Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crise na Grégia vem de gregos preguiçosos?

Os gregos, retratados como "escuros" e indolentes, pela direita austríaca
Publiquei, há pouco, no blog Projeto Nacional:

É frequente vermos na imprensa os comentários de que é crise grega é resultado da “gastança” feita pelos gregos, que teriam se acostumado a exigir muito e trabalhar pouco.

Um partido austríaco de direita chegou a espalhar out-doors racistas retratando os gregos como entregues ao descanso perdulário, que a gente reproduz no post.

Hoje, artigo publicado pelo jornal romeno Criticatac mostra que, apesar de o preconceito contra os gregos estar se espalhando pela Europa, mostra, com números, que o motivo da crise pode ser tudo, menos isso.

Os gregos, segundo os números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OECD, trabalham em média 2090 horas por ano, 48,6% mais que as 1.419 horas anualmente trabalhadas pelos alemães e 35,7% mais que as 1554 horas anuais do trabalhador francês médio.

É irônico que, na longa lista de países que compõe a estatística da OECD, os gregos só percam – e de pouco – para a maior jornada média anual apurada: a dos sul-coreanos, com 2.193 horas, 4% a mais ou, dividindo-se por uma média de 230 dias úteis por ano, 22 minutos diários de trabalho em relação aos gregos.

Não é exato fazer comparações com o Brasil, para não mudar os critérios de apuração, sobretudo porque é difícil equacionar a questão do emprego rural e do informal neste cálculo, mas andamos por volta de 2.000 horas anuais, embora este número venha se reduzindo em razão da formalização do emprego. Ainda assim, segundo dados do Censo de 2010, 28% dos brasileiros trabalhavam mais de nove horas por dia.

De qualquer forma, há algo positivo nesta história deprimente.

É o fato de vermos como o “mito da indolência”, tantas vezes usados contra nós, brasileiros, encobre desde os interesses de dominação, passando pelo racismo e , sobretudo, pelo encobrimento de sistemas econômicos injustos e empobrecedores, generosos com o capital e mesquinhos com o trabalho.

Ou, como brincava um amigo, nos anos 80 , dando um sentido amargamente irônico ao conceito marxista de “mais -valia”: “meu irmão, a mais-valia aqui é diferente: é que para ganhar esse salário-mínimo, mais valia ficar à toa”

TV Globo é expulsa da manifestação dos policiais no Rio

Atenas arde em protestos contra política da "troika"


*PORTA-VOZ DO GOVERNO  GREGO DIZ QUE ELEIÇÕES ESTÃO MANTIDAS: declaração  mistura-se a rumores de que segmentos da coalizão conservadora pretendem adiar o pleito, em princípio fixado para final de março, começo de abril** conjecturas de uma intervenção militar para sustentar a atual política de arrocho também ganham força diante do avanço das intenções de voto na oposiççao**  juntos, o Partido Comunista (KKE), a Esquerda Democrática (DE) e a Syriza (esquerda radical marxista) têm 40 % das intenções de votos** o PASOK, após a rendição aos mercados, despencou para 8% das preferências, contra  45% em 2003** a extrema direita e os nazistas da Nova Aurora, tem 8% e os conservadores da Nova Democracia, 31%** Obama vai de Keynes: democrata descola da austeridade suicida de Merkel & Cia e envia ao Congresso proposta que prevê mais gastos públicos e a criação de imposto sobre o sistema bancário: objetivo é  ressarcir a sociedade pelos prejuízos da crise financeira. A HORA DA MAIS-VALIA: A FASE 2 DA CRISE
A Europa mergulha de cabeça na fase 2 da restauração pós-crise. Depois de recapitalizar a banca e tornar confortável a liquidez e a retomada dos lucros rentistas, seus mandatários decidiram apresentar a conta a quem de direito: os trabalhadores. As ruas rangem e rugem: cerca de meio milhão de pessoas protestaram em Atenas e Lisboa neste fim de semana contra o ataque frontal a salários e direitos (leia as reportagens nesta pág). Os sindicatos espanhóis marcaram uma greve geral a partir deste domingo, dia 19: a reforma laboral decretada pelo direitista Rajoy dá ao patronato da Espanha o direito leonino de cortar salários, demitir e esfolar, sem ônus, nem negociação. O desespero que incendeia as ruas, porém, encontra ouvidos moucos numa esquerda destituída do traço indispensável à liderança de uma época: a coragem para romper com as amarras de um passado que sufoca a sociedade. O acanhamento histórico contagia também o Brasil. (LEIA MAIS AQUI )



