Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Desde 2009, mídia já anunciou racionamento de energia 8 vezes


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Em novembro de 2009, às vésperas do ano eleitoral de 2010, teve início esforço anual dos maiores órgãos de imprensa do país – que, desde 2003, fazem oposição cerrada aos sucessivos governos federais do PT – para vender à população que o país estaria à beira de racionamento de energia como o que ocorreu ao fim do segundo governo Fernando Henrique Cardoso.

O único apagão real que ocorreu no país, porém, ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 27 de setembro de 2002, tendo sido causado por falta de planejamento e investimentos em geração de energia.

Desde então, o Brasil sofreu alguns blecautes episódicos, com duração de poucas horas. Nada que possa ser comparado aos quase 14 meses de racionamento de energia impostos pela falta de planejamento do governo federal tucano (1995 – 2002).

Entre julho de 2001 e setembro de 2002, o limite de consumo mensal de energia elétrica de uma residência, para não ter multa, não podia ultrapassar 320 kWh. Pelas regras do racionamento tucano, se esse limite fosse ultrapassado o consumidor teria que pagar 50% a mais sobre o que ultrapassasse o limite oficial. Além disso, em agosto de 2001, a tarifa da energia elétrica sofreu reajuste de 16%.

Confira, abaixo, quais foram os 13 blecautes episódicos de energia que o país sofreu desde o penúltimo ano do governo Lula até a última segunda-feira, quando vários Estados ficaram sem luz por cerca de 45 minutos devido a desligamento preventivo do fornecimento determinado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).

1 – Houve em 22 de janeiro de 2005, um grande blecaute atingiu os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo por algumas horas, afetando 3 milhões de pessoas. Porém, não houve praticamente nenhuma repercussão.

2 – Em 7 de setembro de 2007, novamente os dois estados foram atingidos por desligamento de energia causado por problemas em Furnas. Mais uma vez, porém, a repercussão foi praticamente inexistente.

3 – Em 10 de novembro de 2009, devido a desligamento preventivo da usina hidroelétrica de Itaipu Binacional, 18 estados brasileiros ficaram total ou parcialmente sem energia, sendo a região sudeste a mais afetada.

Começava, então, uma prática midiática que se repetiria todo ano. Toda vez que houvesse um blecaute, a mídia diria que o país estava à beira de um novo racionamento.

Uma semana depois, a oposição conseguiu aprovar “convite” ao então ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, e à então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para prestarem esclarecimentos ao Senado sobre o blecaute de uma semana antes.

A grande mídia, para variar, foi atrás da oposição e começou com a história de que haveria risco de o país sofrer novo racionamento, nos moldes do que ocorreu no governo FHC. Coube à então colunista da Folha Eliane Cantanhêde tentar vender a teoria da oposição.
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Os “avisos” de novo racionamento pela mídia foram tão persistentes que contaminaram o debate eleitoral.

José Serra, adversário de Dilma na disputa pela presidência, usou a “previsão” feita pela mídia de “racionamento” para tentar convencer a população de que esse racionamento seria iminente.

Debate Folha/UOL: veja a íntegra do 5º bloco

4 – Em 04 de fevereiro de 2011, quase toda a região Nordeste do País ficou às escuras a partir das 23h30 (horário local) – 0h30 (horário de Brasília), após um problema em linhas de transmissão locais. O blecaute atingiu pelo menos sete estados: Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

