A “Privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., chega às bancas. CartaCapital relata o que há no livro
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Carta tem o livro do Amaury. É tiro no Cerra !
A “Privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., chega às bancas. CartaCapital relata o que há no livro
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QUALQUER COINCIDÊNCIA, NÃO É E, NEM SERÁ, MERA SEMELHANÇA
Pão e jornal - Lúcia Guimarães
Um magnata, dono de dezenas de jornais e obcecado por vendas, diz, orgulhoso:
“Sou um daqueles que não precisam de um país ou um hino nacional, coisas assim.” Não, não estamos falando do australiano Rupert Murdoch, o magnata que está nas manchetes porque um de seus tabloides grampeou os telefones de membros da família real, políticos e celebridades britânicas.
Estamos na Londres de 1908, onde o dito magnata não sabe soletrar compunção, mas sabe calcular as manchetes alarmantes que espalham medo da guerra entre seus milhões de leitores. A ação se passa no palco de um minúsculo teatro off-Broadway, no terceiro andar de um prédio cinzento em Manhattan.
O Mint Theater é uma companhia especializada em arqueologia dramática. Resgata peças esquecidas como What The Public Wants (O Que o Público Quer) e deixa a plateia com a estranha sensação de que, quanto mais as coisas mudam, mais ficam como estão.
A peça foi um sucesso extraordinário há um século e passou quase dois anos em cartaz. O autor, Arnold Bennett, conhecia bem seu métier. Começara a carreira na redação do jornal The Woman (A Mulher), uma publicação aquém de suas ambições literárias.
O Que o Público Quer foi inspirada no magnata Alfred Harmsworth, cujo sobrenome ele viria a justificar. Harm em inglês quer dizer ferir e worth, valor. Ele era o mais influente empresário da imprensa britânica no começo do século 20, dono de inúmeros jornais pequenos e grandes, como o Times e o Daily Mail. Seu poder de fogo era de tal ordem que, numa tentativa de assassinato, navios alemães bombardearam sua residência durante a 1ª Guerra. Harmsworth saiu da infância pobre para o colo da nobreza, ungido com o título de Visconde de Northcliffe. O filho plebeu do Visconde é o estilo do jornalismo sensacionalista inventado por seus tabloides. Os jornais deste Cidadão Kane vitoriano derrubavam governos e assassinavam reputações.
A peça de Bennett serviu de espelho tão claro para a sociedade da época que, numa votação do jornal Manchester Guardian, ele foi apontado entre um punhado de autores influentes que seria relevante cem anos depois. Infelizmente não foi o autor e sim a trama que sobreviveu e desenvolveu resistência à penicilina da democracia. O magnata da peça se considera o verdadeiro democrata porque se interpõe entre os malignos intelectuais e as massas inocentes. Seu escárnio constante contra o que chama de gente de cultura parece ter saído de uma biografia de Rupert Murdoch e revela o mesmo recalque do australiano contra a rejeição sofrida na estratificada sociedade inglesa.
Na peça de Bennett, o personagem inspirado em Harmsworth se gaba de saber com precisão o que espera o leitor de cada classe social. E vê sua dieta de obscurantismo populista como militância libertária contra a opressão da elite bem-educada.
Seu mais importante crítico de teatro exige uma correção porque o copidesque vulgarizou a linguagem de seu texto. Diante da recusa, o crítico pede demissão. A cena escrita com um tom de farsa desenrola-se no presente como uma interação jurássica. Um crítico nova-iorquino, ao escrever a resenha da peça, em janeiro, se sentiu compelido a explicar aos leitores o significado de “jornalismo marrom”.
No último ato, o irmão do magnata – o intelectual que insiste em ter consciência – se despede dele com um conselho.
“Você continue dando ao público o que ele quer. É sua missão na vida. Mas se prepare para quando chegar o dia chuvoso.”
“Que dia chuvoso?”
“O dia em que o público quiser algo melhor do que você pode dar.”
Lembrei desse diálogo final ao ter a rotina virada ao avesso pela necessidade de acompanhar a violenta crise no Egito. Com o crescimento exponencial das fontes de informação, a pergunta não é mais o que o público quer, mas como encontrar a agulha desejada no palheiro de ofertas. O romancista David Foster Wallace, morto prematuramente em 2008, observou que “há 4 trilhões de bits de informação vindo em nossa direção, 99% é merda e dá trabalho demais fazer a triagem e decidir. É claro que vai haver um nicho econômico para os que filtrarem a passagem da informação. Senão, nós vamos passar 95% do nosso tempo surfando no mar de merda.”
Não tenho números para provar, mas suspeito que os acontecimentos do Egito deram mais audiência aos meios de comunicação que nos protegeram do catinguento esporte previsto pelo romancista.
“Sou um daqueles que não precisam de um país ou um hino nacional, coisas assim.” Não, não estamos falando do australiano Rupert Murdoch, o magnata que está nas manchetes porque um de seus tabloides grampeou os telefones de membros da família real, políticos e celebridades britânicas.
Estamos na Londres de 1908, onde o dito magnata não sabe soletrar compunção, mas sabe calcular as manchetes alarmantes que espalham medo da guerra entre seus milhões de leitores. A ação se passa no palco de um minúsculo teatro off-Broadway, no terceiro andar de um prédio cinzento em Manhattan.
O Mint Theater é uma companhia especializada em arqueologia dramática. Resgata peças esquecidas como What The Public Wants (O Que o Público Quer) e deixa a plateia com a estranha sensação de que, quanto mais as coisas mudam, mais ficam como estão.
A peça foi um sucesso extraordinário há um século e passou quase dois anos em cartaz. O autor, Arnold Bennett, conhecia bem seu métier. Começara a carreira na redação do jornal The Woman (A Mulher), uma publicação aquém de suas ambições literárias.
O Que o Público Quer foi inspirada no magnata Alfred Harmsworth, cujo sobrenome ele viria a justificar. Harm em inglês quer dizer ferir e worth, valor. Ele era o mais influente empresário da imprensa britânica no começo do século 20, dono de inúmeros jornais pequenos e grandes, como o Times e o Daily Mail. Seu poder de fogo era de tal ordem que, numa tentativa de assassinato, navios alemães bombardearam sua residência durante a 1ª Guerra. Harmsworth saiu da infância pobre para o colo da nobreza, ungido com o título de Visconde de Northcliffe. O filho plebeu do Visconde é o estilo do jornalismo sensacionalista inventado por seus tabloides. Os jornais deste Cidadão Kane vitoriano derrubavam governos e assassinavam reputações.
A peça de Bennett serviu de espelho tão claro para a sociedade da época que, numa votação do jornal Manchester Guardian, ele foi apontado entre um punhado de autores influentes que seria relevante cem anos depois. Infelizmente não foi o autor e sim a trama que sobreviveu e desenvolveu resistência à penicilina da democracia. O magnata da peça se considera o verdadeiro democrata porque se interpõe entre os malignos intelectuais e as massas inocentes. Seu escárnio constante contra o que chama de gente de cultura parece ter saído de uma biografia de Rupert Murdoch e revela o mesmo recalque do australiano contra a rejeição sofrida na estratificada sociedade inglesa.
Na peça de Bennett, o personagem inspirado em Harmsworth se gaba de saber com precisão o que espera o leitor de cada classe social. E vê sua dieta de obscurantismo populista como militância libertária contra a opressão da elite bem-educada.
Seu mais importante crítico de teatro exige uma correção porque o copidesque vulgarizou a linguagem de seu texto. Diante da recusa, o crítico pede demissão. A cena escrita com um tom de farsa desenrola-se no presente como uma interação jurássica. Um crítico nova-iorquino, ao escrever a resenha da peça, em janeiro, se sentiu compelido a explicar aos leitores o significado de “jornalismo marrom”.
No último ato, o irmão do magnata – o intelectual que insiste em ter consciência – se despede dele com um conselho.
“Você continue dando ao público o que ele quer. É sua missão na vida. Mas se prepare para quando chegar o dia chuvoso.”
“Que dia chuvoso?”
“O dia em que o público quiser algo melhor do que você pode dar.”
