Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

As ficções políticas e as realidades do mundo

Mauro Santayana


Faz parte da história política de São Paulo a aparente indecisão de muitos de seus líderes. O Sr. Jânio Quadros, que tinha  dias de Hamlet e  dias de MacBeth, subordinava suas decisões a dois pontos geográficos da cidade: Vila Maria e Sapopemba. Vila Maria é a região de classe média emergente, e, Sapopemba, área mais pobre. Ele costumava consultar os dois eleitorados. De Vila Maria vinha a esperança da vitória, uma vez que, desde sua eleição para vereador, contara com o apoio de seus eleitores. Sapopemba era o teste de popularidade. Antes de candidatar-se a esse ou àquele cargo, aferia, nos comícios, o apoio de seus moradores.

O ex-governador José Serra não chega à forte tragédia do escocês MacBeth, mas se aproxima, em seu ser e não ser, do príncipe da Dinamarca. Não que Hamlet disputasse uma eleição, a não ser a do destino, e que a sua dúvida fosse muito além de sua própria tragédia, ainda que nela amarrada. Mas se Jânio e Serra estão muito distantes da essência do caráter que Shakespeare dá aos dois personagens, e que ele pintara como antípodas morais, os dois paulistas começam a se assemelhar. Jânio adorava que fossem bater à sua porta, apelar para a sua taumaturgia populista. Serra, ao desconfiar de que não o procurariam, como a bóia salva-vidas na tempestade (mesmo porque os ventos políticos sopram brandos, por enquanto), resolveu aceitar, de bom grado, os ralos apelos que lhe chegam.

Os paulistas começam a dar à eleição para a Prefeitura de São Paulo importância maior do que ela realmente tem, e os comentaristas políticos, próximos dos tucanos bandeirantes, avançam sobre a lógica, dizendo que ela terá efeitos nacionais. Não há dúvida de que a cidade é a mais importante do país, no que se refere à economia e à cultura, de maneira geral, mas está distante da realidade política e social do Brasil como um todo. Os paulistanos atuam como se fossem o sol, em torno do qual os planetas menores orbitam, e, de cuja luz, dependem.

Na noite de sábado para domingo, em uma cidade satélite (das mais pobres) de Brasília, Santa Maria, alguns rapazes atearam fogo a moradores de rua. Um deles morreu e o outro se encontra seriamente ferido, com poucas possibilidades de sobrevivência. Há dois fatos, relacionados com essa tragédia, que devem ser ponderados. Até há algum tempo, os pobres costumavam ser solidários entre eles.     Agora, no entanto, submetem-se à cultura, made in USA, da intolerância, da violência pela violência, da discriminação e do desprezo pela vida. Talvez – e as investigações continuavam – os incendiários de fim de semana sejam dos “emergentes” das cidades-satélites, filhos de pais bem empregados, moradores em casas confortáveis. E, talvez, não – o que será pior.

O outro ponto de reflexão é o da impunidade. Há quase quinze anos, cinco rapazes, filhos de famílias da elite de Brasília, atearam fogo ao índio Galdino, dirigente da etnia pataxó da Bahia, que dormia em um ponto de ônibus. Presos, graças ao testemunho de um rapaz da mesma idade, que passava de carro pelo local, os culpados foram defendidos com veemência. Seus pais, e os advogados que contrataram, tentaram desqualificar o crime – tratara-se, segundo a desculpa, de uma brincadeira que dera errado. Não tinham a intenção de matar, só a de assustar com o fogo. Foram presos e julgados. Condenados, em 2001,  a 14 anos de prisão, menos um deles, que era adolescente, não passaram mais de 4 anos na prisão – onde gozaram de todas as regalias, entre elas a de sair para estudar e trabalhar, quando aproveitavam o tempo para beber e namorar, chegando frequentemente muito depois da hora de recolher.

As denúncias de que estavam sendo privilegiados de nada adiantaram. Eles eram enteados e filhos de juízes. Como sabemos, todos somos iguais diante da lei, embora alguns sejam muito mais iguais.

