Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Como funciona a operação de limpeza de imagem de Roberto Carlos na TV Globo












 
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O primeiro episódio da adaptação manca para a TV do filme sobre Tim Maia foi retirado do site oficial na Globo na sexta passada. O segundo episódio não foi ao ar ali. É a primeira vez em que isso acontece com esse tipo de atração.

Como você já sabe a essa altura, o longa tem várias sequencias sobre as dificuldades de Tim em encontrar o amigo tijucano Roberto Carlos, ex-parceiro do conjunto Sputniks. Roberto, em 1966, havia se tornado o rei da Jovem Guarda e Tim voltara quebrado dos EUA, pedindo uma força.

Na versão para a televisão, Roberto saiu bonito. Testemunhas da história foram chamadas para falar, dando o tom de um “docudrama”. RC mesmo dá um depoimento livrando a própria cara, explicando que ajudou, sim, Tim Maia.

O pacote cinema e tv provocou uma enorme confusão por causa do conjunto de patacoadas malandras. O diretor Mauro Lima reclamou, no Instagram, do que chamou de “subproduto”. Deu para trás em seguida na Folha, muito agradecido à mutilação (a mulher dele, Alinne Moraes, é a atriz principal do longa). Não faz sentido ele reclamar. A produtora é a Globofilmes. Sem sutileza alguma, as cenas de noticiário da internação de Tim após um show em Niteroi — ele morreria uma semana mais tarde — levam, todas, a marca d’água da Globo.

Nos créditos, a obra aparece como baseada em “Vale Tudo”, de Nelson Motta. Há cenas, porém, tiradas de “Roberto Carlos em Detalhes”, a biografia censurada de Paulo César de Araújo. Uma delas é a do dinheiro amassado e atirado ao chão para Tim pelo empresário de RC.

Mas o que ficou explicitada é a relação incestuosa entre a Globo e seu contratado Roberto Carlos. RC tem na emissora um general fiel na tentativa — inútil, de resto — de higienizar sua trajetória.
Como funciona essa “parceria”?

Paulo César de Araújo dá uma boa amostra desse modus operandi em “O Réu e o Rei”, livro sobre os bastidores de sua batalha judicial com seu ídolo transformado em inimigo.

Em 1974, Roberto assinou um contrato de exclusividade com a TV Globo para um programa anual que existe até hoje e é tão certo, na vida, quanto a morte. Foi o início de uma bela amizade.

Era duplamente vantajoso, escreve Paulo César: “Se, no tempo da Record, ele ganhava relativamente pouco para aparecer muito, a partir de seu contrato com a Globo ele ganharia muito para aparecer pouco, evitando o desgaste da superexposição depois de uma década de absoluto sucesso”.

RC teve na Globo o seu Pravda, só com notícias a favor. Já havia sido assim com a Bloch Editores. Ele passava notas oficiais às publicações da casa e tinha um tratamento privilegiado. Quando a Polícia Federal apreendeu seu iate Lady Laura III, por exemplo, a revista Manchete veio com a chamada: “Maré mansa para o rei Roberto Carlos: ‘Quem não deve não teme’”. No divórcio de Nice, em 1978, a capa era: “Roberto Carlos e Nice: Nossa separação é um ato de amor” (!??).

Em 2006, RC entrou com uma ação para tirar a biografia de circulação. “A Globo não o decepcionou. Foi realmente seu porto seguro, o seu para-raios. No limite da irresponsabilidade jornalística, a emissora calou o réu e deu voz apenas para o rei”, diz Araújo.

Dois programas marcaram entrevista com o escritor: o Fantástico e o Altas Horas. Maurício Kubrusly representaria o dominical. “Na manhã do dia combinado, a produção do Fantástico me ligou adiando a entrevista. A justificativa foi que a crise nos aeroportos do país teria impedido Maurício Kubrusly de se deslocar de São Paulo para o Rio.”

Houve outro adiamento até o não definitivo, com a desculpa de que o assunto tinha saído da pauta. Mesma coisa no Altas Horas.

“Quando em janeiro do ano seguinte Roberto Carlos confirmou a ameaça, entrando na Justiça contra mim e a editora Planeta, isso foi assunto de toda a mídia nacional — menos da TV Globo, que insistia em negar outro item dos seus ‘princípios editoriais’: o de que ‘não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido’. (…) Somente quando a proibição parecia definitiva a capa da biografia foi finalmente mostrada na tela da Globo. A fatura parecia liquidada”.

Até que veio o artigo de Paulo Coelho na Folha, “muito chocado” com a “atitude infantil” de RC. O Fantástico ligou novamente, escalando Patrícia Poeta para uma conversa na casa de Araújo. Na manhã do dia combinado, telefonaram suspendendo o papo.

“Roberto Carlos foi aconselhado por seus assessores a dar uma entrevista para o Fantástico e se explicar de uma vez por todas. A condição foi a de que o artista não podia ser contraditado. Ou seja, a palavra dele e de mais ninguém”, relata. Cid Moreira, irônico, apresentou o biógrafo como alguém que “se diz fã do rei desde criancinha”.

“Por tudo isso, ao fim de seu show comemorativo de cinquenta anos de careira, no Maracanã, Roberto agradeceu não apenas ao público e aos patrocinadores Itaú e Nestlé, mas também à Rede Globo de Televisão ‘pelo apoio e parceria ao longo de todos esses anos’”, diz.

“O Réu e o Rei” tem um trecho premonitório. Em 1992, Tim Maia recebeu Paulo César de Araújo para uma entrevista. A certa altura, lembrou do velho camarada. “Roberto Carlos não vai se ver nunca livre de mim. Quando a gente morrer, lá em cima eu vou dizer: ‘Como é que é, Roberto!’”

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

“Choro” de Venina no Fantástico é igual a suas “denúncias”

venina
A entrevista que a ex-gerente da Petrobrás Venina Veloso da Fonseca concedeu ao programa Fantástico, daGlobo, no último domingo, não acrescentou nada ao que disse anteriormente. A entrevista apenas tratou de darcor e forma aos ataques que a nova “heroína” da mídia vem fazendo aos superiores na empresa e que, agora, estendeu, sem provas, ao ex-presidente Lula.
A entrevista inócua e politizada dessa senhora ocupou ¼ de um programa de cerca de duas horas de duração, mas, de novo mesmo, tal entrevista só “revelou” que o ex-diretor Paulo Roberto Costa teria lhe feito uma declaração que implicaria o ex-presidente Lula em irregularidades na Petrobrás.
Ao dizer que que Costa apontou o retrato de Lula ao insinuar que ele seria “derrubado” caso as “denúncias” da subordinada fossem investigadas, a ex-gerente implicou um ex-presidente da República com base em nada. A Globo, com essa entrevista, fez a mesma coisa que a revista Veja na véspera da eleição presidencial em segundo turno, há menos de dois meses.
Como tudo o que Venina diz não tem sustentação em nada mais do que sua palavra, na mesma linha do que faz poder-se-ia dizer que a investigação interna da Petrobrás a que está sendo submetida está por trás de suas denúncias tardias, que demoraram anos para ser feitas publicamente.
A “explicação” dessa senhora para a autorização que deu à Petrobrás em 2004 e em 2006 para que firmasse contratos de quase oito milhões de reais com a empresa do homem com quem se casaria em seguida, é risível. Dizer que tudo está esclarecido porque só se casou com ele um ano depois de lhe autorizar o segundo contrato, não dissolve suspeita alguma.
A Petrobrás, em resposta às denúncias de Venina, alega que mandou investigar tudo que ela fez chegar à direção da empresa. Porém, a empresa informa também que, paralelamente, a denunciante é alvo de suspeitas e investigações.
Esse fato foi minimizado pelo Fantástico.
A extensa entrevista dessa senhora ao programa global, portanto, parece ter tido o único objetivo de, em determinado ponto, envolver Lula da mesma forma covarde com que ele sempre foi envolvido em acusações de seus adversários políticos, ou seja, sem prova alguma e sem possibilidade de defesa eficiente, porque fica a palavra de um contra o outro.
Lá pelo fim da entrevista, como seria de esperar de quem faz o papel de heroína, coube a Venina apresentar a Pièce de résistance do que soa como farsa:  o choro.
A voz embargada e a longa pausa, apesar de sugerirem fortemente que a nova heroína midiática chorava, não se fizeram acompanhar de um elemento que falta ao pranto assim como as provas faltam às acusações: Venina chorou sem derramar uma mísera lágrima, sem seus olhos marejarem.
Dizer que o choro de Venina resumiu-se à modulação da voz é tão válido quanto ela fazer as acusações que fez. Nem este que escreve nem aquela que acusa têm provas de que, respectivamente, o choro foi simulado ou os fatos relatados pela ex-gerente são verídicos.
Diante da denúncia sem provas da tal Venina, portanto, é que decorre presunção igualmente sem provas de que o choro dela foi forjado. A tese é tão boa quanto a do Fantástico ao levar essa mulher ao ar para enlamear a imagem de Lula, quem a mídia partidarizada e os políticos que essa mesma mídia apoia temem que se candidate à sucessão de Dilma em 2018.
***
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista e o choro “seco” de Venina

“A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin”

:
"Duas vidas diferentes?", pergunta o jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço; ele resgata informações do perfil da ex-gerente da Petrobras na rede social corporativa Linkedin e constata que "durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa"; ele contesta o fato de ela ter sido "afastada" da empresa em Cingapura, como afirmou, e de ter sido pressionada; "Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida"; "Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os", escreve o blogueiro 

247 – Em um novo post no blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito compara informações dadas pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca durante entrevista ao Fantástico, na noite deste domingo, e as que constam em seu perfil na rede social corporativa Linkedin. "Duas vidas diferentes", pergunta o blogueiro.

