoje publicado no Globo, atingiu as raias do absurdo. O homem que comandou a maior alienação, em caráter irremediável e definitivo, de patrimônio público da história brasileira, sem que a sociedade visse a cor do dinheiro (ao contrário, entregou um Estado falido e endividado ao sucessor, com altas taxas de inflação e desemprego, além de juros escorchantes), o homem que comandou um processo vergonhoso de manipulação do legislativo, para aprovar a reeleição de si mesmo, esse mesmo homem vem a público tentar reacender um espírito de linchamento e repetir mentiras.
Com esse texto, FHC dá um passo para trás e para direita (sim, isso é possível) e reforça sua aliança com que há de pior na mídia e na sociedade.
Ele se alia aos instintos baixos e vingativos da Casa Grande, e se mostra muito mais indigno que o zé-povinho que realmente acredita no que diz a imprensa conservadora. Esse tem perdão porque não sabe o que faz. É manipulado. FHC é apenas cínico e mau caráter.
A reeleição foi um golpe. Não porque fosse errado aprovar, no Congresso, uma emenda a permitindo. Mas porque FHC a patrocinou para si mesmo. É óbvio que uma mudança dessa magnitude só poderia ser feita mediante aprovação direta do povo, ou seja, através de um plebiscito. Como fizeram os “bolivarianos”. Patrocinar uma eleição via acordos palacianos, com distribuição de dinheiro a parlamantares, aí é golpe.
Se a emenda da reeleição faz de FHC um golpista, o seu artigo de hoje, tentando atiçar o linchamento, revela que é também um cafajeste. Foi ele quem nomeou o ministro mais histérico, mais conservador e mais agressivo da corte: Gilmar Mendes, um juiz covarde, que processa simples cidadãos que ousam lhe criticar. Um juiz covarde que persegue blogueiros. Um juiz covarde que sempre julga antes na imprensa e na TV antes de fazê-lo no tribunal. Um juiz que mentiu sobre Lula e foi desmentido por Nelson Jobim.
Todas as provas mostram os erros grotescos da Ação Penal 470. Um problema de caixa 2 foi transformado, numa operação alquímica feita com ajuda inestimável da mídia, em “maior crime da história”.
Talvez tenha sido mesmo o maior crime da história, mas não no sentido ventilado pela mídia. Foi o maior crime contra a opinião pública de que temos notícia. O STF foi vergonhosamente usado para uma operação de vendeta política. O STF foi usado para se dar um golpe sujo contra a democracia.
Ninguém defenderia nenhum petista se houvesse provas de sua culpa. Mas não há.
Qual a prova contra Dirceu? Qual a prova contra Genoíno? Qual a prova contra Pizzolato? Contra Pizzolato, não só não há provas que o incriminem. Há provas que o inocentam, em abundância, muitas das quais foram escondidas por Joaquim Barbosa e, sobretudo, pela mídia.
Você já viu esse vídeo, FHC? Um dia, esse vídeo e muitos outros, chegarão ao grande público. O seu maior erro sempre foi superestimar o poder da mídia e subestimar a inteligência do povo. Não por outra razão, você terminou seu governo com um dos piores índices de avaliação da história recente.
A atitude mesquinha de FHC demonstra o desespero que tomou conta das hostes reacionárias. O mensalão sempre foi uma jogada política da direita para ludibriar o povo, ao prender barnabés sem poder ou dinheiro, como Genoíno, Cunha e Pizzolato, e deixar soltos os grandalhões milionários, a começar pelos proprietários da Globo, que publica os artigos do ex-presidente.
E ele ainda tem a cara de pau em falar em “ruas”… O que as ruas pediram, FHC, é o fim do monopólio da Globo e o julgamento político da participação da emissora na manutenção do regime militar.
“A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”, gritavam as ruas.
Isso sim é importante, e não apenas para a “percepção popular”, para usar um conceito que, da maneira usada por FHC, corresponde simplesmente a uma expressão hipócrita e canalha.
Um dia, o povo brasileiro deixará de ser enganado, FHC. O processo de independência pós-ditadura ainda não se completou. Lula conseguiu libertar o povo da fome. Agora falta o povo se libertar do jugo de uma mídia consolidada à sombra do arbítrio.
Vou citar apenas uma frase de FHC:
“Afinal, para a maioria dos brasileiros, trata-se de uma das poucas vezes em que habitantes do “andar de cima”, como se os qualifica no falar atual, estão no pelourinho.”
Sim, FHC, ao usar a expressão infame “pelourinho”, revela o que é: um escravagista, um membro odioso da Casa Grande, cujo maior prazer é ver os novos “negros” apanhando.
Nenhum brasileiro merece estar no pelourinho, FHC. Desejar “pelourinho” para seus adversários políticos apenas desnuda a insensibilidade fundamental dos espíritos destruídos pelo cinismo…
Os réus da Ação Penal 470, mesmo inocentes daqueles crimes que se lhes imputaram, não estão tranquilos. Estão penando uma condenação muito pior que aquela da justiça estatal. Foram condenados politica e moralmente por uma mídia vendida, golpista e sonegadora.
Esse chicote, FHC, um dia voltará ao lombo de quem pretendeu usar um processo injusto para fustigar seus inimigos.
Não serei eu, nem FHC, quem dará a palavra final sobre os grandes crimes políticos que o Brasil testemunhou nos últimos cinquenta anos, aí incluído o julgamento da Ação Penal 470.
Será a história, que não aceita desculpas, nem se contentará com um simples Darf…
Por: Miguel do Rosário