Lembrei desse diálogo final ao ter a rotina virada ao avesso pela necessidade de acompanhar a violenta crise no Egito. Com o crescimento exponencial das fontes de informação, a pergunta não é mais o que o público quer, mas como encontrar a agulha desejada no palheiro de ofertas. O romancista David Foster Wallace, morto prematuramente em 2008, observou que “há 4 trilhões de bits de informação vindo em nossa direção, 99% é merda e dá trabalho demais fazer a triagem e decidir. É claro que vai haver um nicho econômico para os que filtrarem a passagem da informação. Senão, nós vamos passar 95% do nosso tempo surfando no mar de merda.”
Não tenho números para provar, mas suspeito que os acontecimentos do Egito deram mais audiência aos meios de comunicação que nos protegeram do catinguento esporte previsto pelo romancista.
Extraído do Blog Conteúdo Livre
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Jornalismo militante do Brasil critica congênere argentino
Posted by eduguim
Vai passando quase despercebida – por estar sendo pouco comentada – matéria da Folha de São Paulo de segunda-feira que, por sua importância, chegou a ser publicada no site da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). É de autoria da jornalista Sylvia Colombo, 39, correspondente daquele jornal na Argentina (Buenos Aires).
Sob um título nitidamente partidarizado como “Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente”, Sylvia relata o clima político que vive a Argentina no âmbito da “guerra” entre governo, de um lado, e meios de comunicação do outro. Todavia, a jornalista faz isso sob a ótica de um dos atores envolvidos no processo, o que, de acordo com o seu próprio ponto de vista, não seria jornalismo.
É imperativo ler esse relato porque, descartadas as opiniões e idiossincrasias da autora, revela como um governo de centro-esquerda com propostas e ideais muito parecidos com os do governo Dilma Rousseff está derrotando a filial argentina da franquia midiático-conservadora que governou ao menos a América do Sul desde sempre até a virada do século XX, e que está mantendo o governo brasileiro literalmente acuado.
Se já leu essa matéria, releia (abaixo) e reflita sob a ótica que será proposta. Se não leu, há que ler.
—–
Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente
Ter, 06 de Dezembro de 2011
Folha de São Paulo
Mundo – Mídia
Governo usa veículos próprios para praticar “jornalismo militante”
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES
“Você trabalha no ‘Clarín’?”, pergunta mal-humorado o taxista ao repórter do jornal, depois que ele diz o endereço onde quer ir.
Meu colega já vinha se irritando com esse tipo de patrulha. Chegou a dar nomes de ruas paralelas, preferindo caminhar até a redação, só para não ouvir agressões de apoiadores do governo, que está em guerra com a imprensa independente.
Nesse dia, respondeu: “Não, estou indo lá só para entregar um envelope”. Depois, pensou no absurdo que tinha sido levado a dizer.
Uma outra colega, que faz um curso de pós-graduação numa universidade local, havia se interessado pela aula de determinado professor. Um dia, foi pedir recomendações de leitura. Ele, simpático, a recebeu e perguntou a que se dedicava. Ela, orgulhosa, encheu a boca e disse: “jornalista”.
Quem já está há algum tempo na profissão acostumou-se a ouvir comentários positivos depois de uma apresentação assim. Em grande parte do mundo ocidental, considera-se o jornalismo uma atividade nobre e importante para a sociedade.
Pois o professor dessa minha amiga parou de sorrir quando ouviu essa palavra. “Aqui não gostamos de jornalistas”, disse.
Comigo acontece também direto. Numa ocasião, numa barulhenta sala de espera de um dentista, enquanto preenchia minha ficha, a secretária perguntou minha profissão. Quando disse, fez-se silêncio, quebrado apenas pelo comentário desconcertante de uma senhora: “No seu país vocês são mentirosos também?”
Em debate do programa “6,7,8″, atração da TV estatal cuja finalidade é malhar a imprensa crítica ao kirchnerismo, o comentarista Orlando Barone soltou a seguinte pérola: “O jornalismo é inevitavelmente de direita porque a democracia é de direita. O jornalismo nasce para defender a democracia, dentro dos cânones instituídos da propriedade privada”.
O governo Cristina Kirchner, que começa um novo ciclo no próximo sábado, é louvável em alguns aspectos: tirou a Argentina da prostração econômica pós-2001, levou militares responsáveis pela repressão da ditadura (1976-1983) à prisão e aprovou o matrimônio gay.
Porém, sua relação belicosa com a imprensa assusta. Para defender-se da imprensa, o governo montou um grande conglomerado.
Seus veículos defendem as políticas do governo, mas, principalmente, atacam a cobertura de jornais tradicionais e, o que é mais grave, questionam a própria utilidade da mídia independente.
A proposta dos meios kirchneristas é implantar o que chamam de “jornalismo militante”, que prega a ideia de que o compromisso do jornalismo deve ser com “causas”, citando explicações da professora da faculdade de comunicação de La Plata, Florencia Saintout.
Intelectuais como ela se defendem dizendo que, como o jornalismo nunca é objetivo, é melhor escolher de uma vez um lado da trincheira.
As “causas” do jornalismo militante, obviamente, não são quaisquer causas. Em essência, coincidem com as bandeiras do governo.
O governo já anunciou que reforçará a execução da Lei de Meios, que tirará poderes de grupos como o Clarín e dará mais espaço a “meios militantes”.
Os próximos quatro anos serão, portanto, um desafio para o jornalismo independente, essencial para o funcionamento das instituições da Argentina.
Cristina, que dá sinais de que prefere se alinhar ao Brasil de Dilma, mais do que à Venezuela de Chávez, deveria baixar o tom contra a imprensa independente.
Nada a fará mais parecida com o líder venezuelano do que acuar o jornalismo e fazer com que jornalistas tenham vergonha de declarar o que fazem em público.
—–
A primeira coisa na qual o leitor de qualquer ideologia e posição política pensa, ao término de um relato como esse, é no que acontece aqui no Brasil. É impensável um clima como esse por aqui apesar de a comunicação brasileira estar estruturada de forma análoga à que sempre vigeu na Argentina, mas que agora começa a mudar.
Nunca é demais repetir que a Argentina tem a sua Globo (o Grupo Clarín), que, como a congênere brasileira, cresceu, enriqueceu e enraizou-se naquela sociedade exatamente como o grupo empresarial da família Marinho, ou seja, sob as mãos amigas de uma ditadura sangrenta e às expensas do Erário.
A concentração de propriedade de meios de comunicação nas mais diversas plataformas na Argentina ainda permanece análoga à que vige no Brasil, pois através de recursos à Justiça os oligopólios midiáticos daquele país vêm postergando o que fatalmente ocorrerá se não sobrevier alguma ruptura institucional: os barões da mídia de lá terão que se desfazer de parte de seus impérios.
Note o leitor, então, que a correspondente da Folha refere-se à redução do oligopólio no país vizinho como se fosse um mal:
“O governo já anunciou que reforçará a execução da Lei de Meios, que tirará poderes de grupos como o Clarín e dará mais espaço a meios militantes”
Poderes? Notou o ato falho, leitor? Como, poderes? Imprensa tem que ter “poderes”?
Um meio de comunicação tem que ter prestígio, credibilidade, até recursos financeiros para bem cumprir o seu papel de informar, mas não tem que ter poderes, por exemplo, para derrubar ministros ou para vetar, modificar ou até fazer aprovar políticas públicas.
Apesar disso, há que refletir não apenas sobre a forma como o Estado vem sendo usado na Argentina por um grupo político que assumiu o poder legitimamente, diga-se, mas sobre se é isso o que queremos aqui.
Até porque, o uso do Estado por grupos políticos está ocorrendo em importantes países sul-americanos extra-Brasil, países que concentram, de longe, o maior contingente populacional da região, à exceção do nosso. Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, principalmente, aprovaram legislações para as comunicações que, por aqui, seriam impensáveis.
Para entender por que é questionável que um governo use o Estado para fins políticos, porém, basta refletir que todo governo ocupa o poder por um período pré-determinado, um período que tem começo, meio e fim. Reflitamos, então, sobre o que aconteceria se o grupo político do qual você não gosta vencesse a eleição seguinte e passasse a controlar a máquina de comunicação que montou o governo anterior.
