Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Tijolaço: “Choque de confiança” de Temer só existe na mídia






Tijolaço: “Choque de confiança” de Temer só existe na mídia


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"Embora os jornais e televisões tenham tirado a chamada "Brasil em crise" de seus noticiários e vinhetas, em nome do tal "choque de confiança" que estaria ocorrendo sob Michel Temer, a realidade é teimosa e insiste em aparecer quando as pessoas vão ao supermercado", afirma o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço; ele exemplifica com o aumento da previsão de inflação para os próximos 12 meses, de 10,3% em maio para 10,5% em junho, medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) 

Por Fernando Brito, do Tijolaço -

 Embora os jornais e televisões tenham tirado a chamada "Brasil em crise" de seus noticiários e vinhetas, em nome do tal "choque de confiança" que estaria ocorrendo sob Michel Temer, a realidade é teimosa e insiste em aparecer quando as pessoas vão ao supermercado.

Do Valor, agora há pouco:

"A inflação prevista pelos consumidores brasileiros para os próximos 12 meses aumentou depois de cair por três meses consecutivos, informa a Fundação Getulio Vargas (FGV). A expectativa subiu de 10,3% em maio para 10,5% em junho.

"Essa leve alta, dentro da margem de erro estatístico, de 0,2 ponto, pode ser efeito da taxa de 0,78% do IPCA de maio (taxa em 12 meses de 9,32%) e do aumento anormal nos preços dos alimentos in natura. Outro ponto que merece destaque é o aumento de 0,7 ponto nas previsões de inflação dos consumidores no Rio de Janeiro, que pode estar refletindo uma expectativa de aumento de preços em virtude dos Jogos Olímpicos que acontecerão na cidade.

Independentemente das causas, tal resultado reflete a dificuldade do Banco Central em adequar as expectativas dos agentes, mesmo em um período de profunda crise econômica", afirma o economista Pedro Costa Ferreira, da FGV­Ibre, em nota.
Em junho, a maior elevação (da expectativa de inflação) ocorreu na faixa de renda mais baixa com alta de 0,6 ponto, alcançando 11,3%, o nível mais alto entre as quatro faixas pesquisadas.

expectinfla

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Escolha da nova equipe econômica visou destravar investimentos



  FHC volta a flertar com o golpismo e sugere a 'judicialização das decisões' diante do que chama de 'quase ilegitimidade' de Dilma; tucano que comprou a emenda da reeleição divide o país entre 'o Brasil dinâmico' que votou em Aécio' e o 'dependente', que apoiou Dilma.
 
 Dilma define Joaquim Levy no comando na economia e promete maior diálogo com movimentos sociais.

 A teimosia do Brasil aos cacos: vendas dos supermercados sobem 2% até outubro

 Recuperação sem poder aquisitivo: consumidor dos EUA aumenta em apenas 0,2% seu gasto em outubro; demanda fraca espalha anemia nas encomendas de máquinas industriais; setor rasteja em outubro pelo 2º mês seguido.
 
 Alemanha estabelece déficit fiscal zero e lava as mãos para o futuro de uma Europa assombrada pelo espectro da deflação recessiva.

Site Carta Maior



levy
 Blog Cidadania.

A escolha da presidente Dilma Rousseff para o principal cargo da equipe econômica, o de ministro da Fazenda, gerou aflição em muita gente. O Blog tem recebido mensagens via e-mail e comentários privados nesta página e nas redes sociais. Leitores perguntam se devem temer por seus empregos diante do que vem sendo pintado como a adoção pela presidente do programa econômico que ela dizia, durante a campanha eleitoral, que provocaria desemprego no país: o programa econômico de Aécio Neves.

Para começar a explicar, vale propor uma reflexão: por que a presidente faria tal maldade com o povo brasileiro? Estaria finalmente revelando uma perversidade latente que ocultou ao longo dos quase quatro anos de seu primeiro mandato ou é apenas covardia imotivada?

A revolta com a escolha do engenheiro naval Joaquim Levy para comandar a principal pasta econômica do governo federal levou muitos dos que votaram em Dilma há um mês a, agora, dizerem-se arrependidos da escolha. Um dos mais decepcionados chegou a sugerir que, diante da escolha deste ou daquele nome para o novo ministério da presidente, nada haveria a estranhar se ela colocasse o assustador deputado fluminense Jair Bolsonaro na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o que dá uma ideia do climão que se instalou entre os setores progressistas da opinião pública ante a escolha de Levy.

A materialização da escolha maldita no penúltimo dia útil da semana torna inoportunas maiores considerações sobre o que esta página vem julgando um exagero e um equívoco. Passemos, assim, às questões práticas.

A nova equipe econômica não fará algo que a anterior não faria, apesar de o agora ex-ministro da Fazenda Guido Mantega dificilmente poder ser considerado um bicho-papão como Levy. Diante disso, este Blog dará sua opinião sobre o que aconteceu na economia brasileira durante o primeiro mandato de Dilma e o que acha que deverá acontecer daqui para frente. E, ainda, irá explicar a razão da escolha de Levy e de outros ministros polêmicos do segundo mandato.

Entre 2008 e 2013, o mundo passou pela maior crise econômica da história recente da humanidade. Foi considerada mais grave do que a que quebrou a bolsa de valores americana em 1929. Sessenta milhões de empregos foram extintos em todo o planeta. Países como os Estados Unidos, o mais rico do mundo e o terceiro em qualidade de vida (segundo o IDH 2013), viram surgir favelas em seus territórios.

No Brasil, poderia ter sido feita uma política econômica que contivesse a inflação no centro da meta de 2014 (4,5%). Essa política, apesar de recessiva, segundo os economistas de linha liberal teria resultado em maior crescimento. Os investimentos do Estado em programas gigantescos de obras, a renúncia fiscal para incontáveis setores da economia, os aportes em bancos públicos para conter os juros ao consumidor e propiciar financiamento farto e crescente a esse consumidor, porém, geraram inflação mais alta.

As políticas anticíclicas (ou antirrecessivas) do governo Dilma fizeram a inflação bater no teto da meta, mas, em contrapartida, impediram o desemprego e o arrocho salarial. Com isso, o brasileiro, apesar de pagar mais caro a compra do mês no supermercado, teve dinheiro para fazê-la – e quanto mais baixa a classe social, menos os hábitos de consumo ora gastadores foram afetados pela crise devido aos salários virem subindo acima da inflação.

Houve, porém, um preço a pagar por essa proteção que Dilma deu ao emprego e ao salário: além da inflação um pouco mais alta (2 pontos percentuais a mais do que o centro da meta), houve certo desarranjo nas contas públicas. Por exemplo, o país reduziu drasticamente o superávit primário, economia que o governo faz para pagar suas dívidas.

O superávit primário, porém, é uma tara neoliberal. Sobretudo em um país que tem quase 400 bilhões de dólares de reservas cambiais e, portanto, mesmo sem economizar um centavo via superávit primário por certo tem como pagar suas dívidas. Porém, esse superávit demonstra a disposição do governo de não confrontar o investidor.