Ele contesta os argumentos de Venina de que teria sido pressionada na Petrobras a deixar de denunciar irregularidades, ressalta que ela trabalhou por mais tempo do que revelou ao lado de Paulo Roberto Costa, alvo da Lava Jato, e questiona o isolamento relatado por ela em Cingapura, onde teria sido proibida de trabalhar.

Brito diz não acusá-la de nada, pois não há provas, mas argumenta que "não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os". Leia abaixo:
A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin... Duas vidas diferentes?

Depois de aceitar que Paulo Roberto Costa passou ao menos três anos roubando “enojado” e “enojado” continuava recebendo parcelas de propinas por contratos mesmo depois de ter sido afastado da empresa, agora temos a história mais que capciosa de D. Venina Fonseca, a quem não posso, por desconhecimento, acusar de nada – a Petrobras não abriu os detalhes dos processos interno que correm contra ela, embora ela tenha ido ao Fantástico acusar a presidente da empresa de cúmplice de todos os malfeitos da empresa.

Mas posso, como qualquer jornalista deveria fazer, comparar o que ela disse na televisão com o que é, segundo ela própria, sua carreira na empresa.

Segundo a transcrição da entrevista feita pelo Diário do Centro do Mundo, ela diz que “eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005″.
Não é verdade, segundo a própria Venina informa em seu currículo no Linkedin.

Lá, consta que ela era – o texto eu cito em inglês, como está escrito – “Manager, Implementation of Integrated Management Systems at Natural Gas Logistics Supervision Centre. De “May 2002 – May 2004 (2 years 1 month)“.

Ora, de 2001 a 2003, Paulo Roberto Costa era responsável pela Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras…

Depois, segundo a própria Venina, em  seu Linkedin, foi ser “Assistant Manager to the Downstream Director’s Office” (diretor de abastecimento), em maio de  2004.

Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de abastecimento em… 14 de maio de 2004.

Não seria justo inferir ligações anteriores, mas é a própria Venina quem documenta que não foi “na diretoria de Abastecimento, a partir de 2005″, mas que durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa.

Mais adiante, Venina diz:

“A opção que eles fizeram em 2009 foi realmente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível. Com a empresa, aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso”.

De fato, Venina foi para Cingapura, como “Chief Executive Officer, PM Bio Trading Pte Ltd”, uma joint-venture entre a Petrobras, a Mitsui e a empreiteira Camargo Correia, empresa subordinada a… Paulo Roberto Costa, o diretor de Abastecimento, o enojado …

Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida.

Passa a diretora-gerente (“Managing Director, Petrobras Singapore Private Limited”).

E, segundo ela própria, com amplos poderes pois assim ela define suas funções, desde então:

“Responsável por conduzir o aumento das receitas junto com as margens de lucro e ser responsável por todos os contratos, a evolução dos negócios, as principais partes interessadas e clientes. – Reestruturação de toda a unidade, que resultou em significativa redução de custos e aumentando o lucro líquido três vezes nos primeiros seis meses de nomeação. – Liderou s Petrobras Singapore (PSPL) para atingir um lucro líquido recorde de US 59,5 milhões  em 2012 de US $ 18 milhões em 2011, e, posteriormente, outro avanço no lucro líquido, de US $ 184 milhões em 2013″

Nada de ficar “encostada”, portanto. E muito menos de viver trancada, numa situação de quase “escrava branca”, algo que justificasse a melodramática declaração ao Fantástico de que ” me afastar(am) do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe.

Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar.”

O marido de Venina, Mauricio Luz, também segundo o seuLinkedin, “had been lived in Singapore from january 2010 to june 2012, working as a consultant and helping to implement the Braskem office in Singapore“.

A Braskem é uma empresa que tem, entre os principais acionistas … a Petrobras, com 47% e a Odebrecht, com 50%.

A saída de Luz, também casualmente, coincide com a queda de Paulo Roberto Costa.

Não se faz aqui, como se viu, nenhuma acusação a Venina, porque seria um absurdo acusar, como ela faz, alguém de irregularidades e cumplicidades sem ter provas cabais disto.

Mas não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os.

O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pondé, o “filósofo-pegador”, prega a “secessão política cotidiana”. Heil!

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Teria a  ideia de democracia acaba de ser reinventada na Folha  pelo filósofo Luiz Felipe Pondé, que costuma gastar papel com “dicas” para jovens liberais “pegarem mulher” nas universidades?
O grande pensador agora lança a tese da “secessão política”, não entre São Paulo e o Nordeste (será mesmo?) mas entre os que votaram em Dilma Rousseff e os que não votaram.

“Precisamos de uma militância de secessão: que os bolivarianos (sic) durmam inseguros com o dia seguinte, porque metade do país já sabe que eles não são de confiança” .

Sensacional, isso deveria ser objeto de análise nas universidades.
Neste conceito, metade dos norte-americanos sabem que Barack Obama “não é de confiança”, metade dos franceses, dos italianos, dos portugueses, dos alemães…

A ideia de Pondé é a de que o governo eleito pela maioria é apenas o governo desta parte, enquanto a outra o “suporta”.

Suporta, em termos.

Porque como devem, sedundo ele,  devem agir os jovens liberais naqueles momentos em que não estiverem ocupados seguindo os conselhos do Professor Pondé tentando “pegar mulher” em desvantagem com os charmosos esquerdistas, que as assediam, segundo ele, com “um pouco de vinho barato, quem sabe, um baseado? Um som legal, uma foto grande do Che (aquele assassino chique) na parede”?

Devem praticar a “secessão política cotidiana em todo lugar onde algum bolivariano quiser acuar quem recusar a cartilha totalitária petista”.

Segundo Pondé, esta cartilha petista está  levando  a “perseguições escondidas a profissionais de diversas áreas (…) fazendo com que eles percam o emprego ou fiquem alijados de concursos e editais”.

“Alijados de concursos e editais”?

Não posso crer que alguém tenha posto algo no cachimbo do professor para fazer uma afirmação destas.

Mas acho que ele deveria pegar – desculpe a palavra, professor – para assistir o velho filme de Stanley Kubrick e ver como está ficando parecido com o Dr. Fantástico, impagável personagem de Peter Sellers.

À parte o delírio macartista de Pondé, que em tese é problema exclusivamente seu,  dá para perceber o ódio e a intolerância que esta sub-intelectualidade está incutindo nas pessoas?

Ou imaginar o açulamento que produzem sobre uma juventude que deveria, ao contrário, ser estimulada ao debate racional e não à “secessão política cotidiana” seja lá ao que for: esquerda, direita, negros, brancos, heteros, paulistas, nordestinos, gays, cristãos, judeus, seja lá qual for o rótulo com que se queira reduzir a complexidade humana?

Não, o professor Pondé não reinventou a ideia de democracia.

Ao contrário, recorreu a uma ideia bem antiga, que andou em voga nos anos 30 e 40, onde se praticava a “”secessão política cotidiana”  marcando gente com a estrela de David.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Globo tem que esconder musa da Copa Por que ela não põe o Ataulfo, o ï”, e o Faustão dentro do caminhão ?

Saiu no Keila Jimenez, da Fel-lha (*) (cuidado com o mau halito da bilis), sobre televisão

“O caminhão de Fátima Bernardes mal saiu e já teve que ser estacionado escondidinho na garagem da Globo.”

Saiu uma vez, para Belo Horizonte, para nunca mais sair …

Era para correr o Brasil inteiro durante a Copa e fazer o programa de dentro do caminhão.

A Globo Overseas diz que o cancelamento das viagens foi uma questão de segurança !

Claro.

Lembra, amigo navegante, quando  expulsaram a repórter da Globo e gritaram “é o PiG” e não deixaram a reporter em Copacabana concluir uma reportagem ?

É que a verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura.

A batata da Globo assa.

E quando acabar o encaixe de faturamento da Copa ?