É nesse país, em que as leis são meras declarações de intenção, e apenas 3% dos responsáveis pelos crimes de homicídio são julgados e cumprem penas, que temos de pensar. Não entendem os legisladores e administradores públicos que a impunidade dos poderosos estimula a criminalidade geral. Assim, enganam-se os tucanos da maior cidade brasileira. São Paulo, com toda sua opulência (mesmo com a maior população de moradores de rua de todo o país) não é a estrela em torno da qual circula o sistema planetário nacional. Mesmo porque as elites de São Paulo, salvo poucas exceções, exercem uma cidadania off-shore, desligada do destino do país.

O nosso futuro está sendo construído em todo o território nacional, pela inteligência, pelo esforço e pelo patriotismo de seus trabalhadores, incluídos os de São Paulo – e não pelos senhores da Febraban e das corporações multinacionais,  empenhadas em novo e cômodo colonialismo.

Leandro Fortes: Oban cabocla nos rincões dos Mendes

  
por Leandro Fortes, no Brasília Eu Vi
Esse fascitóide de quinta categoria se chama Márcio Mendes. É um técnico rural que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos. A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes, vcs sabem, é o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalistas. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínimo para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.
Repito: trata-se de transmissão em concessionária educativa na TV da família de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu denunciei isso, faz dois anos, na CartaCapital, em uma das matérias sobre os repetidos golpes que o clã dos Mendes dá para derrubar o prefeito eleito da cidade de Diamantino, que ousou vencer a família do ministro nas urnas. Vamos ver o que diz o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, a respeito. Seria bom saber qual a posição do SBT, também.

