Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Gilmar Mendes, FHC, Reinaldo Azevedo… Efeito Aécio assusta direita

Aécio fedido
Gilmar Mendes soltou José Dirceu em meio a um discurso “garantista” contra abusos da Lava Jato que contraria tudo que ele mesmo fez no julgamento do mensalão contra o Estado de Direito? Reinaldo Azevedo e Fernando Henrique Cardoso defenderam Lula contra as investidas de Sergio Moro? Hein!!??
Se há um ano alguém avisasse que isso ocorreria, ninguém daria a menor bola. Hoje, estamos vibrando com as manifestações libertárias daqueles que foram os maiores algozes não do PT, mas das garantias individuais que a Lava Jato vem solapando sem dó nem piedade.
Estão atribuindo esse milagre a Antonio Palocci. O STF teria começado a soltar presos da Lava Jato após o ex-ministro da Fazenda ter ameaçado fazer uma delação premiada na qual acusaria o sistema financeiro, a cúpula do Judiciário e quem sabe a mídia tucana de manter “relações indevidas” com políticos.
Não que Palocci não deva ter muito a contar…  Mas, talvez, seu potencial explosivo esteja sendo superestimado.
Não nos esqueçamos de que tanto Gilmar Mendes quanto Reinaldo Azevedo ou FHC vêm mudando de postura desde muito antes da oitiva de Palocci pelo Juiz Sergio Moro há pouco tempo.
O que já vinha acontecendo há mais tempo é a decadência lenta, gradual e segura de Aécio Neves. Este vem se putrefazendo há mais de ano e, agora, a coisa se agravou. Há pouco, teve que se explicar à PF, foi o mais citado na Lava Jato e, loucura das loucuras, denúncia contra FHC teve que ser divulgada – nada mais, nada menos do que – na… Globo!
Uau!!
É outro fato que um ano atrás nem o mais delirante analista se daria ao luxo de prever.
O efeito Aécio mostra que ninguém está seguro. A situação do presidente do PSDB e segundo colocado na eleição presidencial de 2014 se alia a notícias sobre envolvimento do Judiciário e banqueiros em próximas delações.
Ou alguém acredita que membros do Judiciário nunca trocaram vantagens com políticos ou empreiteiras? Alguém já ouviu falar de venda de sentenças judiciais no Brasil ou nunca se falou nisso e é tudo devaneio meu?
Bom, desculpem-me se inventei tal “loucura” simplesmente “do nada”…
Enfim, o que está acontecendo é medo do efeito Aécio. Mas não só.
É aí que entra a extrema-direita. Estou falando de Bolsonaro e dos malucos que o seguem e que pedem volta da ditadura e o extermínio da classe política.
Essa gente não pretende poupar ninguém. Essa gente acha que a Globo e os tucanos são “comunistas”. Além disso, são ultranacionalistas, protecionistas e censores – para extremista de direita, liberdade de expressão é “coisa de comunista”, a menos que seja para ele mesmo.
Mas onde é que entra a Lava Jato nisso tudo?
Ora, o autoritarismo messiânico da republiqueta de Curitiba tem tudo que ver com os MBL da vida, grupo de extrema-direita que atua como linha auxiliar de Bolsonaro e seu bando de energúmenos nazifascistas.
A Lava Jato é da extrema-direita pentecostal. Ou você não tinha notado ainda?
O tal D’Artagnan, ou melhor, o tal Dallagnol é um radical ultra messiânico de direita. Ou não é?
dallagnol
Chegamos ao fundo do poço e descobrimos que não tinha fundo.
E o abismo se aprofunda mais não porque vai acabar engolindo tucanos, petistas, juízes e barões da mídia eventualmente envolvidos com algum nível de corrupção ou até por corrupção inventada, mas porque essa republiqueta curitibana quer o poder.
Sim, é isso mesmo: quer o po-der!
Moro, Dallagnol, Carlos Lima e toda a fila de jovens barões curitibanos almejam governar e moldar o Brasil à sua própria imagem e semelhança – nada que ver com um ex-presidente da República que aos 80 e tantos anos é namorador e defende legalização da maconha.
A república de Curitiba pretende ser, também, uma teocracia. Além disso, pretende abolir essa coisa de comunista que permite a qualquer cidadão comum criar blogs e criticar “otoridades” judiciárias.
De repente – e isso é o mais irônico –, tucanos, peemedebês, barões da mídia, banqueiros e a cúpula do judiciário percebem que estão no mesmo barco que os petistas. Todos podem vir a ser vítimas dos fanáticos religiosos de extrema-direita da republiqueta de Curitiba. Como Dirceu, Lula e… Aécio!

terça-feira, 14 de março de 2017

A Folha se apaixonou por Gilmar Vamos bater panelas?


A Folha se apaixonou por Gilmar


Vamos bater panelas?
Gilmar.jpg

O Ministro Gilmar Mendes tem sido agraciado com lisonjeiras menções nas páginas da Fel-lha: ver aquiaqui e aqui.
Ele faz por merecer.
O Ministro presidente do Tribunal (sic) Superior (sic) Eleitoral se encontrou com o "réu" MT no domingo, no Jaburu, e depois deu "uma passada" na reunião na casa do Botafogo para tratar da assim chamada "reforma política".
Essa fixação quase freudiana da Fel-lha com o Ministro Gilmar se manifestou, nessa terça-feira 14/III, no artigo afiado de Bernardo Mello Franco, na pág. 2 (que Bernardo não se perca com a vizinhança):
Emílio Odebrecht, dono da maior empreiteira do país, disse à Justiça que o caixa dois não nasceu ontem. "Sempre existiu. Desde a minha época, da época do meu pai e também de Marcelo", contou.

