Durante boa parte do trajeto da maratona feminina nas Olimpíadas, no
último domingo (14/08), foi possível ver cartazes pedindo “Fora Temer” e
denunciando o golpe no Brasil. O percurso da maratona tem início no Sambódromo, passa pelo Centro
Histórico do Rio e vai até a enseada de Botafogo, antes de retornar à
Marquês de Sapucaí para a chegada. Justamente por acontecer no meio das
ruas da cidade, é uma das poucas provas que qualquer pessoa consegue
assistir, sem necessidade de pagar ingresso.
Reprodução: Debate Progressista
Créditos: Bruno Bou/CUCA da UNE. Reprodução: Revista Fórum
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Jemima Sumgong, do Quênia, venceu a prova com o tempo de 2h24min04.
No próximo domingo (21/08), dia do encerramento das Olimpíadas, acontece
a maratona masculina.
Quando acordei no domingo e vi a manchete “Serra recebeu R$23 milhões via caixa 2, diz Odebrecht” na capa da Folha, não acreditei. Li mais algumas vezes para me certificar. Denúncia contra o Serra na capa da Folha? Numa manchete com letras garrafais? Sim, não era uma miragem.
Mas não se emocione. O nome de Serra, o principal personagem do texto, não aparece nela. O que vemos é apenas um genérico “PSDB paulista”.
Detalhe: essa chamada está presente somente na edição nacional. Na
edição para o estado de São Paulo, onde o PSDB reina há 22 anos, ela
simplesmente não existiu. Talvez essa notícia não seja do interesse do
povo bandeirante em ano de eleição.
Há muito o que se comentar sobre as diferenças das capas, mas não comecemos com trololó. Certamente se trata apenas de uma opção editorial.
É inegável que não há nem sombra daquele ímpeto investigativo que
vemos contra outros políticos. Aquela volúpia fiscalizadora parece não
incomodar nosso chanceler. Talvez não seja à toa, já que todo jornalista
brasileiro já ouviu alguma história referente à influência de Serra
sobre as redações do país. Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli que o digam.
Quando ministros são acusados por corrupção, uma enorme pressão se levanta contra eles. No próprio governo Temer, três ministros foram forçados a pedir demissão após citações na Lava Jato. Editoriais do Globo, por exemplo, pressionaram Temer pela demissão de Fabiano Silveira e Romero Jucá.
Mas, quando o nome é José Serra, ninguém ousa pedir sua cabeça. O
ministro continua firme e forte no cargo, sem nenhuma pressão, sem
ninguém cogitar sua queda.
Outro caso que evaporou do noticiário foi o da funcionária fantasma contratada para o seu gabinete no Senado, Margrit
Dutra Schmidt. Ela passava de manhã para pressionar sua digital no
ponto eletrônico e voltava ao fim do expediente apenas para registrar
mais um dia não trabalhado – porém, muito bem remunerado pelos cofres
públicos. Nenhum dos funcionários do gabinete a conheciam. Quem a
conhecia muito bem é Álvaro Dias (PV). Quando ainda estava no PSDB, o
tucano a exonerou do gabinete da Lucia Vania (PSDB) pelo mesmo motivo:
ela não aparecia para trabalhar. Sabe onde ela não trabalhou também? No
gabinete do Arthur Virgílio (PSDB).
É bonito de ver a solidariedade dos tucanos com essa trabalhadora,
ainda mais eles, que são tarados por cortes de gastos públicos. Mas por
que o PSDB a paparicava tanto? Não se sabe, já que esta é uma notícia
natimorta, sem aprofundamento, uma notícia fantasma. Mas vamos dar uma
escarafunchada nela. Mesmo sabendo do seu passado fantasmagórico em gabinetes tucanos,
Serra pediu para que Álvaro a nomeasse para o seu, porque “desejava que
ela se dedicasse a um projeto na área de educação (…) Ainda é um projeto sigiloso.
Lançarei em breve. Queria alguém que me ajudasse em questões não
econômicas.
Conheço a Mag há muitos anos. Tenho relações pessoais e
intelectuais”.
Foto: Evaristo Sa/AFP/Getty Images
Questionado sobre onde Mag trabalhava nesse projeto educacional
ultrassecreto, o ex-senador não soube dizer se era em casa ou no Senado.
Quando lhe informaram que nenhum funcionário do gabinete a conhecia,
subitamente retomou a memória:“Ela trabalha de casa. Meu gabinete tem pouco espaço, não tem sala para todo mundo.”