Imagine, leitor, se por uma dessas desgraças que acontecem o tempo todo o PSDB vencesse a eleição de 2014 e o eleito fosse ninguém mais, ninguém menos do que ele, o dito “Coiso”. José Serra já tem toda a grande imprensa a seu favor. Agora imaginemos o que aconteceria se controlasse também a TV pública e ainda podendo discriminar à vontade os adversários na distribuição de verbas oficiais.
Por isso jamais surgiu um grande meio de comunicação de esquerda no Brasil, porque a direita sempre governou e privilegiou os veículos que lhe eram simpáticos doando-lhes quantidades monumentais de recursos.
Nesse ponto surge a reflexão de que se a direita voltar ao poder não hesitará em fazer exatamente isso, usará o Estado como se fosse seu dono, de forma que a centro-esquerda deveria fazer o mesmo antes que o eleitorado cumpra o ciclo ideológico atual e devolva o poder aos conservadores, como ocorreu há pouco no Chile.
Essa é uma questão polêmica que precisa ser muito bem refletida e que jamais foi discutida adequadamente inclusive pelos setores que militam pela democratização da comunicação no Brasil: se for montada uma máquina comunicacional para este governo se contrapor à oposição midiática, assim que a direita recuperar o poder além de ter toda a mídia “independente” poderá usar a mídia estatal construída pelo antecessor.
Além disso, esta reflexão vale para vermos como os governos hispânicos da América do Sul vêm enfrentando o cartel internacional midiático-conservador que manteve esta região nas mãos da direita por praticamente todo o século passado.
Cristina Kirchner ainda terá que comer muito arroz e feijão para democratizar a máquina midiática que a direita erigiu na Argentina ao longo de décadas e mais décadas. Esses grupos, como os daqui, têm muito dinheiro, têm uma legião de amigos no judiciário, inclusive. Mas, como mostra o relato da correspondente da Folha, esse poderio está sendo minado.
O problema é a forma, não o conteúdo. Particularmente, este blog prefere que a democratização da comunicação não se dê através do uso do poder do Estado pelo governo de turno, mas para criar alternativas de informação em número e pluralidade de pensamento suficientemente amplificados para acabar com o pensamento único vigente.
O Brasil não carece, pois, de que seja erigido um império estatal de comunicação, mas de que seja terminantemente proibida a concentração de propriedade desses meios, sendo vetada a posse simultânea de jornal, revista, tevê, rádio, portal de internet, tevê a cabo e de empresas de telefonia, como acontece por aqui e ainda acontece na Argentina, apesar da lei de meios.
É preciso instilar bom senso não apenas no sectarismo que pede que o Estado seja usado politicamente pelo grupo que o controla, mas nesses grandes meios de comunicação que praticam o mesmo jornalismo militante que denunciam, só que com sinal trocado e sendo menos honestos ao não admitirem que têm lado.
Sob um título nitidamente partidarizado como “Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente”, Sylvia relata o clima político que vive a Argentina no âmbito da “guerra” entre governo, de um lado, e meios de comunicação do outro. Todavia, a jornalista faz isso sob a ótica de um dos atores envolvidos no processo, o que, de acordo com o seu próprio ponto de vista, não seria jornalismo.
É imperativo ler esse relato porque, descartadas as opiniões e idiossincrasias da autora, revela como um governo de centro-esquerda com propostas e ideais muito parecidos com os do governo Dilma Rousseff está derrotando a filial argentina da franquia midiático-conservadora que governou ao menos a América do Sul desde sempre até a virada do século XX, e que está mantendo o governo brasileiro literalmente acuado.
Se já leu essa matéria, releia (abaixo) e reflita sob a ótica que será proposta. Se não leu, há que ler.
—–
Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente
Ter, 06 de Dezembro de 2011
Folha de São Paulo
Mundo – Mídia
Governo usa veículos próprios para praticar “jornalismo militante”
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES
“Você trabalha no ‘Clarín’?”, pergunta mal-humorado o taxista ao repórter do jornal, depois que ele diz o endereço onde quer ir.
Meu colega já vinha se irritando com esse tipo de patrulha. Chegou a dar nomes de ruas paralelas, preferindo caminhar até a redação, só para não ouvir agressões de apoiadores do governo, que está em guerra com a imprensa independente.
Nesse dia, respondeu: “Não, estou indo lá só para entregar um envelope”. Depois, pensou no absurdo que tinha sido levado a dizer.
Uma outra colega, que faz um curso de pós-graduação numa universidade local, havia se interessado pela aula de determinado professor. Um dia, foi pedir recomendações de leitura. Ele, simpático, a recebeu e perguntou a que se dedicava. Ela, orgulhosa, encheu a boca e disse: “jornalista”.
Quem já está há algum tempo na profissão acostumou-se a ouvir comentários positivos depois de uma apresentação assim. Em grande parte do mundo ocidental, considera-se o jornalismo uma atividade nobre e importante para a sociedade.
Pois o professor dessa minha amiga parou de sorrir quando ouviu essa palavra. “Aqui não gostamos de jornalistas”, disse.
Comigo acontece também direto. Numa ocasião, numa barulhenta sala de espera de um dentista, enquanto preenchia minha ficha, a secretária perguntou minha profissão. Quando disse, fez-se silêncio, quebrado apenas pelo comentário desconcertante de uma senhora: “No seu país vocês são mentirosos também?”
Em debate do programa “6,7,8″, atração da TV estatal cuja finalidade é malhar a imprensa crítica ao kirchnerismo, o comentarista Orlando Barone soltou a seguinte pérola: “O jornalismo é inevitavelmente de direita porque a democracia é de direita. O jornalismo nasce para defender a democracia, dentro dos cânones instituídos da propriedade privada”.
O governo Cristina Kirchner, que começa um novo ciclo no próximo sábado, é louvável em alguns aspectos: tirou a Argentina da prostração econômica pós-2001, levou militares responsáveis pela repressão da ditadura (1976-1983) à prisão e aprovou o matrimônio gay.
Porém, sua relação belicosa com a imprensa assusta. Para defender-se da imprensa, o governo montou um grande conglomerado.
Seus veículos defendem as políticas do governo, mas, principalmente, atacam a cobertura de jornais tradicionais e, o que é mais grave, questionam a própria utilidade da mídia independente.
A proposta dos meios kirchneristas é implantar o que chamam de “jornalismo militante”, que prega a ideia de que o compromisso do jornalismo deve ser com “causas”, citando explicações da professora da faculdade de comunicação de La Plata, Florencia Saintout.
Intelectuais como ela se defendem dizendo que, como o jornalismo nunca é objetivo, é melhor escolher de uma vez um lado da trincheira.
As “causas” do jornalismo militante, obviamente, não são quaisquer causas. Em essência, coincidem com as bandeiras do governo.
O governo já anunciou que reforçará a execução da Lei de Meios, que tirará poderes de grupos como o Clarín e dará mais espaço a “meios militantes”.
Os próximos quatro anos serão, portanto, um desafio para o jornalismo independente, essencial para o funcionamento das instituições da Argentina.
Cristina, que dá sinais de que prefere se alinhar ao Brasil de Dilma, mais do que à Venezuela de Chávez, deveria baixar o tom contra a imprensa independente.
Nada a fará mais parecida com o líder venezuelano do que acuar o jornalismo e fazer com que jornalistas tenham vergonha de declarar o que fazem em público.
—–
A primeira coisa na qual o leitor de qualquer ideologia e posição política pensa, ao término de um relato como esse, é no que acontece aqui no Brasil. É impensável um clima como esse por aqui apesar de a comunicação brasileira estar estruturada de forma análoga à que sempre vigeu na Argentina, mas que agora começa a mudar.
Nunca é demais repetir que a Argentina tem a sua Globo (o Grupo Clarín), que, como a congênere brasileira, cresceu, enriqueceu e enraizou-se naquela sociedade exatamente como o grupo empresarial da família Marinho, ou seja, sob as mãos amigas de uma ditadura sangrenta e às expensas do Erário.
A concentração de propriedade de meios de comunicação nas mais diversas plataformas na Argentina ainda permanece análoga à que vige no Brasil, pois através de recursos à Justiça os oligopólios midiáticos daquele país vêm postergando o que fatalmente ocorrerá se não sobrevier alguma ruptura institucional: os barões da mídia de lá terão que se desfazer de parte de seus impérios.