Como o patriarca Norberto fundou a empresa em 1944, isso significa que a prática tem ao menos sete décadas. Sobreviveu a quatro regimes políticos, sete trocas de moeda, múltiplos arranjos partidários.

Líder maior do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ecoou o PT no mensalão e afirmou que o caixa dois é diferente do "crime puro e simples de corrupção" (veja na TV Afiada os dois crimes perfeitos do FHC Brasif - PHA). O petista José Eduardo Cardozo (aqui chamado singelamente chamado de zé da Justiça - PHA), ministro (sic) de Dilma, disse nesta segunda (13) que a prática é "eticamente reprovável, mas não se confunde necessariamente com corrupção".

Era previsível que os políticos buscassem um discurso comum para se salvar. O inusitado é que integrantes da cúpula do Judiciário se associem a essa corrida pela sobrevivência.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, deu a senha. Ele disse à BBC Brasil que o caixa dois "tem que ser desmistificado" e que "vai ter que se fazer alguma coisa". Aos ouvidos mais assustados, deve ter soado como música.


"Trump demitiu um procurador federal de Nova York. Antes, teria ligado para ele pedir demissão. Não foi encontrado e pediram que retornasse a ligação. O Procurador não o fez, porque lá existem protocolos: um procurador federal não pode falar com o Presidente.

Mas aqui somos mais republicanos.

Gilmar Mendes, ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, no fim de semana que passou encontrou-se com Temer no Jaburu.

Temer já foi citado em delações que serão julgadas pelo STF e pelo TSE.
Mas ninguém se incomoda com isso: afinal, não saiu no Jornal Nacional.

Vamos bater panelas?"