Por isso, apesar de tudo o que se falou de Levy ele deu uma declaração na edição do Jornal Nacional da data em que foi anunciado como novo ministro da Fazenda que contraria tudo o que disse a oposição durante a recente campanha eleitoral e que indica que o bicho-papão neoliberal, visto como uma espécie de genérico de Armínio Fraga, talvez venha a se mostrar muito menos malvado do que parece – ao menos por ter que se reportar a uma Dilma Rousseff.

Para ver um Levy menos carrasco do que o previsto, leia, abaixo, trecho de matéria do JN de quinta-feira 27 sobre a nova equipe econômica.

“(…)Os ministros indicados para a Fazenda e para o Planejamento anunciaram o compromisso de fazer um ajuste nas contas do governo nos próximos três anos. Descartaram a adoção de um pacote econômico e medidas drásticas para acertar as contas do país. Segundo Joaquim Levy, os ajustes serão graduais, porque o Brasil não vive uma crise (…)”

Epa! Como assim? Se Levy implementará o modelo de gestão que o ministro da Fazenda que Aécio Neves disse que nomearia, caso fosse eleito, prometeu adotar, então deveria ter, como Armínio Fraga, dito que o Brasil vive uma grave crise que requer justamente ao contrário, ou seja, “medidas drásticas para acertar as contas do país”.

Não foi o que ele disse. Ele e os outros membros da equipe econômica. Ah, ele está fazendo média com Dilma? Bem, se está fazendo média ou não, tanto faz. Sua declaração não é a que daria Fraga ou o possível ministro da Fazenda de Marina Silva, Eduardo Gianetti. Sem uma declaração catastrofista não se pode dizer que a nova política econômica será draconiana como a que prometiam o PSDB e o PSB durante a última campanha eleitoral.

Além disso – agora no campo dos fatos efetivos e não do que eles parecem ser –, a proposta da nova equipe econômica para o maldito superávit primário está longe de ser “draconiana”. Outro trecho do Jornal Nacional revela que o ajuste será mesmo gradual, de forma a não gerar desemprego e arrocho salarial.

Ele [Levy] anunciou que o governo pretende fazer, em 2015, um superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 1,2% do PIB –  que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período. Esse número é menor do que a previsão feita pelo governo em agosto, de 2%, mas é maior que a economia esperada para 2014. Para 2016 e 2017, a meta é de um superávit primário 2% do PIB

Para quem não sabe, no tempo de FHC/Armínio Fraga (2002) o Brasil chegou a fazer superávit primário de 4,06% do PIB, o que fez o desemprego explodir para cerca de 12% no país. E, em 2003, primeiro ano do primeiro governo Lula, o superávit primário teve a maior meta da história, de 4,25%.

Detalhe: quem fez aquele superávit primário do primeiro ano de Lula foi Antonio Palocci, do PT.
Porém, como o mundo vai saindo da crise – sobretudo porque os EUA estão saindo, após mais de 5 anos de uma quase depressão econômica –, agora é hora de se preocupar com a higidez das contas públicas.
Tivemos recursos para bancar a preservação do povo brasileiro dos horrores da crise internacional. Foi como se tivéssemos uma gorda poupança da qual retiramos uma pequena parcela para atravessar um período difícil e, agora que a situação começa a melhorar, trataremos de repor o que usamos daquela reserva.

Por conta da boa situação de caixa do país, pode-se adotar, paulatinamente, uma fórmula que, mais do que as contas públicas, terá o condão de melhorar um componente da economia que, devido à política, contribuiu para manter o país estagnado durante o período em que o governo Dilma foi mais “heterodoxo”, por assim dizer: a taxa de investimento privado, que foi brecada por aquelas injunções políticas e pelo temor dos investidores que se estabeleceu.

Aliás, convenhamos, muito empresário segurou investimentos visando criar uma situação-limite para a política econômica, em uma espécie de chantagem política do capital contra o Estado.

Não adiantaria Mantega tocar a mesma política econômica dura que tocou Palocci durante o primeiro governo Lula porque antecessor de Levy perdeu a confiança do mercado ao cumprir a determinação de Dilma Rousseff de afrouxar o garrote das finanças públicas de modo a que o país não mergulhasse no desemprego e no arrocho salarial. Assim, Levy e outros ministros conservadores pretendem, agora que a direita midiática perdeu a eleição, fazer com que os empresários parem de pirraça e voltem a investir, o que é vital para o país.

É simples assim, leitor. Por conta disso, a opinião deste Blog é a de que você não precisa se preocupar com seu emprego. Mas é claro que aqui tampouco se recomenda que continue comprando o último modelo de carro ou de celular, viajando toda hora de férias com a família etc. É hora de poupar para ajudar o país a atravessar um par de anos menos duros do que foram os primeiros anos do primeiro governo Lula, mas, ainda assim, mais duros, do ponto de vista fiscal e monetário, do que entre 2006 e 2014.
PS: a nova equipe econômica também irá produzir um outro efeito benfazejo. Qual seja, o de reduzir o custo-benefício do golpe “paraguaio” que vem sendo articulado pela direita midiática praticamente à luz do dia.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Neoliberalismo século XXI?

Emir Sader


 

 

 

 

 

 

 

 

 

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

por Emir Sader

O neoliberalismo surgiu com o diagnóstico de que a economia capitalista deixava de crescer por excesso de regulamentações. “O Estado não é uma solução, é o problema”, não se cansou de proclamar Ronald Reagan. O que seria problema no Estado seria o excesso de limitações à livre circulação do capital. Liberado desses entraves, o capital voltaria a investir, a economia a crescer e todos voltariam a ganhar.

Porem Marx dizia que o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele ganha mais na especulação do que na produção, ele se transfere maciçamente para a especulação. Que foi o que aconteceu em escala mundial, fazendo do capital financeiro, na sua forma especulativa, o setor hegemônico no capitalismo, conforme o modelo neoliberal foi se impondo em escala mundial.

Na América Latina, a crítica ao Estado – que abre caminho para o neoliberalismo – se fez em torno da inflação. Ela foi transformada no problema central das nossas sociedades pela propaganda neoliberal, valendo-se de que a crise da dívida de final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, acelerou os desequilíbrios econômicos e, com eles, a inflação.

As candidaturas e os governos providenciais que se valiam do combate à inflação voltaram todas suas baterias contra o Estado porque afinal de contas é o Estado quem, com as contas desequilibradas, gasta mais do que arrecada e emite mais moeda do que a criação de riqueza, gerando inflação. Terminar com a inflação a todo custo levou a Carlos Menem, depois de crises de hiperinflação, a decretar a paridade entre o peso e o dólar, como se fosse possível fazê-lo por decreto. Se estancava a hemorragia, mas ao preço de terminar com a vida do paciente, que foi o que aconteceu com a mais grave crise a historia argentina, entre 2001 e 2002, quando explodiu a paridade e o país se viu jogado na miséria.

FHC subiu nessa onda, com seu Plano Real, que lhe permitiu se eleger e reeleger como presidente do combate à inflação. Ele usava um mote com raízes na realidade: a inflação é um imposto aos pobres que, quanto mais avança o mês, mais perdem seu poder aquisitivo, enquanto outros setores se defendem o até ganham com a inflação. E esta havia realmente ficado fora de controle, sem chegar à hiperinflação pelos mecanismos de indexação que existiam na economia brasileira.

