Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

CUT/Vox Populi: 70% rejeitam PEC 241 no Brasil



Pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi aponta que a proposta de emenda à constituição apresentada pelo governo de Michel Temer, que prevê o congelamento de gastos públicos por 20 anos, é rejeitada por 70% dos brasileiros; quanto à reforma da Previdência, a rejeição é ainda maior: 80% dos trabalhadores do campo e da cidade são contra a proposta que prevê idade mínima de 65 anos para se aposentar; Temer é mal avaliado por 74% dos brasileiros; só 11% consideram o governo de maneira positiva e 15% não sabem ou não responderam; pesquisa foi realizada com 2 mil pessoas entre 9 e 13 de outubro 

247 – Uma pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi aponta que a proposta de emenda à constituição que prevê o congelamento de gastos públicos por 20 anos, a PEC 241, apresentada pelo governo de Michel Temer, é rejeitada por 70% dos brasileiros. Apenas 19% concordam com e aprovação da medida, 6% são indiferentes e 5% não souberam ou não responderam.

Quanto à reforma da Previdência, a rejeição é ainda maior: 80% dos trabalhadores do campo e da cidade são contra a proposta que prevê idade mínima de 65 anos para se aposentar, com no mínimo 25 anos de contribuição. Outros 15% concordam com as mudanças no sistema previdenciário, 4% nem concordam nem discordam e 2% não sabem, não têm opinião ou não responderam.

Ainda de acordo com a pesquisa, Temer é mal avaliado por 74% dos brasileiros – para 40%, o desempenho dele é regular, e para 34% é negativo. Só 11% consideram o governo de maneira positiva e 15% não sabem ou não responderam. A pesquisa foi realizada com 2 mil pessoas entre os dias 9 e 13 de outubro.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, os resultados contribuem para a avaliação negativa dos golpistas e servem de alerta para os parlamentares que estão votando a favor da retirada de direitos. "Ao contrário do que deputados e senadores pensam, o povo está informado, sabe que será o mais prejudicado com menos hospitais, menos médicos. E se a reforma da Previdência passar, que vai ter de trabalhar até morrer", afirmou.

Clique aqui e confira os dados da pesquisa

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vox Populi: Dilma ainda vence no primeiro turno












O catastrofismo perde mais uma: chove e o preço da energia elétrica desaba, de R$ 822,83 por MWh para R$ 591,81 por MWh

 Dilma: Não fui eleita para acabar com direitos. Contra o udenismo, o arrocho, o golpismo e o oportunismo deslavado, só o nosso projeto tem condições de fazer o país avançar' 

Alckmin endurece contra grevistas e PSDB pede mão de ferro contra demitidos do metrô: não consta que tenham tido a mesma contundência diante da lambança tucana nas licitações da empresa, desde 1998  

A 48 horas da Copa, o grande desastre previsto pelo conservadorismo aconteceu em obra gerida pelo PSDB de SP: viga de monotrilho cai e mata operário

Legado da Copa: capacidade de aeroportos cresceu 36%; a da rede hoteleira, 20% ; novas vias e meios de transporte foram agregados; parque esportivo foi renovado; transmissão de dados saltou 50% em várias capitais

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 Acaba de ser divulgada mais uma pesquisa sobre sucessão presidencial: a do instituto Vox Populi, do sociólogo Marcos Coimbra; nela, a presidente Dilma Rousseff tem 40% e ainda vence a disputa no primeiro turno; senador tucano Aécio Neves foi de 16% a 21%; diferença mais significativa em relação ao Ibope, de Carlos Augusto Montenegro, que ontem também divulgou seu levantamento, é a pontuação de Eduardo Campos; na Vox, o socialista tem 8%, número próximo aos 7% do Datafolha, de Otávio Frias Filho, e distante dos 13% do Ibope; quem tem razão?

11 de Junho de 2014 às 08:05

247 - Acaba de sair mais uma pesquisa sobre a sucessão presidencial. Ela foi feita pelo instituto Vox Populi, do sociólogo Marcos Coimbra, para a revista Carta Capital. O levantamento confirma o crescimento do senador tucano Aécio Neves, que foi de 16% a 21%. No entanto, a presidente Dilma Rousseff, que manteve os 40% da pesquisa anterior, ainda venceria em primeiro turno.

A principal divergência da Vox em relação ao Ibope diz respeito à pontuação de Eduardo Campos. Na Vox, o socialista marcou 8%, um número próximo aos 7% apontados pelo Datafolha, de Otávio Frias Filho, mas muito distante dos 13% do Ibope, de Carlos Augusto Montenegro.

A soma dos adversários de Dilma ainda seria insuficiente para provocar um segundo turno, uma vez que os 21% de Aécio, somados aos 8% de Campos, 2% do Pastor Everaldo, do PSC, e 1% de José Maria, do PSTU, dariam apenas 32%. Os demais candidatos,apresentados aos eleitores, Randolfe Rodrigues (PSOL), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB) e Denise Abreu (PTN), não chegaram a 1% dos votos.

A pesquisa ouviu 2,2 mil eleitores em 161 municípios.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Diretor do Vox Populi afirma que Datafolha usa amostra errada