 

A Grécia viveu neste domingo os mais violentos protestos dos últimos meses contra as políticas impostas ao país pela chamada "troika" (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). Em meio a violentos protestos, o parlamento grego aprovou um novo "pacote de austeridade", que resultará em milhares de demissões e cortes de gastos públicos. No início da noite, vários prédios históricos de Atenas estavam em chamas e os manifestantes enfrentavam a polícia com pedras e coqueteis molotov.

Dezenas de milhares de pessoas compareceram à maior manifestação em Atenas contra a austeridade e os cortes de gastos públicos aprovados neste domingo no parlamento grego. A multidão dispersou da Praça Syntagma quando a polícia a atacou com gás lacrimogêneo, mas muitos grupos permaneceram no centro de Atenas enfrentando a polícia com pedras e coqueteis molotov.

Manolis Glezos, o herói da resistência grega ao nazismo e membro do Syriza, perguntava à imprensa "como é possível implementar estas medidas com gás lacrimogéneo?". "Elas não têm o voto do povo grego", acrescentou este militante de 90 anos, ainda com a máscara de gás colocada e dificuldade em respirar.

Outro veterano nesta manifestação contra o governo da troika foi o compositor Mikis Theodorakis. Foi quando se preparava para dirigir à multidão na Praça Syntagma que a polícia começou a disparar o gás lacrimogêneo. Aos microfones duma rádio grega, uma porta-voz de Theodorakis acusou a polícia de "tentativa de assassinato" por ter tentado deliberadamente atingir o compositor de 86 anos. Em declarações aos jornalistas, Theodorakis afirmou-se confiante que "o povo vencerá", tal como aconteceu contra os nazis e a junta militar.

Todo o centro de Atenas ficou sob a nuvem do gás policial e os focos de incêndio estão também disseminados, com os confrontos sem fim à vista. Ao fim da tarde, estavam encerradas quatro estações de metrô no centro de Atenas por ordem da polícia. O líder sindical do metrô disse que os trabalhadores não viam razões para o encerramento e que a intenção da polícia era impedir as pessoas de chegarem à Praça. Entretanto, a outra manifestação da tarde, convocada pela central sindical PAME, dirigia-se para a Praça Syntagma.

Dentro do Parlamento, o debate teve início depois das 15h, com o ministro das Finanças tentando explicar aos deputados a pressa para aprovar a proposta até à meia noite de domingo. Um deputado independente questionou o parlamento sobre se tinha a certeza do que estava para ser votado, quando há várias falhas no documento, incluindo partes em que aparece "XX" em vez do número da quantia a que se refere.

O dia parlamentar também foi marcado pela tomada de posse de alguns deputados, em substituição daqueles que se demitiram em protesto contra o pacote de austeridade que vai reduzir o salário mínimo, despedir milhares de funcionários públicos e cortar ainda mais na Saúde e gastos sociais. Mas há casos em que o substituto, em vez de vir apoiar o governo cada vez mais frágil, toma posse para votar contra o seu partido. É o que acontece à atriz Anna Vagena, da lista do PASOK.

No sábado, era já conhecida a oposição de mais de dez deputados do PASOK, que se tem afundado nas sondagens nos últimos meses, e mesmo da Nova Democracia, incluindo o líder parlamentar e os deputados responsáveis pelos assuntos da Defesa e do Interior. A extrema-direita do LAOS, que retirou o apoio ao Governo de Lucas Papademos, também votará contra, à exceção dos seus antigos ministros.











 

Parlamentares do PT pedem apoio a repórter da… Folha!


Posted by eduguim
Na noite de domingo, recebo ligações de parlamentares do PT de São Paulo contendo o pedido aparentemente inédito de que este blog fizesse a defesa de uma jornalista de um grande meio de comunicação, que é nada mais, nada menos do que a… Folha de São Paulo!

