“Depois de uma campanha presidencial violenta e baseada na mistificação, o resultado não podia ser outro: xenofobia. Mas, quem ganha com a divisão do Brasil ?”
Esta pergunta assustadora foi extraída da reportagem da Cynara Menezes, na Carta Capital de 10 de novembro de 2010, em que analisa o “legado” da campanha de José Serra.
A obra com que José Serra se despedirá da política brasileira (no plano nacional): o ódio.
Clique aqui para ler sobre o que Mino Carta disse do ódio de Serra.
E aqui para ver como o Mino descobriu que Serra fala pela boca de certo Itagiba, um ex-policial obscuro, cinzento, que habita no Reino da Treva.
Nesta excelente reportagem de Cynara – ela demonstra que, mesmo sem todos os votos do Nordeste, a Dilma se elegeria, fácil – este ordinário blogueiro descobriu o professor Durval Albuquerque Jr, professor de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e autor do livro “Preconceito contra a Origem Geográfica e de Lugar (Editora Cortez).
A entrevista com o professor Albuquerque vai ao ar nesta terça feira, às 21h15, na RecordNews.
O professor Albuquerque também critica a campanha de ódio de José Serra.
Ele fala que a campanha abriu a caixa de Pandora e tirou de lá o preconceito.
A tentativa de dizer que o Brasil é bicolor: azul para os do Sul, limpinhos, cheirosos, com PhD em Harvard; e vermelho para os pobres, desdentados, famintos e analfabetos do Nordeste.
Foi o que tentou fazer a Folha (**), ao dizer, logo depois da eleição, que o Nordeste elegeu a Dilma.
O professor Albuquerque lembrou que mora numa cidade – Natal – em que Serra venceu.
E nasceu em Campina Grande, na Paraíba, onde Serra venceu.
Mas, a intolerância, como se sabe, não guarda relação com a racionalidade.
Albuquerque lembrou que há sete anos não se ouve falar em assalto a supermercado, nem invasão de feira nas áreas de estiagem do Nordeste.
Por que ?
Porque o Bolsa Família gera renda e gera emprego.
O Bolsa Família não é Bolsa Vagabundagem, como disse a Notável Estadista chileno-brasileira, Monica Serra.
O Bolsa Família não aliena; ao contrário, diz Albuquerque.
Conscientizou, fez com que as pessoas se sentissem gente e passassem a querer mais.
A propósito, o professor Albuquerque lembrou de artigo da professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco – “o nordestino não votou por miolo de pão”)
Por que Dilma teve 80% dos votos do Maranhão ?
Oitenta por cento dos maranhenses recebem o Bolsa Familia ?
Não, porque as políticas do Governo Lula beneficiaram todas as classes do Maranhão.
Também no Nordeste, lembra Albuquerque, a classe média e a elite estão chateadas porque não conseguem mais empregada doméstica por salário miserável.
Acabou a escravidão – diria este ordinário blogueiro.
(E vai acabar mais ainda com o ENEM; clique aqui para ler sobre a “Xenofobia e intolerância em SP – onde isso vai parar ?”)
Este ordinário blogueiro perguntou ao professor Albuquerque como se acaba com o preconceito, com essa intolerância.
Ele acusou a mídia, aqui chamada de PiG (*).
Mais especificamente falou de “comentaristas” e colonistas (***) da televisão que, logo após a eleição desqualificaram a eleição da Dilma com o argumento e que eram votos dos pobres ignorantes do Nordeste.
Ou seja, ele se referia – sem dar o nome – à GloboNews, que se tornou um viveiro de intolerantes (para usar uma palavra doce).
A mídia estimula, engrossa o preconceito, segundo o professor Albuquerque.
Nesse ambiente de mídia que toma partido – como é o caso do PiG (*) e da GloboNews – só o voto obrigatório garante a inclusão social.
É por isso que este ordinário blogueiro repete: ou a Dilma faz a Ley de Medios ou o PiG derruba ela .
Depois que o PiG a derrubar, comentaristas da GloboNews farão analises profundas sobre como o Azul superou o Vermelho; ou, como os cheirosos valem mais que os fedorentos.
Clique aqui para rever o vídeo inesquecível em que a colonista (***) Eliane Catanhêde descreve os tucanos como “cheirosos”, umas gracinhas.
Clique aqui para ler “Silvio Santos vai obrigar a Dilma a fazer a Ley de Medios”.
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: o Conversa Afiada reproduz texto enviado pelo amigo blogueiro (sujo) Eduardo Guimarães:
No último dia 11, no Plenário da Câmara Municipal de São Paulo, sob iniciativa de parlamentares da Casa como o vereador Francisco Chas, da ONG Movimento dos Sem Mídia, do Centro de Tradições Nordestinas e outras entidades ligadas ao movimento negro, nordestino e de direitos humanos, foi feito um ato contra o racismo no Estado.
O plenário da Câmara, que comporta 500 pessoas sentadas, no auge do evento teve todos os assentos ocupados pelo público e algumas pessoas ainda tiveram que ficar em pé. Boa parte dos presentes era de membros do MSM, pelo que há que cumprimentar essas pessoas.
Devido ao fato de o signatário deste blog ter ocupado a mesa de debates ao lado de autoridades como os vereadores petistas Francisco Chagas e Ítalo Cardoso, e também do representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Centro de Tradições Nordestinas (CTE), faltam mais fotos inclusive da mesa. Quem tiver fotos do evento para enviar a este blog, elas serão publicadas.
Surpreendentemente, o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, enviou mensagem oficial da entidade de apoio ao ato. Além disso, a equipe do programa CQC, da tevê Bandeirantes, também cobriu o evento.
A fala deste blogueiro ao público presente foi no sentido de que a sociedade deve atentar para o fato de que o racismo anti-nordestinos não se resume à jovem estudante de Direito que veiculou mensagens ofensivas àquela parcela dos brasileiros oriunda do Nordeste, sendo uma postura generalizada entre as classes média-alta e alta de São Paulo.
O Movimento dos Sem Mídia também pediu punição exemplar dos praticantes de racismo e sugeriu ao vereador Francisco Chagas, autor de representação contra 94 pessoas que enviaram mensagens racistas por meio de redes sociais, que inclua na ação junto ao Ministério Público os signatários do manifesto racista “São Paulo para os paulistas”, que segue na internet.
Uma boa notícia: o Ministério Público Federal acolheu a representação do vereador Francisco Chagas e decretou segredo de Justiça nas investigações. Ou seja: todos os racistas que veicularam mensagens contra o povo nordestino na internet serão investigados pelo crime também em nível federal.
Apesar do boicote da imprensa em geral, o ato público contra o racismo teve um peso político bastante significativo porque mostrou que a sociedade dispõe de meios para reagir contra essa praga ideológica inclusive do ponto de vista legal, bem como em termos de mobilização de entidades que se mostram dispostas a atuar com firmeza contra esse tipo de crime.
Mais importante do que o ato, porém, será a fiscalização dos processos abertos contra os racistas. Não se aceitará que saiam impunes e haverá instrumentos para garantir que isso não ocorra, até porque as manifestações de intolerância e preconceito em São Paulo só fazem crescer.
Contudo, a indiferença da imprensa em relação ao racismo não é o mais grave. Veículos como a Folha de São Paulo chegaram a publicar textos de apologia ao racismo. Dois artigos foram publicados nesse sentido pelo jornal na 5ª e na 6ª feira da semana passada. O Movimento dos Sem Mídia estuda a possibilidade de tais textos terem infringido a lei.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.