Há duas semanas este Blog publicou entrevista com Mauro Paulino, diretor do instituto Datafolha, sobre dúvidas que surgiram na Blogosfera sobre a última pesquisa daquele instituto sobre a imagem da presidente Dilma Rousseff e sobre a corrida para a sucessão presidencial.
Segundo alguns blogs, o Datafolha teria usado dados distorcidos sobre escolaridade dos entrevistados por diferirem dos dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral sobre o eleitorado. E como a pesquisa foi eleitoral haveria, aí, uma dúvida sobre sua veracidade.
O diretor do Datafolha argumentou que os dados do TSE são defasados e que pela sua própria metodologia o instituto constatou forte queda da presidente em todos os estratos sociais, regiões do país e em todas as faixas etárias e de gênero.
Surge, na terça-feira, pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (a 114ª) que deixou de ser feita com o instituto Sensus e agora se vale do instituto MDA. Essa pesquisa acaba confirmando o Datafolha, em larga medida.
Agora, o diretor do instituto Vox Populi, doutor Marcos Coimbra, fala ao blog sobre a metodologia do Datafolha, que considera errada, e sobre o quadro político, manifestações e sobre as eleições de 2014.
A longa entrevista, que durou cerca de uma hora, você confere abaixo.
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Blog da Cidadania – Doutor Marcos, é um prazer conversar com o senhor. Há muito tempo espero por essa oportunidade porque sou fã de seus artigos e também – por vir acompanhando pesquisas há anos – do trabalho do instituto Vox Populi.
Marcos Coimbra – Eduardo, a admiração é recíproca porque também sou seu leitor e admiro muito o seu trabalho.
Blog da Cidadania – Obrigado, doutor Marcos. É muito bom saber disso.
Quero, então, pedir ao senhor que comente a pesquisa Datafolha divulgada recentemente e também a pesquisa MDA, feita para a Confederação Nacional dos Transportes e divulgada na última terça-feira.
Ambas mostraram uma pronunciada queda de aprovação da presidente Dilma Rousseff. Nesse aspecto, também peço seus comentários sobre a explicação que o diretor do Datafolha, doutor Mauro Paulino, deu a dúvidas que surgiram sobre a amostragem do nível de escolaridade de seus entrevistados, pois aquele instituto deu um peso muito maior aos eleitores com nível superior do que aquele que é dado pelo TSE.
Segundo o diretor do Datafolha, seu instituto usa uma outra amostragem porque a amostra do TSE, segundo ele, seria “defasada” em relação à realidade atual. O senhor concorda com ele?
Marcos Coimbra – Bom, Eduardo, o TSE não tem uma atualização das estatísticas sobre o eleitorado. As suas são baseadas no registro do eleitor ao se cadastrar ou se recadastrar como tal na Justiça Eleitoral a fim de tirar ou renovar o título de eleitor. Nesse sentido, acaba havendo uma sub-representação da parcela do eleitorado que adquire mais escolaridade depois de se registrar na Justiça Eleitoral.
Porém, a amostragem que o Datafolha utiliza em suas pesquisas difere alguma coisa da distribuição do eleitorado, a qual o instituto obtém através de fontes censitárias como as PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) feitas anualmente pelo IBGE…
Blog da Cidadania – Doutor Marcos, então o Datafolha usa dados da PNAD, é isso?
Marcos Coimbra – Não, não é bem isso. O Datafolha obtém no campo a escolaridade. Não vai para o campo com uma cota de escolaridade, como o Mauro Paulino respondeu à sua indagação. Eles têm apenas o sorteio de alguns setores censitários como o tamanho da população distribuído por diferentes categorias de porte urbano e em cada setor a cota é apenas de gênero e de idade. Então, o que eles têm é uma cota em que o entrevistador [do Datafolha] é obrigado a fazer uma determinada proporção de acordo com as faixas etárias e de acordo com o gênero, mas ele não vai para o campo com uma cota de escolaridade ou de renda ou de qualquer outra informação socioeconômica…
Blog da Cidadania – Mas isso não distorce a pesquisa? Porque na pesquisa Datafolha a amostragem de eleitores com nível superior é bem maior do que a do TSE.
Marcos Coimbra – É ligeiramente maior… Quer dizer, que a do TSE é realmente muito maior, como você diz, mas não muito maior do que no IBGE. A proporção no IBGE de eleitores com escolaridade superior é um pouco menor do que a do Datafolha, assim como a proporção de eleitores com ensino fundamental é maior. Mas concordo que a amostragem desses dados não deve ser feita com base no registro do eleitor no TSE porque esse registro é de fato defasado, pois conforme o tempo vai passando desde o registro do eleitor na Justiça Eleitoral as pessoas vão adquirindo mais escolaridade.
Blog da Cidadania – Sim, isso foi o que disse o doutor Paulino. Nesse aspecto, então a argumentação dele está correta?
Marcos Coimbra – Sim, mas o problema na amostra do Datafolha é a não representação da população residente em zona rural. Essa população não é incluída nas sondagens do instituto Datafolha e representa cerca de vinte por cento do eleitorado brasileiro.
Ora, se nós estamos discutindo a imagem da presidente Dilma, a população que reside em zona rural – que o Vox Populi e o Ibope pesquisam – dá uma aprovação bem mais alta a ela do que a população residente em zona urbana.
Mas também há uma outra discrepância na amostra do Datafolha, na distribuição da população em pequenos municípios, com menos de cinco mil eleitores, onde também é maior a aprovação de Dilma.
Então, a discrepância no nível de escolaridade do entrevistado pelo Datafolha é menos impactante do que a discrepância nessas outras variáveis a que me referi.
Blog da Cidadania – Então o problema seria quanto aos pequenos municípios e à zona rural?
Marcos Coimbra – Explico melhor: o problema é que nós, do Vox Populi, trabalhamos com a distribuição do eleitorado e o Datafolha trabalha com a distribuição da população. Por isso é que existe uma discrepância na representação da parcela residente em municípios pequenos, porque a proporção de eleitores nesses municípios é desproporcional em relação à população em geral.
Blog da Cidadania – Isso inclui a zona rural, também, que não aparece…
Marcos Coimbra – A zona rural definitivamente não entra na amostra do Datafolha. E existe uma sub-representação de eleitores residentes em municípios de pequeno porte. Em municípios de vinte mil eleitores para baixo, a representação no Datafolha é inadequada.