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A vingança de Eremildo, o idiota


Numa das notas de sua coluna de hoje, Elio Gaspari, faz algumas críticas, acho que até pertinentes, ao uso de dinheiro público na Feira de Frankfurt, que este ano está homenageando o Brasil.
O Ministério da Cultura está investindo R$ 18,9 milhões para levar 70 escritores à Alemanha, bancando totalmente suas despesas.
Gaspari aproveita para lembrar do escândalo da Feira de Hannover, onde o Brasil gastou R$ 14 milhões, e houve questionamentos duros do Ministério Público.
Ora, Eremildo é um idiota, mas sabe muito bem que não foi só isso.
Em primeiro lugar, o valor atualizado pelo IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, seria correspondente hoje a R$ 40,6 milhões, segundo a calculadora do Banco Central.
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Em segundo lugar, e o mais importante: a pessoa responsável pela organização da Feira de Hannover, foi Paulo Henrique Cardoso, filho do então presidente da república.
Reproduzo o que uma revista publicou, à época:
O tribunal quer saber como Paulo Henrique Cardoso gastou os 14 milhões de reais liberados pelo governo para a montagem da exposição. A história chamou a atenção também do Ministério Público federal, que decidiu investigar o que já virou “o caso do pavilhão de Hannover”. Os procuradores querem saber por que PHC contratou para organizar o evento a Art Plan Prima, empresa dirigida pela filha e por um sobrinho do senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, de Santa Catarina, partido aliado do governo. “Estamos analisando os documentos. Enquanto isso, os pagamentos foram suspensos”, diz o procurador Luiz Francisco Fernandes de Souza. “Incrível que não tenha ocorrido ao presidente nem a assessores com ascendência sobre ele a observância do princípio segundo o qual família e administração pública não se misturam”, escreveu a colunista Dora Kramer em sua coluna sobre política no Jornal do Brasil.
O título desse post poderia ser: Filho de FHC deu R$ 40 milhões pra empresa dirigida por filha de Bornhausen. Mas ficaria longo demais, e com excesso de filhos na frase.
Eremildo, cansado de ser chamado de idiota por Gaspari, pode enfim retrucar a seu criador: “ok, posso ser um idiota, mas tenho memória! E gosto de usá-la”.
A lembrança dessa estrepolia da família Cardoso seria particularmente bem-vinda neste domingo, em que FHC se dá ares de torquemada da ética alheia. Uma espiada no próprio rabo é um gesto sempre aconselhável antes de sair de casa.
Por: Miguel do Rosário