- De Marcio Tenenbaum
PHA

terça-feira, 7 de março de 2017

GILMAR E GLOBO QUEREM ADIAR ELEIÇÕES DE 2018

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

STF deve ao Brasil relatoria da Lava Jato isenta de politicagem

stf
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O Poder Judiciário como um todo está ameaçado de total desmoralização a depender da “solução” que o presidente Michel Temer e a ministra Carmén Lúcia derem para a substituição do relator da Lava Jato naquela Corte. Do primeiro não se espera nada, da segunda não se espera muito, mas se espera, ao menos, um mínimo de compostura.
Um bom exemplo do que pode acontecer de mortal para o STF na designação da relatoria da Lava Jato é a incumbência cair nas mãos de um membro do Tribunal que não guarda o menor pudor em adotar posições político-partidárias.
Gilmar Mendes é um ministro do STF absolutamente inabilitado para o cargo por tornar públicas suas preferências políticas, já que em suas mãos frequentemente caem ações envolvendo grupos políticos que ele apoia ou combate abertamente, tornando previsível que suas decisões não se pautarão pela lei, mas por seus interesses políticos.
O vídeo abaixo mostra a posição política indubitável desse “magistrado”.
Para quem não tem conta no Facebook e não conseguiu assistir ao vídeo, ele contém entrevista de Gilmar à Globo caluniando o PT – note bem, leitor, não um petista, mas o PT inteiro – de todas as formas, sem apresentar provas, ao passo que está à frente de julgamentos de questões envolvendo o partido.
Você gostaria de ser julgado por um juiz que deixa suas idiossincrasias se sobreporem à interpretação técnica da lei?
Gilmar Mendes foi uma das escolhas mais absurdas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Era membro de seu governo, um aliado, e esse indivíduo se manteve como aliado do PSDB desde a nomeação para o STF até hoje, como mostram suas declarações e seu comportamento partidarizado.
No último domingo, o programa “Fantástico”, da Globo, mostrou reportagem sobre visita de Gilmar e do secretário de Parcerias e Investimentos do governo federal, Moreira Franco, a Temer.
Tanto o secretário quanto o presidente da República foram acusados por delatores da Lava Jato. Reunirem-se com quem poderá ter que julgá-los é, no mínimo, imoral.
Ora, sabemos que a possibilidade de a relatoria da Lava Jato cair no colo de Gilmar é muito grande. Como alguém que deixa simpatias e antipatias por investigados e delatados tão claras poderá ter suas decisões acima de suspeitas?
O preenchimento da vaga no STF, porém, ainda conta com outros riscos. Há um movimento que prega a nomeação de Sergio Moro para a vaga no STF. A mensagem abaixo está sendo freneticamente disseminada pelo What’s App.
stf 2
As especulações sobre a nomeação desse indivíduo para a vaga de Teori preocupam ainda mais porque a política dominaria a Suprema Corte de Justiça do país e a exporia ao ridículo, como bem diagnosticou o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, para quem a mera hipótese de nomear Moro para a vaga de Teori é “anedótica”, já que se trata de um juiz de primeira instância sendo guindado a um cargo que requer muito mais experiência.
Mas não é só isso. A relação de Moro com tucanos investigados pela Lava Jato ou acusados por delatores é tão clara como a de Gilmar.
A Foto abaixo gerou um dos maiores escândalos políticos de 2016 porque, apesar de Aécio estar sendo julgado por seu amigão Gilmar Mendes, se ele perdesse o mandato no âmbito dessa investigação seria julgado por Moro, como aconteceu com Eduardo Cunha, que perdeu o foro privilegiado e teve seu caso enviado ao vingador curitibano dos antipetistas
stf 1A indicação do magistrado é possível, mas pouco provável. Caso assumisse o posto, Moro teria que abandonar os processos da Lava Jato em primeira instância; entre elas as ações contra o ex-presidente Lula. Além disso, no Supremo o juiz não poderia analisar os mesmos processos em que foi responsável na Justiça Federal, segundo a especialista em direito constitucional Ana Paula Turra.
“Ocorre que, se indicado, além de deixar de atuar nos processos da Lava Jato em primeiro grau, no STF também estaria impedido de atuar no âmbito da Lava Jato, conforme o artigo 252 do código de processo penal que prevê que “o juiz não pode exercer jurisdição no processo em que tiver atuado como juiz de outra instância “.
O professor de Direito Administrativo e Direito Constitucional da Escola da Magistratura Federal do Paraná, Marcus Bittencourt, não acredita na nomeação de Moro: “apesar da nomeação do Juiz Sérgio Moro para a vaga do Ministro Teori ser um clamor de grande parte da população, seria complicada na prática, pois o juiz Sérgio Moro ficaria afastado do julgamento das ações da lava-jato na primeira instância e impedido de atuar nos casos no próprio STF, por ter atuado já em instância inferior”, afirmou ao Paraná Portal.
A presidente do STF, ministra Carmén Lúcia, tem a prerrogativa de, a seu critério, em casos excepcionais, ordenar a redistribuição dos demais tipos de processo, como um inquérito, por exemplo, que é o estágio em que se encontra a tramitação da Lava Jato no STF.
Assessores jurídicos do STF levantaram também a hipótese, embora menos provável, de que os ministros possam se reunir para, inclusive, modificar o regimento e adequá-lo à situação. Por isso, eles afirmaram ser precipitado definir o que pode ocorrer com a parte da Operação Lava Jato que tramita na Corte.
Quando o ministro Carlos Alberto Menezes Direito morreu, em 1º de setembro de 2009, o ministro sucessor, Dias Toffolli, herdou cerca de 11 mil processos, com exceção daqueles nos quais ele havia atuado como advogado.
A ministra Carmén Lúcia tem em suas mãos um “abacaxi” dos grandes. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná, realizada por meio de questionário online com 2800 pessoas, mostra que 83,1% dos entrevistados acreditam que a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi resultado de sabotagem ao avião.
Em que pese a baixa credibilidade desse instituto e de a pesquisa ter sido feita só pela internet, é evidente que há um sentimento na sociedade de que a morte de Teori sugere que pode ter sido para livrar a cara dos beneficiários imediatos pela delação de 77 funcionários da Odebrecht contra políticos que até aqui estava livres.
Duas matérias do grupo Folha divulgadas no mês passado sob o título “Tucanos aparecem em delações da Lava Jato” e “Temer é citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht” mostram bem quem ganhou com a morte de Teori.
Diante desses fatos, o STF, como instituição, tem o dever constitucional e moral de entregar a relatoria da Lava Jato a um ministro acima de acusações e de evidências de partidarismo sob pena de desmoralizar o Poder Judiciário de alto a baixo – se ocorrem mutretas no STF, que dirá em instâncias inferiores.
A Lava Jato de Teori Zavascki não era a Lava Jato de Gilmar Mendes ou de Sergio Moro, quem o ministro falecido repreendeu publicamente por conduta imprópria como a de vazar áudio com fala da então presidente Dilma Rousseff, gravado ilegalmente. A ministra Carmén Lúcia tem nas mãos poder de enlamear irremediavelmente a instituição que preside.

Isso é uma ver-go-nha! Gilmar, "MT" e gatinho angorá não respeitam nem o luto!


Tudo a mesma sopa, diria o Mino Carta...
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Temer, Gilmar e Moreira. Após enterro de Teori, encontro de “bons amigos”

No Fantástico de ontem, o encontro de “bons amigos” de “mais de 30 anos”: Gilmar Mendes, Moreira Franco e Michel Temer.

Discutiram, certamente, a atuação de Rogério Ceni como técnico do São Paulo na Copa da Flórida. E também a reestréia do valente time da Chapecoense.

Dois denunciados nas delações da Lava Jato e um ministro que pode vir a ser o novo relator do caso, com a morte de Teori Zavascki, numa tarde de domingo, pura inocência.

De lambuja, o “amigo de 30 anos” Mendes vai julgar no TSE a cassação do usurpador presidencial.

Viva o Brasil!

Não é à toa que Cármem Lúcia não quis nem sair na foto com Temer no velório do ministro, no sábado.

Ainda que não reste muita coisa, ao menos a vergonha pública poderíamos evitar, não é.