Ou seja, Serra não sabia onde ela trabalhava, mas, no segundo seguinte,
lembrou que o gabinete era tão apertado que nem fantasma cabia. O
remendo só piorou a coisa, já que, pelo regimento interno do Senado, os
funcionários são proibidos de trabalhar em casa.
Seria um escândalo para atormentar qualquer político, ainda mais um
senador da República. Mas Serra não é qualquer político e nunca mais foi
incomodado com o assunto.
A catalã Carme Polo, uma das melhores amigas de Miriam Dutra, disse ao DCM que Serra “era o contato de Miriam com Fernando Henrique Cardoso”.
A relação era tão próxima, que o ministro das relações exteriores
chegou a ir para Barcelona para acompanhar uma reforma no apartamento da
irmã de Mag.
Agora voltemos para as propinas da Odebrecht. Breno Costa, repórter do The Intercept Brasil, escreveu matéria intitulada “José Serra propôs lei que beneficia empreiteiras com redução de impostos e punições”. A Folha teria todas as condições de fazer essa relação e aprofundar o assunto. Mas não, o jornal que já publicou uma ficha policial falsa de Dilma na capa
não foi capaz de levantar essa lebre. Parece que a cota de notícia ruim
sobre o Serra na semana já havia sido preenchida no domingo, não é
mesmo?
Mesmo arranhada por tantos
espinhos, a imagem de homem ilibado, competente, dotado de espírito
público continua protegendo a figura de Serra. Nosso ministro é mesmo um
fenômeno.
O novo escândalo pode trazer de volta uma figura relegada ao
ostracismo: Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa responsável pela
contratação das empreiteiras que comandaram grande obras quando Serra
era governador de São Paulo. O mesmo Paulo Preto cuja filha advogava para essas mesmas empreiteiras e emprestava dinheiro para Aloysio Nunes (PSDB).
O mesmo Paulo Preto que Serra, ao ser questionado na campanha
presidencial de 2010, afirmou não conhecer quando Dilma trouxe seu nome
para um debate: “Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês fiquem perguntando”.
Irritado com a já famosa falta de memória de Serra, Paulo Preto fez uma afirmação – ou uma ameaça – que se tornaria clássica: “Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”. Ainda sobre a falta de memória do ex-governador, declarou: “Não somos amigos, mas ele me conhece muito bem”.
Mesmo arranhada por tantos espinhos, a imagem de homem ilibado,
competente, dotado de espírito público continua protegendo a figura de
Serra. Nosso ministro é mesmo um fenômeno. Tanto que, ao ter seu nome
ventilado para o ministério de Temer, Sardenberg chegou a elogiá-lo pelo – pasmem! –“rigor com as contas públicas”. A Mag que o diga!
Vamos aguardar o desenrolar dos fatos. Há muitos fantasmas no armário
de Serra. Com as delações das empreiteiras prontas para sair do forno,
será cada vez mais difícil manter a blindagem do nosso valoroso
chanceler. Até agora, ninguém parece disposto a largá-lo ferido na
estrada.
Na semana passada, na Sessão do Senado destinada à discussão do
parecer que analisava a procedência ou improcedência do impedimento da
presidente afastada Dilma Rousseff, a senadora Ana Amélia, do PP do Rio
Grande do Sul, proferiu uma frase infame que precisa ser rebatida em
nome da verdade, da Justiça e do respeito à veracidade da história
brasileira.
Ana Amélia disse ter “muita alegria” de “ser golpista ao lado de
ministros do STF”. Disse isso porque o presidente do Supremo, Ministro
Ricardo Lewandowski, preside o processo de impeachment de Dilma
Rousseff. A senadora gaúcha tentou confundir o público transformando a
presença dele em plenário em aval ao processo de impeachment. Ana Amélia, que deve se julgar mais esperta que a esperteza, como
quer confundir as pessoas poderia ter dito que, por Dilma estar se
defendendo no processo, por seu advogado, José Eduardo Cardozo,
frequentar as sessões do Senado que tratam do impeachment, por
encaminhar petições e fazer sustentações orais, também está convalidando
o processo.
Tanto Dilma não reconhece a seriedade do processo por se defender
como Lewandowski não o avaliza ao presidi-lo. Dilma e Lewandowski
participam do processo de impeachment porque o Senado, até o momento,
não apoiou a tese farsesca aprovada pela Câmara dos Deputados em abril
último. Dessa forma, participam sob a premissa de que o Senado pode agir
corretamente e rejeitar essa farsa.