Mais uma vez, a mídia desandou a fazer previsões de que mais um blecaute episódico, que demoraria um ano e sete meses para se repetir, indicava que o país estaria à beira de racionamento. Outro colunista da Folha tratou de tentar vender a tese, junto às manchetes dos jornais e reportagens dos telejornais.
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5 – Em 3 e 4 de Outubro de 2012, novo blecaute registrado por falha em transformador de Itaipu afetou cinco Estados. O blecaute atingiu áreas do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Acre, Rondônia e parte do Centro-Oeste. O blecaute do dia 3 durou cerca de 30 minutos e o do dia 4 durou 2 horas. Mais uma vez, a mídia tentou vender a teoria de que o país estaria à beira de novo racionamento, igual ao de FHC.
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6 – Em 25 de Outubro de 2012, devido ao incêndio em um equipamento, 9 estados da Região Nordeste e parte da Região Norte ficou sem energia durante 3 horas. Mais uma vez, a mídia tratou de fazer estardalhaço a anunciar que logo haveria racionamento.
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7 – Em 15 de dezembro de 2012, um blecaute atingiu municípios de ao menos seis estados. O blecaute foi causado por um problema na hidrelétrica de Itumbiara, em Goiás, de propriedade de Furnas. Cerca de dez dias depois (07/01/2013), a Folha de São Paulo anunciou que o governo já tinha decidido fazer racionamento, o que jamais ocorreu.
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9 – Em 28 de Agosto de 2013, um blecaute de energia elétrica atingiu áreas no Nordeste do país por duas horas. Houve falta de energia em Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Natal (RN). Mais uma vez, explodiram as previsões de que o país estaria às portas de racionamento de energia.
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9 – Em 4 de Fevereiro de 2014, cerca de 6 milhões de consumidores foram afetados pela falta de energia nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul, segundo cálculo do diretor do ONS. O blecaute que atingiu ao menos 11 estados do país teve origem em um curto-circuito numa linha de transmissão no estado de Tocantins. O problema durou cerca de 40 minutos. Porém, novamente a mídia tratou de anunciar racionamento iminente.
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10 – Em 11 de Fevereiro de 2014 às 20h20, mais de 40 cidades ficaram às escuras no ES por alguns minutos, incluindo a capital Vitória, devido a uma falha em uma subestação de Furnas. Nos dias que se seguiriam, houve uma avalanche de matérias na mídia dizendo que o racionamento iria começar nos próximos meses. O jornal O Globo chegou a dizer que o governo admitira “risco de racionamento.

11 – Em 19 de Janeiro de 2015 às 14h55, um blecaute atingiu parte de 10 estados (SP,RJ, ES, PR, SC, RS, GO,MG, MS, RO) e o DF causando falta de energia elétrica a mais de 3 milhões de unidades consumidoras. As causas, segundo as concessionárias de energia, foi uma ordem do ONS para que as mesmas reduzissem a carga devido a um pico de energia que ultrapassou a capacidade de produção do país. Por volta das 15h45 a situação começou a ser normalizada.

A partir do último dia 19, a tese de racionamento iminente não saiu mais do noticiário. Não se fala mais em outra coisa. Nesta sexta-feira, a Folha de São Paulo repete O Globo em fevereiro de 2014 e interpreta levianamente declaração do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, de que poderia haver racionamento se os reservatórios do país inteiro baixarem a um nível catastrófico que nunca foi alcançado e que dificilmente ocorreria.
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O que este post mostra?

1 – blecautes ocorrem episodicamente em um país continental em que as linhas de transmissão, interligadas completamente a partir só do governo Lula, percorrem milhares de quilômetros.

2 – A possibilidade de todos os reservatórios do país se esgotarem de Norte a Sul, é muito pequena. O problema mais grave está restrito ao Sudeste.

3 – À diferença do que ocorreu em 2001/2002, hoje o país tem várias usinas hidrelétricas em fase de construção, tais como Belo Monte, no Rio Xingu, São Luiz dos Tapajós, no Rio Tapajós, Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e a Usina de Jatobá, também no Rio Tapajós.

4 – O país vive hoje cenário diferente de 2001/2002 também devido à criação da Empresa de Planejamento Energético, em 2004, no primeiro governo Lula. Coube à EPE planejar a interligação TOTAL das linhas de transmissão em todo o país (já concluída) e a construção de todas essas novas hidrelétricas, sem falar na construção de usinas eólicas e de energia solar.