Correio do Brasil diz saber quem é o parceiro da Stratfor

WikiLeaks: Stratfor, em parceria com jornal brasileiro, capta informações para EUA e prediz morte de Chávez
do Correio do Brasil
27/2/2012 13:43,  Por Redação – de São Paulo
Denunciada nesta segunda-feira em uma série de telegramas vazados na internet, pela página do WikiLeaks, a possível parceria entre o diário conservador carioca O Globo e a Stratfor Global Intelligence, pode ser a responsável pelo vazamento da notícia de fundo na polêmica nota do colunista Merval Pereira, publicada na edição de 16 de fevereiro, na qual ele prediz a morte do líder venezuelano, Hugo Chávez, em menos de um ano. A empresa norte-americana fornece serviços de inteligência confidenciais para grandes corporações dos EUA e também para e agências governamentais, incluindo o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos , os fuzileiros navais norte-americanos e Agência de Inteligência de Defesa dos EUA.
Pereira aponta sua fonte na pessoa do ex-embaixador dos Estados Unidos na OEA, Roger Noriega, que “invocando informações de dentro do governo venezuelano, escreveu artigo recentemente no portal de internet da InterAmerican Security Watch intitulado A Grande mentira de Hugo Chávez e a Grande Apatia de Washington. Nesse artigo ele dizia que o câncer está se propagando mais rapidamente do que o esperado e poderia causar-lhe a morte antes mesmo das eleições presidenciais”, escreveu o cronista de O Globo.
Nos e-mails da Stratfor, divulgados nesta manhã, porém, consta em data imediatamente anterior, a mesma informação que O Globo veicula logo depois, a de que Hugo Chávez terá cerca de um ano de vida. “O Presidente venezuelano sofre de um câncer na próstata que teria feito uma metástase para o cólon, o sistema linfático e a medula espinhal. A situação terá sido agravada pelo fato de Chávez ser ‘um paciente péssimo’ que interrompe tratamentos para realizar aparições públicas e participar em encontros políticos”, escreveu a agência norte-americana. Segundo a Stratfor, o líder venezuelano é acompanhado não apenas por uma equipe de médicos cubanos, mas por outra, de clínicos russos, sendo que os dois grupos têm visões opostas sobre a melhor estratégia de tratamento.
Parceria explosiva
Entre os 5 milhões de e-mails confidenciais da Stratfor, vazados há algumas horas, as mensagens trocadas entre julho de 2004 e dezembro de 2011 revelam a rede de informações formada pela Stratfor, assim como sua estrutura de pagamentos, técnicas de camuflagem da remuneração aos seus colaboradores, inclusive no Brasil, e métodos psicológicos utilizados na captura das fontes de informação.
“Este material mostra como funciona uma agência privada de informações e como fixam um alvo para os seus clientes empresariais e governamentais”, acrescenta o comunicado da Wikileaks, que salienta, ainda, ter provas da ligação da Stratfor a grandes companhias como a Dow Chemical Co e agências governamentais.
Ainda de acordo com esta leva de mensagens, obtidas após a invasão dos computadores da Stratfor por militantes do grupo Anonymous, há algumas semanas, um grande jornal brasileiro é parceiro da empresa com o objetivo de manter os norte-americanos informados sobre assuntos estratégicos àquele país, no Brasil, e a análise de cronistas e repórteres em temas relevantes para os serviços de inteligência do Departamento de Segurança Interna dos EUA , os fuzileiros navais norte-americanos e a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA.
Nos Arquivos Globais de Inteligência, título da remessa de informações do WikiLeaks sobre a empresa de “inteligência global” constam o funcionamento interno de uma empresa que atua como uma editora de inteligência, mas fornece serviços de informações confidenciais para grandes corporações, como a Dow Chemical Co. de Bhopal, a Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon, além daquelas agências governamentais.
Bobo da corte
Entre as mensagens trocadas pelos ‘analistas’ da Stratfor, o ex-presidente do Governo espanhol José María Aznar (1996-2004) seria uma espécie de ‘bobo da corte’ de um grupo de espiões norte-americanos, como revelou o Wikileaks. Voluntários da Wikileaks, organização fundada por Julian Assange, revelam que, além do parceiro brasileiro, a Stratfor mantém acesso pleno a mais de vinte jornais de todo mundo.
Em um das mensagens eletrônicas que a diretora de Inteligência Geopolítica de Stratfor, Reva Bhalla, troca com outros analistas e agentes, ela comenta que Aznar é bem mais extremista, mais até do que os servidores públicos israelenses a que tem acesso.
“Caramba!”, escreve Bhalla na primeira linha de seu relatório, “o senhor presidente é um ultra (hardcore, no original). Ele se crê sinceramente que todos os terroristas são iguais e que nada que não seja uma guerra total pode derrotá-los. Está rotundamente na contramão de qualquer tipo de negociação com terroristas e critica duramente a França, Alemanha e outros (países) por esta questão”.
Em duas outras mensagens, os espiões debocham de Aznar, outrora chefe do Executivo ibérico e presidente honorario do conservador Partido Popular (PP, oficialista). Estes e-mails fazem menção ao seu cabelo “seus maravilhosos cachos” e ao fato de ir impecavelmente vestido.
Tudo começou por uma mensagem na qual a diretora de Inteligência Geopolítica dessa “CIA na sombra” informa a todos os analistas da empresa de que se dispõe a assistir a uma conferência de Aznar em Georgetown (Washington, DC), em 16 de novembro de 2010.
“Alguém tem perguntas para o ex-presidente espanhol Aznar, não vá ficar sonolento?”, caçoou Bhalla antes de assistir à dissertação.
“Podes simplesmente dizer de minha parte: boa tentativa culpar a ETA, replicou zombador Bayless Parsley, especialista sobre África.
Parsley referiu-se depreciativamente à insistência com a que Aznar tratou de imputar-lhe a ETA a autoria dos atentados de 11 de março de 2004 em Madri.
Bhalla destaca que Aznar está “muito ideologizado” e é “de linha dura”, mas destaca que ele também está envergonhado de sua derrota eleitoral em 2004, “pela qual ele já pagou”. Depois, em outra mensagem, a servidora da Stratfor volta ao tema do cabelo:
“Vai impecavelmente vestido, leva o cabelo mais formoso… Tão sedoso e brilhante! Poderia perguntar-lhe que tipo de xampu usa…”. As informações são do diário lusitano Público.
Para ler a íntegra do telegrama sobre a coleta de dados em parceria com um jornal brasileiro, clique aqui
Leia também: O Globo descobre o itinerário do câncer de Chávez

Bloco dos sujos é criado no Rio

Inflação: Tombini desmoraliza Urubóloga


Depois dizem que o Conversa Afiada persegue a Urubóloga.

Na verdade, como se vê no post do Fernando Brito, ela é quem se persegue a si mesma !

Saiu no Tijolaço:

Análise econômica ou mau-agouro?