Blog da Cidadania – Doutor Marcos, o Vox Populi vai fazer alguma sondagem sobre a popularidade da presidente e sobre a corrida eleitoral?
Marcos Coimbra – Nós vamos divulgar, nos próximos dias, uma sondagem feita em parceria com a revista Carta Capital. Nós já fizemos uma primeira rodada no mês passado e agora estamos fazendo a programação de campo para uma segunda rodada no final de julho.
Blog da Cidadania – Sobre a pesquisa MDA, feita para a CNT e divulgada nesta semana – e que apontou quase a mesma forte queda de Dilma –, o senhor sabe se esse instituto usa os parâmetros do Vox Populi ou se usa os do Datafolha?
Marcos Coimbra – Não conheço a metodologia do instituto MDA. É apenas a segunda vez que esse instituto divulga um resultado nacional. Até então vinha fazendo pesquisas regionais. [Nota do Blog: o instituto MDA só fez pesquisas para a CNT em junho e em julho].
Blog da Cidadania – Seja como for, então o senhor entende que, mesmo havendo uma queda maior ou menor, houve, sim, uma queda forte na popularidade da presidente Dilma…
Marcos Coimbra – Nós concluímos no dia 11 de junho aquela primeira pesquisa que fizemos em parceria com a revista Carta Capital. Foi pouco antes de uma manifestação do Movimento Passe Livre. Então, cerca de dois dias antes daquela manifestação, já se percebia que estava ocorrendo um processo de queda na avaliação positiva do governo e da presidente da República. Em grande parte, aquela queda vinha sendo provocada pela deterioração das expectativas relativas à economia e pela percepção de problemas no que se refere à inflação.
Antes de começar esse ciclo de protestos e manifestações o governo federal já estava enfrentando problemas de imagem. Em relação a outras pesquisas nossas, a presidente já vinha enfrentando uma queda mínima de 10 pontos em praticamente todos os setores [Nota do Blog: setores por escolaridade, renda, região, idade e gênero]
Blog da Cidadania – Mas doutor Marcos, o noticiário sobre problemas na economia e a própria percepção das pessoas sobre problemas nessa mesma economia não se alterou em maio ou em junho, é uma coisa que já se arrasta há algum tempo. Agora, houve uma queda muito mais abrupta no espaço, vá lá, dos 30 dias de junho. Até que ponto, então, o senhor acredita que as manifestações aprofundaram e aceleraram esse processo de desgaste de imagem de Dilma?
Marcos Coimbra – O que ocorre é que o governo entrou nesse momento novo já fragilizado. É verdade que essa fragilização se deveu muito mais à deterioração subjetiva do que objetiva da economia brasileira. Um problema de certa forma crônico que há na economia brasileira e com o qual convivemos desde o Plano Real, que é um nível de inflação na casa de 4, 5 ou 6 por cento ao ano, foi transformado por ação política em um problema agudo, como se estivéssemos atravessando um período de descontrole, descalabro, ameaça de hiperinflação.
O alarmismo foi tão grande que no começo do ano começou-se a falar em apagão elétrico, do nada…
Blog da Cidadania – Ou seja, o senhor atribui à mídia, ao noticiário, um certo efeito de exacerbar uma situação que não chega a ser tão grave?
Marcos Coimbra – Completamente. Nós tivemos uma ação deliberada de desconstrução da imagem do governo fundamentalmente a partir de uma crítica à política econômica que acabou transformando a realidade em um cenário de problema agudo e descontrolado.
Blog da Cidadania – Mas doutor Marcos, aí o que a gente não entende é o seguinte: a mídia exacerba os problemas da economia há muito tempo, desde o governo Lula. Por que só agora esse comportamento dos meios de comunicação surtiu efeito?
Marcos Coimbra – Bom, primeiro acho que tem havido uma dose “a maior” nessa “cartelização” de opiniões sobre o problema econômico. E acredito que nós estamos chegando a um ano de um período de maior bombardeio e de consequente mais intenso desgaste da imagem do governo.
A coalizão governista, o Partido dos Trabalhadores e as lideranças do Partido dos Trabalhadores começaram a sofrer no meio do ano passado com o julgamento do mensalão, que se tornou um assunto obsessivo para a imprensa brasileira.  Do ano passado até agora, eu não tenho memória de um período análogo durante o governo Lula. A não ser durante o período de 2005…
Blog da Cidadania – Exatamente…
Marcos Coimbra – Fora do período de 2005, nem antes e nem depois Lula enfrentou um ano de desgaste tão intenso quanto Dilma enfrentou do julgamento do mensalão em diante, com essa sucessão de críticas à capacidade gerencial do seu governo e, agora, com essas manifestações, vistas claramente, pela mídia, como um sinal de desejo de mudança. E desejo de mudança obviamente que torna alvo quem está no Poder central.
Blog da Cidadania – Eu só não entendo, doutor Marcos, é que o problema de mobilidade urbana é um problema que tem muito mais relação com os governos estaduais e municipais do que com o governo federal. E a polícia que intensificou os protestos por conta de sua violência, da sua truculência em São Paulo, é uma polícia controlada pelo governo do Estado de São Paulo. Ora, foi essa polícia que fez essas manifestações adquirirem a dimensão que adquiriram. Então o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, põe a polícia dele na rua para bater no povo e a presidente da República é quem paga o pato?
Marcos Coimbra – Não, quem paga é todo mundo. Também houve queda de aprovação de prefeitos e governadores pelo país afora e essa queda tem a ver com uma distribuição mais ou menos difusa de responsabilidades…
Blog da Cidadania – Mas a queda da presidente foi muito maior…
Marcos Coimbra – No nosso sistema político, a presidente da República acaba sendo mais responsabilizada. A população se acostumou a achar que “isso é coisa da Dilma”, é “coisa do governo federal”. Enfim, é tudo “culpa deles” e nesse “deles” quem se destaca é o presidente, ou, no caso, a presidente da República.
Blog da Cidadania – Agora o senhor veja uma coisa. Levantei um dado muito interessante. A entrevista de Roberto Jefferson à Folha de São Paulo em 2005, que foi o que detonou o escândalo do mensalão, foi publicada no dia 6 de junho daquele ano, e foi no mesmo dia 6 de junho deste ano que ocorreu a primeira grande manifestação do Movimento Passe Livre em São Paulo.
Em 2005, a popularidade do presidente Lula foi caindo desde junho até dezembro e já no comecinho de 2006 ele se recuperou e venceu a eleição. Que paralelo o senhor traçaria sobre essa coincidência? Afinal, é exatamente ao mesmo tempo de distância da eleição que surge um terremoto político que causa exatamente o mesmo efeito na popularidade do governo e na de seu – ou da sua – titular.