Daí veio o sucesso do governo de FHC, sua eleição e reeleição. Porém, nao distribuiu renda, promoveu a desigualdade e a exclusão social, levou à quebra da economia brasileira, transferindo a inflação para dívida pública, que aumentou mais de 10 vezes no seu governo. Assinou três leoninos acordos com o FMI, com todas suas implicações econômicas e sociais, jogando o país numa estagnação profunda e prolongada, de que só saímos no governo Lula.

Este não apenas conseguiu retomar o crescimento econômico, como o fez com distribuição de renda e saída dos endividamentos com o FMI. Se FHC já havia sido derrotado pela incapacidade de eleger seu sucessor, a consagração do modelo levado a cabo por Lula fez da imagem de FHC uma das mais desgastadas no país.

Como é possível que agora o Brasil esteja sob o risco de um novo ciclo neoliberal? Sem ir às discussões dos erros do governo e da esquerda em geral – incluindo os movimentos do campo popular -, é preciso destacar a monstruosa campanha que a mídia monopolista privada desenvolve contra o governo há anos, preparando um cenário como o atual.

Para criar um clima que necessitaria soluções neoliberais – como corte dos salários, elevação do desemprego, redução a um mínimo dos bancos públicos, duro ajuste fiscal – foi necessário criar um pais fictício, em que a inflação de 6% ao ano foi tornada um clichê de “descontrole inflacionário”. Sem este mote seria impossível elaborar o programa de ajuste da direita. Associado ao diagnóstico absurdo de que seria um salario mínimo alto que brecaria a retomada da expansão, fica pronto o cenário para as medidas impopulares que Aécio anuncia.

Da primeira vez, no governo FHC, o neoliberalismo foi uma tragédia. Desta vez seria uma farsa, porque nem sequer o descontrole inflacionário existe. Foi em nome dele que FHC fez os ajustes que levaram ao Estado mínimo, às privatizações, à abertura escancarada da economia ao mercado internacional, a precarização das relações de trabalho, entre outras medidas antipopulares. Agora, nem sequer o detonante – o descontrole inflacionário – existe. Seriam medidas tomadas a frio, contra os salários, contra o nível de emprego, contra os bancos públicos, contra o papel regulador do Estado, contra a política externa soberana, contra a exploração do pré-sal pelos e para os brasileiros.

A crise profunda e prolongada da economia na Europa, no EUA, no Japão ou, aqui mesmo, a situação catastrófica do México, confirmam o que o neoliberalismo pode prometer para os países no século XXI.

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Acervo: lembranças do governo FHC.


Extraído do site de Carta Capital. ( Des Governinho maldito !!!!!!)

Uma reportagem de 1998 e outra de 1999 ajudam a refrescar a memória sobre a gestão do tucano no Planalto 
 
por Redação — publicado 15/10/2014 15:13, última modificação 15/10/2014 15:29 
 
Eduardo Knapp / Folha Imagem
 
1999 dólar
Um retrato de janeiro de 1999: a desvalorização do real provocou tensão

A disputa de um segundo turno presidencial entre o PT e o PSDB trouxe à tona, como deixou claro a atuação de Dilma Rousseff no debate da Band, na terça-feira 14, os pontos negativos da administração tucana de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto (1995-2002). No embate com Aécio Neves, Dilma lembrou inúmeros escândalos de corrupção da era FHC, todos sem condenação dos culpados, e também as crises econômicas da década de 1990.

CartaCapital acompanhou aquele período com atenção. Duas capas, uma de novembro de 1998 e outra de fevereiro de 1999, ilustram alguns dos eventos da gestão de FHC.

Em 25 de novembro de 1998, em sua edição 87, CartaCapital trouxe detalhes do escândalo de grampos no BNDES, no qual gravações revelaram a existência de um esquema para favorecer, na privatização do Sistema Telebrás, um consórcio que uniria o banco de investimentos Opportunity, de Daniel Dantas, e a Telecom-Itália. Os áudios mostravam que o governo se sentia à vontade para tocar as privatizações, em parte porque contava com o apoio da imprensa. “A imprensa está muito favorável, com editoriais”, diz o então ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, a FHC. “Está demais, né? Estão exagerando, até”, responde o ex-presidente, em tom de brincadeira.

A operação irregular captada pelos grampos incluía Mendonça de Barros, André Lara Resende e Pio Borges, então presidente e vice do BNDEs, e Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e então sócio do Opportunity. O Previ, fundo de Pensão dos funcionários do Banco do Brasil, foi pressionado a se juntar ao consórcio escolhido para arrematar a Tele Norte Leste, um dos ramos da Telebrás colocado à venda pelo governo. Para conseguir o que desejavam do Previ, Mendonça de Barros e Lara Resende usaram o que chamavam de “bomba atômica”, a influência de Fernando Henrique sobre o fundo. FHC foi contatado e deixou claro que intercederia no caso.

Após a revelação do escândalo, Mendonça de Barros e Lara Resende perderam seus cargos, mas a investigação não avançou, apesar das acusações de que envolvidos no caso teriam enriquecido de forma ilícita.

Em 3 de fevereiro de 1999, em sua edição 91, CartaCapital trazia na capa o termo “quebramos”, em referência ao desastre econômico provocado pela desvalorização do real ocorrida no governo FHC após a reeleição do presidente, em outubro de 1998. A moeda começou a perder o valor 12 dias após a vitória do tucano nas urnas, uma tendência que se acentuou em janeiro de 1999, quando o Banco Central abandonou o regime de câmbio fixo, passando a operar em regime de câmbio flutuante, o que efetivamente colocou fim no Plano Real como concebido no governo de Itamar Franco (PMDB).

A análise publicada por CartaCapital mostrava que a desvalorização da moeda, em combinação com as mudanças estruturais realizadas anos antes por conta da supervalorização da moeda, da abertura comercial e da ausência de controle sobre preços internos, provocaria uma alta generalizada de preços e aumento brusco nas dívidas pública e privada. Para piorar, uma segunda reportagem de CartaCapital mostrava que uns poucos investidores souberam com antecedência da desvalorização planejada pelo governo FHC e compraram um volume anormal de dólar futuro dois dias antes de a moeda nacional começar a perder valor.

Clicando nas imagens abaixo, o leitor pode ver o PDF das reportagens completas:

cartacapital87.jpg
cartacapital91.jpg

O plano terrorista de Aécio e Armínio







Mais de oito mil intelectuais e artistas já aderiram ao abaixo assinado de apoio a Dilma, que será entregue à Presidenta nesta 4ª feira, na USP; entre eles Chico Buarque de Holanda, Luiz Gonzaga Belluzzo, Raduan Nassar, Luiz Carlos Bresser Pereira, João Manuel Cardoso de Melo, Luís Fernando Veríssimo


Marina implode a Rede em SP: apoio a Aécio racha a organização; setores da Executiva classificam tucano como um candidato organicamente integrado aos ruralistas, ao capital financeiro e à desconstituição de direitos

Folha censura artigo e colunista pede demissão: Xico Sá foi impedido de publicar artigo em que manifestava apoio a Dilma; censurado, o jornalista pediu demissão

Vox Populi mostra empate técnico entre Dilma (45%) e Aécio (44%)


Bolívia deu a Evo Morales neste domingo um terceiro mandato, com esmagadora vantagem sobre o adversário conservador

Aécio Neves e Armínio Fraga querem fabricar a ideia de que a economia não cresce por causa da inflação e porque o salário mínimo é muito alto.

por Emir Sader

Emir Sader1. Criar o clima de que o maior problema brasileiro é uma suposta inflação descontrolada. (Mesmo se é de 6% ao ano, quando FHC entregou pro Lula uma inflação de 12,5% ao ano.