Sim, leitor, você leu direito. Todavia, à diferença do que algumas mentes mais férteis podem estar imaginando, esses parlamentares não mudaram de lado. A jornalista em questão está sendo furiosamente atacada na internet através de um subterfúgio malandro só porque ficou ao lado da verdade.

O nome dela é Laura Capriglione. Para quem não se lembra, trata-se da jornalista que foi duramente atacada no jornal em que trabalha em março de 2010 por defender, em matéria, a política de cotas para negros nas universidades públicas.

O ataque partiu do colaborador da mesma Folha Demétrio Magnoli. Foi desfechado por conta de matéria de Laura institulada “DEM corresponsabiliza negros pela escravidão”.

Laura é a prova viva de que não se deve confundir o dito Partido da Imprensa Golpista (PIG) com os seus trabalhadores. É uma mulher progressista e que faz um jornalismo digno do nome, como se verá logo abaixo em vídeo contendo recente trabalho seu sobre a desocupação do Pinheirinho.

Ocorre que, na matéria que você assistirá a seguir, por um descuido qualquer a jornalista-repórter grafou sobre o vídeo a informação de que haveriam 9 mil famílias no Pinheirinho, antes da desocupação, quando o correto seria dizer 9 mil pessoas, se tanto.

Pessoas covardes e de uma desonestidade intelectual criminosa passaram o domingo tentando desqualificar Laura nas redes sociais por um detalhe, pois não se imagina que ela tenha cometido esse erro propositalmente, já que os números sobre aquela população têm sido reiteradamente veiculados por toda a grande mídia.

Como não podem atacar os fatos incontestáveis que a reportagem da jornalista escancara, como não podem dizer que os dramas sociais causados pela ação de despejo de cunho nazista não existiram, apegam-se a um detalhe para desqualificar o todo.

Antes do vídeo, aliás, quero deixar um post scriptum.

O caso de Laura, jornalista da Folha que vem sendo elogiada por parlamentares petistas como o senador Eduardo Suplicy ou como o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de SP deputado Adriano Diogo, mostra que trabalhador da grande mídia não é a grande mídia, mas um trabalhador como qualquer outro.

Ontem, aliás, assisti a um vídeo em que uma equipe de reportagem da Rede Globo é hostilizada no Rio de Janeiro, em Copacabana, quando tentava cobrir manifestação de policiais e bombeiros grevistas.

Confesso que senti uma certa preocupação ao ver a turba avançar sobre a equipe da Globo. Temi que pudesse ter havido violência. E uma violência contra quem apenas está tentando sobreviver, contra quem precisa trabalhar.

Culpar os jornalistas, repórteres, fotógrafos ou qualquer outro funcionário do “PIG” pelo que este faz, é errado – a menos que se tratem dos “colunistas” e “editorialistas” que são co-autores do mau jornalismo que os seus patrões praticam. Vale refletir.

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Confira, abaixo, o belíssimo trabalho jornalístico da repórter Laura Capriglione.

HIPOCRISIA OCIDENTAL

Veja manipula informação para atingir Gilberto Carvalho


Veja manipula!

A matéria de capa da Veja é daquelas que tenta – usando todos os artifícios possíveis – construir situações que sirvam para desgastar o governo Dilma.
A historinha, que tentarei demonstrar fortemente manipulada, é que uma mulher teria se infiltrado nos instestinos do governo para facilitar a corrupção.
Na verdade, a mulher (Christiane Araujo) era do esquema Durval Barbosa, o tal que comandava o esquema de corrupção, que levou o ex-governador do DEM José Arruda à prisão e à renúncia.
A Veja pretende demonstrar que o Gilberto Carvalho teria se comprometido a convencer o Lula a nomear o procurador Leonardo Bandarra (que estava ligado também ao esquema Durval/Arruda) e, portanto, poderia ter alguma coisa a ver com esse esquema.
Como prova mostra emails que fotografei e mostro no início deste post.
A Veja tenta mostrar a seguinte sequência:
1. A Christiane pede o apoio do Gilberto para convencer o Lula a indicar o Bandarra
2. O Gilberto se compromete a levar o assunto ao presidente Lula
3. A Christiane agradece a atenção do Gilberto
4. O Gilberto diz que ficou satisfeito com a nomeação
Agora, prestem atenção nas datas e horários dos emails e constatem a manipulação da Veja
O email em que a Christiane pede o apoio é posterior ao que Gilberto diz que levará o assunto ao presidente, o que mostra que a sequência da Veja é manipulação pura.
Assim, a sequencia correta é a seguinte:
1. O Gilberto se compromete a levar algum assunto (não se sabe qual) ao presidente Lula – dia 25/6/2008, às 18:00
2. A Christiane pede o apoio do Gilberto para convencer o Lula a indicar o Bandarra – dia 25/6/2008, às 21:53
3. O Gilberto não responde a esse pleito – se tivesse respondido, a Veja apresentaria esse email
4. A Christiane agradece a atenção do Gilberto, sem especificar do que se tratava – 8/7/2008
5. O Gilberto, cortesmente, diz que ficou satisfeito com a nomeação – 15/7/2008
Ou seja, se vc excluir a manipulação da Veja, não sobra indício algum de esquema para facilitar a máfia do Arruda e do DEM, a não ser a palavra de alguém que está respondendo a processos referentes à Máfia dos Sanguessugas e era ligada ao esquema do Durval Barbosa.
Lamentável o jornalismo da Veja!
No FBI