Enfim, o senhor acredita em uma recuperação da imagem da presidente ou acha que vivemos um momento novo e que, por isso, não dá para fazer esse link com 2006?
Marcos Coimbra – Bom, primeiro acho que é semelhante, sim. Em 2005, as oposições políticas e civis consideraram que o governo não conseguiria chegar a 2006 em condições competitivas. Mas agora, conhecendo a experiência de 2006, acredito que não voltaremos a ter uma coisa semelhante, no sentido de as oposições se acomodarem e esperarem Dilma “sangrar” naturalmente. Elas insistirão na estratégia – ou em uma soma de estratégias – de não dar trégua, de forma a não perderem a eleição de 2014.
Temos que entender que a derrota no ano que vem seria muito complicada para as oposições, porque significaria que elas chegariam a 2018 em condições muito difíceis de disputa. Seria preciso até balizar com que nomes elas chegariam até lá.
Assim sendo, como Dilma foi adquirindo uma popularidade muito alta, passou a ser fundamental intervir o quanto antes para evitar que o cenário de uma vitória dela em 2014 se consolidasse.
Blog da Cidadania – O senhor acha que essas manifestações foram espontâneas ou o senhor vê uma estratégia política, uma utilização dessas massas na luta para recuperar o poder?
Até onde se sabe, alguns partidos de esquerda como o PSOL e o PSTU influenciaram as manifestações. Depois essas manifestações foram tomadas, praticamente, pela direita e inclusive por movimentos de ultradireita, tais como neonazistas etc.
Haveria alguma estratégia política por trás das manifestações?
Marcos Coimbra – Não tenho nenhuma informação que comprove que tudo se deu a partir de uma estratégia concentrada a partir de um núcleo político qualquer, mas isso não quer dizer que as manifestações não acabaram tendo essa consequência de minar a popularidade do governo. Porque, a meu ver, a grande maioria dos manifestantes Brasil afora, o grosso dessas manifestações, sempre foi para o antipetismo.
Blog da Cidadania – Daqui até as eleições, que possibilidades o senhor enxerga para o governo retomar a boa condição política que tinha até meados de maio?
Marcos Coimbra – Primeiro, nós temos um ano e alguns meses até a eleição. Em um ano, como já vimos em governos anteriores, foi possível se recuperarem.
A questão é que os problemas não são basicamente econômicos. Os sinais são confusos. Tenho visto, nos últimos dias, pessoas que não têm nenhuma simpatia pelo governo ou pelo PT dizendo que é muito provável que tenhamos um crescimento na economia deste ano bem maior do que o do ano passado. Assim como é muito provável que tenhamos inflação sob controle até o final do ano.
Então, com inflação sob controle, pleno emprego, população com poder de compra alto e crescimento melhor será muito difícil insistir na argumentação de que o país está indo à bancarrota, que foi praticamente o tema desses últimos 3 ou 4 meses.
Além disso, a favor de Dilma tem um fator que é muito forte em nossa cultura que é a inércia da reeleição. As pessoas refletem que é até possível que este governo não seja o ideal, mas sabem que os outros políticos que conhecem não fizeram muito melhor.
Blog da Cidadania – Só o que preocupa, doutor Marcos, é que não se acredita que a população tenha sentido na pele qualquer tipo de problema antes de ocorrer o terremoto político dos últimos meses. O emprego vem crescendo há muito tempo. Até aqui, o país vem vivendo uma situação de pleno emprego e crescimento da renda.
Então, a pergunta é: o que levou um setor da sociedade – acho que o senhor irá concordar que foi uma classe social que foi à rua e não “o povo” – a se manifestar não foi um sentimento de piora na qualidade de vida.
A população em geral não perdeu qualidade de vida. Ainda assim, comprou essa ideia de que o país estava indo mal. A queda da popularidade do governo, então, pode ter sido causada por um pico de inflação, aquela história do tomate, ou o que mais, de concreto, pode ter gerado tanto descontentamento?
Marcos Coimbra – Veja que não houve uma deterioração objetiva da economia, no sentido de as pessoas sentirem problemas na pele. O que nós estamos falando é que foi construída uma imagem – que é muito mais subjetiva do que objetiva – de que o país estava “indo mal” e um dos “sintomas” desse “estar indo mal” vêm sendo o baixo crescimento da economia e o aumento da inflação. E então esses dois temas foram insistentemente tratados por toda indústria da comunicação nos últimos seis meses e isso teve efeito.
Não que as pessoas estivessem vivendo uma crise, mas ficaram com a sensação de que as coisas estavam “indo mal”. Ficaram inseguras em relação ao futuro imediato. É disso que estamos falando.
Além disso, a confusão que se criou em algumas cidades, isso contribui para essa sensação de insegurança.
Você ver na televisão, ler no jornal, perceber através da internet que tem gente dando tiro… Tem fogo, tem bala, tem fumaça, tem gente morrendo na rua. Isso aumenta muito a sensação de insegurança também entre a parcela da população que não foi para a rua e que não está vivendo uma situação objetiva de piora da própria qualidade de vida. Isso faz a população sentir-se menos satisfeita.
Essas pessoas já estavam inseguras com relação à economia, por conta do noticiário, e ficaram mais inseguras ainda quando viram esse cenário que eu não conhecia na história política brasileira a não ser nas manifestações contra a ditadura em 1968, uma coisa remota.
Blog da Cidadania – Então o senhor entende que a mídia teve um papel preponderante nessa, digamos assim, desmoralização do governo se valendo de alguns fatos concretos como inflação, baixo crescimento. E o tiro de misericórdia, então, teria sido a ida de um setor da sociedade – ou de uma classe social – à rua, conferindo verossimilhança ao que a mídia diz.
Seria mais ou menos isso, doutor Marcos?
Marcos Coimbra – É, mais ou menos isso… E, aliás, não é por outra razão que exatamente esses mesmos veículos de comunicação se transformaram em defensores do povo na rua. Coisa que jamais tinham sido na história brasileira.
[...]
—–
Assim, fica concluída a entrevista. Contudo, o doutor Marcos Coimbra cometeu um engano na sua última resposta. Já existiu forte apoio da grande imprensa a movimentos de rua, sim. Essa “grande imprensa” apoiou, com fervor, as manifestações de rua que antecederam o golpe de 1964…