2. Fabricar a ideia de que a economia não cresce pela inflação e porque “o salário mínimo é muito alto”, segundo o Arminio Fraga. (Apesar de que os salários são um componente mínimo dos custos de qualquer mercadoria.)

3. Difundir a ideia de que o governo gasta muito, que é necessário um duro ajuste fiscal. (As tais “medidas impopulares” de que fala o Aecio que está pronto para tomar.)

4. Pregar que “um certo nível de desemprego é saudável”, como disse o Arminio Fraga.

5. Se ganhar, implementar uma forte política de corte de salários, tanto do setor público, como pressionando as negociações no setor privado. Baixar o salário mínimo.

6. Promover o desemprego para favorecer as condições de negociações dos empresários com os trabalhadores e os sindicatos.

7. Reduzir os bancos públicos a um mínimo, como disse o Arminio. O que significa também cortar muito os recursos para as políticas sociais, que só podem ser realizadas através de bancos públicos.

8. Assinar Tratado bilateral de Livre Comercio com os Estados Unidos, saindo do Mercosul e rompendo todos os acordos de integração regional com os países latino-americanos, deslocando o comercio do Brasil para os EUA como parceiro fundamental.

9. Endurecer a repressão com os sindicatos e os movimentos sociais que resistirem a essas medidas.

10. Instaurada a recessão, com as políticas de austeridade, voltar a tomar empréstimos do FMI, com as cartas de intenção respectivas e os cortes dos gastos sociais do Estado requeridos.

É um plano para voltar aos anos de terror econômico e social dos anos 1990, nos quais Arminio Fraga foi personagem central. Tudo seria feito colocando a culpa nos gastos sociais excessivos dos governos do PT e nos aumentos salários desmedidos por parte dos sindicatos.

Colocado em prática o plano de terror, o Brasil voltaria à recessão, à miséria, ao endividamento com o FMI, à subserviência com os EUA, à repressão dos movimentos populares – como os tucanos promoveram no passado e querem retomar no presente.

sábado, 30 de agosto de 2014

A única certeza é a de que o PSDB acabou

Aécio Neves parece já ter jogado a toalha. Aliás, começou a parecer já no debate da Band, quando, em vez de atacar Marina Silva, que lhe tomou o segundo lugar na corrida eleitoral, centrou fogo em Dilma. Aliás, já se fala até em ele desistir e disputar o governo de Minas.
Na última sexta-feira, enquanto até o Datafolha – que o “segurou” o quanto pôde com mais intenções de voto do que realmente tinha – trazia ao tucano a péssima notícia de que estava caminhando rapidamente para terminar a eleição como “nanico”, ele dizia que o governo Dilma teria “acabado antes da hora”.
Ah, esses tucanos… O que pode ter acabado antes da hora é a candidatura presidencial de Aécio e a disputa pelo governo do Estado de Minas Gerais, com o PT disparando na frente.
Ainda assim, uma inexplicável onda de militantes tucanos anda por aí comemorando a divisão do país entre Dilma Rousseff e Marina.
Em relação à eleição presidencial, está acontecendo por aqui o que aconteceu na Venezuela no ano passado: uma disputa apertadíssima entre Nicolás Maduro e Henrique Capriles. Assim será no Brasil. Quem vencer a eleição presidencial, vencerá por margem apertada…
A desinformada militância tucana fica se masturbando mentalmente com uma história maluca de que o PT teria “acabado” simplesmente porque Dilma e Marina estão empatadas. Mas, enquanto isso, o PSDB e seus colunistas amestrados entram em desespero.
Explico: projeções dizem que PT deve eleger em 2014 uma bancada de deputados federais superior à que elegeu em 2010 (88 deputados). Provavelmente, elegerá uma centena de deputados. O PSDB vem elegendo cada vez menos deputados desde 2002 (vide gráfico no alto da página) e, em 2014, deve sofrer uma profunda redução de sua bancada atual.
A razão para uma redução mais drástica da representação parlamentar do PSDB reside justamente no que militantes tucanos desinformados estão comemorando, o quadro da sucessão presidencial.
A votação dos candidatos a presidente influi consideravelmente no tamanho da bancada que o partido de cada um desses candidatos terá na legislatura seguinte. Ora, se com José Serra tendo cerca de 45% dos votos em 2010 o PSDB só elegeu 52 deputados, quantos elegerá em 2014 com Aécio terminando a corrida pela Presidência, por exemplo, com os 15% com que apareceu na última pesquisa Datafolha?
A eleição presidencial está indefinida. Em primeiro turno, segundo o Datafolha Dilma e Marina estão empatadas. Em segundo turno, Marina vence por 50% a 40%. Além dos 7% de indecisos, se Dilma tirar 5 pontinhos de Marina elas empatam em 2º turno.
Não existe uma situação desesperadora para o PT, portanto. Dizer que o partido “acabou” é um hilariante autoengano da militância tucana o qual as instâncias partidárias tucanas obviamente não compartilham, até porque sabem que quem está acabando é o PSDB.
Quantos deputados o PSDB deve eleger neste ano? Em uma “conta de português”, pode-se dizer que se Aécio tiver um terço da votação que Serra teve em 2010 a nova bancada de deputados federais tucanos será de uns 15 ou 20.
Enquanto isso, na eleição presidencial o reduzido contingente de indecisos mostra que a situação chegou a um ponto de quase cristalização.
Em segundo turno, da pesquisa anterior do Datafolha (no dia 18) para cá Marina cresceu 3 pontos, mas, descontada a margem de erro, pode ter crescido só 1 ponto, ou seja, pode não ter crescido nada.
Em 10 dias, a situação em segundo turno mudou muito pouco. A subida de Marina pode parar por aí, pois com 7% de indecisos não há muito espaço para ela crescer mais.
Mas, na hipótese de Marina vencer a eleição (toc, toc, toc), há que ver quanta importância terão PT e PSDB para lhes ser proposta composição com o eventual novo governo. Afinal, Marina pode até vencer, mas terá que negociar absolutamente tudo com o Congresso.
Aliás, esse é um dos grandes temores dessa terrível possibilidade, pois Marina seria uma presidente fraca em termos de apoio parlamentar, ainda que, nos primeiros meses de uma sua eventual gestão, pudesse contar com o apoio da opinião pública.
Contudo, como está sendo vendido pela campanha de Marina que, vencendo, ela iria resolver problemas seculares que o PT obviamente não teve tempo de resolver, o apoio da opinião pública tende a se desfazer rapidamente.
E não só pelos problemas existentes, mas pelos que seriam criados. A aplicação do ideário econômico e administrativo do grupo político que circunda Marina seria um desastre, com arrocho salarial, aumento do desemprego etc.
Ou alguém conhece outro jeito de baixar drasticamente a inflação que não seja arrochar salários e reduzir empregos?
Marina anunciou que, se vencer, haverá abandono do pré-sal, o BNDES voltará a financiar só grandes grupos econômicos – e bem menos do que hoje –, o Banco Central será independente e o Estado deixará de ser indutor da economia.
O que impediu que os brasileiros sentissem a crise econômica foi justamente o papel do Estado na economia, com os PACs, o incentivo do BNDES e o aumento da atividade gerado pela exploração do pré-sal.
Mas tais desgraças só ocorreriam se Marina vencesse, o que ainda falta muito para se ter certeza de que irá acontecer, ainda que o voluntarismo de alguns tente pintar como favas contadas o que não passa de uma mera e assustadora possibilidade.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