Não espanta, porém, que a senadora Ana Amélia veja na simples
presença de Lewandowski no Plenário do Senado um aval à tese que
desencadeou o processo de impeachment, de que Dilma cometeu crime de
responsabilidade. Afinal, ela integra o Partido Progressista, o partido
do golpe de 1964, o partido da ditadura militar, sucedâneo da Aliança
Renovadora Nacional (Arena). E, como se sabe, ela não considera que
houve um golpe em 1964.
Mas não é só a natureza do partido que a senadora Ana Amélia integra
que a levou a proferir tamanha infâmia; é sua ignorância da história do
Brasil. Sim, porque o STF estar representado em um processo golpista não
significaria nada mesmo que Lewandowski estivesse lá dando apoio ao
impeachment – quando, na verdade, ele está lá cumprindo sua obrigação,
assim como Dilma faz ao enfrentar o processo –, pois o STF carrega em
sua história a mácula de ter apoiado o golpe clássico de 1964.
Aí vai, pois, uma breve aula
de história para a senadora Ana Amélia, para que, por algum milagre,
pare de proferir barbaridades e de esbofetear a tão maltratada
democracia brasileira. Em 1964, Alvaro Moutinho Ribeiro da Costa presidia o STF. Nessa
condição, o ministro participou e deu cobertura ao golpe de Estado que
depôs o presidente constitucional João Goulart.
Entre as 3 e as 4 horas da madrugada de 2 de abril daquele ano,
Ribeiro da Costa presenciou e deu a bênção “constitucional” à posse do
deputado Ranieri Mazzilli na Presidência da República. A Presidência havia sido declarada vaga, e os golpistas anunciavam que Goulart deixara o país.
Os golpistas rasgavam a Constituição vigente, de 1946, e o presidente
do STF trombeteava que a deposição de João Goulart era constitucional.
Outro episódio do qual o STF não tem motivo para se orgulhar é a
deportação de Olga Benario para a Alemanha nazista, em 1936. Alemã,
judia, comunista, procurada em seu país, Olga estava grávida. Foi
entregue pelo Brasil à Gestapo.
Quem a entregou: o STF, em tabelinha com Getulio Vargas, que dali a
um ano cancelaria as eleições e instauraria a ditadura do Estado Novo.
Por maioria, mesmo sabendo da gravidez de Olga, o tribunal recusou
habeas corpus e a expulsou. Motivo: ser “estrangeira” e por sua
permanência no país supostamente “comprometer a segurança nacional”.
Olga Benario foi morta em 1942, na câmara de gás do campo de Bernburg na
Alemanha nazista. Tinha 34 anos, quando o STF a enviou à morte.
Uma amiga muito querida, jornalista e ser humano de primeira, signatária de desagravo
que promovi em 2012 em defesa do (ainda) presidente do Supremo ministro
Ricardo Lewandowski, assim como vários outros companheiros de luta veio
pedir minha avaliação sobre ele por conta de sua conduta ao longo do
processo de impeachment de Dilma no Senado, que preside.
Alguns amigos queridos que assinaram o desagravo a Lewandowski há
quase quatro anos chegaram a me dizer que queriam retirar suas
assinaturas de documento que fui entregar a ele em Brasília, logo após o
julgamento do mensalão.
Antes de mais nada, quero dizer que entendo cada companheira e cada
companheiro que, no afã de lutar contra o processo ilegal que tramita no
Senado contra Dilma Rousseff, exasperam-se ao não verem aquele no qual
muitos apostavam para combater essa injustiça (Lewandowski) fazer alguma
coisa para impedir a farsa que o Legislativo federal empreende não
(apenas) contra a presidente legítima dos brasileiros, mas contra a
democracia.
Antes de abordar essa questão da conduta de Lewandowski no julgamento
de Dilma no Senado – e a questão Carmen Lúcia, que dá título a este
texto – vamos nos lembrar por que mais de cinco mil leitores desta
página assinaram, em 2012, o desagravo ao ainda presidente do Supremo.
Confira, abaixo, vídeo da luta de Lewandowski, no julgamento do
mensalão, em 2012, contra a famigerada “teoria do domínio do fato”,
usada para condenar José Dirceu, José Genoino e outros petistas sem
provas.
Lewandowski pagou um alto preço pela sua luta contra o arbítrio,
contra farsa jurídica anterior que permitiu cassar a liberdade de
cidadãos ao arrepio da Constituição Federal.