terça-feira, 16 de outubro de 2012

As pesquisas e a volatilidade das nuvens


Por Antonio Fernando Beraldo em 16/10/2012 na edição 716

Para Matheus Jacometi Masson

Não dá para não desconfiar: Fernando Haddad 47% vs. José Serra 37% (Datafolha, 11/10)! Mas, como? No domingo das eleições (7/10) o resultado não foi Serra 31% e Haddad 29%? Elementar, meu caro: “2º turno é outra eleição”. Sim, mas a decisão e a migração são assim tão automáticas? Dia seguinte, o Ibope confirmatório: Haddad, 48% vs. Serra, 37%. Mas assim mesmo, cifras exatamente iguais? Será que os dois institutos “combinaram”? Só falta aparecer o Vox Populi e dar Serra 52% vs. Haddad 48%... Para o eleitor, principalmente aquele que se guia pelas pesquisas – muito mais gente do que se pensa –, é um nó na cabeça.
Nestas eleições, mais uma vez, os institutos acertaram muito mais que erraram, mas a visibilidade dos erros em algumas capitais distorce esta percepção. No Rio, que era o resultado mais previsível, a reeleição do Paes foi quase milimetricamente de acordo com o previsto pelo Ibope e o Datafolha. Porém, no Recife, Geraldo Júlio (PSB) ganha no primeiro turno, 51,2%, ao contrário da previsão do Datafolha – mas o Ibope acertou. O Ibope errou em Curitiba (Fruet subiu mais de 7% às vésperas da eleição), Salvador (ACM Neto chegou à frente, invertendo o previsto), Natal (a pesquisa de véspera tinha dado Carlos Eduardo (PDT) com 51%, mas terminou com 40%), e errou feio, mesmo, em Manaus (era empate técnico na pesquisa, mas Artur Virgílio Neto chegou quase 20% na frente). Pegou mal, muito mal.
Conclusão óbvia
O Datafolha, bem intencionado em tentar explicar o fluxo errático dos números, aprofunda a análise da queda do Russomano (de 35% para 25%) e provoca um tsunami de percentagens difíceis de entender até para quem é do ramo: “Haddad lidera entre os não convictos em Russomano” (Folha de S.Paulo, 5/10). Inventou um tal de “grau de convicção”, e pergunta ao eleitor que é convicto em Russomano, mas cujo voto ainda pode mudar, quem teria mais chances de receber o voto”... Nesse perde-e-ganha, os não-tão-convictos em Serra (26%) podem votar Russomano (32%) ou Haddad (24%). E, já que as mulheres antecipam a tendência do eleitorado (segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha), e Russomano perdeu 12% entre elas, está na cara (dos candidatos) que o voto migra para Haddad, bonitão, e não para o Serra, óbvio (mulheres decidem seu voto também por esta característica, sim).
Na mesma época, o Ibope (Globo e Estado de S.Paulo) dava 34% dos votos válidos para o Russomano (!), e o Metrô News explica que a queda do Haddad era devido ao mensalão – e, cheio de malícia, não diz que a intenção de voto em Russomano, num levantamento anterior era de 41%...
Chega de explicações. Antes de prosseguir, relembremos um pouco de estatística, ou não – o leitor, em caso de ceticismo absoluto, pode saltar os parágrafos seguintes. Uma das maneiras de conhecer o que se passa nos corações e mentes de um grupo muito numeroso (a intenção de voto em um contingente eleitoral, por exemplo) é utilizar um método estatístico conhecido como amostragem-inferência probabilística, que consiste, molto grosso modo, em:
1. Os eleitores são embaralhados, isto é, procura-se uma maneira de que, idealmente, cada eleitor tenha a mesma probabilidade de ser sorteado que qualquer outro. Existem várias maneiras de embaralhar eleitores – não confundir com embromar eleitores. Isso depende do nível de informação que se tem sobre a distribuição desses eleitores no município, na região, no país.
2. Deste contingente eleitoral (o universo), devidamente embaralhado, sorteia-se uma amostra, que é um conjunto de tamanho muito menor do que o universo. O tamanho da amostra depende uma série de condições: tipo da amostragem, nível de confiança, quantidade de grana que o partido dispõe, e, principalmente, de uma medida chamada margem de erro, que é calculada (tem uma “formulinha” para isso). Se o candidato quer 5% (para cima e para baixo), sorteamos 384 eleitores; se deseja 4%, sorteamos 600 eleitores; 3%, 1.067 eleitores; 2%, 2.401 eleitores (este “1” é muito importante...); e, no caso do caixa 2 do partido permitir, margem de erro de 1%, 9.604 eleitores (!). Isto é muita grana. Para se ter uma ideia, a pesquisa do Datafolha em Curitiba, sobre o 2º turno, entrevistará 1.280 pessoas e custará 71 mil reais. [A esse propósito, ver, neste Observatório, “Pequeno manual para enfrentar a pesquisite”, parte 1 e parte 2.]
3. Aí, se for pesquisa do Ibope, alguém bate à porta do eleitor sorteado, e faz três perguntas:
>> P01: O(A) sr.(sra.) é eleitor(a) aqui na cidade? Se não, agradeça e encerre.
>> P02: Se a eleição fosse hoje, em qual dos candidatos (mostra os nomes dos candidatos, se for pesquisa estimulada, e espera pacientemente o eleitor se esforçar em lembrar, se for pesquisa espontânea) o(a) sr.(sra.) votaria?
>> P03: Se a eleição fosse hoje, em qual dos candidatos (idem, idem) o(a) sr.(sra.) não votaria de jeito nenhum? Muito obrigado.
Caso seja uma pesquisa do Datafolha, o eleitor, desprevenido, é abordado na rua, num local de grande movimento. É a pesquisa chamada “no fluxo”, que é um nome mais bacaninha do que “a esmo” (mas é a mesma coisa). Na pesquisa no fluxo, os coletores cumprem cotas, isto é, tem tantos homens, mulheres, jovens, adultos, ricos, pobres etc. para entrevistar. Este método, embora não seja rigorosamente probabilístico, tem as suas vantagens, por ser mais rápido e bem mais barato – as amostras podem ser maiores, e os eleitores são mais fáceis de “achar”. Parece simples, não?
Mas é justamente aí que mora o perigo. Calcular o tamanho da amostra é fácil, mandar coletores à rua, também, mas fazer um plano amostral eficaz (saber onde estão os eleitores a serem entrevistados) é briga de cachorro grande. É neste ponto onde o risco de derrapar é imenso. O pessoal dos institutos sabe do que eu estou falando.
4. Feitas as contas, o instituto divulga o resultado da enquête (como diria minha avó): candidato A, 32%; candidato B, 28%, e candidato C, 18%. E diz que a margem de erro foi de 2%, ou seja, o candidato A podeter entre 30% e 34% (2% a mais ou a menos do que os 32% da pesquisa). O que o instituto não diz, ou diz com letrinhas de contrato (Arial, tamanho 6, cor cinza), é que isto é uma probabilidade, ou seja, há umaprobabilidade de 95% de que a votação de A esteja entre 30% e 34%. E que há uma probabilidade de 5% de que sua votação esteja fora destes limites.
Dizendo mais, o candidato A pode ter até 51%, embora a probabilidade disso acontecer seja muito pequena – mas pode acontecer (é a mesma chance de alguém morrer atropelado por um velocípede desgovernado). Então, se você conseguiu percorrer essas tediosas linhas, deve ter concluído que... TODAS AS PESQUISAS ESTÃO CERTAS!
Mudanças bruscas
É isso mesmo. Eu, você, o instituto, o(a) candidato(a), aquele(a) chato(a) do boteco, a vizinha faladeira, seu chefe, sua senhora, e até aquele espumante militante do PT, todos nós estamos absolutamente certos quando atribuímos qualquer valor à intenção de voto em A, entre 0% e 100%. E que fique claro: não dá para prever nada se nossos prognósticos (como diria papai) forem únicos. Nós temos que refinar nossa prognose, dando, no mínimo, três palpites ao longo do tempo. É o que se chama de “verificar a tendência” do eleitor. E estaremos todos certos, e todos errados, embora com muito menos técnica, e muito menos embasados do que os institutos.
Mas o que interessa mesmo é atentar para um fato que está derrubando os ibopes da vida, e que me parece, no momento, impossível de ser incluído no modelo estatístico: o índice de abstenções. No Brasil, nessas últimas eleições, foram 22 milhões de eleitores: 13 milhões de pessoas que se deram ao trabalho de comparecer nas seções eleitorais e votaram “em branco” ou “nulo”; 9 milhões (mais de 16%), nem isso: simplesmente não compareceram às urnas para exercer seu direito.
No Rio, dos 4,7 milhões de eleitores habilitados, mais de 965 mil – o equivalente a 20,45% do total – fizeram no show (provavelmente foram tomar banho de mar, ou de bar). É mais gente do que os eleitores que votaram no candidato do Psol, Marcelo Freixo (2º lugar). Em São Paulo, são inacreditáveis 30% (!) entre ausências, votos brancos e nulos – a dupla Serra/Haddad foi votada por apenas 42,5% dos eleitores.
Na minha cidade, Juiz de Fora (MG), o percentual de gente quem nem foi votar chega a mais de 17%, o maior do estado, e muito superior à votação do candidato 3º colocado. E os especialistas preveem que este número será ainda maior, caso o dia 28/10 traga aquele sol de prometidas delícias, e o trânsito na cidade continue estúpido e desanimador (para dizer o mínimo). Para que sair de casa e enfrentar uma fila naquele calorão, para votar em “alguém que não vai fazer nada de bom, pelo contrário”, se tem aquele churrasco e aquela cerveja gelada me esperando, junto à piscina, com os amigos?
Mas, se estiver chovendo, não vai dar para sair, não, pode resfriar... e, depois, é só baixar na internet um formulário para justificar a ausência e levar ao cartório eleitoral, com um atestado médico (por exemplo, meu papagaio estava constipado). E, de tabela, que a estatística ainda registre meu protesto, meu desânimo e minha recusa a passar por trouxa, mais uma vez.
Finalizando, o que fazer? Abandonar as pesquisas e nos guiarmos pelos palpites da turma que fica fofocando nas “bocas malditas”? Nem pensar. Precisamos é de mais e mais pesquisas, mais e melhores, aperfeiçoadas à medida que os (bons) profissionais aprendam com os erros e acertos. Refinar os métodos estatísticos, as técnicas de pesquisas, buscar este retrato fugidio, este número-notícia que muda a cada hora.
Magalhães Pinto dizia que política é como as nuvens: você olha para o céu e elas estão de um jeito, olha de novo e elas estão fazendo outra figura. Intenção de voto é a mesma coisa. Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, e excelente profissional, “um dia é muito, em se tratando de eleição municipal” (OGlobo, 9/10), e, para o Ibope, “está dentro das estatísticas” o instituto errar 5 em cada 100 pesquisas. “Eleição municipal é dinâmica, a volatilidade da decisão é maior e é comum ocorrerem mudanças bruscas. No sábado (6/10), 28% dos paulistanos não citavam candidato na pesquisa espontânea, o que demonstra que o eleitor está decidindo cada vez mais tarde. Pesquisa é retrato do momento, por isso apenas a boca de urna pode ser comparada ao resultado do TSE” (Folha, 11/10).
É isso aí, falou (contou, mediu) e disse.
***
[Antonio Fernando Beraldo é engenheiro e professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora
]