Embora a presença de Gilmar no Tribunal, Moreira no governo e Temer no Planalto já sejam, em si, as próprias vergonhas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Gilmar quer ser o Bonaparte de um Brasil ancorado em dinamite social Ele ataca Moro e o Ministério Público que ameaçam seus amigos, mas seu alvo prioritário é sepultar a democracia social personificada em Lula

Saul Leblon




Gilmar Mendes dispensa apresentações.

Mas seria injusto deixa-lo ao relento das simplificações subentendidas, ao risco de subestima-lo como uma simples toga a serviço do ódio a Lula e ao PT.

Gilmar é mais que a caricatura que personifica.

Mais que o antipetismo recoberto do manto escuro que no Brasil, nele sobretudo, deixou de simbolizar o Estado de Direito.

Gilmar é a personificação da última instância do interesse patronal.

Nele ecoa aquilo que a elite e o mercado –urbi et orbi-- gostariam que fosse o Estado, a Justiça, a Constituição, a Economia, a Política, o Sindicato, a Polícia, a Mídia e o Congresso nessa turbulenta era da desordem neoliberal.

Ou seja, um mosaico passivo, subordinado a um ‘ permanente estado de exceção’.

A definição do filósofo italiano, Giorgio Agamben, caracteriza um tempo em que capitalismo & crise tornaram-se uma entidade unívoca. E a adaptação às necessidades da sua sobrevivência, a regra no manejo do arsenal jurídico.

Gilmar é a voz desse desejo sibilado, enquanto as mãos dedilham cifrões imaginários.

Sua convicção antipopular o conduz à elevada condição de referência do bonapartismo togado com que sonham as classes patronais.

Nos últimos dias e horas ele vem detalhando a sua concepção de país submetido a uma supremacia asfixiante do dinheiro sobre o destino da sociedade e a sorte do desenvolvimento.

Nesta 2ª feira, na Folha, rechaçou dividir o posto de Bonaparte do condomínio do dinheiro com Moro e o Ministério Público de Janot

‘Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas.Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância’.

E rechaçou o decálogo anticorrupção que amplia os poderes do MP e da Janot:

‘Isso se tornou estratégia de grupos corporativos fortes para ter apoio da população.É uma esperteza midiática. Não tem nada a ver com a realidade. Os juízes todos estão agora engajados no combate à corrupção? São 18 mil Sergios Moros? Sabe?No fundo estão aproveitando-se oportunisticamente da Lava Jato’

A luta de facções, como se vê, instalou-se nas entranhas do golpe

E Gilmar sabe que se ceder o manto de pretenso bonaparte do golpe, ele próprio e seus amigos tucanos poderão sucumbir.

A presença de Gilmar em reuniões com FHC, Temer e mesmo com o ex-ministro de Dilma, José Eduardo Cardozo, alinha-se nessa ofensiva para deter um esgarçamento do tecido golpista.

Mas, sem ilusões.

O alvo prioritário de Gilmar continua a ser o desmonte do projeto de democracia social que Lula e o PT simbolizam no país.

Isso ele deixou claro em quatro momentos sucessivos na semana passada.

O personagem que acumula o posto de ministro mais influente da Suprema Corte, presidente do Superior Tribunal Eleitoral, porta-voz togado do conservadorismo, última instância do patronato e articulador permanente do golpe consumado em 31 de agosto, elencou assim suas prioridades ao atacar, pela ordem:

- o Ministério Público que, no seu entender estaria usando a Lei de Ficha Limpa para coagir políticos, em ações de improbidade “incentivadas pelo lulopetismo", disse; o que pode, acusou, ‘ tornar gente do melhor quilate inelegível, como Serra, como Malan”, seus ex-colegas de governo FHC, enquanto “ladravazes estão soltos" (18/10);

- no dia seguinte (19/10) divulgou-se que Gilmar Mendes revogara entendimento jurisprudencial da Justiça do Trabalho que estende cláusulas de acordo coletivo vigente, em caso de impasse nas negociações para renová-lo. Conquistas precedentes funcionam como uma barreira formal ao arrocho em momentos de destruição maciça do pleno emprego, como acontece agora no Brasil. Gilmar sabe disso. Sabe que para produzir o efeito no custo da hora trabalho, demissões épicas não podem ser mitigadas pela vigência de direitos e garantias legais que protejam as famílias assalariadas. Em sua decisão, ele alega que a ‘norma vigente só protege o trabalhador’. Explícito assim. Com a mesma transparência, defende que a CLT seja flexibilizada prevalencendo de agora em diante o negociado sobre o legislado. Algo como exigir a rendição incondicional dos sobreviventes na guerra aberta do capital contra o trabalho.


- dois dia depois (21/10) em palestra promovida pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abidib) e pela Câmara Americana Comércio (Amcham), Gilmar Mendes voltaria ao ataque. “Esse tribunal (o TST) é formado por pessoas que poderiam integrar até um tribunal da antiga União Soviética. Salvo que lá não tinha tribunal”, ironizou, fazendo rir a plateia patronal. “[Eles têm] uma concepção de má vontade com o capital”, continuou, radicalizando o confronto. Os problemas, no seu entender, podem estar relacionados à própria composição do TST. "Talvez um certo aparelhamento da própria Justiça do Trabalho e do próprio TST por segmentos desse modelo sindical que se desenvolveu", concluiu deixando as marcas agressivas de um ataque mais abrangente do que parece . No Supremo, ele tem elogiado iniciativas do colega Teori Zavaski nesse direção. Na direção de desmontar a soberania da CLT na prática, em benfício do negociado sobre o legislado, para lubrificar projetos patronais congelados no Congresso, ressuscitados pelo golpe de 31 de agosto.

