Sugestão: Gérsio Mutti
Tudo indica que Irlanda recorrerá a pacote de resgate da União Europeia. Gregos, por sua vez, cogitam prolongar a duração do pagamento de empréstimos junto à UE e ao FMI, enquanto Portugal recebe oferta de ajuda chinesa.
A situação econômica de Irlanda, Grécia, Portugal continua a ocupar espaço na mídia europeia. No caso da Irlanda, estão cada vez mais evidentes os sinais de que ela receberá ajuda europeia. Isso apesar de tanto Dublin quanto a União Europeia terem negado que estariam em negociações para um pacote de resgate financeiro devido à crise de endividamento irlandesa.
O jornal Die Welt anunciou neste domingo (14/11) que já nesta semana Bruxelas discutirá, concretamente, sobre a ajuda financeira ao endividado país da zona do euro. Segundo o diário alemão, a solicitação de um pacote de resgate para a Irlanda semelhante ao da Grécia parte principalmente de Portugal e da Espanha. Os governos dos dois países estariam temerosos de serem os próximos a caírem na linha de fogo, observou o periódico alemão.
Neste domingo, o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, anunciou à margem da cúpula dos países da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na cidade japonesa de Yokohama, que estaria certo de que a Irlanda conseguiria resolver seus problemas, mas “se os irlandeses algum dia precisarem do apoio do FMI, estamos naturalmente prontos para ajudar”.
Endividamento 100%
A Irlanda se encontra em uma situação econômica difícil. O Pacto de Estabilidade do Euro prevê um endividamento orçamentário máximo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para os países da zona do euro. Neste ano, este índice alcançou 32% na Irlanda. O país deve um total de 160 bilhões de euros, ou seja, 100% de seu PIB.
Segundo o direto do instituto de pesquisas econômicas de Hamburgo HWWI, Thomas Straubhaar, a Irlanda “não conseguirá sair do aperto por esforço própria”. Ainda segundo o Die Welt, diplomatas europeus esperam que a Irlanda recorra a até 70 bilhões de euros do fundo de resgate europeu.
Na última sexta-feira, o ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, negou em entrevista à emissora de rádio RTE que seu país esteja inadimplente. Na noite deste sábado, no entanto, a emissora britânica BBC anunciou, sem citar fontes, que a endividada Irlanda já teria iniciado as negociações com diplomatas europeus.
Problemas gregos
Já na Grécia, o semanário Proto Thema relatou que o FMI e a UE terão provavelmente que esperar mais tempo para receber de volta o dinheiro que emprestaram a Atenas. “A questão está sobre a mesa”, declarou ao semanário o primeiro-ministro grego, George Papandreou.
Ele admitiu “a eventualidade” de um prolongamento de duração do pagamento do empréstimo de 110 bilhões à Grécia, acordado em maio com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
“Onde vemos que se podem encontrar soluções alternativas, mudaremos algumas condições do plano UE-FMI, optando por soluções mais justas”, disse o premiê helênico. Papandreou mencionou que o problema do orçamento grego “não se resolve de forma automática”.
George Papandreou disse ainda que “com ou sem o plano [UE-FMI], o déficit e os problemas são os nossos problemas e não de qualquer outro”. O chefe de governo sublinhou que seguirá com rigor o plano de saneamento financeiro traçado em maio pela UE e FMI.
Negócio da China
Portugal, por sua vez, recebeu oferta de ajuda econômica de um forte parceiro. Durante a 3ª conferência ministerial do Fórum de Macau para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, manifestou neste sábado a disponibilidade de seu país de ajudar Portugal a ultrapassar as suas atuais “dificuldades” econômicas.
“Portugal, neste momento, atravessa dificuldades causadas pela crise financeira internacional [...] Se Portugal tiver alguma necessidade, a China está disposta a prestar o apoio que estiver ao seu alcance”, disse Wen Jiabao no início de um encontro com o primeiro-ministro português, José Sócrates, após a abertura da conferência.
O primeiro-ministro chinês não se referiu à eventual compra de parte da dívida soberana portuguesa, mas reafirmou que a China “apoia o pacote de medidas de estabilização financeira” adotado pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Wen Jiabao evocou, ainda, a visita do presidente chinês, Hu Jintao, a Portugal na semana passada, considerando-a “um êxito”.
Durante o encontro em Macau, o primeiro-ministro chinês anunciou a criação de um fundo de 1 bilhão de dólares para desenvolver as relações entre a China e os países lusófonos. O fundo vai ser criado durante os próximos três anos por bancos de Macau e do interior da China, acrescentou o premiê.
CA/afp/dpa/dapd/rtr/lusa
Revisão: Augusto Valente