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PF intimará Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi

Compareci nesta quarta-feira (7/12) à sede da Polícia Federal em São Paulo atendendo a intimação para que lá comparecesse a fim de ratificar – ou não – informações contidas em representação que o Movimento dos Sem Mídia protocolou no ano passado no Ministério Público Federal (Eleitoral) contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi e para eventualmente oferecer novas informações.
A ONG Movimento dos Sem Mídia, por conta de denúncias veiculadas pela imprensa em 2010 que davam conta de que institutos de pesquisa teriam praticado fraudes em favor do candidato José Serra ou da candidata Dilma Rousseff, representou à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo investigação e a mesma determinou à Polícia Federal que abrisse o inquérito.
Apesar do grande atraso, agora o processo começou a andar.
Fui atendido pelo delegado Fernando Reis, da Delegacia de Defesa Institucional, que cuida justamente de crimes eleitorais. Ele pediu que eu ratificasse ou não os termos da Representação que assinei em nome do MSM e perguntou se tinha outros elementos a oferecer.
Abaixo, a declaração que assinei não apenas ratificando o que dissera anteriormente, mas esclarecendo a natureza da iniciativa da ONG.

Apesar de o delegado ter concordado comigo que a representação está fundamentada pelo fato de que quem levantou a hipótese de fraude nas pesquisas foi ao menos um dos investigados, a Folha de São Paulo, dona do Datafolha, que acusou publicamente – e mais de uma vez – os institutos Sensus e Vox Populi de usarem planilhas de pesquisa que teriam induzido os entrevistados a declararem voto em Dilma Rousseff, o policial se queixou, em tom confessional, de que quem poderia ter investigado a denúncia do MSM a tempo, a Procuradoria Geral Eleitoral, em vez de investigar remeteu caso a PF, o que retardou e tornou mais difícil a investigação.
Sempre usando o mesmo tom confessional – apesar de não ter recebido de mim qualquer garantia de sigilo quanto ao que estava sendo dito –, informou-me de que seria difícil tomar providência devido ao tempo transcorrido desde a denúncia, mesmo achando que a mídia “manipula mesmo, tanto para a direita quanto para a esquerda”, uma afirmação da qual este blogueiro discorda, pois, em sua opinião, a mídia brasileira é toda de direita.
Ungido por presença de espírito advinda de seu grande interesse em colaborar com a lei, este intimado houve por bem lembrar ao douto policial que, assim como o PSDB conseguiu investigar pesquisa Sensus, ano passado, enviando especialista contratado à sede do instituto para examinar as planilhas das entrevistas da pesquisa da qual o partido, à época, não gostou, a Polícia Federal poderia fazer o mesmo, pois a lei eleitoral determina que as planilhas das entrevistas devem permanecer arquivadas.
Além da informação sobre como fazer, este intimado também revelou ao delegado por que fazer – porque temos eleições, ano que vem, e se as denúncias dos próprios institutos contra seus concorrentes forem ignoradas será escancarada uma porta para novas fraudes, o que, em uma questão como processos eleitorais, constitui legítimo atentado à democracia.
Naquele momento, produziu-se uma luminescência no olhar do doutor Reis, seguida por uma declaração animadora:
O senhor me deu uma idéia. Vou pedir essas informações aos institutos”.
Em resumo, portanto, a Polícia Federal do Brasil, de acordo com as palavras de seu delegado, intimará os institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi a fornecerem as planilhas de cada uma das pesquisas citadas na representação do Movimento dos Sem Mídia, planilhas que, como se sabe, têm nome, endereço e telefone dos pesquisados, bem como as informações sobre metodologia, para que tudo seja submetido a análise pericial.
Resta relatar que o delegado da Polícia Federal doutor Fernando Reis concordou com este blogueiro que diferenças de até 12 pontos percentuais entre pesquisas realizadas com intervalo de poucos dias, como ocorreu com aquelas que deram causa à representação em tela, não são aceitáveis e denotam que alguém andou mentindo. E, em sendo assim, a investigação proposta poderá, sim, apontar quem foi.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Vox Populi: Dilma 51%, Serra 39%