IBGE aponta quadro de pleno emprego no Brasil

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Taxa de desocupação em julho ficou estável nas quatro regiões metropolitanas pesquisadas – São Paulo (4,9%), Recife (6,6%), Rio de Janeiro (3,6%) e Belo Horizonte (4,1%) – e mostram mínimas histórias de desemprego no País; a despeito de todas as previsões de recessão na economia, dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) apontaram essa semana que rendimento real médio do trabalhador cresceu 3,18% em 2013 e que o Brasil gerou 1,49 milhões de empregos formais no período; para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, números refletem que o mercado de trabalho continua em expansão e não há indícios de retração; "Nossos percentuais em todos os setores da economia são altamente positivos. O País vem mantendo a geração de postos, seguindo o crescimento do PIB"


247 – Dados divulgados nesta quinta-feira 21 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para uma situação de pleno emprego no País. As quatro regiões metropolitanas pesquisadas mostraram estabilidade na taxa de desocupação de junho para julho desse ano: Recife (6,6%), Belo Horizonte (4,1%), Rio de Janeiro (3,6%) e São Paulo (4,9%). Em relação a julho de 2013, houve estabilidade em Recife e Belo Horizonte, e recuos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Este foi o terceiro mês que o IBGE não divulgou os dados completos da mostra em razão da greve de seus servidores. Ficaram faltando as regiões metropolitanas de Salvador e Porto Alegre. Em abril, última vez que o instituto divulgou a pesquisa completa, o índice de desemprego registrado foi de 4,9%, o menor da história para o mês.

Mesmo diante de todas as previsões negativas para a economia brasileira, por parte de analistas e consultorias econômicas, dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) apontaram um cenário inverso essa semana. O rendimento real médio do trabalhador brasileiro cresceu 3,18% em 2013, alcançando R$ 2.265,71 em dezembro contra R$ 2.195,78, registrado em dezembro de 2012.

No ano passado, o Brasil também gerou 1,49 milhão de empregos formais, segundo a Rais. O número é superior aos dados de 2012, quando foram registrados 1,14 milhão de empregos. O montante de vínculos empregatícios também cresceu, passando de 47,45 milhões em 2012 para 48,94 milhões em 2013.

Na avaliação do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, os dados positivos refletem que o mercado de trabalho no Brasil continua em expansão e não há indícios de retração. "Nossos percentuais em todos os setores da economia são altamente positivos. O País vem mantendo a geração de postos, seguindo o crescimento do PIB. Criamos vagas de emprego e tivemos ganhos reais de salários, como demonstra a Rais", afirmou.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

IRONIA E BAIXARIA CRESCEM NA CRÍTICA ECONÔMICA

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Itaú lucra por País não ter desemprego que Ilan pediu

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Balanço do banco das famílias Setúbal e Moreira Salles prova que fórmula recessiva defendida por economista-chefe e sócio Ilan Goldfajn era furada; ex-BC pediu e insistiu por cortes no mercado de trabalho; alegava que só demissões poderiam controlar inflação; na prática, política econômica de preservação de empregos fez Itaú Unibanco bater recorde de lucro no segundo trimestre, aumentar concessão de crédito e ter inadimplência reduzida; houve até margem para ganhos com tarifas cobradas dos clientes; diante do resultado de R$ 4,9 bi no período, presidentes Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles devem estar gratos por medidas amargas defendidas por subordinado não terem sido levadas a sério

247 – Os resultados divulgados na manhã desta terça-feira 5 pelo Itaú Unibanco, das famílias Setúbal e Moreira Salles, referentes ao segundo trimestre, mostraram o quanto foi positivo para a economia a não aceitação dos conselhos dados e repetidos, em diferentes artigos, pelo economista-chefe da instituição, Ilan Goldfajn. Também sócio do banco. O ex-diretor do BC tornou-se, no ano passado, um arauto de desemprego como forma de esfriar a economia e controlar a inflação que, segundo ele, iria corroer a capacidade de compra e de pagamentos da população, Diante dessa projeção, defendeu cortes no mercado de trabalho para que ocorresse uma normalização nas relações comerciais. Goldfajn não se alongou, no entanto, sobre o que deveria ser feito com os milhões de desempregados que seu plano produziria.

Agora, o que se vê diante dos resultados do Itaú Unibanco no segundo semestre, o que se vê é que a fórmula era mesmo inútil. Sem que tivesse sido aplicada, a instituição viu a inadimplência decrescer, aumentou a concessão de crédito, acentuou no reajuste de tarifas bancárias e, em consequência, extraiu um lucro recorde, de R$ 4,9 bilhões no período. Pelo jeito, o economista-chefe tem agora um bom momento para rever suas teorias.

Abaixo, notícia da agência Reuters sobre o lucro recorde do Itaú:

Itaú Unibanco lucra R$4,9 bi no 2º tri; calotes caem, rentabilidade sobe

SÃO PAULO, 5 Ago (Reuters) - O Itaú Unibanco teve lucro recorde no segundo trimestre, apoiado no efeito de maiores taxas de juros nas operações de crédito, no controle da inadimplência e em maiores receitas com serviços.

O maior banco privado do país anunciou nesta terça-feira que teve lucro líquido de 4,899 bilhões de reais no período, alta de 36,7 por cento ante mesma etapa de 2013. Em bases recorrentes, o lucro foi de 4,973 bilhões de reais, avanço de 37,3 por cento. A previsão média de sete analistas consultados pela Reuters para esta linha era de 4,634 bilhões de reais.

A carteira de crédito teve evolução modesta, mas em ritmo superior ao de seus principais concorrentes privados, subindo 9,6 por cento no acumulado de 12 meses, a 487,623 bilhões de reais, no conceito que inclui avais e fianças.

Os destaques foram consignado (+62,1 por cento), imobiliário (+26,1 por cento) e cartão de crédito (+28,6 por cento). O empréstimo para pessoa física evoluiu 12,4 por cento. O crédito corporativo subiu 8,2 por cento, a 278,6 bilhões de reais, liderado pelo segmento grandes empresas (+9,6 por cento).