E quando a audiência do jn do “I’ voltar à fronteira da casa dos dez e o Fintástico a um dígito  ?

É uma pena.

O Conversa Afiada sugere que a Globo botasse o Ataulfo (**), o Gilberto Freire com “i” (***) e o Faustão no caminhão, cheio de logo da Globo, e soltasse no Alemão ou numa estação de metrô – clique aqui para ler a analise do Miro Borges -  de São Paulo, na Praça da Sé, por exemplo.

Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

(***) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

domingo, 29 de dezembro de 2013

GLOBO FARÁ SÉRIE SOBRE A MÃE DE JOAQUIM BARBOSA

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

FANTÁSTICO: O BRASIL É UMA M… E LULA UM FARAÓ O repórter acha que Lula construiu as eclusas e se esqueceu de tirar as pedras. Um jenio !


Saiu no Fantástico, cuja audiência faz uma curva parecida com a da  tiragem do Estadão, da Folha (*) e do Globo Overseas:

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/11/erro-de-projeto-para-transporte-fluvial-gera-gastos-bilionarios-no-tocantins.html

“Quem paga é você”, é o nome do segmento, concebido sob a batuta do Gilberto Freire com “i”(**): o jornal nacional diz que as agências de risco vão rebaixar o Brasil que, no Fantástico, é uma m…

Neste domingo, um repórter que acabou de chegar de Londres e ainda deve achar que Londres é a capital do Universo – clique aqui para ler “De Blasio, prefeito de Nova York, faz xixi na cabeça dos repórteres do Fantástico” – reduz o Brasil à colônia da Rainha Vitória.

(Se continuar assim, o jovem será promovido para Nova York …)

Acusa o Governo Dilma de não construir eclusas ao lado das barragens do rio Teles Pires, em Mato Grosso.

Clique aqui para ler sobre a “melhor agricultura do mundo, em torno de Sinop”.

De fato, é preciso acelerar as obras das eclusas do Teles Pires.

Existe uma determinação legal de ao construir uma hidrelétrica deve estar previsto construir eclusas.

Acontece que ao ser feita a licitação para a hidrelétrica – ou barramento -, não é feita, simultaneamente, a licitação das eclusas.

O que acontece no Teles Pires é que as barragens estão sendo construídas e as eclusas que vão baratear o transporte de grãos ainda não.

Por quê ?

O repórter do Fantástico, ainda sob o impulso da vigorosa expansão econômica da Inglaterra, poderá entender.

O Ministério dos Transportes, o DNIT, estuda os trechos em que as eclusas se recomendam.

Porque, se não houver justificativa econômica, em alguns trechos talvez seja melhor levar a carga por via terrestre.

Para que não se gaste dinheiro com eclusas pouco utilizadas.

Determinadas as eclusas de fato necessárias, conclui-se o projeto e, daí, a licitação.

Isso deverá estar pronto em um ano.

O ideal seria que as eclusas fossem feitas simultâneas às barragens.

Mas, não se justificaria esperar o estudo das eclusas para começar a obra da barragem.

As eclusas serão feitas ?

Claro.

Ficarão prontas logo depois de o Fantástico chegar a um dígito de GLOBOPE.

O Fantástico também levou ao espectador a impressão de que o Governo trabalhista – sim, porque os tucanos não fizeram nenhuma obra que usasse cimento ou tijolo – construíram as eclusas de Tucuruí sem tirar as pedras do caminho, o Pedral do Lourenço.

(O repórter do Fantástico chama as eclusas do Tucuruí de “faraônicas”, ou seja, coisa de ditador perdulário, chegado ao suntuoso e ao desnecessário …)

Quer dizer, Lula, o Faraó, e Dilma, a Faraoa, fizeram a obra e se esqueceram das pedras, concluiu o fantástico repórter – que, aliás, deveria dar crédito ao PiG (***), que pisa nessa tecla faz tempo:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,eclusas-de-tucurui-so-operam-com-o-rio-cheio-,783124,0.htm

Quando o rio enche, se criam caminhos alternativos ao caminho das pedras e a navegação é normal.

Mas, a navegação só poderá ser feita no canal de navegação previsto numa Carta Náutica da Marinha.

O projeto tem que prever a navegação dentro deste canal, com o rio cheio ou menos cheio..

No dia 29 deste mês, o projeto será concluído, depois de feitas as novas  correções exigidas pela Marinha:
http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=679297&|edital+do+pedral+do+louren%C3%A7o+sai+em+dezembro,+afirma+ministro+#.UoE-epR3icc

E as mudanças daí decorrentes serão realizadas no próximo regime hidrológico – http://www.pac.gov.br/obra/9416

A capacidade investigativa do Fantástico e seus repórteres naufraga quando rio enche …

O Fantástico já tentou cancelar as obras da transposição do rio São Francisco e foi devidamente desmoralizadopelo então ministro Fernando Bezerra .

De fato, amigo navegante, quem paga é você.

É você quem paga a verba da SECOM que sustenta a Globo, apesar de a audiência da Globo estar mais para vazante do que para montante.

Paulo Henrique Amorim



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.