Quando fui levar a ele o
calhamaço com mais de cinco mil comentários de leitores solidarizando-se
com ele por ter defendido a justiça e a verdade no julgamento do
mensalão, fui recebido por sua família, que me agradeceu pela
iniciativa, pois todos estavam sendo ofendidos por vizinhos, nas ruas,
pois o ministro e sua família são pessoas de classe média alta e, nesse
meio, o consenso a favor da farsa do mensalão era total.
Por essa razão, pela iniciativa deste blogueiro, Lewandowski gravou o vídeo abaixo.
Contudo, não é por conta desse vídeo ou do convite de Lewandowski
para que eu participasse de sua posse que, agora, volto a me manifestar
em seu favor. Quase não temos tido mais contato. De 2012 a 2014, todos
os finais de ano ele me telefonava para desejar boas festas; em 2015,
não houve ligação. E os contatos diretos e indiretos que tínhamos,
cessaram.
O que ocorre é que minha postura política decerto pesou para ele por
estar presidente do Supremo. E é compreensível. Lewandowski tomou todos
os cuidados para não ser ligado a nenhuma corrente política. E a melhor
coisa que ele pode fazer para me agradar é se portar com justiça. É isso
o que todos queremos dele. Não vou exigir ou cobrar nada dele.
Agora, quero que os amigos reflitam comigo o seguinte: ninguém
assinou o desagravo a Lewandowski em 2012 por conta do que ele faria no
futuro, mas pelo que ele havia feito no passado então recentíssimo, ou
seja, no julgamento do mensalão, como mostra o vídeo acima.
Quanto ao que o presidente do Supremo tem feito ao longo do processo
de Dilma, em minha opinião ele está fazendo o que pode ser feito. Temos
que entender que ser presidente do STF não significa ser dono daquela
Corte ou decidir sozinho em nome dela.
Claro que Dilma ainda poderá arguir no Supremo o mérito do processo
contra si no Senado, mas só fará isso quando o processo terminar. Ela
ainda não fez porque se sofrer uma derrota no STF ela influirá na
decisão que o Senado tomará no fim deste mês. E quando o fizer estou
certo de que Lewandowski votará corretamente, da forma mais honesta
possível.
Um exemplo da conduta decente do ministro no processo contra Dilma foi quando ele barrou abuso que estava sendo cometido contra ela pela Comissão do Impeachment
Até hoje, lewandowski vem sendo achincalhado e perseguido pelo seu
comportamento destemido no julgamento do mensalão, que ele adotou em
prejuízo até de sua família, de sua imagem nos setores abastados da
sociedade em que vivem pessoas como ministros do Supremo.
Um bando de
vagabundos chegou a mandar fazer um boneco inflável dele para
achincalhá-lo.
Por fim, sobre o título deste post, quero dizer que, assim como a
gestão Temer vem fazendo muitos dos que criticavam Dilma antes de ela
ser afastada agora sentirem saudade do governo dela, Carmen Lúcia fará
as pessoas que estão descontentes com a postura de Lewandowski no
julgamento da presidente no Senado sentirem saudade e valorizarem a
gestão dele à frente do Supremo.
A grosseria de Carmen Lúcia contra Dilma ao dizer que não quer ser
chamada de “presidenta” e, sim, de “presidente”, não foi um caso
isolado. Carmen Lúcia gosta de atender aos caprichos da mídia. Há anos
vem se comportando de modo midiático. Assim como Gilmar Mendes, ela está
sempre lá para dizer o que a mídia antipetista quer ouvir.
Em agosto do ano passado, por exemplo, deu declaração
política sobre petistas investigados pela Lava Jato. A então
vice-presidente do STF declarou para as câmeras que brasileiros precisam
ter ‘a ousadia dos canalhas’.
Ela deu a declaração durante uma palestra na Associação Comercial do
Rio de Janeiro, mas, de acordo com a agência de notícias Reuters, não
esclareceu a quem se referia quando usou o palavra ‘‘canalhas’’, mas o
contexto foi quando petistas haviam sido denunciados pela Lava Jato
naquele mesmo dia.
Em setembro de 2015, Carmen Lucia voltou a encenar
para as câmeras ao votar pela validação da decisão do ministro Teori
Zavascki, que decretara a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS);
disse que o crime não venceria a Justiça, e disse de forma teatral, que
foi prontamente usada pelo Jornal Nacional contra o PT.