Agora que a campanha despertou, com manifesto de intelectuais, artistas, religiosos, juristas e dos movimentos sociaise com atos de rua como o abraço à Petrobras na próxima quinta-feira, é bom ver que os indicadores de Dilma também começam a subir. Quem votou em outros candidatos no primeiro turno já percebeu que agora é o Brasil do avanço ou o da roda presa. O Brasil do povo ou o dos vendilhões. E isso tende a fazer Dilma crescer ainda mais do que mostrou o Vox Populi nesta madrugada.

De acordo com o instituto, que fez sua segunda pesquisa neste segundo turno, Dilma subiu de 48% para 51% das intenções de voto e Serra caiu de 40% para 39%. O crescimento de Dilma se deu sobre os indecisos, que passaram de 6% para 4%. Brancos e nulos permaneceram em 6%.
Considerados apenas os votos válidos, a vantagem de Dilma é ainda maior, 57% contra 43% do tucano. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual.
Com toda a exploração da questão do aborto, Serra tem 44% entre os eleitores que se declaram evangélicos, contra 42% de Dilma. Considerando a margem de erro, é empate técnico. Dilma vence entre os católicos praticantes (54% a 37%), entre os católicos não praticantes (55% a 37%) e entre os que se declararam ateus (49% a 36%).
Dilma também ganha entre todas as faixas etárias, entre homens e mulheres e entre as diferentes cor de pele, com vantagem maior entre os que se declararam negros (59% a 29%). A única vantagem de Serra fora da margem de erro se dá na faixa dos que têm nível superior (47% a 40%).
Segundo o Vox Populi, 89% dos entrevistados disseram estar decididos enquanto 9% admitiram que ainda podem mudar de ideia. Entre os eleitores de Dilma a consolidação do voto é maior, 93%. No eleitorado de Serra, 89% disseram que estão decididos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Marcos Coimbra: O “povão” e a nova maneira de avaliar os candidatos


por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense
A premissa da democracia eleitoral, na sua acepção contemporânea, é a liberdade do eleitor para definir seu voto. Cada um faz o que quer com ele. Consulta a consciência, toma sua decisão e a deposita na urna (no Brasil, digita o número de seu escolhido). Uns não são mais livres que outros. Ninguém é obrigado a votar como os demais e nem a selecionar seus preferidos da mesma maneira que os outros.
Não cabe discutir critérios de escolha. Não existe o modo certo de votar e o errado. Algumas pessoas definem seu voto levando em conta elementos que outras desconsideram. É possível que uns pensem ser fundamental algo que outros têm certeza que é irrelevante. Só os muito arrogantes acham que todos deveriam usar o critério deles.
Daqui a três dias, faremos uma eleição presidencial diferente das anteriores. Nela, os eleitores estão sendo convidados a pensar de uma nova maneira: avaliar os candidatos pelo que representam e não pelo que são no plano pessoal.
Nossa cultura política sempre privilegiou a personalidade e as características pessoais dos candidatos como elementos diferenciadores na tomada das decisões de voto. Até hoje, quando se pergunta, nas pesquisas de opinião, o que é mais importante na hora de escolher determinado indivíduo para um cargo (especialmente no Executivo), a maioria dos entrevistados responde sem titubear: “a pessoa do candidato”.
Essa primazia da dimensão individual leva a que as campanhas se transformem em passarelas nas quais os candidatos desfilam, disputando os olhares e as preferências. Qual o mais preparado? Quem fala melhor? Qual o mais “preocupado com os pobres”, o mais “maduro”, o “mais honesto”?
É um modelo de decisão ingênuo e estressante para o eleitor comum. Que certeza pode ter de que consegue enxergar o “íntimo” dos candidatos, seus verdadeiros sentimentos? Como escolher, se todos se metamorfoseiam naquilo que procura? Se todos se exibem de maneira parecida e falam coisas praticamente idênticas (pois todos mandam fazer pesquisas de “posicionamento” e se orientam por elas)? Como separar o joio do trigo, o bom candidato do mau?
Nestas eleições, muita gente ainda pensa dessa maneira, mas há uma nova, posta na mesa pelo principal ator de nosso sistema político. Nela, o foco da escolha deixa de ser o artista e passa a ser a obra.
Por muitas razões, Lula foi levado a apresentar essa proposta ao eleitorado. Talvez porque não tivesse, do seu lado, a opção da candidatura de um “notável”, talvez porque calculasse que teria mais sucesso desse modo, ele terminou propondo uma mudança na lógica da escolha. Ao invés de cotejar biografias e personalidades, que a eleição fosse uma comparação dos resultados obtidos pelos partidos no exercício do poder.
Goste-se ou não de Lula, essa proposta é uma inovação em nossa cultura. Ela oferece uma base racional para a escolha, na qual várias ilusões saem de cena. O mito do “herói solitário”, do “candidato do bem”, capaz de reformar sentimentos e prioridades, é apenas um, mas dos mais importantes. Chegou a eleger um presidente há 20 anos.
A candidatura Dilma foi sempre o inverso disso. Ela convocou as pessoas a considerá-la pelo que representava, não por seus atributos pessoais. Sua mensagem era clara: “Olhe para o que proponho, para quem está comigo, para o que fizemos no governo, de certo e de errado. Faça o mesmo com meu adversário principal. Compare e decida”.
Serra começou a campanha acreditando que os eleitores continuariam a pensar com o modelo de antes, baseado na disputa de biografias. Sua experiência e história bastariam para elegê-lo, se isso ocorresse.
Visivelmente, a hipótese não se confirmou. A vasta maioria do eleitorado até admite que seu currículo é melhor que o de Dilma. Mas pensa em votar levando em conta outros fatores.
Nestes últimos dias, uma nova encarnação da forma antiga de escolher está em voga: a “onda Marina”. Ela tem tudo que conhecemos de algumas candidaturas do passado: a “solidão”, a “sinceridade”, a “boa vontade”. Perguntada sobre como governaria, é franca: com os “bons” dos dois lados. Ou seja, está sozinha.
Só um romantismo quase pueril acreditaria que é possível governar assim. Mas é tão arraigada a fantasia a respeito das “pessoas de bem que mudam o mundo da política” que muita gente, especialmente na classe média metropolitana, se seduz por ela.
O “povão”, mais realista, olha isso tudo com descrença.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Golpe da pesquisa fracassará de novo

Posted by eduguim on 29/09/10 • Categorized as Opinião do blog  BLOG-CIDADANIA.