(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

sábado, 12 de outubro de 2013

Paulo Nogueira revela bastidores da cúpula da Globo

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Publicamos abaixo a reunião de depoimentos de dois experientes jornalistas, Paulo Nogueira e Paulo Henrique Amorim, que conheceram de perto as decisões da cúpula das Organizações Globo. A impressão que eu tive é de um ambiente monárquico medieval, com o rei sentado ao meio e seus dois principais conselheiros um de cada lado. Interessante notar que, segundo Nogueira, os dois conselheiros, Merval e Ali Kamel, disputam entre si quem reflete melhor a opinião do chefe, João Roberto Marinho.
A colona do Ataulfo foi um prêmio de consolação. Mas, ele tenta reverter o legado funesto.
arnold-schwarzenegger-1024x575Na foto, o Dr Roberto jovem
Paulo Nogueira conhece as vísceras da Globo Overseas.
(O Miguel do Rosário também. O Fernando Brito também. O Azenha também.)
Em outro post no Diário do Centro do Mundo, ele descreveu como o Ataulfo Merval da Paiva (*) e o Gilberto Freire com “i” (**) disputam para ver quem concorda mais com o patrão – na frente do patrão.
(Como diz o Mino Carta, o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega.
Por essas e outras, no romance “O Brasil”, Mino criou um personagem que tem tudo, o corpo e a alma do Ataulfo – clique aqui para ler “O Brasil do Mino é pior do que você pensa”.)
Nogueira voltou ao tema dos fanáticos patrólatras, Ataulfo e Freire com “ï”:
COMO FUNCIONA O CONSELHO EDITORIAL DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO
TINHA OUVIDO FALAR POUCO DE ALI KAMEL, CHEFE DE TELEJORNALISMO DA GLOBO, ATÉ CONHECÊ-LO NO CONEDIT. É o conselho editorial das Organizações Globo.
Por Paulo Nogueira, no Diario do Centro do Mundo.
Sob o comando de João Roberto Marinho, o Conedit reúne os editores das diversas mídias da Globo para alinhar ações e debater assuntos. As reuniões são realizadas às terças, por volta das 11 horas, no prédio da Globo no Jardim Botânico, no Rio. Frequentei-as ao longo dos dois anos e meio em que fui diretor editorial das revistas da Globo. Quando cheguei, Kamel já estava lá, e ali permaneceu depois que saí.
A referência mais longa que eu tivera dele veio de um jornalista da Abril que o procurara em busca de emprego. A operação deu certo. O jornalista me contou que lera que Kamel valorizava gente que tivesse passado por revistas, por ser mais apta a mexer com palavras. O próprio Kamel passara pela Veja no Rio antes de se fixar nas Organizações Globo.
Kamel não confirma o folclore do carioca simpático, ao contrário de outros editores com quem convivi naquelas manhãs de terça. Seu chefe, Carlos Schroder, um gaúcho afável e sempre com um sorriso no rosto, parece mais carioca que ele.
De um modo geral, o ambiente no Conedit reflete o humor, a alegria, a capacidade de rir dos cariocas. (E também a falta de pontualidade.) Mesmo Merval Pereira, colunista de várias mídias da Globo e ex-diretor do jornal, ri com frequência – uma surpresa para quem lê seus textos em geral num tom de elevada preocupação, quase sempre ligada a um pseudopecado mortal de Lula.
Kamel, pela importância da TV, é uma presença destacada no Conedit. Sua expressão solene sublinha esse papel. Não sei se Kamel costuma beber no bar com os amigos para falar bobagens como futebol, mas não me pareceu.
O que inicialmente mais me chamou a atenção em Kamel, e em muitos outros ali, foi a obsessão com São Paulo. “Os jornais de São Paulo” são constantemente citados, como se representassem o mal. Não sou exatamente um admirador nem do Estadão e muito menos da Folha, mas achava engraçada a presença dos “jornais de São Paulo” nos debates. Nós, jornalistas de São Paulo, jamais nos referimos aos “jornais do Rio”.
Não é exatamente confortável ser um paulista naquele plenário, logo entendi. Eu me sentava num canto próximo da porta, por razões de conforto. “Este é o canto dos paulistas”, ouvi, em tom de brincadeira, uma vez, de Luiz Erlanger, uma espécie de RP do alto escalão das Organizações.
Havia uma alta rotatividade naquele canto. O ambiente é carioca, para o bem e para o mal. E o ressentimento pelo tamanho que São Paulo tomou no Brasil acaba repercutindo, de uma forma ou de outra, em paulistas que participem do Conedit.
Ali Kamel não facilita a vida de ninguém, logo vi. Não é hospitaleiro. Lembro o dia em que Kamel foi apresentado ao jornalista Adriano Silva, na sede da Globo no Rio de Janeiro. Adriano estava sendo contratado com a missão de chacoalhar o Fantástico.
Adriano fizera isso na Superinteressante. Daí o interesse da Globo. Quem negociou com Adriano foi Carlos Schroder, então diretor de telejornalismo da Globo e hoje seu diretor-geral. Eu estava com ambos no prédio do Jardim Botânico quando Ali se aproximou.
Não deu um sorriso para Adriano. Seco, quase ríspido, colocou a Superinteressante na conversa — afirmou que a enteada a lia — para comentar supostos erros da revista. Ficou claro naquele momento que a vida de Adriano perto de Kamel não seria fácil. Não foi.
Adriano logo foi tocar sua vida longe da Globo, e o Fantástico continuaria a padecer dos problemas que levaram a Globo a procurá-lo — desinspiração editorial, perda de repercussão e um Ibope brutalmente em queda para um programa que se confundira com a noite de domingo dos brasileiros por muitos anos.
O caso do Fantástico me faria lembrar um comentário que certa vez ouvi, segundo o qual a força criativa da Globo repousava em Boni, “um fanático guardião da qualidade”. Achei isso podia fazer sentido ao ler que, numa corrida em que Galvão Bueno gritou triunfal “eu já sabia, eu já sabia!” quando Senna entregou a vitória ao segundo piloto de sua equipe, Boni teve uma reação irada no bastidor. “Se sabia, por que não contou para o espectador?”, perguntou a Galvão.
No Conedit, numa mesa em forma de U, João Roberto se senta no centro, na reunião. À sua esquerda, numa das laterais, fica Merval. Na esquerda, na outra lateral, Kamel. Há uma tensão muda entre os dois, uma espécie de duelo pela preferência e pela simpatia do chefe. São os que mais falam lá.
Não daria o prêmio de simpatia a Kamel. E nem o de originalidade. Logo percebi que ele expressava com ênfase, com a fé cega de um jihadista, amplificando-as, as conhecidas ideias das Organizações Globo.
Não havia desafio a essas ideias, não havia uma tentativa de reolhá-las e reavaliá-las. Bolsa Família? Assistencialismo. Ponto. Cotas em universidades? Absurdo, Ponto.
Um dia comentei isso com Luiz Eduardo Vasconcellos, sobrinho de Roberto Marinho e acionista das Organizações. Luiz teve cargos executivos durante muitos anos, mas depois se recolheu às funções de acionista minoritário.
É simpático, interessado nas coisas do mundo, simples no traje e no trato, como aliás os primos. Você não diz que ele é um dos donos da Globo se se sentar numa reunião do Conedit sem conhecê-lo.
“Sinto falta de pensamentos alternativos na reunião”, comentei com ele num almoço depois da reunião do Conedit. “A sensação que tenho é que as pessoas, principalmente o Kamel e o Merval, falam apenas as coisas que imaginam que o João vai gostar de ouvir.”
Quanto isso devia estar me incomodando estava claro em meu ataque de sinceridade no almoço. Era evidente o risco de que meu comentário fosse espalhado, ainda que Luiz Eduardo sempre tenha me parecido discreto e reservado.
Nas eleições de 2006, meu diagnóstico do Conedit pareceu se confirmar para mim. João Roberto tinha um tom sereno ao debater a campanha. Vi João criticar várias vezes ações de militantes petistas, mas jamais o vi sair do tom no Conedit.
Curiosamente, dada sua posição de dono, o ambiente muitas vezes não refletia a tranquilidade de João Roberto. Kamel e Merval davam um tom épico, em branco e preto, a muitas discussões políticas. Pareciam odiar Lula e qualquer coisa que partisse do governo petista. E pareciam também querer que João Roberto soubesse disso.
Se o julgamento deles fosse acertado, Lula teria errado em todas as decisões que tomou em seus oito anos de administração. Quanto aquela inflamação toda era genuína ou não, é uma dúvida que carrego até hoje. Será que eles pensam mesmo aquilo, ou no bar, com os amigos, dão uma relaxada?
Não sei.
Minha intuição é que, como o poeta segundo Fernando Pessoa, o fingimento é tanto que uma hora você acredita no que fingia antes acreditar. A alternativa é um sentimento automassacrante de que você é uma pena de aluguel.
Há uma lenda urbana segundo a qual Kamel seria o homem por trás da ideologia das Organizações Globo, o “Ratzinger” da empresa. Kamel não é nenhum Hayek, ou Friedman. Não é formulador de pensamentos, não é um filósofo, não é carismático, não é nada daquilo que confere a alguém o poder de persuadir outras pessoas pelo vigor não dos gritos mas das ideias.
Uma designação provavelmente mais próxima da realidade é que Kamel comanda os “aloprados” da Globo. Relembremos. Num determinado momento da campanha de 2006, veio à cena, na mídia, a expressão “aloprados”, para designar petistas mais apaixonados. A certa altura, Lula disse a João Roberto Marinho que seguraria os “seus aloprados”, mas que queria que os “aloprados do outro lado” também fossem controlados.
Foram? Basta ouvir um comentário de Jabor ou um artigo de Merval para saber que não. A cobertura em 2010 do atentado da bolinha de papel contra Serra, ou mais recentemente a forma como foi tratado o julgamento do Mensalão, mostra que os aloprados estão de mãos livres na Globo.
Uma possibilidade que deve ser considerada é que aloprados não sejam exatamente alguns comentaristas ou colunistas, ou mesmo diretores da área jornalística – mas a própria Globo, em sua alma e em sua essência.
*
Navalha
Navalha
O ansioso blogueiro tem uma informação a acrescentar à História da Globo Overseas e seus trombones.
Quando Evandro Carlos de Andrade deixou o jornal O Globo e foi para a tevê Globo – onde produziu duas únicas históricas contribuições ao meio televisivo, levar a Urubóloga e o Jabor para o vídeo – deixou o Ataulfo como sucessor no jornal.
E levou o Freire com “i” para a Globo Overseas, outra sábia decisão que a História da Televisão Mundial registrará com destaque.
O Ataulfo botou as asinhas de fora.
E começou a querer retocar a Grande Obra de Evandro (que, em 30 anos de jornal, não revelou um único repórter nem publicou uma única reportagem relevante).
Evandro, que gozava da irrestrita confiança dos filhos do Dr Roberto – eles não têm nome próprio – , mas não do Dr Roberto, fuzilou o Ataulfo.
Que, por isso, não teve cargo de comando na tevê.
No leito de morte, Evandro disse à família que seu sucessor na tevê era o Carlos Schroeder, hoje CEO da empresa.
A colona de Ataulfo no Globo, portanto, foi “um prêmio de consolação”.
Mas, provavelmente, segundo o relato de Nogueira, a cada reunião do Conselho Editorial, ele deve tentar re-escrever o legado funesto do Evandro.
O Gilberto Freire com “i” segue uma linha de diretores de jornalismo da tevê Globo que não entendem nada de televisão.
O último a ocupar aquele cargo e que entendia de televisão foi o Armando Nogueira.
Os sucessores vieram da imprensa escrita e de lá nunca saíram.
Percebe-se.
O jornal nacional é o programa de rádio mais chic do mundo.
Não é por acaso que a audiência se aproxima inexoravelmente para a casa dos 10.
Alberico Souza Cruz, Evandro e Gilberto Freire com ï” trouxeram da imprensa escrita e do Globo, o jornal, apenas, os editoriais.
E a vocação para o Golpe.
Sempre a favor do Patrão.
Em tempo: o ultimo texto assinado por Evandro, pouco antes de morrer, foi um perfil do Dr Roberto para a revista Exame. Faz dele uma cruza de Jesus Cristo com Arnold Schwarzenegger.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia. E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.
(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Por: Miguel do Rosário

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

POLICARPO E GURGEL:RUÍDOS DISSONANTES.


*Oito dias e 145 mortes depois: Israel e Hamas concordam em cessar fogo.