Em março deste ano, sobre a queixa de Dilma de que estava sendo vítima de um golpe, Carmen Lúcia novamente estava lá para dizer o que a mídia queria. Confira a declaração dela sobre essa questão:
“Não ouvi [o discurso de Dilma], mas
tenho certeza que a presidente deve ter dito que, se não se cumprir a
Constituição, poderia haver algum problema. Não acredito que ela tenha
dito que impeachment é golpe porque ele é previsto na Constituição”
Uma bobagem. É claro que Dilma não disse que impeachment é golpe, ela
havia dito que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe, e até
defensores do impeachment reconhecem que não há crime de
responsabilidade e que Dilma está sendo derrubada por “julgamento
político”.
Lewandowski não tem muito o que fazer por Dilma durante o julgamento.
Se prazos e procedimentos da lei do impeachment forem seguidos, ele não
pode se meter. Só em casos de abusos como negarem a perícia pedida por
Dilma é que ele pode fazer alguma coisa.
Não quero que Lewandowski atue como advogado de defesa de Dilma,
muito menos como acusador.
Quero que atue como magistrado, e ele tem
feito isso. Lewandowski não é presidente do PT, é presidente do Poder
Judiciário. Por pouco tempo. Infelizmente. Sejamos justos com ele,
companheiras e companheiros. De injustiça já basta a que fazem com
Dilma.
Pela primeira vez, o Brasil tem um presidente, ainda que
provisório, que considera normal e reconhece ter pedido dinheiro a um
empreiteiro no próprio palácio (no caso, o Jaburu); "Eu já confirmei que
jantei com Marcelo Odebrecht, no Jaburu, em 2014. Como é natural, o
partido me pressionava para obter recursos para os seus candidatos. A
Odebrecht contribuiu? Claro que sim", disse o interino Michel Temer, em
entrevista publicada nesta segunda-feira; em seu primeiro depoimento,
Marcelo Odebrecht falou que os R$ 10 milhões saíram pelo caixa dois da
empreiteira e R$ 4 milhões foram entregues em dinheiro vivo a Eliseu
Padilha, atual ministro da Casa Civil e braço direito de Temer; na
entrevista, o interino também defendeu a cisão da chapa Dilma-Temer no
TSE – o que vem sendo negado pelos ministros da corte
247 – Michel Temer
considera normal pedir dinheiro a um empreiteiro, fora do prazo de uma
campanha eleitoral, em pleno Palácio do Jaburu.
Em entrevista publicada nesta
segunda-feira pelo site Antagonista, ele confirma que pediu dinheiro a
Marcelo Odebrecht no Palácio do Jaburu. O motivo: o partido o
pressionava para obter recursos. "Eu já confirmei que jantei com
Marcelo Odebrecht, no Jaburu, em 2014. Como é natural, o partido me
pressionava para obter recursos para os seus candidatos. A Odebrecht
contribuiu? Claro que sim. Está tudo registrado. Foram mais de 10
milhões de reais, dentro da lei. Sei que muitos podem não acreditar,
dado o momento terrível que vivemos, mas não tenho conhecimento sobre
dinheiro dado em espécie ao partido. E, sinceramente, acho improvável
que isso tenha ocorrido. A minha preocupação é institucional, não
jurídica", disse ele.
Em seu primeiro depoimento visando a
uma delação premiada, Marcelo Odebrecht afirmou que doou R$ 10 milhões
em dinheiro vivo, a pedido de Temer. Disse ainda que tais recursos não
foram contabilizados e saíram pelo caixa dois da empreiteira. Do bolo,
R$ 4 milhões teriam sido entregues em dinheiro vivo a Eliseu Padilha,
atual chefe da Casa Civil (saiba mais aqui).
Em sua entrevista, Temer também
tentou se blindar em relação à ação, movida pelo PSDB, que pede a
cassação da chapa Dilma-Temer, alegando que as contas são separadas. No
entanto, os ministros da corte eleitoral têm dito que será impossível
condenar Dilma e preservar Temer. Eis o que disse o interino:
"Creio que o TSE vai separar o
julgamento das minhas contas de campanha do das contas da presidente
afastada. Foram duas campanhas com captações de recursos distintas, como
manda a lei. Basta ir à Constituição para verificar que a figura do
vice-presidente é apartada da do presidente, ele não é um apêndice. A
tese de "arrastamento" viola o preceito constitucional segundo o qual
nenhuma pena passará da pessoa do condenado. É como condenar por
atropelamento alguém que estava sentado ao lado do motorista na hora do
acidente".