- Na mesma sexta-feira (21/10), na sequência de sua fala na Câmara Americana, Mendes disparou contra o programa Bolsa Família, uma forma, noi seu entender, de fraudar a vigilância do TSE na ‘compra de sufrágios’. "Com o Bolsa Família, generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada", fuzilou contra um dos alvos do desmonte intrínseco à PEC 241.

A saraivada contra as leis e a ordem constitucional, nas últimas horas, não deve ser minimizada.

Não é apenas um sinal de coerência de quem traz carimbado na testa um epíteto: onde quer que haja o interesse do capital revogue-se o do trabalho.

Vai além disso a sulforosa maratona dos dias que correm.

Seu ativismo reflete a crise em que se meteu a elite e o capitalismo brasileiros.

Ao mergulhar o país na ilegitimidade de um golpe contra o povo, a ordem dominante perdeu a fonte original do poder que mediava inclusive as suas fricções.

A falta de limites de Gilmar Mendes que empurra o Estado de Direito para o Estado de Exceção é parte dessa dissolução explosiva de fronteiras.

Para onde nos leva o Brasil manejado pela conveniência jurídica do juiz do capital. E quando explodir,o que sobrará; melhor: quem negociará o caminho de volta?

De onde virá o novo poder mediador se os partidos estão destruídos, o eleitor comprou a propaganda da rejeição à política e a ordem constitucional, já rasgada, estrebucha sob a pressão de toga desagregadora?

Quais os limites, se os há; e quem irá fiscalizá-los?

Quem diz, por exemplo, até onde pode ir em nome da ‘aplicação vigorosa da lei’, o imã do califado de Curitiba?

O que fazer com o passado da nação?

Esse que Gilmar pretende varrer, mas cujos atores perambulam ainda vivos pelo presente?

Onde fica o povo no Brasil de Gilmar Mendes? E a Carta de 1988, a pobreza, a desigualdade, o desejo de emancipação, as organizações sociais, a CLT, os partidos, a liberdade de imprensa que o juiz Moro já tutela, as lideranças sociais, Lula...

Quem prender?

Quando prender, por que prender, o que extrair de quem prender --como extrair confissões e delações ?

Como disciplinar os auto-ungidos guardiões da doutrina da fé do MP, que sentenciam o que deva ser a moralidade pública, ao mesmo tempo em que estilizam o juízo final em powerpoints bizarros?

Como saciar milicianos do Estado Midiático, que agora cobram o paraíso dos livres mercados na terra em transe desmontada pelo golpismo?

Como serão dirimidas as divergências entre facções no Brasil para o qual nos empurra Gilmar Mendes?

O enfrentamento entre a Polícia Federal e a Polícia dos Senadores é um bala de morango perto disso que respira nas entranhas do golpe de 31 de agosto.

Sinais de um estilhaçamento do poder e das instituições cavalgam da língua de Gilmar para o hímen complacente dos noticiosos que agora a tudo abonam.

A inquietação da toga boquirrota expressa os intestinos enfezados desse frankstein parido a golpes, sabotagens, ganância, conspiração, ódio de classe, entreguismo e arbítrio

É ostensivo o esforço para engata-lo o à única fonte de poder capaz, no seu entender, de impedir o estouro das partes: o fundamentalismo de Mercado.

Ou o ‘Deus dinheiro’, como diz Agamben.

Mas dentro do próprio dinheiro há conflitos e guerras que só podem ser refreados pela mediação originária da urna.

Uma Líbia institucional, retalhada por milícias em confronto, ergue-se como um fantasma no horizonte do golpe.

Nesse Termidor precoce, cada cabeça que tomba repete ao algoz o mesmo vaticínio proferido por Danton a caminho da guilhotina: ‘Tu me seguirás, Robespierre’

Ou não será isso que Cunha, o álibi de Moro para Lula, disse a Temer?

O fato incontornável é que a sustentabilidade financeira do Estado desenhada pelo golpe é incompatível com a sua sustentabilidade democrática.

Não podem os golpistas submeter sua agenda a uma constituinte, nem mesmo leva-la à urna plebiscitária.

A escória parlamentar que a referenda não representa a assembleia da nação.

Expostas à argumentação amplamente franqueada à crítica, medidas acenadas agora como fundamentais à regeneração da confiança dos mercados no país dificilmente seriam legitimadas pela sociedade.

A PEC 241 mais se assemelha a uma intimação à eutanásia do que a um projeto de nação.

Mais a um resgate tardio da bandeira desbotada de Thatcher --‘there is no alternative’— do que a um convite à participação.

Não convence, mas não apenas porque as evidências engolfam as famílias assalariadas em uma lógica oposta, que Gilmar quer salgar com a desproteção ao trabalho quando ela é mais necessária.

É pior ainda.

O desmonte social brasileiro avança na direção oposta ao que o bom senso e a sobrevivência nacional recomendariam diante da desordem financeira global.