Eles escandalizaram o templo do racismo em São Paulo


Afrontar a elite branca e racista de São Paulo foi a estratégia de centenas de manifestantes – em maioria, negros – que, no sábado (11), saíram com bandeiras e faixas do largo Santa Cecília, subiram a avenida Higienópolis e ousaram entrar naquele que é o mais genuíno templo do racismo na cidade.
O Shopping Pátio Higienópolis foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1999. Instalado no coração do bairro de Higienópolis, região de alto poder aquisitivo em que vive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é composto por mais de 245 lojas distribuídas em seis pisos.
Ano passado, o shopping foi alvo de outro ato público, o Churrascão da Gente Diferenciada, levado a cabo em protesto contra abaixo-assinado de 3 mil moradores “higienopolitanos”  que pedia ao governo do Estado que não construísse ali uma estação de metrô para não atrair gente pobre – ou, como preferiram chamar, “diferenciada”.
A escolha desse shopping para um ato público dessa natureza fez todo sentido porque não há outra parte da cidade em que o racismo hipócrita e visceral que encerra seja tão evidente. Só quem conhece o local é capaz de entender. A mera visita a ele desmonta a teoria de que não existe racismo no Brasil.
No Pátio Higienópolis, a sensação que se tem é a de estar em algum país nórdico. Só o que lembra que se está no Brasil são os empregados negros ou mestiços, tais como faxineiros, seguranças e alguns poucos funcionários das lojas. A clientela do shopping é quase que exclusivamente branca.
A manifestação foi convocada pelo “Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra” e protestou contra a reintegração de posse do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, contra a ação truculenta da PM na Cracolândia e contra o caso de uma funcionária negra da escola Anhembi Morumbi que alega que a direção a pressionou a alisar os cabelos.
Em um momento solene e apoteótico da manifestação dentro do shopping um refrão cheio de simbolismo, extraído do poema “Negro Homem, negra poesia”, de José Carlos Limeira, 56, um dos autores baianos de maior destaque na comunidade negra, foi entoado por centenas de vozes, para horror daquela elite perplexa.
Por menos que conte a história
Não te esqueço meu povo
Se Palmares não existe mais
Faremos Palmares de novo

Ver um pequeno exército de negros altivos entoando palavras de ordem enquanto enveredavam por um local em que são raros de se ver e, quando aparecem, estão sempre cabisbaixos e servis, escandalizou e intimidou a clientela habitual. Lojas fechavam as portas e madames debandavam, esbaforidas, rumo ao estacionamento.
A Folha de São Paulo colheu depoimentos das indignadas madames habitués do shopping sobre a “invasão” de sua praia. Suas declarações revelam toda a burrice do racismo.
Fiquei com medo que saqueassem a loja, podia ter tiros, morte. São uns vândalos, vagabundos
Achei ridículo esse negócio de racismo. Onde é que está? Veja a quantidade de seguranças e empregados negros
Dois depoimentos, duas provas incontestáveis de racismo e burrice. Será que se fosse uma manifestação de estudantes branquinhos da USP haveria medo de saques, tiros e mortes? Será que o fato de só haver funcionários negros, mas não consumidores, não prova o racismo e a desigualdade racial que infecta a sociedade?
Esse é só mais um dos capítulos da guerra contra o racismo e o higienismo racial e social do governo e de parte da sociedade de São Paulo. Foi travada onde deveria, em Higienópolis (bairro cujo nome não poderia ser mais apropriado). E, desta vez, as forças da igualdade racial e social venceram.
Veja, abaixo, vídeos da manifestação.