“Houve pressões explícitas, e o Banco Central cedeu. Tentou convencer que a decisão (de baixar os juros) foi tomada de forma técnica. Não convenceu. A deterioração do quadro externo justificaria manter os juros para esperar para ver. Até porque, mesmo reduzindo o ritmo de crescimento do mundo, a inflação não está cedendo.”


O comentário aí, da simpática Miriam Leitão, tem apenas seis meses.


É só olhar o gráfico aí de cima e se verá que não somente a inflação cedeu como, naquele início de setembro, logo após a decisão do BC de começar a reduzir os juros, já vinha cedendo.


Hoje, se algum exagero houve, certamente não foi o de baixar os juros, mas o ter exagerado na alta que vinha desde o final de 2010.


A inflação acumulada no primeiro bimestre do ano (0,19%) – 0,25% em janeiro e – 0,06% em fevereiro – só perde, em toda a história brasileira, para a de janeiro/fevereiro de 2009, quando o Brasil vivia a ressaca da crise do final de 2008 e nossa economia, ao contrário de agora, encolhia.


As previsões de estagnação feitas para a economia brasileira este ano têm o mesmo valor que tinham as de explosão inflacionária naquele momento de 2011. Podem ser mau-agouro, análise da economia é que não são.


Mas essa gente continua pontificando, proferindo suas verdades como se não tivessem de dar conta de seus erros crassos em fazer previsões.


Hoje, em seu comentário na CBN, a mesma analista fecha seu texto com a seguinte observação:


“Será que o BC aceitará mais inflação? Isso vai bater mais no nosso bolso? É isso que nos interessa. O BC, hoje, parece mais tolerante. O IPCA em 12 meses está caindo, o que é bom. Não podemos nos preocupar  com a inflação, porque esse desafio foi vencido. Temos de enfrentar os demais que existem em outras áreas.”



Nesta terça-feira, num depoimento no Senado, Tombini previu que o PIB vá subir e a inflação vá cair.
Vai ficar mais perto do centro da meta de 4,5%.
Os “analistas” da GloboNews e das empresas de consultoria que trabalham para bancos estão “céticos”.
Mas, a Bolsa subiu, com eles ou sem eles !
Enquanto isso, no Valor, Delfim Netto prevê que a economia cresça este ano entre 4% e 4,5%:
Nos últimos dois meses, três mudanças foram importantes:
1ª) com relação ao misterioso “produto potencial” parece que agora o “mercado” aceita que ele anda às voltas de 4,5%;
2ª) o Banco Central quis saber do sistema financeiro como ele calcula a taxa de juros “neutra”;
e 3ª) houve uma melhora dos humores do setor privado em matéria de confiança no governo. Isso, somado aos sinais positivos do IBC-Br de novembro e dezembro mostra que, se tivermos disposição de fazê-lo, um crescimento de 4% a 4,5% em 2012 não está fora do radar, mesmo porque ele é bissexto !

Paulo Henrique Amorim

Dilma engole o PiG: “Não sou prefeita de SP”

 
Depois de Fortaleza, onde foi tratar do metrô – clique aqui para ler “Dilma corta e põe fogo na Antártica” -, a Presidenta esteve em Recife para entregar 480 moradias populares e anunciar R$ 2 bilhoes para investimentos em transportes.

É óbvio que nada disso interessa ao PiG (*).

O PiG (*) quer lançá-la às chamas, como a Joana D’Arc da Antártica e, depois, elevar o Cerra ao cenário nacional, agora que se esconde na peleja municipal.

Mas, a Dilma não fez o jogo.

E deixou o Cerra na Moóca, soterrado na Privataria Tucana:

“Não sou prefeita de São Paulo”, diz Dilma sobre Serra


Por Murillo Camarotto | Valor


RECIFE – Questionada nesta terça-feira sobre os desdobramentos políticos da entrada do tucano José Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff procurou demonstrar que não se envolverá no tema.


“Essa questão deve ser tratada em nível municipal. Eu participo do governo federal. Sou presidente da República e não prefeita de São Paulo. Não tenho nenhum pronunciamento a fazer a esse respeito”, resumiu a presidente.


Dilma participou da entrega de 480 unidades habitacionais em Recife (PE), em evento que contou com a participação de quatro ministros, além do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do prefeito do Recife, João da Costa (PT).