O indiciamento do diretor de Veja em Brasília, Apolinário Jr, e o pedido de investigação contra o procurador-geral,  Roberto Gurgel, feitos pela CPI do Cachoeira, forçam a tampa de um bueiro capaz de revelar detritos omitidos na narrativa conservadora da Ação Penal 470. São processos distintos, mas os personagens se repetem. As linhas de passagem entre um caso e outro foram represadas na pauta das conveniências. O mesmo Gurgel que chocou por três anos os ovos do braço parlamentar de Cachoeira embala-se em caçar passaportes e exigir a prisão imediata dos condenados pelo STF.Urgências eletivas elucidam impropriedades cometidas  nas denúncias do procurador. A manipulação rudimentar acoplou o Visanet e seus recursos à esfera pública; esta semana, pretende-se provar o peculato doloso do petismo por desvio de 'bônus de volume' . Trata-se de um prêmio pago por veículos de comunicação a agências de publicidade sobre o qual anunciantes, Globo ou Visanet, não tem qualquer ingerência. A criminalização do PT neste caso deveria ser estendida à família Marinho. 



O caso Fantástico-UFRJ e o papel do CNJ


 

O produto notícia sempre explorou a escandalização como um de seus maiores fatores de venda. Não se trata propriamente de serviço público, mas de uma operação comercial, que visa vender mais, atrair mais leitores/espectadores e, em alguns casos, pressionar anunciantes ou tomar partido em disputas empresariais ou políticas.
O escândalo é um produto jornalístico é, como tal, tratado como marketing, da mesma forma que qualquer produto de consumo. E os ingredientes centrais desse marketing são a ampliação de verdadeira dimensão, “esquentar” a notícia, como se diz no jargão jornalístico.
***
Em geral, tende-se a analisar a imprensa apenas como contraponto ao Estado, como representante da opinião pública.
Ora, no universo da opinião pública há um sem-número de personagens: o Estado, os grandes interesses econômicos, os partidos políticos, os demais poderes da República e, principalmente, o cidadão, o indivíduo, frágil, vulnerável em relação aos poderes maiores.
É para este cidadão que deveria se voltar a olhar da Justiça. No entanto, sua única forma de defesa, hoje em dia, são as redes sociais, jamais o Judiciário.
***
Na semana retrasada o programa “Fantástico” anunciou uma matéria bombástica contra a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Falava-se em desvio de dinheiro, lançavam-se suspeitas de enriquecimento ilícito e por aí afora.
Das redes sociais veio o alerta de que estariam cometendo um “assassinato de reputação”. A matéria foi suspensa e transferida para domingo passado, agora com um cuidado jornalístico maior.
***
E aí se entra em um dos muitos recursos de manipulação de escândalos utilizados atemporalmente pela mídia: a confusão intencional entre problemas administrativos e desvio de recursos. Ou o superdimensionamento de pequenas infrações, tratadas como se fossem grandes crimes contra a ordem pública.
***
De acordo com o site do Fantástico, há 4 anos a UFRJ começou a ser investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) – que provavelmente encaminhou ao programa o inquérito sigiloso – e pela AGU (Advocacia Geral da União).
Tirando toda a retórica, o caso fica resumido a isto:
1. A UFRJ firmou convênio com o Banco do Brasil que, em troca da administração das contas, pagaria uma quantia anual à instituição. De 2005 a 2009. Segundo o MPF, deveria ter havido licitação. Mas era um banco público e uma instituição pública.
2. O dinheiro foi repassado para uma fundação, e não para o orçamento da Universidade e não foi incluído no SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal). Aí se tem uma irregularidade administrativa, sim. Mas, na própria matéria, especialistas atestam que quase todas as universidades procedem assim, para não cair no emaranhado burocrático da administração pública. De dois anos para cá mudou a legislação. A matéria reconhece que o contrato com o BB é anterior. Sem escândalo.
***
O contrato com o BB envolveu a quantia de R$ 43.520.000 em cinco anos.
Os “escândalos”
Identificaram-se, concretamente, as seguintes irregularidades: 1. Um professor utilizou notas frias para justificar despesas (R$ 10.083,00). 2. Outro professor recebeu através de uma empresa dele a quantia de R$ 27 mil. 3. Contratação de uma empresa para fornecer agendas para a UFRJ (R$ 27 mil). 4. A concessão de dois restaurantes. 5. o pagamento de R$ 264 mil a uma empresa que fornecia coquetéis e lanches.
“Esquentando” o escândalo
A nota da UFRJ mostra que a empresa que emitiu a nota não havia desaparecido, mas apenas mudando de endereço. O reitor recebeu o Fantástico e apresentou um balanço do que foi feito com o dinheiro do BB: seminários, congressos e recepções, na manutenção e reformas de prédios, na construção de restaurantes. Em vez de focar nas obras que foram realizadas com os recursos, deu-se destaque para as que não foram.
O vazamento do MPF
O “Fantástico” recebeu o inquérito antes dos indiciados. Com isso, ficou com o poder de julgar e condenar sete pessoas perante dezenas de milhões de telespectadores. As ressalvas às denúncias só foram entendidas por um diminuto número de espectadores, que sabem diferenciar problemas administrativos de malversação graúda de dinheiro. Mesmo com os cuidados da reportagem, perante a opinião pública estão todos condenados.
O papel do CNJ - 1
E aí se entra nessa escandalosa iniciativa do Ministro Ayres Britto, de criar uma comissão permanente, no âmbito do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), para garantir a grande mídia contra as ações propostas pelas vítimas. A comissão será composta por integrantes do poder judiciário e por representantes de órgãos de mídia. Não se cogitou sequer de defensores das vítimas de pequenos e grandes crimes.
O papel do CNJ - 2
Quando Ministro do STF, Ayres Britto, a pretexto de acabar com a Lei de Imprensa, deixou um vácuo jurídico que prejudicou fundamentalmente o direito de resposta. Agiu exclusivamente com o propósito de agradar a mídia, principalmente depois que espocaram denúncias sobre o uso do seu nome por seu próprio genro, em ações que passavam pelo STF e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Coincidentemente, as denúncias sumiram do noticiário
O cidadão desprotegido
Tem-se, agora, o ensaio de uma briga de gigantes. De um lado, Congresso Nacional, partidos políticos; de outro, o Executivo; na terceira ponta, MPF, STF e mídia. E onde fica o cidadão comum? Em nenhum momento, Ayres Britto – ou o próprio STF – pensou no cidadão comum. Este continua à mercê de um Judiciário que entende a mídia com olhos do governante norte-americano do século 18. Muitos assassinatos ainda serão cometidos.
Luis Nassif
No Advivo

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Globo tentou ligar Lula e Agnelo a Cachoeira

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG- Partido da Imprensa Golpista) não mostra!

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DE ANDRESSA AO FANTÁSTICO FOI FILMADA POR UM CELULAR; NAS PERGUNTAS, REPÓRTER DA GLOBO INSISTIU PARA QUE A ESPOSA DE CARLOS CACHOEIRA CONECTASSE O EX-PRESIDENTE E O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL AO ESCÂNDALO;

ELA NEGOU E OS TRECHOS NÃO FORAM AO AR 


Goiás – No encontro com Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira, o Programa Fantástico, da Rede Globo, insistiu na tentativa de associar petistas com o esquema do contraventor. Uma pequena parte da conversa com a jornalista Sônia Bridi foi ao ar na revista dominical da Globo, dia 1º de julho. O Brasil247 teve acesso com exclusividade à íntegra da entrevista, gravada de um iPhone.
Eis alguns links:
 
 
 
