Saiu no Estadão, pág. A7, reportagem que, por incrível que pareça, guarda notável parentesco com as ideias do Senador Evandro Guimarães, representante biônico e vitalício da Globo em Brasília.
Trata-se de “Câmara discute capital estrangeiro na mídia”.
O deputado Eduardo Gomes do PSDB de Tocantins e o senador eleito e ex-ministro das Comunicações (êpa !) Eunício de Oliveira, do PMDB do Ceará, propõem aquilo que, por coincidência, o Senador Evandro também seria capaz de propor.
O deputado Gomes quer perseguir o grupo Ongoing, dos jornais O Dia, do Rio, e Brasil Econômico, porque a proprietária é casada com um português.
O grupo é de origem portuguesa e está ligado à Portugal Telecom e ao banco Espírito Santo.
O grupo vendeu a Vivo, está de caixa alta e, como todo bom empresário português, quer vir para o Brasil.
Os bons empresários portugueses fogem hoje de Portugal como D João VI fugiu de Napoleão.
E os dois supra-citados parlamentares brasileiros querem impedir a Abertura dos Portos do Visconde de Cayru.
Eles dois, o Senador Evandro e a Globo, ora pois.
O grupo Ongoing é candidato natural a comprar o SBT.
Clique aqui para ler “O Silvio obrigou a Dilma a fazer a Ley de Medios”.
O senador eleito, e ex-ministro das Comunicações (êpa !), quer perseguir o portal Terra, da espanhola Telefônica.
Ou seja, os dois nobres parlamentares – será que eles conhecem o Senador Evandro, por acaso ? – querem legislar sobre a Constituição e mexer, parcialmente, num dos artigos: o artigo 222, que trata da preferência a profissionais brasileiros nos meios de comunicação.
A Globo, ao nascer, era do Grupo americano Time-Life e, na época, defendia ardorosamente a colaboração com o capital americano (e a Embaixada americana).
Como se sabe, o Congresso brasileiro, até hoje, não regulamentou três artigos da Constituição de 1988 que tratam da Comunicação.
O 220 – sobre o direito de resposta; o 221, sobre a regionalização e a programação das redes; e este bendito 222.
O professsor emérito Fabio Comparato entrou no Supremo com uma Ação Direto de Inconstitucionalidade por Omissão, para que o Congresso, finalmente, se mexa e legisle (contra o PiG e a Globo).
O senador Oliveira e o deputado Gomes – talvez, quem sabe ?, eles conheçam, assim, de vista, o Senador Evandro – os dois querem legislar sobre um pedaço do 222.
É como se eles retalhassem o Comparato.
Ignorassem o “Compa”, ignorassem o “ra” e quisessem tratar do “to”.
Mas, no “to”, no artigo 222, só mexer para atormentar os portugueses da Ongoing e os espanhóis do Terra.
Os portugueses da Portugal Telecom controlam o IG e fatia suculenta do UOL.
Sobre isso, o deputado e o senador eleito – vai ver que, um dia, tomaram cafèzinho com o Senador Evandro – sobre isso, os dois se calam.
Gibbon já demonstrou que uma das características da fase de decadência dos Impérios é combater o inimigo errado.
A Globo combate a Ongoing e o Terra.
É que a Globo ainda não soube da existência de dois garotos das Arábias que inventaram um troço chamado Google.
Os filhos do Roberto Marinho – êles não têm nome próprio – provavelmente preferem navegar de barco e, não, na internet.
Por isso, ignoram que “televisão com internet tem vídeo melhor e facilita leitura de noticias”, diz a Folha (*) na reportagem de Fernanda Ezabella, na pág. B8.
“Controle remoto da Google TV é como um teclado gorducho, que exige malabarismo dos dedos das duas mãos.”
Trata-se de um “um novo nicho de aplicativos exclusivos para TV”.
“Além de aplicativos para compra de conteúdo na web para ver TV, aparelho traz canais próprios”.
A propósito, o Google é dono do YouTube.
Ou seja, os dois parlamentares que, provavelmente conhecem o Senador Evandro pelo menos de nome, esses dois parlamentares lembram aqueles “luzias” e “saquaremas” do Império brasileiro que criavam expedientes para adiar a libertação dos escravos.
Paulo Henrique Amorim
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