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

A newsletter da Stratfor

Essa Stratfor é um serviço de newsletter e boletins temáticos, como existem centenas nos EUA e pelo mundo afora, até em Brasilia tem três firmas com esses produtos. Os boletins estão no site deles, são notícias de conhecimento geral com a análise deles, não tem nada confidencial.
Não tem nada a ver com espionagem, serviços de inteligência, serviços secretos, KGB, MI-6, CIA, DIA, golpes de Estado, espião Cícero, Orquestra Vermelha, Kim Philby, etc
Pegam informações de jornais e conversam com jornalistas, conversam com políticos, diplomatas, nada demais, coisa corriqueira, faz parte do business deles, depois selecionam as informações, condensam, fazem sua própria análise e vendem para os subscritores. O problema desse Wikileaks é que eles pegam um baú de e-mails de qualquer lugar, jogam na rede e aí uma multidão de debiloides pelo mundo afora passa a ver conspirações de mandrakes em baixo da cama, coisas banais viram grandes operações secretas, vai explicar para os coalhadas, eles não querem saber e ainda vão achar que quem explica está tambem na trama.

Paulo Henrique Amorim: de réu a vítima


A internet tornou muito mais potentes e muito menos puníveis os crimes de calúnia, injúria e difamação devido ao fato de que, quando praticados, vão sendo reproduzidos ad infinitum em milhares de páginas, em comentários de leitores a matérias de blogs e sites e em redes sociais como Twitter, Facebook, Orkut etc.
A instantaneidade da internet leva as pessoas a cometerem crimes inadvertidamente por escreverem “a quente”, movidas por estados de espírito de fúria, de frustração ou de indignação. Por isso, não se pode levar a ferro e fogo cada expressão insultuosa que é colocada na rede.
Não se pode sair por aí processando cada maluco que comete crimes de difamação, calúnia ou injúria, por exemplo. Sobretudo sendo blogueiro, que lida com milhares de pessoas o tempo todo. Se a cada vez que alguém o insulta, injuria ou difama você for processá-lo, não fará outra coisa na vida. Dessa forma, processos judiciais devem ser o último recurso.
Alguém que faz um blog não pode ser muito sensível. Não deve se embevecer com os elogios ou se deprimir com os insultos. Alguns gostam do que o blogueiro produz, outros odeiam. Faz parte do jogo. Não se pode pretender a unanimidade, pois nem Jesus Cristo agradou a todos.
Então é preciso entender que a difamação, a calúnia ou as frases preconceituosas que se espalham na internet são quase sempre produtos de estados de espírito passageiros. Se não se tornam campanhas, é melhor deixar que morram. Até porque, acabam caindo no vazio pela repetição e pelo fanatismo de seus autores.
A coisa muda de figura quando se é alvo de uma campanha orquestrada por grandes veículos de mídia como a que está sendo empreendida contra PHA. Há um propósito nela: a destruição da imagem do jornalista. É uma campanha que pretende, além de tudo, inviabilizar o alvo profissionalmente, pois sua imagem é também a sua ferramenta de trabalho.
Eis que o acordo judicial que o jornalista da Record fez com o da Globo gerou campanha de má fé que continua a todo vapor. Seu objetivo é o de converter acordo judicial em “condenação por racismo”.
No momento em que escrevo, se alguém fizer uma busca no Google encontrará incontáveis manchetes em páginas da internet que dizem que PHA foi “condenado por racismo”. Buscando-se a origem dessas manchetes, percebe-se que partiram de poucas fontes e se espalharam como fogo.
Mais grave é que há blogueiros ligados a grandes empresas de comunicação que seguem fomentando tese falsa sobre condenação de Paulo Henrique. Essas pessoas tentam transformar um acordo em condenação sob a premissa de que o jornalista “seria condenado de qualquer maneira” e que, por isso, teria sido “obrigado” a fazer o acordo.
Não existe qualquer fundamentação lógica para tal premissa. As pessoas que difamam PHA garantem saber o resultado de um processo que, se não tivesse sido extinto, poderia se estender por muitos anos e que certamente só terminaria no Supremo Tribunal Federal. Fazer acordo não é admitir culpa, é estratégia.
Já as críticas ao que disse PHA não podem ser objeto de punição, pois constituem liberdade de expressão. As pessoas têm direito de achar inadequada a frase que motivou o processo contra ele. Agora, a difusão de mentiras de forma sistemática e sabidamente falsa, aí é crime que precisa ser denunciado e punido.
O dano à imagem pode ser irreversível. Milhares de pessoas devem ter lido apenas as manchetes que afirmaram que “Paulo Henrique Amorim foi condenado por racismo” e, dali em diante, tornaram-se propagadoras da mentira.
O portal Terra foi talvez o único a se retratar. Outros portais apenas alteraram suas manchetes ou sumiram com matérias caluniosas e difamantes. Enquanto os portais se resguardam (ainda que inutilmente, pois foi tudo salvo), inocentes úteis seguem fazendo o trabalho sujo. Será moleza para PHA ser ressarcido.