A recessão construída, antes, pela sabotagem --o que não diminui a contribuição dos erros cometidos pelos governos petistas; e agora, com a PEC do arrocho, aprofunda a vulnerabilidade brasileira em relação a uma deriva global marcada pela sombra da estagnação secular.

A retórica da ‘contração expansiva’ supõe a existência de um ciclo de investimento global receptivo a uma sociedade descarnada de vontade própria e pronta para o abate.

Esse mundo não figura no acervo do capitalismo realmente existente.

A exemplo do que ocorre com as empresas aqui –corroídas pelo descasamento entre o fluxo de caixa e custos de dívidas e investimentos de um fim de ciclo expansivo-- a realidade global vive gargalos sistêmicos ao investimento.

As expectativas golpistas de uma precificação de apoio externo, na forma de um boom antecipado de investimentos não passam de propaganda midiática.

O que se delineia é o oposto.

Ao recuar as defesas da ação anticíclica do Estado, da proteção ao emprego e ao poder de compra real do salário, bem como esgarçar a rede de resistência à miséria e à fome, a economia brasileira engatou as suas fraquezas à prostração global.

Estados endividados, baixo investimento público e privado, massas colossais de capital fictício, crescimento débil e comércio mundial anêmico compõem a realidade dessa fonte seca.

Acrescente-se à longa estiagem a demanda espremida por elevadas taxas de desocupação, explosão do emprego precário, salários aviltados e endividamento paralisante das famílias.

A dívida global mais que duplicou nos últimos 15 anos, segundo o FMI.

A capacidade de geração de caixa das empresas, a demanda e o comércio mundial regrediram no mesmo período.

O panorama nas economias emergentes não é menos desolador.

As dívidas corporativas cresceram também em todos os países em desenvolvimento desde 2008.

Passaram de uma média de 75% do PIB para 110% agora.

No Brasil, segundo cálculos do economista Felipe Rezende, que tem alertado para o erro de diagnóstico do golpe --ao focar o gargalo da economia na esfera fiscal, quando as empresas estão em situação bem mais grave-- a geração de caixa das companhias abertas (com ações negociadas em Bolsa) não paga nem as despesas financeiras,

A ilusão dos que aplaudem o anti-trabalhismo de Gilmar Mendes, como se a busca da mais-valia bruta fosse recuperar o pulso econômico de um mercado sem mercado, mostra-se portanto ideologicamente coerente com ele.

Mas descabida para o desenvolvimento brasileiro.

Não há como se repetir uma nova era Thatcher (1979 a 1990) feita de compressão salarial, repressão sindical e ‘des-emancipação social’ pelo simples fato de que o Estado do Bem Estar social já foi lixiviado lá fora e aqui nunca existiu.

A beberagem que se quer enfiar goela abaixo da população brasileira, ademais da dimensão predadora, revela-se anacrônica e incompetente para reverter a dinâmica de crescimento da dívida pública e privada.

A dívida federal cresce hoje impulsionada pelo peso mortal de taxas de juros reais de 6% ao ano, responsáveis por 80% da composição déficit fiscal, sendo ínfima a pressão exercida por novas despesas (leia a entrevista sempre brilhante de Luiz Gonzaga Belluzzo, nesta edição: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Belluzzo-O-Brasil-esta-caindo-para-a-serie-C-do-campeonato-mundial-/7/37039)

Sem crescimento, com receita tributária em marcha ré (queda de 10% em agosto e de 7% em setembro) ,o Brasil está sendo reduzido a uma montanha desordenada de ruínas.

O horizonte fantasmagórico assusta.

E a escalada de Gilmar Mendes adiciona um sustenido de horror ao túnel escuro da torpeza econômica.

O conjunto não resistiria ao contraditório de uma agenda alternativa, crível e serena, de maior justiça tributária e retomada do investimento público, que falasse à angústia crescente em todos os extratos da sociedade.

Uma agenda assim, capaz de aglutinar no seu entorno uma frente ampla de interesses sociais, carregaria o trunfo de oferecer à população aquilo que a estreiteza estratégica do golpe e o conflito desestabilizador de suas facções, sequer postula.

Ou seja, uma repactuação da sociedade com ela mesma através de uma ampla negociação de um novo pacto pelo desenvolvimento brasileiro.

É nesse ponto que a matraca togada entra em modo crepuscular e se recompõe a superlativa relevância de um líder com a projeção nacional e internacional e a capacidade de diálogo comprovada.

Luís Inácio Lula da Silva.

Prendê-lo, por certo, já foi uma ambição de maior consenso dentro do golpe.

Embora seja o objeto de desejo conservador impedi-lo de figurar na cédula de 2018, hoje, mais que ontem e, por certo, menos que amanhã, um espectro ronda as cabeças menos entorpecidas da elite brasileira.

Se o crescimento, como parece ser o caso, não for entregue no curto prazo; se a luta fratricida se radicalizar; se, como soa cada vez mais provável, a rua rugir o seu inconformismo com a dinamite social que Gilmar quer acender ...

Se isso acontecer com Lula preso, quem vai negociar o caminho de volta aos trilhos da democracia social e do desenvolvimento?