 
Num dos trechos, a mulher de Cachoeira é questionada sobre o suposto pagamento de uma aeronave para o que médium João de Deus, que realiza cirurgias espirituais em Abadiânia (município goiano bem no meio do caminho entre Goiânia e Brasília), visitasse Lula em São Paulo. À época o ex-presidente realizava seu tratamento contra o câncer na Laringe no hospital Sírio Libanês.
Veja o trecho:
Fantástico – Quando o médium João de Deus... Você conhece João de Deus?
Andressa – Já o vi aqui, na casa do meu sogro. Ele vinha orar para a minha sogra, que faleceu.
Fantástico – Quando ele foi visitar o presidente Lula, em São Paulo, foi o Carlos quem arranjou a visita, cedeu o avião?
Andressa – Não sei te responder.
Fantástico – Mas vocês têm contato com o João de Deus? A família é espírita?
Andressa – Acho que não. Não sei. Acredito que não. Mas ele é uma pessoa que mora em Anápolis, é uma figura fácil aqui. Ele ora pelas pessoas que estão doentes. Ele veio orar pela minha sogra algumas vezes.
Em outro trecho, Andressa é questionada sobre uma suposta viagem dela, de Cachoeira e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz, aos Estados Unidos. Ela nega, mas a repórter insiste:
Fantástico – E este encontro que vocês tiveram com o governador Agnelo Queiroz nos Estados Unidos? Vocês discutiram política ou foi um encontro social?
Andressa – Desculpa, com quem? 
Fantástico – Com o governador Agnelo Queiroz.
Andressa – Nos Estados Unidos?
Fantástico – É.
Andressa – Eu não conheço o governador do Distrito Federal.
Fantástico – Vocês não se encontraram nos Estados Unidos?
Andressa – Não, não nos encontramos.
Fantástico – Vocês nunca se encontraram? Você, junto com o Carlos, nunca se encontraram com ele?
Andressa – Não, nunca vi.
Fantástico – Nunca teve um contato...
Andressa – Nunca.
Acompanhe abaixo a entrevista (sem cortes):
Fantástico – Andressa, como você se preparou para essa entrevista?
Andressa Mendonça – Eu me preparei com muita oração, com muita fé em Deus, como eu faço todos os dias, e com a cabeça tranquila.
Fantástico – Você conversou com os seus advogados?
Andressa – Conversei com os meus advogados.
Fantástico – Eles te orientaram sobre o que me dizer e o que não me dizer?
Andressa – Não muito sobre o que dizer e o que não dizer. Acho que a gente tem que falar com o coração, né? O que é para passar um pouco do que está acontecendo na minha vida neste momento.
Fantástico – A gente está conversando com você já tem oito semanas para fazer essa entrevista. Por que agora você aceitou?
Andressa – Eu aceitei porque tivemos uma derrota difícil no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e me senti, assim, injustiçada. Acho que o caso do Carlos já está se tornando um absurdo mesmo e ele não tem direito a nada, tudo para ele é negado, é muito difícil. Sinto muito que ele tá sendo perseguido, acho discriminatório. Sabe, acho que ele é um bode expiatório. Então...
Fantástico – Bode expiatório de quem?
Andressa – Não sei. Eu considero o meu marido um preso político, né? Eu, Andressa, considero o Carlos um preso político depois da ditadura e...
Fantástico – Mas as acusações contra ele são contravenção, lavagem de dinheiro. São várias acusações relacionadas a crime, a formação de quadrilha. Ele está sendo investigado por contrabando, relacionado às máquinas caça-níqueis...
Andressa – São acusações...
Fantástico – Mas como é que isso o transforma em preso político?
Andressa – Acusações. Meu marido é inocente, ele pode responder em liberdade, não cometeu crime hediondo, ele não matou ninguém, não fez tráfico de armas, de drogas, não existe prostituição no processo. Considero ele um preso político porque na CPI do Cachoeira, onde leva o nome dele, ficou muito clara a briga do PT com o PSDB, um parlamentar querendo aparecer mais que o outro e, infelizmente, a gente tem que passar por isso, né?
Fantástico – Ele se considera inocente das acusações que são feitas contra ele?
Andressa – Ele se considera inocente e com o direito de responder em liberdade, das acusações. Ele tem o direito de provar que é inocente e responder em liberdade.
Fantástico – Com que frequência você visita ele na prisão?
Andressa – Eu visito uma vez por semana e agora de 15 em 15 dias, agora que ele tá no presídio estadual.
Fantástico – Por que ele foi para um presídio estadual?
Andressa – Porque ele tem um segundo decreto de prisão contra ele, um decreto estadual. Uma vez que ele ganhou liberdade na Operação Monte Carlo pelo desembargador Tourino Neto e o ministro rapidamente se apressou em cassar, várias pessoas da Operação Monte Carlo ganharam liberdade. Mas só a do Carlos foi cassada. Então por que me pergunto e pergunto para o País, por que só a dele? É,  no mínimo, discriminatório para mim.
Fantástico – Como é que você encontra com ele na prisão? Como é que são os encontros de vocês?
Andressa – É tenso, né? Ter um marido preso é uma coisa muito complicada. É a pior experiência da minha vida. Você ver a pessoa que você ama sendo privada de liberdade. Eu, como assistente social, procurei até a Secretaria de Direitos Humanos porque a porção de comida não tava dando pra ele, ele sentia fome durante o dia. Então a gente nunca imagina que vai passar por uma experiência dessa.
Fantástico – Você tem permissão para levar comida na cadeira para ele?
Andressa – Um quilo de cream cracker por semana e 10 frutas. Então, a porção de comida é muito pequena, ele passa também muita necessidade de comida. Sem falar das outras coisas, né? Então..
Fantástico – Ele desabafa com você?
Andressa – Desabafa...
Fantástico – Como é o ânimo dele?
Andressa – Ele anda deprimido, tá tomando vários medicamentos agora, tá sendo consultado uma vez por semana por um psiquiatra. Não tá bem psicologicamente...
Fantástico – Ele está revoltado com as pessoas que ele considera, se sentiu abandonado pelas amizades dele, pelas pessoas do relacionamento dele?
Andressa – Não nesse sentido. Ele tá revoltado no sentido de se considerar um preso político após a ditadura. A gente vê a presidente, brilhantemente, criando lá a Comissão da Verdade pra combater, vem combatendo com tanta veemência, enfrentando os crimes cometidos na ditadura, e queria mesmo fazer esse clamor pra ela, pra ela olhar para o nosso caso.
Fantástico – Eu queria que você me explicasse de novo como é que você chega a essa conclusão de um preso político. Ele é acusado de corrupção ativa e passiva, de corromper políticos e funcionários do governo, falsidade ideológica, contrabando, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. Como é que uma pessoa acusada desses crimes se torna um preso político?
Andressa – Bom, se ele não fosse um preso político, não teria se criado uma CPMI com o nome dele. Então, aí a gente já pode notar que o caso dele é puramente político.
Fantástico – Mas a CPI é para investigar a relação dele com os políticos ou políticos que ele influenciasse.
Andressa – Eu acredito que a mídia criou um monstro. O monstro Carlinhos Cachoeira. Meu marido não é um monstro. Meu marido é um homem de bem. Ele precisa ter liberdade para ter os direitos garantidos para poder provar isso, junto à sua defesa, que ele é um homem de bem. Ele tem o direito de provar isso. Ele tem acusações sobre ele, mas ele é um homem de bem. Isso eu posso garantir.
Fantástico – Durante o tempo que você se relaciona com ele, você teve conhecimento das atividades dele? Jogos, caça-níqueis, e tudo o mais?
Andressa – Não tive conhecimento. A imprensa chama o Carlos de bicheiro, meu marido não é bicheiro. Bicheiro em Goiás tem outros nomes. Tem mais de 20 mil máquinas de apostas eletrônicas no jogo do bicho. E eles têm outros nomes. A polícia não está nem um pouco preocupada em investigar. E o Carlos que eu conheço é empresário, faz consultorias para empresas, trabalhou durante anos, aproximadamente 10 anos com a Loteria do Estado de Goiás. Trabalhou no ramo de medicamentos.
Fantástico – No ano passado, o Fantástico fez uma reportagem que mostrava o envolvimento dele com a importação de máquinas caça-níqueis. Você tem conhecimento disso?
Andressa – Não tive conhecimento.
Fantástico – Porque ele foi até a CPI e escolheu ficar calado? Ele vai depor, provavelmente, na semana que vem. Ele disse como vai ser o comportamento dele no depoimento?
Andressa – Não. Ele disse pra mim que tem muito o que falar, que ele quer contribuir e pediu para eu falar para o Brasil que ele tem o que dizer, inclusive para a sua própria defesa.
Fantástico – Esse 'tem o que dizer' envolve os políticos que são acusados de terem um relacionamento com ele, de terem recebido dinheiro dele ou de terem recebido dinheiro em troca de favores?