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Do site do PSTU (via Viomundo)
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Do leitor Chico Mendes, que participou da manifestação:

“02 de maio de 1967 e 11 de fevereiro de 2012. O que há em comum entre estas duas datas?

Naquele primeiro momento, vivia-se, nos Estados Unidos da América, um turbilhão de embates sobre a condição de negros e negras: um grupo de 29 panteras negras, militantes e guerreiros em prol de um tratamento igualitário, promovem uma entrada triunfal e convicta no Capitólio.

O congresso americano tomou um susto quando aquele grupo, aquela pequena onda negra adentrou a “Casa do Povo”. Estavam de armas em punho, pois, até ali, as leis permitiam que qualquer norte-americano portasse armas de fogo. Não era crime algum.

Um tabu e medo que perseguem a sociedade burguesa desde sempre, qual seja, armas na mão do povo, do eleitor. Entraram e fizeram seu discurso antirracista perante deputados brancos e assustados.

Pois bem: 45 anos depois, outra onda, de tamanho dez vezes maior mas com a mesma demanda, adentra, de forma surpreendente, símbolo da sociedade burguesa atual: um Shopping Center.

As armas que portavam não eram de fogo, eram armas verbais. Estavam armados, orgulhosamente, com a cor negra.

Militantes do movimento negro em São Paulo pegaram de surpresa a segurança do Shopping Higienópolis. Era por volta de quatro da tarde quando uns 300 militantes adentraram rapidamente e provocaram um frenesi nas faces brancas e rosadas da elite privilegiada deste país.

Ultrapassadas as três portas principais, objetivava-se, agora, chegar ao ponto central da casa que é a antítese da “Casa do Povo”. Os seguranças tentaram impedir, havendo um início de tumulto, logo superado pela onda negra que fazia pressão para que não se parasse nos corredores.

Tomamos o ponto central com nossas bandeiras, com nossas palavras, com nossa cor preta. A disposição arquitetônica deste centro mercantilista é perfeita para este tipo de ato, pois dos vários andares poder-se-ia avistar o nosso grito de protesto.

As forças de segurança do Estado racista brasileiro estavam em nosso encalço, mas fizeram as intervenções de rotina. Os militantes do movimento negro se revezavam ao microfone para dar o recado nunca antes ouvido pela elite branca que gastava ali o dinheiro advindo do suor do povo negro deste país.

Os olhares de perplexidade foram a tônica. Incredulidade da burguesia por termos chegado até onde chegamos. Ouvir verdades nunca foi o forte dessa gente. Enfatizo o fato de que o alvo poderia ter sido qualquer outro Shopping, mas era preciso algo a simbolizar nossa história de exclusão.

Esse templo do consumo carrega em seu nome a característica eugênica de nossa elite branca pensante de fins do século XIX e início do século XX. Nossas palavras fizeram eco. Nossa intenção jamais foi reclamar participação e existência naquele ambiente de luxo. Nossa intenção era denunciar, olho no olho, quem vive a custa do suor do povo negro.

Encerramos a manifestação e nossa alma foi duplamente lavada pela chuva que caía sem cessar. Vivemos um grande momento de Panteras Negras com aquela entrada. O Povo negro deste país existe e vai exigir sua participação em suas riquezas, doa a quem doer.”
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A HORA DA MAIS-VALIA: A FASE 2 DA CRISE