Note o leitor, então, que a correspondente da Folha refere-se à redução do oligopólio no país vizinho como se fosse um mal:
“O governo já anunciou que reforçará a execução da Lei de Meios, que tirará poderes de grupos como o Clarín e dará mais espaço a meios militantes”
Poderes? Notou o ato falho, leitor? Como, poderes? Imprensa tem que ter “poderes”?
Um meio de comunicação tem que ter prestígio, credibilidade, até recursos financeiros para bem cumprir o seu papel de informar, mas não tem que ter poderes, por exemplo, para derrubar ministros ou para vetar, modificar ou até fazer aprovar políticas públicas.
Apesar disso, há que refletir não apenas sobre a forma como o Estado vem sendo usado na Argentina por um grupo político que assumiu o poder legitimamente, diga-se, mas sobre se é isso o que queremos aqui.
Até porque, o uso do Estado por grupos políticos está ocorrendo em importantes países sul-americanos extra-Brasil, países que concentram, de longe, o maior contingente populacional da região, à exceção do nosso. Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, principalmente, aprovaram legislações para as comunicações que, por aqui, seriam impensáveis.
Para entender por que é questionável que um governo use o Estado para fins políticos, porém, basta refletir que todo governo ocupa o poder por um período pré-determinado, um período que tem começo, meio e fim. Reflitamos, então, sobre o que aconteceria se o grupo político do qual você não gosta vencesse a eleição seguinte e passasse a controlar a máquina de comunicação que montou o governo anterior.
Imagine, leitor, se por uma dessas desgraças que acontecem o tempo todo o PSDB vencesse a eleição de 2014 e o eleito fosse ninguém mais, ninguém menos do que ele, o dito “Coiso”. José Serra já tem toda a grande imprensa a seu favor. Agora imaginemos o que aconteceria se controlasse também a TV pública e ainda podendo discriminar à vontade os adversários na distribuição de verbas oficiais.
Por isso jamais surgiu um grande meio de comunicação de esquerda no Brasil, porque a direita sempre governou e privilegiou os veículos que lhe eram simpáticos doando-lhes quantidades monumentais de recursos.
Nesse ponto surge a reflexão de que se a direita voltar ao poder não hesitará em fazer exatamente isso, usará o Estado como se fosse seu dono, de forma que a centro-esquerda deveria fazer o mesmo antes que o eleitorado cumpra o ciclo ideológico atual e devolva o poder aos conservadores, como ocorreu há pouco no Chile.
Essa é uma questão polêmica que precisa ser muito bem refletida e que jamais foi discutida adequadamente inclusive pelos setores que militam pela democratização da comunicação no Brasil: se for montada uma máquina comunicacional para este governo se contrapor à oposição midiática, assim que a direita recuperar o poder além de ter toda a mídia “independente” poderá usar a mídia estatal construída pelo antecessor.
Além disso, esta reflexão vale para vermos como os governos hispânicos da América do Sul vêm enfrentando o cartel internacional midiático-conservador que manteve esta região nas mãos da direita por praticamente todo o século passado.
Cristina Kirchner ainda terá que comer muito arroz e feijão para democratizar a máquina midiática que a direita erigiu na Argentina ao longo de décadas e mais décadas. Esses grupos, como os daqui, têm muito dinheiro, têm uma legião de amigos no judiciário, inclusive. Mas, como mostra o relato da correspondente da Folha, esse poderio está sendo minado.
O problema é a forma, não o conteúdo. Particularmente, este blog prefere que a democratização da comunicação não se dê através do uso do poder do Estado pelo governo de turno, mas para criar alternativas de informação em número e pluralidade de pensamento suficientemente amplificados para acabar com o pensamento único vigente.
O Brasil não carece, pois, de que seja erigido um império estatal de comunicação, mas de que seja terminantemente proibida a concentração de propriedade desses meios, sendo vetada a posse simultânea de jornal, revista, tevê, rádio, portal de internet, tevê a cabo e de empresas de telefonia, como acontece por aqui e ainda acontece na Argentina, apesar da lei de meios.
É preciso instilar bom senso não apenas no sectarismo que pede que o Estado seja usado politicamente pelo grupo que o controla, mas nesses grandes meios de comunicação que praticam o mesmo jornalismo militante que denunciam, só que com sinal trocado e sendo menos honestos ao não admitirem que têm lado.
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Brasil aceita redução compulsória de emissões. Chora, Bláblárina, chora !
Saiu no G1:
Brasil diz que aceita entrar em acordo global para reduzir emissões
Ministra do Meio Ambiente discursou na Conferência do Clima da ONU. Negociação sobre gases-estufa pode começar ‘o mais cedo possível’, disse.
Dennis Barbosa Do Globo Natureza, em Durban
A ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira discursou nesta quinta-feira (8) na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Durban, na África do Sul, e afirmou que o Brasil está disposto a negociar um novo acordo de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa que inclua todos os países e que tenha caráter de cumprimento obrigatório (legalmente vinculante).
“Se todos, repito todos, trabalharmos juntos poderemos negociar o mais cedo possível um novo instrumento legalmente vinculante sobre a convenção [do Clima da ONU], baseado nas recomendações da ciência, que inclua todos os países para o período imediatamente após 2020”, discursou no plenário da conferência, que reúne mais de 190 países.
Até então, o Brasil não havia sinalizado claramente que aceitaria negociar um tratado em que também assumisse metas de redução de emissões de cumprimento obrigatório mediante a comunidade internacional.
O discurso de Izabella Teixeira está em linha com o plano da União Europeia de negociar esse acordo global a entrar em vigor apartir de 2020, junto com a renovação do Protocolo de Kyoto, único acordo de cumprimento obrigatório atualmente em funcionamento.
A China, maior emissora de gases-estufa, também sinalizou que está disposta a estabelecer esse “caminho negociatório” até 2020 e se comprometer a reduções, ainda que com uma série de condições.
Desta forma, os EUA têm ficado isolados e têm sido acusados de serem o maior entrave a avanços na COP 17. Num tom que soava até acuado diante das repetidas insinuações, o negociador-chefe americano nesta quinta-feira veio a público para negá-las.
Em contraposição à proposta de um plano global para vigorar a partir de 2020, os EUA vinham dizendo que a negociação precisava ter em vista uma data posterior, pois o problema não se resolveria até lá. “É completamente sem base sugerir que os EUA propuseram atrasar as ações até 2020″, defendeu-se Stern.
Mas, perguntado mais uma vez nesta quinta-feira qual seria o plano dos EUA para combater as mudanças climáticas, Stern voltou a ser pouco específico. Uma dificuldade que o governo americano enfrenta é que para assumir um compromisso vinculante, precisa de aprovação do Congresso, o que não deve acontecer. Portanto, os representates americanos em Durban não têm, na prática, a oferecer o que a comunidade internacional espera.
O governo precisa estar muito atento.
Suspeita-se que a Bláblárina pretenda afogar-se no lago de Belo Monte.Depois o Greenpeace vai botar a culpa na Dilma.
Agora, amigo navegante: por que os Estados Unidos não se comprometem a essa redução compulsória?
Interessante …
Paulo Henrique Amorim
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Na Bahia, Mino define São Paulo: o mais reacionário
'São Paulo é o reduto de uma elite brasileira ávida, egoísta, incapaz de ceder um pedacinho que seja das suas vantagens e benesses' |
Foi no site da revista que eu li sobre a abertura do evento, onde Mino Carta, diretor da Carta Capital, disse, entre outras grandes verdades, que “estava vindo do Estado mais reacionário do Brasil”. Ou seja, de São Paulo.
Mino Carta tem uma história única de serviços prestados ao povo brasileiro na área do jornalismo. Trabalhamos juntos, creio, mais de 18 anos. Somos jornalistas sobreviventes. Atravessamos, não sem amarguras, os chamados anos de chumbo.
Na revista Veja, foram sete, oito anos convivendo com a censura e a repressão mais absurda. E o Mino assumindo um combate desigual.
Enfrentava, sozinho, a ditadura e seus parceiros da chamada sociedade civil.