Não haverá, pois, racionamento de energia no país. O governo nega, especialistas independentes negam. Até porque, além de todas essas iniciativas existem as termelétricas, que podem ser acionadas a carga total em caso de necessidade extrema.

Crise hídrica, no Globo, é culpa de Dilma.



 :

Embora a gestão da água seja competência estadual e municipal, charge de Chico Caruso, no Globo, estampa a presidente Dilma Rousseff, de quatro, num reservatório seco, como o Cantareira, torcendo por uma 'tempestade perfeita’; os três principais estados do Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, já enfrentam problemas de escassez de água.

 – Com uma charge que estampa a presidente Dilma Rousseff de quatro, em um reservatório seco, Chico Caruso, do Globo, atribui a crise hídrica ao governo federal, embora a gestão da agua seja competência dos Estados e dos municípios.

Após a seca em São Paulo, que gerou impasses com o abastecimento do Rio de Janeiro, Minas Gerais anunciou problemas de escassez e a urgência de se economizar água.


No Rio de Janeiro, um dos principais reservatórios opera no chamado 'volume morto', assim como o Cantareira em São Paulo. Ao atribuir o problema das secas a Dilma, o jornal O Globo explicita sua posição política.

O escândalo da importação de energia é de 0,12% do que o Brasil gasta!

 

energia


A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai.
Está.

Exatos 90 megawatt, ontem.

O equivalente a estrondosos 0,12% dos 73.780 MW consumidos ontem no país.
Uma quantidade, como se vê, ridícula, embora, nesta seca, qualquer 10 mil réis sejam úteis.
Irrelevante, sob qualquer aspecto.

Mas o Brasil importava energia antes?

Sim, e muito mais.

Peguei, ao acaso, um dia de 2001, na crise energética tucana.

Importamos 673 MW da Argentina e do Paraguai no mesmo dia 21 de janeiro de 2002.
Ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente 15 vezes mais.
(Sim, porque o consumo – e a produção – de energia mais que dobraram de Fernando Henrique para cá, embora a população tenha crescido pouco mais de 20%)

Não me recordo de qualquer escândalo por isso.

Até porque, de lá para cá, importamos ou exportamos energia ( e, aí, até 1.000 MW) conforme as disponibilidades  da região sul do Brasil e dos países vizinhos.

Mas, agora, qualquer defeito local, a maioria das distribuidoras de energia, vai virar “prova” de que estamos na iminência de um baita apagão.

O jornalismo, no Brasil, é a política.

Evo: na Bolívia não mandam os Chicago Boys Chicago Boys são os Neolibêles do FHC


De Walber Leandro, no face do C Af


No Valor:


“Na Bolívia, não mandam os Chicago boys”, diz Evo Morales em posse




LA PAZ – O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a rechaçar, nesta quinta-feira, a política econômica neoliberal em seu discurso de posse. “Na Bolívia, não mandam os Chicago boys, mas sim os Chuquiago boys”, disse, após relatar longamente os avanços econômicos e sociais do país. “Aqui, mandam os índios”.

No fim do ano passado, em um evento em Cochabamba, o presidente usou a mesma expressão para criticar as economias ditas neoliberais, como a norte-americana. A afirmação, desta vez, foi feita na presença da presidente Dilma Rousseff, que em seu segundo mandato parece ter dado uma guinada na política econômica, nomeando para o Ministério da Fazenda, um economista considerado um Chicago boy, Joaquim Levy.

(…)

Veja o vídeo:


Os Chicago Boys, neolibêles da Universidade de Chicago, primeiro assumiram o poder com Pinochet no Chile.
Depois, se espalharam pelo México, Bolívia e Argentina e governaram o Brasil nos oito anos do Farol de Alexandria.
Acabam de ser enxotados da Europa pelo Draghi.
E tentam botar as manguinhas de fora por aqui, se o PT deixar.
Paulo Henrique Amorim