*Obama vai de Keynes: democrata descola da austeridade suicida de Merkel & Cia e envia ao Congresso proposta orçamentária que prevê mais gastos públicos, com criação de imposto sobre o sistema bancário, convocado a  ressarcir a sociedade pelos prejuízos da crise financeira. 
A Europa mergulha de cabeça na fase 2 da restauração pós-crise. Depois de recapitalizar a banca e tornar confortável a liquidez e a retomada dos lucros rentistas, seus mandatários decidiram apresentar a conta a quem de direito: os trabalhadores. As ruas rangem e rugem: cerca de meio milhão de pessoas protestaram em Atenas e Lisboa neste fim de semana contra o ataque frontal a salários e direitos (leia as reportagens nesta pág). Os sindicatos espanhóis marcaram uma greve geral a partir deste domingo, dia 19: a reforma laboral decretada pelo direitista Rajoy dá ao patronato da Espanha o direito leonino de cortar salários, demitir e esfolar, sem ônus, nem negociação. O desespero que incendeia as ruas, porém, encontra ouvidos moucos numa esquerda destituída do traço indispensável à liderança de uma época: a coragem para romper com as amarras de um passado que sufoca a sociedade. O acanhamento histórico contagia também o Brasil. (LEIA MAIS AQUI )

Carmen Sampaio: “Pinheirinho, show de horror não acaba nunca”

por Conceição Lemes
O doutor Marcio Sotelo Felippe, procurador do Estado de São Paulo, enviou-me por e-mail esta dica:
Dá uma olhada nesse vídeo.  Terrível. Acho que é um documento e tanto. Foi feito por uma moça chamada Carmen Sampaio, que vai todos os dias lá levar ajuda humanitária.
Conferi.  Cenário de catástrofe. Um show de horror, mesmo.

O olhar sensível e diferenciado de Carmen, as denúncias retratadas e seu pedido de ajuda me fizeram ir atrás dela.
Pensei que fosse de São José dos Campos. Mas não é. Mora no Jardim América,  bairro de classe média alta de São Paulo, capital. Desde 23 de janeiro, dia seguinte à violenta desocupação do Pinheirinho,  ela vai quase diariamente aos abrigos dos ex-moradores levar sua solidariedade. É astróloga, ativista de meio ambiente e direitos humanos.
Algumas observações de Carmen:
“Os despejados do Pinheirinho vivem um pesadelo muito maior do que podemos imaginar”.
“O poder público e parte da mídia tentam passar a impressão de que o Pinheirinho era área de traficantes, drogados, arruaceiros. Mas não é verdade. As pessoas que lá moravam eram trabalhadores, trabalhadoras, com suas famílias”.
“Parece que só agora os moradores de São José dos Campos começam a se dar conta da atrocidade que ali aconteceu. Por anos, foram educados para olhar Pinheirinho como ” o gueto”, aqueles que não são parte da cidade. A sensação é de que criaram uma cidade, dentro da cidade”.
“O Pinheirinho não era uma favela com barracos de madeira. Eles tinham casa de alvenaria, com  fogão, geladeira, TV, móveis, etc. Agora, estão na miséria, amontoados em espaços insalubres, sem nenhuma privacidade, dormindo no chão. Num dos abrigos, há apenas TRÊS banheiros para mais de mil pessoas”.
“Há muitas grávidas e muitas crianças; estas ficam ao léu, pois não têm espaço adequado para brincar. Vi criança chorando de fome”.
“Estão desesperados pois o aluguel social é inferior aos valores cobrados na região. Além disso, imobiliárias exigem dois, três meses adiantados, que eles não têm como pagar. Alguns estão caindo na bebida”.
“É impressionante como têm vocação para a felicidade. Apesar das adversidades, eles mesmos começam a se organizar e buscar saídas. Só que a prefeitura não quer que eles se organizem, propositalmente logo trata de mudar alguns de lugar”.
Por tudo isso, Carmen está fazendo campanha para angariar doações de:
*Roupas  — para bebê,  crianças, jovens e adultos; é importante que estejam limpas e em bom estado.
* Produtos de higiene — escova de dente, creme dental, sabonete, xampu, papel higiênico, lenços umedecido
* Fraldas descartáveis, chupetas, mamadeiras, banheira de dar banho em bebê.
* Material escolar — caderno, lápis de cor, caneta esferográfica.
* Sandálias havaianas.
* Brinquedos.
Carmen já conseguiu juntar umas 600 pessoas nessa campanha. Quem quiser fazer alguma doação, pode ligar diretamente para ela no celular 011 9620-2079. Já existem oito pontos de coleta na Região Metropolitana de São Paulo.

Carmen com  crianças do Pinheirinho no dia 6 de fevereiro por volta de 21h30
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