Até o dia em que, um civil, o então ministro Armando Falcão – que batia continência a um sub-tenente se cruzassem na mesma calçada – chamou o Robert Civita, dono da Abril, para uma conversa e perguntou: “Por que vocês insistem com esse tal de Mino Carta?” Civita respondeu: “É porque ele é simplesmente o melhor jornalista do Brasil”. Ao que o ministro Falcão observou: “Por que você não experimenta o segundo melhor jornalista do Brasil?”
Essa é uma versão da história, contada para mim pelo próprio Civita.
Verdadeira ou não, o recado do “sistema” estava dado. Robert Civita captou a mensagem.
Atiçou as chamas de um doloroso processo de fritura do Mino Carta, que na verdade se iniciara desde o primeiro número de Veja.
Desse processo, Mino foi obrigado a sair para fundar a revista IstoÉ… Foram mais sete anos juntos, até que nos separássemos de vez, por um longo período.
Mino Carta nasceu na Itália, mas poucos brasileiros entendem do Brasil como ele.
Percebeu lá atrás que o grande problema do país era a elite brasileira, ávida, egoísta, incapaz de ceder um pedacinho que seja das suas vantagens e benesses.
São Paulo, tanto o Estado quanto a cidade, sem dúvida, sempre foi a melhor escola para se observar esse fenômeno. Uma região onde a média dos salários dos ricos é quase 60 vezes maior que o salário de um trabalhador.
E não é por falta de alerta.
Ainda ontem, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) produziu um documento onde se diz textualmente que “o contrato social em vigor está começando a descarrilar em muitos países”.
Ou seja, a história de que o crescimento econômico geraria automaticamente uma melhor distribuição de renda não passou de uma ilusão. Ninguem progride apenas se alimentando das sobras da sociedade de consumo.
Ainda segundo a OCDE, a distância entre ricos e pobres acaba de atingir o maior nível em 30 anos.
O relatório recomenda que os países deveriam analisar a possibilidade de aumentar a taxação sobre os ricos como a única medida para reduzir o desequilíbrio.
Pois é, Mino Carta… Pena que esses relatórios sejam simplesmente ignorados pela ignorância e pretensão dos herdeiros da “casa grande”, como você não se cansa de avisar.
Tão Gomes
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PF intimará Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi
Posted by eduguim
Compareci nesta quarta-feira (7/12) à sede da Polícia Federal em São Paulo atendendo a intimação para que lá comparecesse a fim de ratificar – ou não – informações contidas em representação que o Movimento dos Sem Mídia protocolou no ano passado no Ministério Público Federal (Eleitoral) contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi e para eventualmente oferecer novas informações.
A ONG Movimento dos Sem Mídia, por conta de denúncias veiculadas pela imprensa em 2010 que davam conta de que institutos de pesquisa teriam praticado fraudes em favor do candidato José Serra ou da candidata Dilma Rousseff, representou à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo investigação e a mesma determinou à Polícia Federal que abrisse o inquérito.
Apesar do grande atraso, agora o processo começou a andar.
Fui atendido pelo delegado Fernando Reis, da Delegacia de Defesa Institucional, que cuida justamente de crimes eleitorais. Ele pediu que eu ratificasse ou não os termos da Representação que assinei em nome do MSM e perguntou se tinha outros elementos a oferecer.
Abaixo, a declaração que assinei não apenas ratificando o que dissera anteriormente, mas esclarecendo a natureza da iniciativa da ONG.
Apesar de o delegado ter concordado comigo que a representação está fundamentada pelo fato de que quem levantou a hipótese de fraude nas pesquisas foi ao menos um dos investigados, a Folha de São Paulo, dona do Datafolha, que acusou publicamente – e mais de uma vez – os institutos Sensus e Vox Populi de usarem planilhas de pesquisa que teriam induzido os entrevistados a declararem voto em Dilma Rousseff, o policial se queixou, em tom confessional, de que quem poderia ter investigado a denúncia do MSM a tempo, a Procuradoria Geral Eleitoral, em vez de investigar remeteu caso a PF, o que retardou e tornou mais difícil a investigação.
Sempre usando o mesmo tom confessional – apesar de não ter recebido de mim qualquer garantia de sigilo quanto ao que estava sendo dito –, informou-me de que seria difícil tomar providência devido ao tempo transcorrido desde a denúncia, mesmo achando que a mídia “manipula mesmo, tanto para a direita quanto para a esquerda”, uma afirmação da qual este blogueiro discorda, pois, em sua opinião, a mídia brasileira é toda de direita.
Ungido por presença de espírito advinda de seu grande interesse em colaborar com a lei, este intimado houve por bem lembrar ao douto policial que, assim como o PSDB conseguiu investigar pesquisa Sensus, ano passado, enviando especialista contratado à sede do instituto para examinar as planilhas das entrevistas da pesquisa da qual o partido, à época, não gostou, a Polícia Federal poderia fazer o mesmo, pois a lei eleitoral determina que as planilhas das entrevistas devem permanecer arquivadas.
Além da informação sobre como fazer, este intimado também revelou ao delegado por que fazer – porque temos eleições, ano que vem, e se as denúncias dos próprios institutos contra seus concorrentes forem ignoradas será escancarada uma porta para novas fraudes, o que, em uma questão como processos eleitorais, constitui legítimo atentado à democracia.
Naquele momento, produziu-se uma luminescência no olhar do doutor Reis, seguida por uma declaração animadora:
“O senhor me deu uma idéia. Vou pedir essas informações aos institutos”.
Em resumo, portanto, a Polícia Federal do Brasil, de acordo com as palavras de seu delegado, intimará os institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi a fornecerem as planilhas de cada uma das pesquisas citadas na representação do Movimento dos Sem Mídia, planilhas que, como se sabe, têm nome, endereço e telefone dos pesquisados, bem como as informações sobre metodologia, para que tudo seja submetido a análise pericial.
Resta relatar que o delegado da Polícia Federal doutor Fernando Reis concordou com este blogueiro que diferenças de até 12 pontos percentuais entre pesquisas realizadas com intervalo de poucos dias, como ocorreu com aquelas que deram causa à representação em tela, não são aceitáveis e denotam que alguém andou mentindo. E, em sendo assim, a investigação proposta poderá, sim, apontar quem foi.
A ONG Movimento dos Sem Mídia, por conta de denúncias veiculadas pela imprensa em 2010 que davam conta de que institutos de pesquisa teriam praticado fraudes em favor do candidato José Serra ou da candidata Dilma Rousseff, representou à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo investigação e a mesma determinou à Polícia Federal que abrisse o inquérito.
Apesar do grande atraso, agora o processo começou a andar.
Fui atendido pelo delegado Fernando Reis, da Delegacia de Defesa Institucional, que cuida justamente de crimes eleitorais. Ele pediu que eu ratificasse ou não os termos da Representação que assinei em nome do MSM e perguntou se tinha outros elementos a oferecer.
Abaixo, a declaração que assinei não apenas ratificando o que dissera anteriormente, mas esclarecendo a natureza da iniciativa da ONG.
Apesar de o delegado ter concordado comigo que a representação está fundamentada pelo fato de que quem levantou a hipótese de fraude nas pesquisas foi ao menos um dos investigados, a Folha de São Paulo, dona do Datafolha, que acusou publicamente – e mais de uma vez – os institutos Sensus e Vox Populi de usarem planilhas de pesquisa que teriam induzido os entrevistados a declararem voto em Dilma Rousseff, o policial se queixou, em tom confessional, de que quem poderia ter investigado a denúncia do MSM a tempo, a Procuradoria Geral Eleitoral, em vez de investigar remeteu caso a PF, o que retardou e tornou mais difícil a investigação.
Sempre usando o mesmo tom confessional – apesar de não ter recebido de mim qualquer garantia de sigilo quanto ao que estava sendo dito –, informou-me de que seria difícil tomar providência devido ao tempo transcorrido desde a denúncia, mesmo achando que a mídia “manipula mesmo, tanto para a direita quanto para a esquerda”, uma afirmação da qual este blogueiro discorda, pois, em sua opinião, a mídia brasileira é toda de direita.
