Se o deputado Eduardo Azeredo fosse um homem de convicções, jamais poderia ter aceitado, com a sua renúncia, a culpa que a procuradoria Geral da República lhe aponta, a de ter chefiado o esquema de desvio de dinheiros públicos conhecido como “mensalão mineiro”, porque não querem chamar de “mensalão tucano”, apesar de seu indigitado chefe ser um tucano de alta plumagem, fundador do partido e Governador de Minas Gerais.
Já se vão vários dias, desde a denúncia da PGR e isso faz com que se torne difícil acreditar que pudesse ser, esta atitude, um rompante de valente, que se despe da armadura do mandato e vai enfrentar de peito aberto a infâmia.
Não, Azeredo não desafia, capitula.
Ele já fora despido de suas defesas por Aécio Neves – “não há ninguém do PSDB envolvido” – e pella direção do PSDB, que o vinha pressionando.
Ia apresentar sua defesa da tribuna da Câmara, como competia a um deputado, mas desistiu, alegando problemas de saúde.
Não duvido que sejam verdadeiros, é funda a dor de se ver abandonado.
Eduardo Azeredo não precisou nem do julgamento do tribunal nem da improvável chacina da mídia.
Foi condenado por seus próprios pares, que lhe concederam apenas uma única honra.
Vai renunciar ao mandato como faziam os oficiais da Wehrmacht, quando recebiam, por ordem do Fuher, a pistola Luger embalada, para dispararem contra suas próprias cabeças.
Aécio ganha troféu "Óleo de Peroba"
Do blog Minas Sem Censura:
“Democracia implica instituições sólidas, estáveis; Legislativo e Executivo eleitos de forma direta e no pleno exercício das suas responsabilidades; judiciário independente; imprensa livre e partidos políticos representativos de ideias e princípios de grupos sociais. Estas são conquistas das quais não podemos abdicar.”
Você imagina quem escreveu o parágrafo anterior? Pasme: Aécio Neves, em sua coluna segundeira.
A pretexto de discutir a urgência de defesa da democracia, criticar os excessos em manifestações populares e mandar recados, à direita e à esquerda, o senador Neves nos lega a pérola acima.
Talvez atordoado com a vinda de Lula a Minas Gerais, na sexta-feira (14/02), para apresentar, à militância petista e aos possíveis partidos aliados, a pré-candidatura de Fernando Pimentel ao governo do estado, o senador ausente de seu torrão natal, escreve mais um de seus textos caleidoscópicos, prenhe de insinuações e com “oferecimentos” para os diversos gostos da política.
Para quem governou Minas Gerais e deixou como herança a ausência de instituições sólidas e estáveis; um judiciário que não julga questões relativas ao seu governo; um ministério público tolhido em suas funções, pela ação dos procuradores-chefes por ele nomeados; uma imprensa que sofre censura econômica; partidos de apoio ao governo tucano sem qualquer representatividade de ideias, frente à base social que pretendem representar, Aécio Neves fez um exercício teatral digno de registro.
Ou melhor, seu texto é o picadeiro do circo de frases soltas e enunciados insinceros. Ele ocupa o centro desse picadeiro, aspirando a condição de mágico, de ilusionista ou hipnotizador. Ele acha que vai, mais uma vez, enganar parcelas significativas do eleitorado.
Não passará. A “fadiga de material” tucana é evidente: o PSDB vive o drama de não poder explicitar seus instintos mais íntimos, ou seja, a defesa da privatização total das esferas da sociabilidade, pelo simples fato de que seu ideário fracassou no mundo inteiro; sua experiência pessoal em Minas Gerais o levará ao fundo do poço, porque o estado está quebrado; e, principalmente, ele não “passará” porque os avanços e propostas hegemônicas no país são reconhecidos.
Ou seja, não nos resta outra opção do que antecipar a entrega do troféu Óleo de Peroba 2014, sem mesmo a conclusão de seu segundo mês. É seu Aécio Neves, pelo parágrafo destacado em epígrafe.
Ps.: parabéns por ter se referido ao golpe de 64... como golpe de 64. Ainda que lentamente você está aprendendo.