O avanço dos empréstimos veio acompanhado de queda nos calotes, a oitava consecutiva. O índice de inadimplência da carteira, medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, chegou a 3,4 por cento, ante 4,2 por cento um ano antes.

Apesar de aumentar o crédito em ritmo superior ao de rivais como Bradesco e Santander Brasil, o Itaú Unibanco viu a inadimplência cair, ao contrário dos outros dois, que divulgaram seus números na semana passada.

E o movimento do Itaú Unibanco foi alavancado pelo fato de o banco conseguir repassar aos clientes o custos maiores de captação devido ao aumento da Selic. A margem financeira com clientes deu um salto de 7,1 por cento na base sequencial, para 12,7 bilhões de reais.

A despesa do Itaú Unibanco com provisão para perda com calote somou 4,465 bilhões de reais no período. Descontados valores com recuperação de crédito, o montante foi de 3,23 bilhões de reais, ante 3,16 bilhões de reais no trimestre anterior e 3,65 bilhões em igual trimestre de 2013.
Em outra frente, as receitas do banco com tarifas e serviços avançou 17,4 por cento, para 6,39 bilhões de reais.

Com isso, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, que mede como o banco remunera o capital de acionista, ficou em 23,7 por cento no trimestre em bases recorrentes, o maior desde o terceiro trimestre de 2010. O número foi de 22,6 por cento de janeiro a março e 19,3 por cento em igual etapa de 2013.
(Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal)

domingo, 3 de agosto de 2014

PSDB e mídia inauguram em 2014 nova estratégia eleitoral contra o PT

Os quatro grandes conglomerados de mídia que monopolizam a comunicação de massa no Brasil chegam à sétima disputa com o PT pela Presidência da República. Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e Editora Abril vêm tomando partido em todas as eleições presidenciais ocorridas desde a redemocratização de fato do país, em 1989, quando, pela primeira vez em quarto de século, os brasileiros puderam escolher seu presidente.
Das seis eleições presidenciais do pós-redemocratização (1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010), os grupos de mídia supracitados sempre atuaram contra o candidato do Partido dos Trabalhadores – Lula nas cinco primeiras eleições e Dilma Rousseff na última. Contra o petista da vez, apoiaram Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra.
Dessas seis eleições, só na primeira a direita midiática apoiou um candidato que não fosse do PSDB. Com o fiasco da eleição de Collor em 1989, porém, o oligopólio de empresas de comunicação fechou com os tucanos e não abriu mais. Contudo, mídia corporativa e PSDB, nas seis eleições em questão, usaram apenas duas estratégias eleitorais: medo e moralismo.
Em 1989, 1994, 1998 e 2002, os impérios de mídia e o anti-Lula de plantão usaram o discurso do medo – o petista transformaria o Brasil em uma espécie de Cuba gigante. Nas eleições de 2006 e 2010, apelaram para o moralismo religioso e/ou administrativo, com acusações ao petista da vez de ser “abortista” ou “corrupto”.
Em 2006, devido à eclosão do escândalo do mensalão, a questão “ética” dominou a campanha. No primeiro embate televisivo direto entre Lula e Geraldo Alckmin no segundo turno daquele ano, na TV Bandeirantes, o tucano promoveu forte agressão ao adversário, praticamente chamando-o de corrupto em rede nacional, emulando o discurso de uma avalanche de editoriais, colunas e “reportagens” sobre o mensalão que, quase 9 anos depois, ainda não terminou.
Já em 2010, a mídia tucana adotou contra Dilma – e em favor de Serra – uma mescla de acusações de corrupção e de ser “abortista”. Em sabatina da petista pela Folha de São Paulo nesta mesma época da campanha eleitoral daquele ano, o jornal resgatou declarações antigas dela favoráveis ao aborto – a aposta eleitoral decorreu do conhecido repúdio da maioria dos brasileiros a uma prática que países desenvolvidos adotaram como política de saúde pública.
Durante a eleição presidencial de 2010, o moralismo religioso e o administrativo tiveram pesos equivalentes na estratégia midiático-oposicionista, enquanto que, em 2006, o moralismo administrativo foi a única aposta antipetista.
O país chega a 2014 com uma combinação de estratégias da direita midiática contra o petista da vez. Apesar de na campanha eleitoral deste ano ser previsível que o moralismo religioso e o administrativo serão usados por Aécio Neves, Globo, Folha, Estadão e Veja, esses instrumentos não terão peso relevante desta vez – até por conta de vários escândalos de corrupção que estouraram contra o PSDB do ano passado para cá, tais como o escândalo dos trens ou, mais recente, o do “aécioporto”.
Talvez, esta seja a primeira eleição presidencial do pós-redemocratização em que não haverá “balas de prata”.
Desta vez, porém, a preponderância será de um discurso anti-PT que, tanto em 2006 quanto em 2010, não teve grandes possibilidades de vingar, apesar de ter sido tentado. A grande aposta da direita midiática em 2014 é na situação econômica do país, que esse grupo político acredita estar produzindo resultados.
De fato, a combinação dos protestos de junho do ano passado com terrorismo econômico da mídia e um desempenho de fato inferior da economia devido à crise internacional, tudo isso acabou produzindo efeito na cabeça de parte do eleitorado e, pela primeira vez no século XXI, a direita midiática disputará a Presidência em condições menos adversas.
A economia brasileira vai muito bem, obrigado. Apesar do crescimento considerado “baixo”, emprego, salário e renda das famílias continuam melhorando, ainda que em ritmo menor. Claro que há problemas em um quadro de profunda depressão mundial, mas a escolha do governo petista foi a de impedir que a população sentisse a crise e, assim, a conta mais alta vai para o topo da pirâmide social.
Com rentabilidade menor, o empresariado e o mercado financeiro se deixaram seduzir pela proposta velada de Aécio Neves e de Eduardo Campos de redistribuir os sacrifícios exigíveis durante uma situação ineditamente grave da economia mundial. Obviamente que requerem uma redistribuição ruim para a maioria e melhor para a minoria abastada.
Ainda assim, mesmo tendo números “ruins” para apresentar no que diz respeito ao crescimento e à inflação, não foi possível à mídia destruir a recandidatura de Dilma Rousseff. Muito pelo contrário, a presidente tem chance de vencer a eleição no primeiro turno, ainda que poucos acreditem que consiga – inclusive este Blog – devido à mãozinha que a mídia dá à direita 365 dias por ano, desde 1989.
Contudo, os resultados relativamente melhores colhidos até aqui pela direita midiática dependem de um fenômeno que, em cerca de duas semanas, irá terminar: o fenômeno de a mídia tucana falar sozinha contra a economia.
Mesmo com Dilma, sua equipe de governo, expoentes petistas e o próprio PT contradizendo o discurso midiático aqui e ali, os grupos que promovem protestos violentos nas ruas desde o ano passado geram discurso à direita de que o país vai mal, pois se tanta gente protesta a impressão que fica é a de que há realmente alguma coisa errada. Além disso, os protestos infernizam a vida dos cidadãos nas grandes cidades, gerando um clima favorável à oposição.
Contudo, há um fator extremamente poderoso a favor da recandidatura de Dilma: a realidade.
Na semana passada, durante a “sabatina” de Dilma pelo portal UOL, um dos entrevistadores a questionou quanto ao “problema do desemprego”. A presidente demonstrou surpresa e forte contrariedade com a proposição de uma questão literalmente maluca. O Brasil tem hoje o menor nível de desemprego de sua história, com salários crescendo apesar da crise.
Fatores sazonais interferiram na criação de postos de trabalho nos últimos meses, mas não há um só analista sério de economia que aposte em aumento real e expressivo do desemprego. Claro que com um nível tão baixo de desemprego (entre 5 e 6 por cento), não há espaço para criação de muitos postos de trabalho como vinha acontecendo nos últimos anos e, assim, a criação de vagas deve continuar, porém de forma mais modesta.
Por conta desses fatores, os números mais modestos de criação de empregos têm sido tratados como se houvesse aumento do desemprego, ao passo que o que existe é redução mais lenta do desemprego.
Como a mídia martela sem parar o terrorismo econômico em suas longas, longuíssimas reportagens desalentadoras sobre a economia, e como as ruas continuam sendo tomadas por manifestantes que garantem que o país está no fundo do poço, tudo isso torna praticamente inaudível os pedidos de reflexão do governo e do PT para o fato de que ninguém tem sentido desemprego ou queda na renda ou no salário, até porque continuam subindo, ainda que mais lentamente.
Isso tudo, porém, vai mudar a partir do horário eleitoral na TV e no rádio.
Um texto como este é considerado pela direita midiática – e até por setores da ultraesquerda – como uma legítima heresia, mas é exatamente o que você leu aqui que irá parar em rede nacional a partir do próximo dia 19 de agosto, nos programas eleitorais do PT. A análise deste Blog, portanto, é a de que este chamamento à reflexão será extremamente poderoso, pois fará a parcela mais influenciável do eleitorado voltar a pensar, o que não tem feito desde junho do ano passado.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