A CRISE E A SUA PERGUNTA MAIS INCÔMODA

*SERRA É A GARGANTA DA DIREITA EM SP; ISSO BASTA?"A soma dos  problemas que Serra terá  não autorizam apostar que um simples discurso antipetista resolva uma rejeição que já é grande e tende a aumentar" (leia a coluna da editora de Política de Carta Maior, Maria Inês Nassif; nesta pág)** Grécia agoniza: "O que vai acontecer em 19 meses? Os principais eventos que certamente vão ocorrer é uma recessão europeia e um completo e indisfarçável default grego e, possivelmente, uma saída da Grécia do euro" (Paul Krugman; fonte: Bloomberg)
 

O presidente mundial do HSBC, o inglês Stuart Gulliver, mandou demitir 30 mil funcionários do banco em 2011;  cerca de 11 mil já foram para o olho da rua, atesta a agencia Bloomberg em despachos desta 2ª feira. O negócio funcionou, claro: a exploração funciona. O banco deu lucros de R$ 28,6 bilhões em plena crise, 27,6% mais do que em 2010;  Gulliver foi regiamente recompensado pelos acionistas. Os números, as metas e os métodos repisam a grande pergunta da crise que a mídia conservadora, a plutocracia e mesmo parte da esquerda fingem não ouvir: 'por que um serviço público essencial como o provimento do crédito à economia, bem como a administração financeira da riqueza social, deve continuar nas mãos dos Gullivers & Cia? (LEIA MAIS AQUI)


Serra não é o dono da bola

A adesão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) à candidatura de José Serra (PSDB) é apenas o começo do jogo. O tucano tem que enfrentar uma alta rejeição, inventar um discurso que não seja o udenista e convencer o eleitor que não vai vencer e dar o seu mandato para o vice.

Ao contrário do que diz o senso comum, de que não existe páreo para José Serra nas eleições de outubro, o fato é que a candidatura do tucano está longe de ser um passeio. A aliança com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), serve para não rachar o eleitorado conservador - e era isso que o PT queria quando negociava com o prefeito a adesão à candidatura de Fernando Haddad. O PSD, todavia, não agrega voto não conservador. PSDB e PSD bebem do mesmo copo. A opção de Kassab não divide, mas também não acrescenta.

Era tentadora para o PT a adesão de Kassab à candidatura petista de Fernando Haddad. Pelos cálculos do partido, ela poderia balançar a hegemonia tucana na capital, mantida pela alimentação do conservadorismo de uma classe média facilmente influenciável por um discurso de caráter udenista - que colou no PT a imagem da desonestidade, pelo menos em redutos conservadores -, e que tem uma certa aversão a mudanças. Rachar o eleitorado conservador e agregar a ele o voto não conservador aumentariam, em muito, as chances de vitória do PT. A ausência do apoio do PSD, todavia, não definem a derrota do PT antes mesmo que se inicie, de fato, o processo
eleitoral. Votos conservadores do PSDB, somados aos votos conservadores do PSD, podem manter o status quo dos dois grupos junto à direita paulistana, mas não bastam para arregimentar o eleitorado de centro que, em polarizações recentes, tem se inclinado favoravelmente a candidaturas tucanas (ou antipetistas).

O jogo só começou. O PT tem dificuldades na capital paulista, mas Serra não nada em águas calmas. Kassab sai do governo desgastado por sete anos de gestão que não provocaram grandes entusiasmos no eleitorado paulistano (inclusive no que votou nele). A única utilidade do pessedista nessas eleições, estrategicamente, é somar (ou não) o seu eleitorado conservador ao eleitorado conservador de Serra.