FHC COBRA PRESSA DO STF E CADEIA PARA OS RÉUS


Historiador diz que Marina representa evangélicos conservadores

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Acho importante divulgar essa entrevista, publicada no blog e na coluna do Ancelmo Gois, porque ela ajuda a esclarecer um aspecto essencial de Marina Silva. Segundo o historiador Zózimo Trabuco, existe uma “esquerda evangélica”, que tem posições progressistas sobre o aborto, drogas e outros temas. Marina Silva não faz parte dela. Segundo Zózimo, “as bases evangélicas que se aproximaram dela são conversadoras”.
Trecho:
Marina Silva é uma representante dessa esquerda evangélica?
Não. A trajetória dela é ligada ao catolicismo popular. Ela se converteu ao protestantismo quando já era senadora. As bases evangélicas que se aproximaram dela são conversadoras. Há uma certa pressão por verem nela a chance de o Brasil ter um presidente evangélico.
*
A esquerda evangélica
No blog do Ancelmo Gois
A face mais visível do protestantismo na política brasileira é a conservadora bancada evangélica no Congresso, que ataca, custe o que custar, a descriminalização do aborto e a legalização do casamento gay. Mas o que pouco se fala é que existem, há tempos, evangélicos de esquerda. Gente que, durante a ditadura militar, se declarava comunista e participava da luta armada, e que hoje defende o que os conservadores combatem. O historiador Zózimo Trabuco, de 31 anos, estuda o assunto para a sua tese de doutorado na UFRJ: “A expressão política da esperança: Protestantismos, esquerdas e transição democrática.” Na semana em que Marina Silva, evangélica da Assembleia de Deus, levou um balde de água fria com o veto do TSE à criação do seu partido, Márcia Vieira, da turma da coluna, trocou dois dedos de prosa com Zózimo:
Assim como existe a bancada evangélica, existe uma esquerda evangélica?
Há setores evangélicos que reivindicam a identidade de esquerda. E, como a esquerda mudou com a experiência do PT no poder, os evangélicos também mudaram. Hoje eles são defensores das minorias e apoiam a legalização do aborto, o uso de métodos contraceptivos e o casamento gay. Há um grupo de cristãos que participa inclusive da Marcha das Vadias. O político evangélico de esquerda mais conhecido é o senador petista Walter Pinheiro, da Igreja Batista.
Marina Silva é uma representante dessa esquerda evangélica?
Não. A trajetória dela é ligada ao catolicismo popular. Ela se converteu ao protestantismo quando já era senadora. As bases evangélicas que se aproximaram dela são conversadoras. Há uma certa pressão por verem nela a chance de o Brasil ter um presidente evangélico.
Na sua tese, você diz que os evangélicos viviam uma ambiguidade. Por quê?
Durante a ditadura e no processo de redemocratização, por serem religiosos, eles eram chamados de burgueses pela esquerda. E, na igreja, eram considerados subversivos por defenderem as esquerdas. Um exemplo é o pastor luterano Mozart Noronha, exilado político e um dos fundadores do PT no Rio. Como militante de esquerda, fez oposição à ditadura, mas como sacerdote luterano foi encarregado pela família do general Ernesto Geisel a dirigir os ritos fúnebres do ditador. Ele recebeu muitas críticas dos seus alunos da faculdade de Direito por isso. Sua resposta foi: “Eu não ressuscitei o Geisel, eu o enterrei.” E olha que ele chegou ao sepultamento num carro com a estrela do PT.
Por: Miguel do Rosário

PML E A BLÁBLÁ. 

NOVO ? QUE NOVO É ESSE ?


Ela é contra hidrelétricas e entra no partido da bomba atômica ! Quá, quá, quá !

Conversa Afiada tem o prazer de reproduzir mortífero artigo do Paulo Moreira Leite na IstoÉ, a mesma que mostra que a estação de partida do trensalão tucano é Paris … muito chic .

QUE RENOVAÇÃO É ESSA?


Marina e Eduardo Campos formaram um condomínio político que constitui um enigma da campanha de 2014

No mesmo dia em que a VEJA dava uma contribuição específica ao culto à personalidade de  Marina Silva, dizendo que na véspera ela fora dormir com a esperança de “ter um sonho” que pudesse ajudar a decidir o rumo na campanha presidencial, a líder da Rede  deu provas de que passou os últimos dias acordadíssima.

Numa união destinada a garantir a Marina um espaço na campanha que a Rede não foi capaz de obter, e a Eduardo Campos, uma projeção que ele dificilmente teria como 4º colocado nas pesquisas de intenção de voto, os dois formaram um condomínio político que constitui um enigma da campanha de 2014.

Filiando-se ao PSB, Marina assegurou um palanque para seguir em sua verdadeira prioridade,  cada vez mais semelhante a plataforma básica dos vencidos por Lula e Dilma em 2002, 2006 e 2010: impedir de qualquer maneira e por todos os meios uma quarta  vitória do PT e seus aliados em 2014.