DILMA JÁ SABE O QUE E QUEM ENFRENTAR Quem busca exibir-se não é ela, mas são eles.


O Coronel Pantaleão quis saber se ela transaciona ministério na cadeia



A Presidenta Dilma Rousseff se submeteu à primeira sabatina do PiG (*) na temporada eleitoral em que, como insiste o Datafalha, culminará  com sua reeleição no primeiro turno.  

Dilma deu um passo adiante nas formulações que tem feito até aqui: ela espera ardentemente que a campanha se radicalize entre pobres e ricos – numa “luta de classes”, como disse o repórter da Fel-lha (**), hoje, porta-voz da Jovem Pan.

Ela gostaria, sim, de mostrar como os  pobres melhoraram de vida nos Governos Lula e Dilma, quando todos ganharam.

E os pobres ganharam mais.

Embora, como diria o Jabor, seja muito chato entrar num avião e ter uma empregada doméstica ao lado.

Um horror !

(Não deixe de votar na trepidante enquete: quem sustenta o tripé do FHC ?)

Dilma demonstrou que está bem preparada.

Soube enfrentar com sangue frio e até bom humor as provocações – como as de Josias de Souza, que a acusou de ceder a uma chantagem para nomear um ministro negociado dentro da cadeia, por um mensaleiro.

Gente fina, esse Josias.

Aliás, ele parecia o Joaquim Barbosa.

Não ficou de pé.

Mas, se recostou na cadeira como o Coronel Pantaleão do Chico Anísio.

À vontade, dono do pedaço.

Só faltou ir de pijama

Se acha !

As perguntas deram a Dilma uma ideia de como os candidatos de oposição e o PiG – tudo a mesma sopa – vão se comportar nos próximos debates.

A agenda é:

- inflação desembestada (o FHC NUNCA ficou dentro da meta !);

- baixo crescimento do PIB;

- desemprego = ao da Espanha e da Grécia;

- Pasadena;

- corrupção desenfreada;

- mensalão;

- concessão é igual a privataria (tucana );

- datafalha e globope, com rejeição cavalar, especialmente em São Paulo;

- o Satãder tem razão;

- a Copa foi, de fato, um fracasso retumbante.

Não vai fugir disso.

E aí ela dominou a discussão e desidratou a entrevista.

Os repórteres voltaram para casa sem manchete.

Ela não pisou em nenhuma casca de banana.

E estava preparada para enfrentar todas as perguntas – e até por que guarda R$ 150 mil em dinheiro, em casa. (Leia em tempo.)

(Pergunta que os quatro valentões jamais fariam ao Principe da Privataria, ao Padim Pade Cerra – de que vive ele ? – e ao aecioporto …)

A sabatina teve uma grande vantagem.

Além de oferecer um palanque à Dilma.

Mostrou como funcionam os entrevistadores do PiG.

Sao todos funcionários da Fel-lha (são, foram, ou querem ser).

Eles não fazem perguntas.

Isso é coisa para a ralé.

Não estão minimamente preocupados em informar seus leitores/espectadores.

Eles fazem afirmações para si próprios e seus patroes.

Quem busca exibir-se não é ela, mas são eles.

Também não tem importância se a pergunta já foi feita há pouco, com outras palavras: o importante é que saibam que cada um foi capaz de fazer aquela pergunta valente à Primeira Mandatária da Nação !

Eu sou Maximo, viu patrão ?

No próximo corte na redação, não me inclua !

Não importa se, em quatro anos de Governo, ela tenha feito 21 mil MW de energia – e por isso não houve o anunciado apagao da Urubologa.

E que o Principe da Privataria, o do Yes, we care , fez 1 MW !

1 !

O que subtraiu dois pontos percentuais do PIB !

Isso não tem a menor importância.

Como não vai ter a menor importância ela estabelecer essa comparação na campanha eleitoral.

O que importa é saber se o patrão viu os rapazes.

Porque, como diz o Mino Carta, no Brasil, os jornalistas são piores que os patrões.

(Em tempo: ela não sabe ao certo por que guarda R$ 150 mil em dinheiro, em casa. Talvez pelo mesmo motivo por que, por muito tempo, dormisse de sapatos. Habito adquirido no regime militar, quando esteve três anos trancada, sob torturas, no Presidio Tiradentes, e o seu Frias emprestava as caminhonetes aos torturadores. Ela explicou que, se não estão guardados, ela aplica na poupança. Aí alguém ponderou que a poupança rende juros. Ela disse que é de outra geração. Ela não se preocupava com dinheiro, não era assim que se media “o sucesso”. O que importava para ela era “mudar o Brasil”. O que também é a obsessão dos entrevistados e seus patrões. Mudar para pior.)

Em tempo2: liga o Vasco: 

- O Josias tratou a Dilma como se fosse a Terta.

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dominação financeira e suas contradições

Por que o BC não reduz a taxa de juro na reunião do Copom iniciada hoje, em Brasília? Índices de inflação estão em queda; indicadores de nível de atividade e vendas definham; oferta de emprego desacelera. Quando a trajetória era ascedente os juros subiram; por que não caem agora?

Líderes dos Brics chegam a acordo e oficializam a criação de banco de desenvolvimento: sede será em Xangai; a presidência rotativa começa com a Índia; Brasil vai comadar o estratégico conselho que define os planos de investimento e a expansão do banco.