Andressa – Talvez, talvez sim.
Fantástico – Você acha que não há que falar?
Andressa – Não sei se existe alguma coisa para ser falada ou se não existe. Isso é uma coisa que eu realmente não sei. Mas ele acredita que ele pode contribuir, quer falar. Enfim, ele quer dar uma entrevista, quer falar com a imprensa.
Fantástico – Você recebeu um convite para posar numa revista masculina. Você aceitou?
Andressa – Não. Eu recebi o convite.
Fantástico – Como é que você vê essa notoriedade toda em torno de você numa situação, para a maioria das mulheres, é muito constrangedora ter o marido preso?
Andressa – Para mim também é muito constrangedor. Mas eu sou uma mulher de muita fé, uma mulher segura daquilo que eu quero e daquilo que eu acredito. Então, pra mim não tem limites. A minha luta com o Carlos não tem limites. Eu não consigo mensurar para você o tamanho da minha luta. Ele, junto com os meus filhos, é a prioridade na minha vida, e vai ser sempre.
Fantástico – Como é o seu padrão de consumo? Como é que você, o que você gosta de comprar, o que você gosta de gastar o seu dinheiro?
Andressa – Eu gosto de comprar coisas que mulherzinha gosta, nada de especial. Sou uma pessoa simples, tenho o dia a dia agitado com os meus filhos, levo no colégio, natação. Então, uma vida normal.
Fantástico – Você é muito gastadeira?
Andressa – Não muito.
Fantástico – A polícia diz que tem uma gravação do Carlinhos discutindo com um administrador dele, uma conta de cartão de crédito sua de mais de R$ 60 mil. Ou US$ 60 mil. Eles não dizem que moeda é, sobre os gastos feitos em Miami. Isso ocorreu?
Andressa – Pode ter acontecido sim. Eu estava comprando roupas de cama, algumas coisas para casa. Pode ter acontecido sim.
Fantástico – Você, neste mesmo mês, ele teria tido um gasto no cartão de crédito de R$ 500 mil. Os negócios dele produzem esse dinheiro suficiente para esse nível de gasto?
Andressa – Eu não sei tanto sobre os negócios dele nem... Eu tava morando com ele há pouquíssimo tempo. Então, é uma coisa que eu não sei te responder.
Fantástico – Essa casa na qual ele foi preso. É uma casa que está envolvida em muita polêmica. Como é que vocês foram morar nesta casa?
Andressa – Na verdade, um amigo emprestou para mim. Eu estava me separando e precisava de uma casa meio a toque de caixa, com urgência, assim. E eu fiquei nessa casa..
Fantástico – E esse amigo disse de quem era a casa?
Andressa – E eu fui ficando, fui ficando... Disse que era de um empresário. De um empresário amigo dele. Fiquei...
Fantástico – E você pode dizer o nome desses amigos?
Andressa – Eu prefiro não. Já foi dito. Eles já foram depor na CPI. Então acho que já está bem esclarecido esse assunto.
Fantástico – Havia um projeto do Carlos de vocês morarem em Goiânia no Edifício Excalibur?
Andressa – Ele comentou, uma vez, de relance comigo, mas eu até morava em um bairro próximo, gosto do setor. Mas não concordei com a ideia.
Fantástico – Por que?
Andressa – Acho que não ficaria à vontade. Gosto de ficar onde me sinto à vontade.
Fantástico – Foi aí que surgiu essa casa?
Andressa – Não. Essa casa surgiu exatamente como eu estou te falando. De uma necessidade minha, mesmo.
Fantástico – Era uma casa para vocês ficarem morando durante quanto tempo?
Andressa – Uma casa provisória, para a gente ficar três meses, no máximo, para eu ficar dois meses, no máximo. E ele foi ficar lá comigo, depois.
Fantástico – Foi pra essa casa que você fez as compras nos Estados Unidos?
Andressa – Foi.
Fantástico – O decorador que falou à CPI também disse que vocês gastaram R$ 550 mil em móveis para esta casa. São R$ 550 mil para morar em uma casa provisoriamente?
Andressa – Eu não sei o valor exato que nós gastamos. Mas gastamos um dinheiro. Mobiliei a casa e obviamente levei a mobília comigo na mudança.
Fantástico – Você já saiu da casa?
Andressa – Já saí da casa.
Fantástico – Por que você escolheu dar a entrevista aqui na casa do pai do Carlos em vez de dar entrevista na sua própria casa?
Andressa – Porque eu fico muito aqui. Aqui é como se fosse a minha casa. A minha segunda casa é aqui. Então, como a família dele é também a minha família, eu passo a maior parte do tempo aqui. Então aqui é o lugar que eu me sinto a vontade.
Fantástico – Durante este tempo em que vocês ficaram juntos, vocês tinham um vida social bastante movimentada. Vocês viajavam. Nestas viagens você se encontravam, saíam para jantar, faziam programas com o governador Marconi Perillo?
Andressa – Não, com o Marconi não.
Fantástico – Você nunca encontrou com ele?
Andressa – Nunca. Encontrei o Marconi várias vezes, fez campanha para governador com o meu ex-marido, que é primeiro suplente do Demóstenes, e encontrei com o Marconi 'n' vezes durante a campanha eleitoral dele. Mas junto com o Carlos não.
Fantástico – E este encontro que vocês tiveram com o governador Agnelo Queiroz nos Estados Unidos? Vocês discutiram política ou foi um encontro social?
Andressa – Desculpa, com?
Fantástico – Com o governador Agnelo Queiroz.
Andressa – Nos Estados Unidos?
Fantástico – É.
Andressa – Eu não conheço o governador do Distrito Federal.
Fantástico – Vocês não se encontraram nos Estados Unidos?
Andressa – Não, não nos encontramos.
Fantástico – Vocês nunca se encontraram? Você, junto com o Carlos, nunca se encontraram com ele?
Andressa – Não, nunca vi.
Fantástico – Nunca teve um contato...
Andressa – Nunca.
Fantástico – E com o Fernando Cavendish?
Andressa – O Fernando teve algumas vezes aqui em Goiânia, mas eu nunca o encontrei. O Carlos provavelmente deve ter encontrado, mas eu nunca encontrei.
Fantástico – Qual é o relacionamento deles, dele com a Delta?
Andressa – Eu acredito que o Carlos era uma espécie de consultor da empresa. Não só da Delta, mas de algumas outras empresas em Goiás.
Fantástico – Mas ele é consultor muito próximo, ele tinha um relacionamento muito próximo com o Cláudio Abreu, por exemplo?
Andressa – Um relacionamento, acho, de amizade com o diretor da empresa.
Fantástico – Isso envolvia troca de favores? Avião emprestado?
Andressa – Talvez sim.
Fantástico – E ele dizia qual era a natureza dessa consultoria que ele prestava?
Andressa – Não. Para mim não dizia.
Fantástico – Quando o seu ex-marido foi vice do senador Demóstenes, quando ele foi indicado a suplente, o Carlos tinha contato com senadores, ele teve algum papel na indicação do seu ex-marido como suplente?
Andressa – Eles eram muito amigos. Eram próximos. Eram amigos. Falavam muito sobre política. Provavelmente, sim. Devem ter falado bastante sobre esse assunto sim.
Fantástico – Algumas gravações que apareceram na imprensa foram feitas pelo próprio Carlos. Depois divulgadas. Ele costumava gravar muito as conversas que ele tinha, filmar?
Andressa – Eu não sei te responder isso. Eu nunca vi e não participei disso. Não sei te responder.
Fantástico – A vida cotidiana de vocês, alguma vez ele filmou?
Andressa – Absolutamente. Não.
Fantástico – A polícia diz que o espião que trabalhava para ele fazia escutas telefônicas, grampeava, você alguma vez foi grampeada?
Andressa – Devo ter sido grampeada pela polícia. Provavelmente.
Fantástico – Qual seria o objetivo da Polícia em grampear o seu telefone?
Andressa – Não sei. Talvez interceptar alguma conversa minha com o Carlos, já que ele foi grampeado durante muito tempo.
Fantástico – O fato dele ter essas gravações, algumas já são conhecidas, públicas, foram feitas por ele, o que você acha que motivava ele a fazer isso?
Andressa – Talvez mostrar a verdade para as pessoas, para o País?
Fantástico – A verdade do que?
Andressa – Não sei. Quem cobra propina, quem achaca empresários, talvez.
Fantástico – A polícia diz que essas gravações estavam sendo usadas para chantagear políticos e funcionários do governo para que fizessem o que ele queria...
Andressa – Meu marido não é chantagista. Ele é um homem bom.
Fantástico – Você já teve oportunidade de fazer uma visita íntima na prisão?
Andressa – Não.
Fantástico – Isso foi agendado, foi solicitado?
Andressa – Não, ainda não.
Fantástico – Vocês ainda se veem através do vidro?
Andressa – Agora neste novo presídio vamos ter visita social. Na federal acontecia visita social, entre aspas, pelo vidro. Ao meu ver, não é uma visita social.
Fantástico – Essa visita agora, então, vai permitir um contato físico?
Andressa – Contato físico.
Fantástico – Mas não visita íntima?
Andressa – Também.
Fantástico – Quando a Comissão de Ética do Senado recomendou a cassação do senador Demóstenes, qual foi a reação do Carlos?
Andressa – O Carlos estava muito debilitado em Mossoró, estava doente, perdeu quase 20 quilos, e acho que não estava nem em condições de avaliar a situação do Demóstenes.