Ungido por presença de espírito advinda de seu grande interesse em colaborar com a lei, este intimado houve por bem lembrar ao douto policial que, assim como o PSDB conseguiu investigar pesquisa Sensus, ano passado, enviando especialista contratado à sede do instituto para examinar as planilhas das entrevistas da pesquisa da qual o partido, à época, não gostou, a Polícia Federal poderia fazer o mesmo, pois a lei eleitoral determina que as planilhas das entrevistas devem permanecer arquivadas.
Além da informação sobre como fazer, este intimado também revelou ao delegado por que fazer – porque temos eleições, ano que vem, e se as denúncias dos próprios institutos contra seus concorrentes forem ignoradas será escancarada uma porta para novas fraudes, o que, em uma questão como processos eleitorais, constitui legítimo atentado à democracia.
Naquele momento, produziu-se uma luminescência no olhar do doutor Reis, seguida por uma declaração animadora:
“O senhor me deu uma idéia. Vou pedir essas informações aos institutos”.
Em resumo, portanto, a Polícia Federal do Brasil, de acordo com as palavras de seu delegado, intimará os institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi a fornecerem as planilhas de cada uma das pesquisas citadas na representação do Movimento dos Sem Mídia, planilhas que, como se sabe, têm nome, endereço e telefone dos pesquisados, bem como as informações sobre metodologia, para que tudo seja submetido a análise pericial.
Resta relatar que o delegado da Polícia Federal doutor Fernando Reis concordou com este blogueiro que diferenças de até 12 pontos percentuais entre pesquisas realizadas com intervalo de poucos dias, como ocorreu com aquelas que deram causa à representação em tela, não são aceitáveis e denotam que alguém andou mentindo. E, em sendo assim, a investigação proposta poderá, sim, apontar quem foi.
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Crise na zona euro: o movimento tardio da dupla "Merkozy"
Uma crise profunda e uma guerra quase aberta entre mastodontes do liberalismo planetário como são Estados Unidos e União Europeia combinam-se em momentos nos quais os dirigentes da União Europeia analisam o projeto de reforma promovido por França e Alemanha com o objetivo de superar a crise. Nicolas Sarkozy e Angela Merkel tomaram o timão de um barco em plena tormenta. Isso lhes valeu o apelido de « Merkozy ». Ambos preconizam uma « nova união para a estabilidade e o crescimento para os 17 países do euro ». O artigo é de Eduardo Febbro.
Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris
Uma crise profunda e uma guerra quase aberta entre mastodontes do liberalismo planetário como são Estados Unidos e União Europeia combinam-se em momentos nos quais os dirigentes da União Europeia analisam o projeto de reforma promovido por França e Alemanha com o objetivo de superar a crise.
Justamente quando vai começar uma cúpula em Bruxelas destinada a salvar a eurozona, a agência de classificação de risco norteamericana Standard and Poor’s coloca diretamente sob vigilância a União Europeia, um fato sem precedentes até hoje, sobretudo entre jogadores do ultra-neoliberalismo. Especialistas, banqueiros, analistas e dirigentes do Velho Continente olham a década através de um prisma de caos, ajustes e recessão onde todas as alternativas são tangíveis, sobretudo as piores : o fim do euro deixou de ser uma coisa impossível, assim como o surgimento de uma Europa a duas velocidades, composta, por um lado, pelos países rigorosos e competitivos do Norte e, por outro, pelos do sul.
Citado pelo jornal Le Monde, Jean Pisani-Ferry, uma analista belga do grupo de reflexão Bureguel, reconhecia que as projeções catastróificas semalhantes à crise norteamericana de 1929 « não podem ser afastadas com um tapa ». Desde que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniram segunda-feira em Paris para defender um rigoroso plano de controle dos déficits, as más notícias despencaram como uma tempestade sobre o Velho Continente.
Os principais golpes não vêm de dentro, mas sim dos Estados Unidos, o outro grande eixo liberal. Em três movimentos, a agência de classificação de riscos norteamericana Standard and Poor’s sentenciou antecipadamente a eficácia das medidas que poderão ser adotadas na cúpula de Bruxelas.
No início da semana, a Standard and Poor’s colocou sob uma perspectiva negatuva as notas dos países da zona Euro e pôs sob vigilância 15 dos 17 países da dita zona, incluindo Alemanha, Franca, Áustria, Luxemburgo, Finlândia e Holanda.
No médio prazo, isso poderia se traduzir nos próximos meses por uma das sanções mais agudas : a perda da prestigiada nota AAA. Dois dias depois, a mesma agência sepultou o famoso fundo de resgate europeu criado especialmente para salvar da bancarrota os países da UE. A S&P anunciou que o fundo estava sob « supervisão negativa ».
O último ato aconteceu um dia antes da cúpula de Bruxelas : a agência estadunidense colocou sob vigilância a dívida da União Europeia (que desde 1976 tem a nota AAA) e extendeu sua sanção ao sistema banário.
A S&P adiantou ainda que previa baixar a nota de vários bancos importantes da zona euro, entre os quais os franceses BNP Paribas, BPCE, Société Générale, BRED-Banque Populaire, Crédit foncier de France, Crédit Lyonnais, Crédit Agricole, os alemães Deutsche Bank e Commerzbank e o italiano UniCredito. Durante um encontro realizado com deputados de sua base de apoio, Nicolas Sarkozy ofereceu uma síntese realista da situação.
O chefe do Estado francês não só disse que o « risco de uma explosão » é tangível, mas que, além disso, um dos maiores limites com os quais se choca a União Euopeia reside em que « a Europa precisa financiar sua dívida, mas os detentores dos empréstimos não tem confiança ». A eurozona é uma dama que perde seus encantos e está em pleno colapso.
Poucos episódios refletem melhor esse nervosismo como as reações provocadas pela visita do Secrtetário do Tesouro norte-americano, |Timothy Geithner. O ex-presidente francês Valery Giscard d’Estaing (1974 e 1981) qualificou-a de « inoportuna » e « insuportável ». O ex-presidente julgou inclusive que essa visita só contribuirá para que a Europa seja uma vítima entregue a todos os sacerdores mundiais ». Giscard também impugnou o papel desempenhado por agências de classificação de risco como a S&P. Em outros tempos essas agências eram aliadas do liberalismo europeu, mas agora não é o caso.
Os analistas se perguntam como se chegou a um desastre tão profundo. As respostas não são tão convergentes como o quadro que se pinta no caso de o euro desaparecer do mapa. Os especialistas já se adiantaram nos cálculos : inflação, fuga de capitais, deavalorização, instabilidade, etc., etc. Se as moedas nacionais voltassem a circular, os países do Sul teriam que desvalorizar suas moedas entre 30 e 40%, ao mesmo tempo que os cidadãos perderiam cerca de 40% de seu poder aquisitivo, sem que isso fosse uma garantia de estabilidade.
Jean Pisani-Ferry, autor do livro « O despertar dos demônios », lembra nas páginas do Le Monde o território de areias movediças que ameaça os países da Europa em caso de desaparição do euro e destaca o que acontecer na Argentina com a crise de 2001.O ensaista assinala que em janeiro de 2002 o dólar custava 1,4 pesos e que, seis meses mais tarde, a moeda perdeu três quartas partes de seu valor. Na Grã-Bretanha, onde o euro não circula, o portal de apostas online William Hill revelou que as apostas (três contra um) em torno do euro vão em uma única direção : sua desaparição.
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel tomaram o timão de um barco em plena tormenta. Isso lhes valeu o apelido de « Merkozy ». Ambos preconizam uma « nova união para a estabilidade e o crescimento para os 17 países do euro ». Esse plano preconiza uma férrea austeridade orçamentária para absorver os déficits e castigo para quem não cumprir com ela. O voluntarismo oportunista do eixo franco-alemão não é analisado como uma salvação, mas sim como um tardio movimento dos setores políticos para ter influência na enlouquecida corrida de um sistema que se mutilou a si mesmo a força de excessos e impunidade.
Tradução: Katarina Peixoto
Justamente quando vai começar uma cúpula em Bruxelas destinada a salvar a eurozona, a agência de classificação de risco norteamericana Standard and Poor’s coloca diretamente sob vigilância a União Europeia, um fato sem precedentes até hoje, sobretudo entre jogadores do ultra-neoliberalismo. Especialistas, banqueiros, analistas e dirigentes do Velho Continente olham a década através de um prisma de caos, ajustes e recessão onde todas as alternativas são tangíveis, sobretudo as piores : o fim do euro deixou de ser uma coisa impossível, assim como o surgimento de uma Europa a duas velocidades, composta, por um lado, pelos países rigorosos e competitivos do Norte e, por outro, pelos do sul.