Tracking é uma modalidade de sondagem da intenção de voto da opinião pública que é largamente utilizada pelos partidos devido à sensibilidade que propicia na detecção de oscilações – ou de falta delas – de tendências durante as campanhas eleitorais
O tracking é feito por telefone diariamente, usando os mesmos critérios estatísticos das pesquisas “de campo” – modalidade em que as entrevistas são feitas pessoalmente. Não visa tanto apurar percentuais, porque não é tão preciso, mas antecipar tendências.
Por isso os partidos utilizam tanto essas sondagens, para detectarem se os seus candidatos estão ganhando ou perdendo terreno no decorrer do tempo exíguo de uma campanha, quando um dia vale por semanas e uma semana, por meses.
O portal IG e a TV Bandeirantes inovaram nesta campanha eleitoral ao oferecerem ao público uma ferramenta de aferição da opinião do eleitorado que, até então, só estava disponível aos partidos.
Para tanto, o portal e a tevê escolheram o instituto que mais acertou nesta campanha eleitoral para presidente da República, o Vox Populi, que foi quem primeiro detectou o empate entre Serra e Dilma e, depois, a ultrapassagem de um pela outra.
O tracking do Vox Populi não mostra nada parecido ao que mostrou o Datafolha ontem. Com base nesse fato e me valendo da mais pura lógica, concluí que o Datafolha e – provavelmente – o Ibope são a última cartada da direita midiática para tentar levar a eleição presidencial ao segundo turno.
Sim, a sondagem diária do Vox Populi detectou redução das intenções de voto de Dilma, estabilidade de Serra e crescimento de Marina em proporções similares à do “campo” do Datafolha. A queda da vantagem da petista de fato ocorreu.
Contudo, não vamos nos esquecer de que a vantagem de Dilma no Datafolha sempre foi a menor entre todos os institutos – por que será, não? Sendo assim, a diminuição dessa vantagem no instituto de pesquisas da Folha deixa o segundo turno muito mais perto do que pode estar realmente.
Como Dilma abriu uma vantagem enorme sobre os adversários com o início do horário eleitoral, seria preciso muito mais adesão do eleitorado à campanha difamatória que ela sofreu da imprensa tucana para que a sua vitória já no primeiro turno não ocorresse.
Aliás, uma excelente evidência de que Serra voltou a determinar aos seus meios de comunicação que usassem pesquisas para ajudá-lo reside no fato de que tais meios passaram a ignorar que todas as recentes oscilações nas intenções de voto ocorreram dentro da margem de erro.
Não se pode negar que a campanha difamatória da mídia contra Dilma surtiu algum efeito eleitoral e que esse efeito ocorreu porque de fato alguma coisa parece ter ocorrido na Casa Civil. Mas isso é só uma suposição que só uma investigação apurada poderá confirmar.
É normal que a imprensa apure fatos como esse. O que é anormal é que apure só no governo Lula fatos que podem ocorrer em qualquer governo, e que despreze denúncias sobre o governo de São Paulo ou contra a filha de Serra e suas relações com o esquema Daniel Dantas.
A desculpa que a ombudsman da Folha deu a um leitor sobre por que o jornal escondeu as denúncias da Carta Capital, é um escândalo. Dizer que nada foi publicado porque tais denúncias ainda estão sendo apuradas é um insulto à inteligência das pessoas.
Que apuração a Folha fez para publicar a ficha falsa da Dilma na primeira página depois de recebê-la em um e-mail apócrifo?
Mais uma vez, julgo que fraudar pesquisas não surtirá o efeito pretendido. Já foi tentado durante meses e meses e não impediu que Dilma passasse sobre Serra como um trator.
Dirão que na reta final da eleição as pessoas prestam muito mais atenção a pesquisas. Aí entra em campo aquela teoria de que muitos quereriam votar em quem ensaia uma virada porque sentir-se-iam estimulados a materializá-la – talvez por ser mais emocionante?
Contudo, o bombardeio contra Dilma e as pesquisas favoráveis a Serra tendo exclusividade na grande mídia durante todo este ano, seguramente atingiram muito mais gente do que o Datafolha poderá lograr em tempo tão exíguo. Assim mesmo, não funcionou.
Dessa maneira, já lhes adianto o resto do roteiro desse filme velho. A pesquisa Datafolha pretendeu desencadear um efeito manada. Enquanto escrevo, o instituto já começa a apurar o efeito que a “queda” exagerada da vantagem de Dilma produziu no eleitorado.
Nesse momento, surgem duas possibilidades. Se tiver ocorrido queda maior, agora desencadeada pela notícia de que tal queda ocorreu, haverá nova queda exagerada no próximo Datafolha. Se o efeito tiver sido insuficiente ou nulo, a próxima pesquisa desse instituto dirá que Dilma “reagiu” – o Datafolha não pode ser desmentido dois ou três dias depois pela apuração dos votos.
A pesquisa Sensus, que deve sair hoje, provavelmente mostrará que, mesmo com queda da vantagem petista, o segundo turno está longe. A Globo esconderá isso e é bem provável que Folha e Estadão nem publiquem ou publiquem escondido nas páginas internas.
A grande questão, portanto, é se a manipulação do Datafolha de exagerar a diminuição da vantagem de Dilma terá o efeito pretendido. E se funcionará agora, por estarmos tão perto da eleição, mesmo não tendo funcionado no decorrer deste ano.
Apesar do clima de reta final na campanha, durante este ano a tática tem fracassado em desencadear o efeito manada na dimensão desejada. Haveria que ocorrer em uma semana o que não ocorreu em nove meses, pelo menos. Não creio que ocorrerá agora.