Dramatizando a própria situação, ela chegou a dizer que o Rede era primeiro partido “clandestino” da democratização – afirmação de caráter retórico, que não faz sentido para quem levou a sério a luta clandestina contra o regime militar de 64 e reconhece o valor da democracia conquistada depois.

Vamos combinar: se acredita, de fato, que o Rede foi perseguido por adversários políticos, que teriam boicotado o apoio dos 50 000 eleitores que poderiam ter legalizado seu partido, Marina faria um favor ao país se divulgasse indícios e provas para sustentar o que diz. Sabemos que a Justiça eleitoral abriga cidadãos indicados pelos principais partidos políticos, que devem ser substituídos de 5 em 5 anos. É razoável até imaginar uma imensa  má vontade aqui, outra mais adiante. É assim, no Brasil e em outros países.

Mas é um universo com tantas surpresas e imprevistos que ninguém consegue adivinhar o que acontece sem uma apuração real. No caso mais avançado que conheço até aqui, um advogado do Rede chegou a dizer de forma vaga, para uma repórter, que “certamente” ocorreram boicotes em algumas prefeituras. Onde? Em  Minas Gerais. E agora?

Ironicamente, Marina e Eduardo Campos se comprometeram ontem, justamente, a  enterrar a República Velha e  a renovar os métodos tradicionais da política. Também falaram do esgotamento do nosso sistema como seu maior compromisso político. Mas não disseram com clareza o que pretendem fazer nem como. Até porque estas são verdades tão fáceis de anunciar mas difíceis de explicar.

Quem tem o direito de dizer que o sistema político está esgotado é o eleitor. Ele fez isso em 1984, quando foi as ruas para pedir eleições diretas em pleno regime militar. Como o Congresso rejeitou as diretas naquele ano, o eleitor repetiu a dose cinco anos depois, em 1989, no primeiro pleito em urna após ao regime militar. Destruídos pelos fracassos de sucessivos planos econômicos, os dois herdeiros do governo Sarney não conseguiram somar 6% dos votos. E foi neste cemitério que nasceu Fernando Collor: sem partido, com ideário confuso, vagas promessas moralizantes e absoluto suporte dos meios de comunicação, tornou-se presidente da República. Seu programa era eliminar privilégios e favores do Estado, sintetizados na palavra marajá, usada para definir altos burocratas do serviço público. Parecia uma causa nacional, capaz de unir ricos e pobres, irmanados pelo infortúnio de sustentar privilegiados com dinheiro do contribuinte.

Falar que o sistema político está esgotado, hoje, é enxergar o mundo pelo olhar dos desejos, de quem não aprova determinado governo mas é duvidoso que seja expressão do pensamento do  conjunto da população. É um diagnóstico exagerado, no mínimo,  quando o governo federal tem aprovação superior a 50% e a presidente lidera as pesquisas de opinião com 38% das intenções de voto. Quando seu padrinho, Lula, é o mais popular político brasileiro da história. Quando o PT, alvo indiscutível da “publicidade opressiva” praticada pela maioria dos meios de comunicação na ação penal 470, segue o mais popular partido político do país, com  25 ou mesmo 30% da simpatia dos eleitores.

Quem está esgotada, até agora, é a oposição. Se é possível falar em algo perto de esgotamento, fim de linha, o problema encontra-se aí e é mais localizado. E é tão grave que ela procura alimentar-se, na verdade, de músculos e cérebros extraviados do governo, como Marina e Eduardo Campos.

As ruas de junho deixaram claro que nem  todo mundo pensa a mesma coisa dos nossos políticos. Os milhões de brasileiros que não querem Dilma também recusam personalidades, nomes e ideias que lhes são oferecidas como alternativa. Esses cidadãos Dizem que querem livrar-se de políticos tradicionais quando, na verdade, querem outros políticos – sejam direitistas, revolucionários, reacionários ou simples camelôs ideológicos. Aqueles manifestantes que tinham pontos específicos a reivindicar – como transportes – voltaram para casa depois que a reivindicação foi atendida. Os outros,  permaneceram. Tinham mais a cobrar. Alguns mais quebraram vidros, fizeram provocações. Denunciam o sistema político em nome do fascismo, do anarquismo ou lá o que for.  