Citado pelo jornal Le Monde, Jean Pisani-Ferry, uma analista belga do grupo de reflexão Bureguel, reconhecia que as projeções catastróificas semalhantes à crise norteamericana de 1929 « não podem ser afastadas com um tapa ». Desde que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniram segunda-feira em Paris para defender um rigoroso plano de controle dos déficits, as más notícias despencaram como uma tempestade sobre o Velho Continente.
Os principais golpes não vêm de dentro, mas sim dos Estados Unidos, o outro grande eixo liberal. Em três movimentos, a agência de classificação de riscos norteamericana Standard and Poor’s sentenciou antecipadamente a eficácia das medidas que poderão ser adotadas na cúpula de Bruxelas.
No início da semana, a Standard and Poor’s colocou sob uma perspectiva negatuva as notas dos países da zona Euro e pôs sob vigilância 15 dos 17 países da dita zona, incluindo Alemanha, Franca, Áustria, Luxemburgo, Finlândia e Holanda.
No médio prazo, isso poderia se traduzir nos próximos meses por uma das sanções mais agudas : a perda da prestigiada nota AAA. Dois dias depois, a mesma agência sepultou o famoso fundo de resgate europeu criado especialmente para salvar da bancarrota os países da UE. A S&P anunciou que o fundo estava sob « supervisão negativa ».
O último ato aconteceu um dia antes da cúpula de Bruxelas : a agência estadunidense colocou sob vigilância a dívida da União Europeia (que desde 1976 tem a nota AAA) e extendeu sua sanção ao sistema banário.
A S&P adiantou ainda que previa baixar a nota de vários bancos importantes da zona euro, entre os quais os franceses BNP Paribas, BPCE, Société Générale, BRED-Banque Populaire, Crédit foncier de France, Crédit Lyonnais, Crédit Agricole, os alemães Deutsche Bank e Commerzbank e o italiano UniCredito. Durante um encontro realizado com deputados de sua base de apoio, Nicolas Sarkozy ofereceu uma síntese realista da situação.
O chefe do Estado francês não só disse que o « risco de uma explosão » é tangível, mas que, além disso, um dos maiores limites com os quais se choca a União Euopeia reside em que « a Europa precisa financiar sua dívida, mas os detentores dos empréstimos não tem confiança ». A eurozona é uma dama que perde seus encantos e está em pleno colapso.
Poucos episódios refletem melhor esse nervosismo como as reações provocadas pela visita do Secrtetário do Tesouro norte-americano, |Timothy Geithner. O ex-presidente francês Valery Giscard d’Estaing (1974 e 1981) qualificou-a de « inoportuna » e « insuportável ». O ex-presidente julgou inclusive que essa visita só contribuirá para que a Europa seja uma vítima entregue a todos os sacerdores mundiais ». Giscard também impugnou o papel desempenhado por agências de classificação de risco como a S&P. Em outros tempos essas agências eram aliadas do liberalismo europeu, mas agora não é o caso.
Os analistas se perguntam como se chegou a um desastre tão profundo. As respostas não são tão convergentes como o quadro que se pinta no caso de o euro desaparecer do mapa. Os especialistas já se adiantaram nos cálculos : inflação, fuga de capitais, deavalorização, instabilidade, etc., etc. Se as moedas nacionais voltassem a circular, os países do Sul teriam que desvalorizar suas moedas entre 30 e 40%, ao mesmo tempo que os cidadãos perderiam cerca de 40% de seu poder aquisitivo, sem que isso fosse uma garantia de estabilidade.
Jean Pisani-Ferry, autor do livro « O despertar dos demônios », lembra nas páginas do Le Monde o território de areias movediças que ameaça os países da Europa em caso de desaparição do euro e destaca o que acontecer na Argentina com a crise de 2001.O ensaista assinala que em janeiro de 2002 o dólar custava 1,4 pesos e que, seis meses mais tarde, a moeda perdeu três quartas partes de seu valor. Na Grã-Bretanha, onde o euro não circula, o portal de apostas online William Hill revelou que as apostas (três contra um) em torno do euro vão em uma única direção : sua desaparição.
Nicolas Sarkozy e Angela Merkel tomaram o timão de um barco em plena tormenta. Isso lhes valeu o apelido de « Merkozy ». Ambos preconizam uma « nova união para a estabilidade e o crescimento para os 17 países do euro ». Esse plano preconiza uma férrea austeridade orçamentária para absorver os déficits e castigo para quem não cumprir com ela. O voluntarismo oportunista do eixo franco-alemão não é analisado como uma salvação, mas sim como um tardio movimento dos setores políticos para ter influência na enlouquecida corrida de um sistema que se mutilou a si mesmo a força de excessos e impunidade.
Tradução: Katarina Peixoto
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João Dias, fonte da Veja, é preso no DF
Por Altamiro Borges
O policial João Dias, o bandido usado como principal fonte da revista Veja para derrubar o ministro Orlando Silva, dos Esportes, foi preso na tarde de hoje (7) em Brasília. Ele tentou invadir a sala do secretário do Governo do Distrito Federal, Paulo Tadeu, no Palácio Buriti. Carregando uma mala com cerca de R$ 200 mil, o “maluco” berrou palavrões e agrediu três pessoas.
Bem que a revista Veja, que deu tanta acolhida ao sinistro policial – acusado de desvio de recursos de convênios na área do esporte, de enriquecimento ilícito (uma mansão, três carrões importados e duas academias de ginástica) e até de homicídio –, poderia contratá-lo. O sujeito parece transtornado com o fim dos holofotes. Ele poderia ser instalado ao lado de outro “doente”, o blogueiro pitbull da Veja.
Abaixo, as matérias publicadas no blog de Lilian Tahan, do Correio Braziliense, a primeira a noticiar o inusitado acontecimento; as duas notas da Secretaria de Comunicação do Governo do Distrito Federal e a nota da Polícia Civil.
*****
João Dias é preso por segurança do Palácio do Buriti
Pivô do escândalo que derrubou o ministro Orlando Silva, João Dias invadiu nesta tarde a Secretaria de Governo comandada por Paulo Tadeu.
O policial militar, segundo testemunhas, agrediu duas funcionárias do secretário Paulo Tadeu. Uma delas é conhecida por Paulinha e a outra chama-se Niedja.
João Dias carregava um pacote de dinheiro vivo que também, segundo testemunhas, ele teria jogado em cima da mesa. João Dias pretendia ser recebido por Paulo Tadeu, mas acabou preso pela segurança interna do Palácio do Buriti.
João Dias presta depoimento na delegacia
João Dias presta depoimento na 5ª Delegacia de Polícia, no Setor Bancário Norte.
O policial militar tentou invadir nesta tarde o gabinete do secretário de Governo, Paulo Tadeu. João Dias entrou pelo anexo do Palácio do Buriti sem ter sido notado.
Segundo testemunhas, ele teria pichado com um monte de palavrões a lataria de um carro que seria de Paulo Tadeu. A assessoria do governo, no entanto, não confirma a informação.
Já na ante-sala do gabinete de Paulo Tadeu, o policial militar disse que precisava ser atendido pelo secretário. Mas Paulo Tadeu estava em reunião na Residência Oficial de Águas Claras. Muito exaltado, com um saco de dinheiro vivo na mão e sem conseguir o que queria, ele agrediu duas servidoras (Niedja e Paulinha) do Palácio do Buriti.
Segundo testemunhas, Niedja teria levado um soco no rosto.
A polícia do Palácio foi acionada e um dos seguranças teria também se machucado (quebrado um dedo) ao tentar conter João Dias.
Assessores de Paulo Tadeu estão reunidos neste momento no gabinete do secretário. Em breve vão divulgar uma nota oficial sobre o episódio.
João Dias foi o delator de um suposto esquema de corrupção envolvendo o programa Segundo Tempo do governo federal e ONGs ligadas ao PCdoB. O escândalo derrubou Orlando Silva do Ministério dos Esportes e acabou respingando no governador Agnelo Queiroz que, quando era do PCdoB e ocupava o cargo de ministro dos Esportes, criou o programa Segundo Tempo.