Fantástico – Eles eram próximos? Ele e o Demóstenes?
Andressa – Eles eram amigos. Amigos sim.
Fantástico – O seu relacionamento com ele é de muito antes de vocês irem morar juntos?
Andressa – Não.
Fantástico – Vocês estavam planejando se casar quando ele foi preso. Alguma coisa mudou nos planos?
Andressa – Não, vamos nos casar.
Fantástico – E se ele não for solto?
Andressa – Vamos nos casar.
Fantástico – Você vai se casar mesmo com ele preso?
Andressa – Mesmo com ele preso.
Fantástico – Você vai (não entendi)?
Andressa – Não. Mas ele vai ser solto. Quero poder acreditar na justiça desse país. Quero acreditar que não tem mandatário, político mandando na nossa justiça.
Fantástico – Você sabe qual é o paradeiro de Giovani Pereira da Silva?
Andressa – Não.
Fantástico – O que aconteceu com ele?
Andressa – Está foragido.
Fantástico – Por que ele continua foragido, já que ele é um funcionário do Carlos?
Andressa – Não consigo te responder isso. A defesa dele vai poder falar.
Fantástico – O governador do Estado do Rio de Janeiro também tem sido citado nessas investigações. Em algum momento vocês encontraram Sérgio Cabral?
Andressa – Não. Nunca o vi.
Fantástico – No momento em que houve um acidente na Bahia, em que inclusive morreu a mulher do Cavendish, o Carlos foi acionado para mandar avião, prestar socorro e tudo o mais. Ele era muito próximo do Cavendish então?
Andressa – Talvez um pedido do Cláudio, que é muito amigo do Carlos, muito próximo. Talvez isso. O Carlos é um homem muito solícito, um homem onde as pessoas sempre recorrem. Ele é um homem bom, não fala não para ninguém. Talvez por isso.
Fantástico – Ele é operador de caça-níquel?
Andressa – Não.
Fantástico – Ele nunca teve máquina caça-níquel?
Andressa – Eu não sei te responder. Acredito que não.
Fantástico – Vocês nunca discutiram esse assunto?
Andressa – Não que eu me lembre.
Fantástico – Em maio do ano passado, o Fantástico fez uma reportagem em que ele era apontado pela polícia como o operador de várias casas de caça-níqueis. Você não ficou sabendo dessa reportagem?
Andressa – Não. Não fiquei. Eu tenho certeza que ele nunca teve casas de caça-níquel, de bingo. Absolutamente.
Fantástico – Quando o médium João de Deus... Você conhece João de Deus?
Andressa – Já o vi aqui, na casa do meu sogro. Ele vinha orar para a minha sogra, que faleceu.
Fantástico – Quando ele foi visitar o presidente Lula, em São Paulo, foi o Carlos quem arranjou a visita, cedeu o avião?
Andressa – Não sei te responder.
Fantástico – Mas vocês têm contato com o João de Deus? A família é espírita?
Andressa – Acho que não. Não sei. Acredito que não. Mas ele é uma pessoa que mora em Anápolis, é uma figura fácil aqui. Ele ora pelas pessoas que estão doentes. Ele veio orar pela minha sogra algumas vezes.
Fantástico – Como é que as suas crianças estão reagindo a isso tudo?
Andressa – Saudade. Não entendem, não tem muita idade para entender.
Fantástico – Que idade elas têm?
Andressa – Seis e quatro. Mas o Carlos é uma pessoa que faz muita falta na vida de todos nós, principalmente para as crianças. É muito amoroso.
Fantástico – Você acha que o Carlos, ao longo da história dele, como é que ele construiu essa reputação de contraventor e de manipulador de políticos, quando você afirma com tanta convicção de que ele opera na legalidade, como empresário?
Andressa – Ele vem de uma família onde o pai dele era bicheiro, talvez sobrenome, Cachoeira, na família ser uma tradição. Enfim. Não acredito que ele venha a ser.
Fantástico – Como é que ele construiu essa reputação de contraventor, de manipulador de políticos, de corruptor, de corrupção ativa e passiva, se você afirma com tanta convicção de que ele é um empresário que opera na legalidade?
Andressa – Acho que foi muitas vezes achacado, chantageado e acredito nele. Acredito na versão dele. E acredito que ele é um homem bom.
Fantástico – Achacado por quem?
Andressa – Talvez políticos.
Fantástico – Quais políticos?
Andressa – Não saberia falar. Mas...
Fantástico – Você acha que ele está disposto a dizer o nome desses políticos no depoimento?
Andressa – Talvez. Talvez sim.
Fantástico – Qual é a esperança que você tem agora de que ele será solto? Qual é a possibilidade real?
Andressa – A prisão dele, na minha opinião, já está ilegal. Então ele tem possibilidades reais de ser solto a qualquer momento. Não é? Uma vez que todas as pessoas que tinham mandado de prisão na Operação Monte Carlo estão soltas, por que só ele ficar preso? Por que a juíza que soltou todos da Operação São MIchel, que revogou todos os pedidos de prisão na Operação São Michel, não soltou ele? Pra mim é estranho, pra mim é discriminatório. O juiz vai na televisão, dois dias antes de um julgamento importante para ele, onde ele ia ser julgado, ia ser importante para a soltura dele, vai na imprensa e diz: 'fui ameacado'. A procuradora diz: 'fui ameaçada'. E insinua que foram ameaçados por nós. Ora, nós queremos que a polícia federal investigue. Nós somos pessoas de bem. Ele é um homem de bem. Ele não pode sofrer essa injustiça. Isso não pode ser jogado na conta dele. Queremos que a polícia investigue e somos solidários à família. Tanto do juiz quanto dos procuradores, que se dizem ameaçados.
Fantástico – De onde pode ter partido essa denúncia de ameaça? Na sua teoria.
Andressa – A polícia prescisa descobrir. De gente que está se prestando a fazer o mal. Gente que, com certeza, de bem não é.
Fantástico – Quem é que você acha que tem interesse nele preso hoje?
Andressa – Políticos, talvez? A quem interessa a prisão dele, eu pergunto? Por que estão mantendo ele preso?  Por que desembargadores e ministros dão a negativa para ele ir a julgamento e, no outro dia, recebem promoções? Quero acreditar, quero poder acreditar que  justiça desse país vai ser imparcial.
Fantástico – Você vê o ânimo dele se deteriorando ao longo deste tempo na prisão?
Andressa – Ele está doente, está doente psicologicamente, fraco, perturbado, mas está bem. Está preso há quatro meses, não são quatro dias.
Fantástico – Ele tá numa cela comum?
Andressa – Está numa cela comum.
Fantástico – Por que ele brigou na cadeia?
Andressa – Ele brigou porque estava passando um programa onde incita a violência, onde tava uma pessoa baleada e ele é avesso a esse tipo de programa. E ele pediu para desligar esse programa, que é logo após o almoço. E os outros presos, aí começou uma discussão, porque eles não queriam que desligasse. E ele ficou irritado, porque ele esse não é um programa que eleva a alma de ninguém, muito menos de quem está preso.
Fantástico – E isso piorou um pouco a situação dele?
Andressa – Piorou, mas ele também foi mantido algemado dentro da cela por horas. Isso não é cárcere privado? A polícia pode fazer isso?
Fantástico – Ele foi algemado porque foi agressivo?
Andressa – Não, ele não é agressivo. Pelo contrário. É um homem doce. Ele foi algemado porque ele é único. E que tem pedido socorro. Tá gritando por socorro pra justiça brasileira olhar para o caso dele. Ele tem direito a responder em liberdade. É isso o que a gente espera. A pessoa no Brasil hoje mata a esposa, conheço vários casos, inclusive, na minha cidade. O homem matou a esposa com um tiro na face e não ficou nem um dia preso. Quel mal o meu marido fez? Volto a repetir. Que mal ele fez? Ele não fez mal a ninguém. Ele é uma pessoa que só faz bem às pessoas. Só o bem. Esse é o Carlos que eu conheço.
Fantástico – Mas se ele fez mesmo corrupção ativa e passiva, não faz mal a alguém? Contrabando, lavagem de dinheiro?
Andressa – Ele é inocente.
Fantástico – Contravenção?
Andressa – Ele é inocente. Precisa de liberdade para ele poder se defender. Ele precisa provar que é inocente.
Fantástico – Eu gostaria de voltar uma pergunta que eu fiz antes porque eu queria que você elaborasse um pouco mais. Na declaração de Imposto de Renda dele, ele declara uma renda de $ 20 mil por mês, sendo que em apenas um mês, o cartão de crédito dele foi de R$ 500 mil e o seu de $ 60 e poucos mil. E ele estava pagando por essa conta. Qual a fonte de tanto dinheiro? Mesmo a indústria farmacêutica pode produzir tanto lucro para sustentar esse tipo de gasto?
Andressa – Não só ele tava pagando por essa conta. Eu também ajudo ele a pagar as contas. Ele não paga todas as minhas contas. Eu tenho uma boa pensão, tenho o pró-labore, fruto do meu trabalho, da moinha empresa. E eu acredito que, se ele comprou, ele tinha de onde tirar.
Fantástico – Você acha que ele não tem nenhuma fonte ilícita de rendimento?
Andressa – Não acredito. 
Sintonia Fina