Em qualquer caso, e é constrangedor lembrar, Dilma ficou sem aliados em seu empenho para aprovar uma reforma política que, bem ou mal, poderia dar uma resposta à nova situação. Não inventou nada. Apoiou um projeto que reúne o apoio de entidades representativas. Não lembro de qualquer manifestação de apoio dos aliados de Marina Silva. O PSB foi explícito. Divulgou nota a favor das reformas – desde que elas não valessem para 2014.  

O empenho de Marina para falar do “novo” ajuda a encobrir que, entre seus assessores econômicos, encontra-se André Lara Rezende, banqueiro  e profeta da decrescimento econômico, advogado da  teoria primeiro-mundista de que os recursos da Terra se esgotaram e que quem não ficou rico até agora deve desistir até de chegar a classe média baixa. Foi padrinho do Plano Cruzado – que ajudou Sarney a tornar-se imperador do país por um semestre, em 1986  – e do Plano Real, berço de tantas heranças, inclusive da privatização das teles, joia da coroa do governo FHC. Seu homem na Justiça é Gilmar Mendes, capaz de dar dois habeas corpus, em apenas 48 horas, a um dos banqueiros aliados de FHC. Seu maior patrocinador financeiro é a herdeira de um banco  que esteve ao lado de todos, absolutamente todos os governos brasileiros nas ultimas décadas, sem distinção de cor, credo, religião ou traje  – podia ser fardado ou à paisana.

“Novo”?  

Falar da velhice alheia é um dos atalhos mais conhecidos para uma pessoa fingir-se de jovem e seduzir os menos atentos naquela hora da festa em que a maioria dos seres vivos parece parda. Não vamos falar do PSB de Eduardo Campos. O governador  admite que nem estava pensando em termos politicamente geriátricos até a noite de sexta-feira, dedicando-se  a recolher, no laço, quem pudesse reforçar suas fileiras de qualquer maneira. Chegou a trazer para sua casa conservadores notórios, inclusive com ligações diretas com o regime militar. Estranho? Nem um pouco. A política brasileira é feita assim.

O errado é querer tingir o cabelo, fazer uma lipo, tomar um banho de butique e  pensar que ninguém enxerga os sinais da plástica.  Para quem é adversaria assumida das usinas hidroelétricas, é que Marina Silva tenha ingressado no mesmo partido do ex-ministro Roberto Amaral, um dos poucos políticos brasileiros que é partidário declarado de pesquisas nucleares, seja para fins pacíficos, e mesmo para conhecimento da fissão atômica, necessário para a produção de artefatos militares. (Estou 100% de acordo com o ministro nesse ponto).  

Que renovação é essa, meus amigos?

Simples. É a renovação de quem procura um palanque, confunde a  memória e quer nos fazer acreditar que não houve história. Eduardo Campos é um dos melhores políticos de sua geração. Tem luz própria, formação e  capacidade de articulação real.

Mas não vamos esquecer que é produto direto do Brasil envelhecido de repente que agora  denuncia. Talvez seja o grande filhote daquilo que a oposição chama de lulismo. Alimento maior de sua popularidade, o crescimento econômico de Pernambuco,  muito superior a média brasileira, foi irrigado por verbas preferenciais de Brasília, com tanto empenho que levou os conservadores preconceituosos do Sul-Sudeste a denunciar em 2010 o favorecimento “aos nordestinos” por parte de Lula.

A herança política  de Marina é familiar, também. Segundo o Ibope, a segunda opção de 50% de seus eleitores é Dilma.  Em função do receio de explicitar a estes cidadãos  o enorme grau de sua ruptura do Lula, Dilma e o PT, referencias que fazem parte de sua identidade política essencial, na visão de  tantos brasileiros, Marina Silva tem sido  bastante cuidadosa em suas declarações. Evita afirmar, em público, os chavões reacionários, inspirados no golpismo venezuelano, que o conservadorismo nativo utiliza para comparar o Brasil de Lula-Dilma com o país de Chávez-Maduro.

Cada eleitor tem o direito de imaginar que tipo de renovação é essa.



Clique aqui para ler
 “Tempo de tevê: Dilma 10 vs 1 Bláblárina”

Aqui para “Príncipe se acha com moral para julgar Dirceu”

Já aqui para “Eduardo/Bláblárina é o novo PSDB”

E aqui para votar na trepidante enquete: “O que o Dudu Campriles quer da Bláblárina ?”