*****
Notas da Secretaria de Comunicação do GDF
A equipe de segurança do Palácio do Buriti teve que retirar do prédio na tarde de hoje o policial militar João Dias após ele agredir duas servidoras da Secretaria de Estado de Governo.
João Dias teve que ser contido pelos seguranças já que apresentava comportamento agressivo e foi encaminhado à Polícia Civil, que tomará as medidas legais pertinentes ao caso.
Quanto ao secretário de Governo, Paulo Tadeu, ele não se encontrava no Palácio durante o episódio. O secretário e outras autoridades do GDF participavam de reunião com os governadores do Centro-Oeste na Residência Oficial de Águas Claras.
A segurança do Palácio do Buriti abriu procedimento para apurar como se deu o acesso de João Dias ao Préio. O Governo do Distrito Federal também vai apurar com que objetivos escusos o policial apareceu nesta tarde de forma despropositada no Palácio do Buriti.
Complemento
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que, após ser preso no Palácio do Buriti e conduzido à 5ª Delegacia de Polícia, João Dias foi autuado pelos crimes de injúria, por insultar de forma racista uma das servidoras, e pelo menos duas lesões corporais, contra a outra funcionária e um policial militar em serviço da equipe de segurança do Palácio.
Ao término da autuação na delegacia, João Dias será encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar.
A Polícia Civil informou ainda que foram recolhidas na Secretaria de Governo cédulas de dinheiro que João Dias teria jogado sobre a mesa das servidoras, que reagiram contra a agressão e absurda situação. As notas serão periciadas pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil, que vai apurar a origem do dinheiro.
*****
Nota da Polícia Civil do DF
A Polícia Civil do DF informa que nesta data foi lavrado, na 5ª DP, auto de prisão em flagrante em razão da prisão do policial militar João Dias, o qual cometeu os crimes de injúria de cunho racial, lesão corporal e vias de fato, no interior do Palácio do Buriti.
No local, foi arrecadada pelo Instituto de Criminalística da PCDF a quantia de R$ 159 mil reais, em espécie, a qual será encaminhada à Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (DECO), visando apurar a sua origem.
Após as oitivas de todos os envolvidos, encaminhamento das vítimas ao IML e demais providências legais cabíveis, todos serão liberados.
O autuado, após o pagamento de fiança arbitrada, será liberado e conduzido pela Polícia Militar para a adoção das providências administrativas cabíveis, em razão da sua condição de militar.
O policial João Dias, o bandido usado como principal fonte da revista Veja para derrubar o ministro Orlando Silva, dos Esportes, foi preso na tarde de hoje (7) em Brasília. Ele tentou invadir a sala do secretário do Governo do Distrito Federal, Paulo Tadeu, no Palácio Buriti. Carregando uma mala com cerca de R$ 200 mil, o “maluco” berrou palavrões e agrediu três pessoas.
Bem que a revista Veja, que deu tanta acolhida ao sinistro policial – acusado de desvio de recursos de convênios na área do esporte, de enriquecimento ilícito (uma mansão, três carrões importados e duas academias de ginástica) e até de homicídio –, poderia contratá-lo. O sujeito parece transtornado com o fim dos holofotes. Ele poderia ser instalado ao lado de outro “doente”, o blogueiro pitbull da Veja.
Abaixo, as matérias publicadas no blog de Lilian Tahan, do Correio Braziliense, a primeira a noticiar o inusitado acontecimento; as duas notas da Secretaria de Comunicação do Governo do Distrito Federal e a nota da Polícia Civil.
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João Dias é preso por segurança do Palácio do Buriti
Pivô do escândalo que derrubou o ministro Orlando Silva, João Dias invadiu nesta tarde a Secretaria de Governo comandada por Paulo Tadeu.
O policial militar, segundo testemunhas, agrediu duas funcionárias do secretário Paulo Tadeu. Uma delas é conhecida por Paulinha e a outra chama-se Niedja.
João Dias carregava um pacote de dinheiro vivo que também, segundo testemunhas, ele teria jogado em cima da mesa. João Dias pretendia ser recebido por Paulo Tadeu, mas acabou preso pela segurança interna do Palácio do Buriti.
João Dias presta depoimento na delegacia
João Dias presta depoimento na 5ª Delegacia de Polícia, no Setor Bancário Norte.
O policial militar tentou invadir nesta tarde o gabinete do secretário de Governo, Paulo Tadeu. João Dias entrou pelo anexo do Palácio do Buriti sem ter sido notado.
Segundo testemunhas, ele teria pichado com um monte de palavrões a lataria de um carro que seria de Paulo Tadeu. A assessoria do governo, no entanto, não confirma a informação.
Já na ante-sala do gabinete de Paulo Tadeu, o policial militar disse que precisava ser atendido pelo secretário. Mas Paulo Tadeu estava em reunião na Residência Oficial de Águas Claras. Muito exaltado, com um saco de dinheiro vivo na mão e sem conseguir o que queria, ele agrediu duas servidoras (Niedja e Paulinha) do Palácio do Buriti.
Segundo testemunhas, Niedja teria levado um soco no rosto.
A polícia do Palácio foi acionada e um dos seguranças teria também se machucado (quebrado um dedo) ao tentar conter João Dias.
Assessores de Paulo Tadeu estão reunidos neste momento no gabinete do secretário. Em breve vão divulgar uma nota oficial sobre o episódio.
João Dias foi o delator de um suposto esquema de corrupção envolvendo o programa Segundo Tempo do governo federal e ONGs ligadas ao PCdoB. O escândalo derrubou Orlando Silva do Ministério dos Esportes e acabou respingando no governador Agnelo Queiroz que, quando era do PCdoB e ocupava o cargo de ministro dos Esportes, criou o programa Segundo Tempo.
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Notas da Secretaria de Comunicação do GDF
A equipe de segurança do Palácio do Buriti teve que retirar do prédio na tarde de hoje o policial militar João Dias após ele agredir duas servidoras da Secretaria de Estado de Governo.
João Dias teve que ser contido pelos seguranças já que apresentava comportamento agressivo e foi encaminhado à Polícia Civil, que tomará as medidas legais pertinentes ao caso.
Quanto ao secretário de Governo, Paulo Tadeu, ele não se encontrava no Palácio durante o episódio. O secretário e outras autoridades do GDF participavam de reunião com os governadores do Centro-Oeste na Residência Oficial de Águas Claras.
A segurança do Palácio do Buriti abriu procedimento para apurar como se deu o acesso de João Dias ao Préio. O Governo do Distrito Federal também vai apurar com que objetivos escusos o policial apareceu nesta tarde de forma despropositada no Palácio do Buriti.
Complemento
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que, após ser preso no Palácio do Buriti e conduzido à 5ª Delegacia de Polícia, João Dias foi autuado pelos crimes de injúria, por insultar de forma racista uma das servidoras, e pelo menos duas lesões corporais, contra a outra funcionária e um policial militar em serviço da equipe de segurança do Palácio.
Ao término da autuação na delegacia, João Dias será encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar.
A Polícia Civil informou ainda que foram recolhidas na Secretaria de Governo cédulas de dinheiro que João Dias teria jogado sobre a mesa das servidoras, que reagiram contra a agressão e absurda situação. As notas serão periciadas pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil, que vai apurar a origem do dinheiro.
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Nota da Polícia Civil do DF
A Polícia Civil do DF informa que nesta data foi lavrado, na 5ª DP, auto de prisão em flagrante em razão da prisão do policial militar João Dias, o qual cometeu os crimes de injúria de cunho racial, lesão corporal e vias de fato, no interior do Palácio do Buriti.
No local, foi arrecadada pelo Instituto de Criminalística da PCDF a quantia de R$ 159 mil reais, em espécie, a qual será encaminhada à Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (DECO), visando apurar a sua origem.
Após as oitivas de todos os envolvidos, encaminhamento das vítimas ao IML e demais providências legais cabíveis, todos serão liberados.
O autuado, após o pagamento de fiança arbitrada, será liberado e conduzido pela Polícia Militar para a adoção das providências administrativas cabíveis, em razão da sua condição de militar.
Postado por Miro
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