Dória Jr? Aécio? O ‘chanceler’ Serra? Moro? Dallagnol? Ou o procurador ‘Boquinha’?

Na crise que se cultiva, quem ainda pode falar ao Brasil e ser ouvido pela elite e a rua?

Quem?

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Gilmar Mendes: Por que vazar prisões de Sarney, Cunha, Renan e Jucá é “grave” e conversas de Lula e Dilma, “correta”?

A Gilmar Mendes: Por que vazar prisões de Sarney, Cunha, Renan e Jucá é “grave” e conversas de Lula e Dilma, “correta”?

VIOMUNDO



 
Espanto: Gilmar Mendes descobre que Lava Jato vaza; E Cerveró entrega governo FHC
Bob Fernandes 

Reações ao vazamento dos pedidos de prisão para Sarney, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Romero Jucá. O ministro do Supremo Tribunal, Gilmar Mendes, protestou:
— É processo oculto, pede-se sigilo, mas divulga-se para a imprensa. Isso é grave, brincadeira com o Supremo. Quem faz isso está cometendo crime, certo?
Certíssimo… Mas…centenas de vazamentos ocorreram nos últimos dois anos, nas investigações do “petrolão”.
Há três meses, de maneira ilegal foi gravada parte de conversa entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Com vazamento ilegal da porção ilegalmente gravada.
À época o ministro Zavaski criticou e cobrou o juiz Moro. O que disse então o ministro Gilmar Mendes sobre o vazamento?
Disse que a divulgação foi “correta” e que importante era discutir o “conteúdo extremamente grave”.
Agora Gilmar Mendes diz ser preciso “chamar às falas os responsáveis”. Em 2008, preso Daniel Dantas, Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (aquele) foram ao Planalto.
Para protestar contra grampos, que não existiram, e chamar “às falas” o presidente Lula.
Paulo Lacerda, que havia modernizado a Polícia Federal, foi demitido da ABIN. O delegado Protógenes seria demitido da PF.
Como previsível, agora, enfim, delações começam a pegar geral. É o que mostra vídeo que não interessa a tantos que pontificam sobre “corrupção”.
Blog de Fausto Macedo, do Estadão, flagra o delator Cerveró dizendo no décimo minuto de depoimento online:
— A Odebrecht sempre teve profunda influência (na Petrobras) desde época do (Joel) Rennó…
Prossegue Cerveró:
— Braskem é um dos maiores escândalos criados na época do Fernando Henrique, não foi o Lula que inventou. Essas coisas não são investigadas, é isso é que eu fico impressionado.
E continua: “A Braskem é um escândalo, feita com a Odebrecht”.
Nesse exato instante, quem interroga Cerveró interrompe, busca mudar de assunto perguntando: “Passados dois anos…”
Cerveró vira-se para alguém ao lado, franze testa e sobrancelha, balança mãos e cabeça como quem diz “tá vendo?”, e conclui:
–… Essas coisas é que chamam a atenção…
Cerveró, entenda uma coisa: isso não vem ao caso.

O trecho em que Cerveró fala sobre a Brasken, a partir do décimo minuto: 


quarta-feira, 8 de junho de 2016

Glenn Greenwald: “Tudo ficou mais claro: é golpe”

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Em entrevista à Carta Capital, o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse que não há dúvidas sobre os motivos do impeachment; "Qualquer que seja a definição de 'golpe', ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça, da mídia e dos militares", afirmou; Greenwald não poupou críticas à atuação do ministro Gilmar Mendes, do STF; "É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos" 

247 - O jornalista e escritor Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse em entrevista à revista Carta Capital que não há dúvidas de que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe parlamentar.
"Entendi que o impeachment foi desfechado para impedir a Lava Jato. Mas, em última instância, ele visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do País, impondo políticas que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto", disse ele.
Ele conta que começou a usar a palavra golpe para descrever a situação do Brasil após a divulgação da conversa do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer.
"Eu, pessoalmente, nunca usava a palavra golpe porque, para mim, era como a palavra 'terrorismo'. Todo mundo usa essa palavra politicamente. Não tem um significado específico. Para mim, a gravação de Jucá mudou tudo, porque tive todos os ingredientes necessários para definir um golpe", diz Greenwald. "Qualquer que seja a definição de "golpe", ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça e dos militares, entre outros. O motivo não foram as alegadas 'pedaladas fiscais'. No dia da votação na Câmara, ninguém falou desse motivo", afirmou.
Ganhador de um Prêmio Pulitzer e personagem do documentário que fez com Laura Poitras sobre o ex-agente americano Edward Snowden, Glenn Greenwald se diz chocado com o fato de ver o Brasil relegado ao 104º lugar no quesito liberdade de imprensa no mundo, na avaliação imparcial da ONG Repórteres sem Fronteitas, que destacou em seu relatório de 2016.
"De maneira pouco velada, os principais meios de comunicação incitaram o público a ajudar na derrubada da presidenta Dilma Rousseff. Os jornalistas que trabalham nesses grupos estão claramente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esse permanente conflito de interesses prejudica fortemente a qualidade de suas reportagens. Imagino que isso deve ter causado muita vergonha no Estadão, Folha, Globo, Veja e IstoÉ", afirmou.
Sobre a atuação de magistrados do Judiciário brasileiro, como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Glenn Greenwald comparou ao que ocorre nos Estados Unidos. "Um juiz da Suprema Corte não pode falar publicamente sobre assuntos que estão em julgamento. A autoridade do Judiciário precisa ser e parecer independente da política. É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos. Para mim, como advogado que sou, esse processo é totalmente corrupto. Que confiança você pode ter num juiz que discute com políticos casos que está julgando?", questiona.
Leia na íntegra a entrevista de Glenn Greenwald à Carta Capital.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Por que Gilmar Mendes tem medo do Lula?