O desgaste não é unicamente de Kassab. Serra disputa essa eleição por uma questão de sobrevivência e aposta numa vitória que o fará novamente influente no PSDB, a sigla que deseja para concorrer à Presidência em 2014. Pode perder a aposta, e com isso se inviabilizar por completo no partido. Seu Plano B, o PSD, não o contém mais - para lá afluíram lideranças políticas de oposição que queriam aderir ao governo da presidenta Dilma Rousseff (há uns tempos, Serra encontrou num evento um articulador do PSD e perguntou como ia o "nosso partido". O político respondeu polidamente, mas quando conta a
história não consegue evitar um 'nosso de quem, cara pálida. Nós somos Dilma'). Serra leva o PSD para o seu projeto de poder municipal na capital paulista; não o leva para um projeto nacional de disputar novamente a Presidência da República.

O candidato tucano também vai ter de lidar com o fato de que foi eleito prefeito em 2004, ficou dois anos no poder para se candidatar a governador e, eleito em 2006, abandonou o cargo para disputar a Presidência. Isso não é muito simpático para o eleitorado: é vender uma mercadoria e entregar outra. Tem ainda que resolver, do ponto de vista do marketing político, o que pode colar no adversário, sem lançar mão do discurso anticorrupção. Vai ser muito complicado para o candidato tocar nesse assunto com o livro de Amaury Ribeiro Jr., “Privataria Tucana”, ainda na lista dos mais vendidos. A soma dos
problemas que Serra terá numa campanha não autorizam, portanto, apostar que um simples discurso antipetista resolva uma rejeição que já é grande e tende a aumentar.

O quadro eleitoral paulistano, antes da definição da candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura, era de absoluta fadiga de material. Existiam dois candidatos "naturais", Serra, pelo PSDB, e Marta Suplicy, pelo PT, ambos com alto grau de rejeição. A vitória se daria pela polarização, que chegou ao limite nas últimas eleições, ou se abriria espaço para novas lideranças que fugissem do clima de radicalização, mantido na conservadora capital paulista como uma
caricatura da polarização nacional.

Se a adesão de Kassab pode evitar o racha da classe média conservadora
paulistana nas eleições, o que favorece Serra, sua adesão aos tucanos tem o seu efeito colateral: permite que não se dividam os votos do PT na periferia, que são Marta (que não queria dormir e acordar de mãos dadas com Kassab) e família Tatto (cujo membro mais importante, Jilmar, ganhou a liderança na Câmara dos Deputados depois que desistiu de sua pré-candidatura). No dia seguinte ao recuo de Kassab, que já estava quase no barco petista remado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT tinha mais chances de reunificar o seu eleitorado de periferia. Haddad não pode prescindir de Marta e Tatto na sua campanha. E ambos não podem achar que o candidato neófito em política não tem chances.

Haddad tem índices pequenos de declarações de voto nas pesquisas até agora feitas, mas jamais disputou eleição. O processo eleitoral o definirá como candidato do PT e, principalmente, de Lula. E ele não tem rejeição própria, como é o caso de Marta Suplicy, que já se expôs muito à classe média paulistana, que tem com ela grandes diferenças. A vantagem de Haddad é que, na primeira disputa eleitoral, terá apenas a rejeição que já é do seu partido. Não agregará a ela nenhuma outra que lhe seja própria. Pelos índices de rejeição exibidos até agora por Serra e Marta (que foi incluída nas
pesquisas feitas até agora), isso já é uma grande vantagem.

A hipótese de que surja um terceiro nome, no espaço aberto pela rejeição a Serra e pelo antipetismo, é altamente improvável. O PMDB de Gabriel Chalita não existe há muito tempo na capital e no Estado. Celso Russomano (PRB) tem maior exposição que Haddad, mas não tem partido. O eleitorado que era malufista não foi herdado pelo PRB, mas incorporado pelos políticos petistas, que ganharam a periferia com políticas sociais do governo Marta Suplicy, em São Paulo, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com o método tradicional de arregimentação usado pela família Tatto.

O voto conservador é forte em São Paulo, mas não faz milagre. Apenas o
sorriso de Serra não ganha uma eleição.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.