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JEFERSON MIOLA
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
(originalmente publicado na Carta Maior)

As jogadas do Gilmar Mendes no tabuleiro do golpe são sempre calculadas e orquestradas com os operadores do condomínio jurídico-midiático-policial. Ele é um ator relevante da engrenagem golpista no STF, e não se constrange em decidir com fidelidade doutrinária e ideológica ao PSDB, e não à Constituição. 
Na última jogada, ele atendeu liminar do PSDB-PPS e suspendeu a posse do Lula na Casa Civil. Ao mesmo tempo, remeteu a investigação do ex-presidente para o justiceiro Moro.
Essas decisões foram proferidas no dia 18 de março, uma sexta-feira que antecedeu o recesso do Judiciário brasileiro na Semana Santa – a escolha da data não foi aleatória.
Em seguida, foi desfrutar o bom feriado enquanto o país ardia em chamas – voou a Portugal para evento nos dias 29 a 31 de março do Instituto de Direito Público, do qual é sócio-proprietário. O seminário, concebido para “divulgar” internacionalmente o golpe, teve Aécio Neves, José Serra e o vice-presidente Michel Temer – que participou em vídeo, pois preferiu ficar no Brasil preparando a Convenção do PMDB contra o governo. A FIESP não mandou palestrantes, mas patrocinou o evento que, afinal, foi um fiasco: populares locais chamavam os participantes de golpistas e as autoridades e especialistas portugueses, apenas percebendo a torpeza do evento, cancelaram sua participação.
Com a ausência prolongada do país, e sendo o juiz titular da decisão liminar, Gilmar conseguiu trancar o julgamento do mérito pelo Pleno do STF, que ainda segue pendente – a matéria poderá finalmente ser derrubada no plenário do Supremo na sessão desta quinta-feira, 07 de abril.
A anulação da posse do ex-presidente não tem fundamento jurídico, e Gilmar sabe disso. É ocioso, em se tratando dele, reclamar a flagrante e inconstitucional intromissão do Poder Judiciário no Poder Executivo, que poda o direito elementar da Presidente da República governar e nomear as pessoas que integram seu governo. 
A decisão dele interfere na estabilidade institucional e desequilibra as relações entre os Poderes. Uma decisão que contém claro interesse político-partidário, tomada por quem instrumentaliza o cargo público que ocupa no Judiciário para a luta política. 
A situação é espantosa. O governo está há praticamente um mês sem poder empossar o chefe da Casa Civil, que é um órgão vital. Gilmar fez isso com consciência, para obstruir o funcionamento do governo, para impedir Dilma de governar com a colaboração do Lula.
Gilmar tem medo do Lula, ele sabe que o Lula é a alternativa de saída da crise e a grande esperança do povo brasileiro para reconquistar a trajetória de desenvolvimento com políticas de igualdade e justiça social. Ele conhece a genialidade política e a autoridade moral do Lula, um líder como poucos na história brasileira, portador de inigualável poder de convocação do povo brasileiro para a resistência democrática e para a sustentação da Dilma na travessia de superação da crise.
Gilmar investe no quanto pior, melhor; quer ver o governo paralisado, de mãos atadas enquanto ele ateia fogo no circo. Gilmar usa e abusa de métodos para procrastinar processos no STF de acordo com as conveniências tucanas, como fez trancando por 14 meses a votação da ADIN da OAB sobre a proibição de financiamento empresarial de partidos e políticos, para citar um exemplo. 
Gilmar Mendes e Eduardo Cunha jogam juntos no xadrez do golpe. Enquanto o primeiro usa o STF para retardar ao máximo a entrada do Lula no tabuleiro, o segundo usa a Presidência da Câmara dos Deputados – que espantosamente ainda ocupa porque o STF ainda não julgou seu pedido de afastamento – para alucinar o ritmo do impeachment com Lula impedido de assumir a Casa Civil. 
Gilmar tem medo do Lula. O medo que o Gilmar tem do Lula é o mesmo medo dos golpistas – é o medo de ver Lula ajudando Dilma a dar a volta por cima. O medo do Gilmar é o medo do Temer, Cunha, Aécio, Serra, Alckmin, do FHC; é o mesmo medo da Marina e dos atuais mandantes do PSB que mancham a linda história escrita por João Mangabeira e Miguel Arraes; é o mesmo medo que a Globo, a Veja, a IstoÉ, Folha, Estadão, RBS têm: o medo do retorno do Lula, o medo de  verem escorrer por entre os dedos a melhor possibilidade que já tiveram de desfechar o golpe contra a democracia e a Constituição.

terça-feira, 29 de março de 2016

ATO EM LISBOA DENUNCIA GOLPE EM EVENTO DE GILMAR