PIB dos Brics é maior que o da Zona do euro: US$16 trilhões; países reunidos em Fortaleza tem população conjunta de 3 bilhões de pessoas

Deletados: mais de cinco mil funcionários da Nokia, adquirida em setembro de 2013 pela Microsoft, do filantropo Bill Gates, serão cortados no processo de fusão das empresas

Foguetes do Hamas fazem a 1ª vítima civil em Israel. Após uma semana de conflito na Faixa de Gaza, total de palestinos mortos vai a 170, diz 'El Pais'
 

Motivado por artigo de Tarso Genro sobre internacional do capital financeiro, Marcio Pochmann dá início a uma série de reflexões sobre a conjuntura mundial

Marcio Pochmann (*)

 Arquivo

Nota do autor: A presente reflexão foi estimulada pelo artigo do governador Tarso Genro sobre a Internacional do Capital Financeiro publicado pela Carta Maior. 

Desde o seu princípio organizador, o modo de produção capitalista caracterizou-se por se expandir sistemicamente, incorporando e articulando crescentes espaços territoriais até se tornar global. Tudo isso a partir da existência de um centro dinâmico integrador de um todo periférico.

Ainda que combinada pela lógica sistêmica, a dinâmica capitalista se manteve desigual, seguida por crises de curta e longa durações. Mesmo que o centro dinâmico tenha se alterado poucas vezes ao longo do tempo, a condição de periferia seguiu se produzindo e reproduzindo intensamente.

Para assumir a posição de centro dinâmico, três dimensões se fariam fundamentais. A primeira identificada pela capacidade de deter moeda de curso internacional com suas funções de troca, reserva de valor e unidade de conta permanente ativas.

A segunda dimensão está associada ao poder das forças armadas para levar adiante – sempre que necessário – o que a diplomacia não se apresenta como suficiente. A terceira dimensão refere-se à capacidade de produzir e difundir tecnologia enquanto elemento dinâmico e acesso da competição intercapitalista.

Pela Revolução Industrial e Tecnológica do século 18, na Inglaterra, o capitalismo alçou a condição de trânsito da antiga sociedade agrária para a moderna sociedade urbana e industrial. O processo de mecanização na época gerou ganhos de produtividade crescentes com a incorporação tecnológica e a consequente ampliação na divisão do trabalho, garantindo à armada inglesa o poder do exercício da força pela condição de centro dinâmico mundial.

Mas até o início do século 20, o capitalismo se expandia demarcado pela forma fundamental dos impérios (britânico, austro-húngaro, otomano, português, espanhol, entre outros) em relação às colônias. Neste meio, os avanços econômicos possibilitados pela industrialização retardatária (Alemanha, EUA, França, Rússia, Japão e Itália), seguida da Segunda Revolução Tecnológica no último quartel do século 19, colocou em xeque o centro dinâmico mundial, posto que a Inglaterra convivia com o esvaziamento produtivo frente ao poder financeiro crescente da City.

Ademais, as duas grandes guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), intermediadas pela Grande Depressão de 1929, tornou real e efetiva a disputa entre nações emergentes como Alemanha e Estados Unidos pela sucessão da liderança inglesa.

A partir do fim da década de 1940, o novo centro do mundo se estabeleceu sob a liderança inconteste dos Estados Unidos, cujo american way of life se generalizou mais rapidamente pelo consumo de bens e serviços do que a descentralização da produção de manufatura pelo mundo.

Em plena Guerra Fria (1947-1991), mais de 150 países se constituíram frente ao desmoronamento dos antigos impérios e de suas colônias. Ao mesmo tempo, a maior parte da periferia alcançou a soberania nacional, reposicionando o papel do Estado em defesas de políticas nacional-desenvolvimentistas. Isso porque, o centro dinâmico mundial exercido pelos EUA acobertou a conformação dos Estados nacionais regidos por normas monitoradas pelas Nações Unidas e organismos multilaterais (Otan, BM, FMI, acordos de livre comércio, entre outros), diferenciando-se do padrão anterior da hegemonia inglesa.

Por acordo entre as nações, conforme realizado em Bretton Woods, em 1944, o dólar estadunidense se transformou em moeda de curso internacional, mantendo-se conversível ao ouro e com valor fixo por 27 anos (1944 e 1971). A valorização do dólar ocorrida no período era compatível com a posição de maior exportador e responsável por 2/3 das reservas de ouro do mundo no imediato segundo pós-guerra.

A condição de centro dinâmico assentou-se no tripé interno de forças a exercer a vontade da maioria política. De um lado, o poder armado sob a liderança de grandes generais vitoriosos da Segunda Grande Guerra Mundial (Douglas MacArthur, George Marshall Jr, Dwight Eisenhower, entre outros) e, de outro, as forças produtivas representadas pelos grandes conglomerados industriais (famílias Gould, Rochefeller, Ford, Carnegie, entre outros). Por fim, a expressão da sociedade civil organizada em grande medida pela força dos sindicatos e dos movimentos de direitos humanos assumiu importância em determinados momentos do segundo pós-guerra.

A partir da década de 1970, contudo, as condições de exercício da hegemonia estadunidense fragilizaram-se substancialmente. Três acontecimentos significativos ameaçaram as dimensões do centro dinâmico do mundo.

O primeiro deles ocorreu em 1971, com a desvalorização do dólar em relação ao ouro, e teve o grande final em 1973, com o fim da conversibilidade da moeda estadunidense ao ouro. Com a decisão do presidente Richard Nixon, o dólar assumiu a condição de uma moeda como qualquer outra, sem mais equivaler ao ouro, o que resultava em descrédito à dimensão monetária fundamental de valorização do capital em qualquer país capitalista.

O segundo acontecimento se deu em 1975, com a derrota das forças armadas estadunidenses na Guerra do Vietnã (1965-75). A decisão do presidente Gerald Ford reafirmou o descrédito no poder militar dos EUA em termos internacionais, bem como internamente frente à vitória nas eleições pelo Partido Democrata e nas repercussões políticas geradas pelas massivas manifestações populares contra a guerra.

Por fim, o terceiro acontecimento se deu em 1979, com a Revolução Iraniana e a entrada da Rússia no Afeganistão. A ameaça ao domínio dos Estados Unidos no Oriente Médio pelo avanço das forças pró-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas poderia abrir um novo flanco de insegurança energética, fundamentalmente representada pelo petróleo, rico na região.

A decadência relativa dos Estados Unidos era evidente tanto no seu setor produtivo, que assumia a condição inédita de importador líquido de mercadorias na década de 1970, como na incapacidade da política macroeconômica superar a fase de estagflação da época. Ao mesmo tempo em que crescia o risco da insegurança energética num país importador de petróleo, o poder das forças armadas se mostrava fraco.

Diante disso, países como a Alemanha e Japão eram vistos como possíveis sucessores dos Estados Unidos, mais preparados para exercerem a condição de centro hegemônico do mundo. Somente uma guinada na conformação de uma nova maioria política poderia restabelecer a retomada do poder estadunidense.

As eleições de 1979 terminaram por restabelecer um novo pacto de poder, consagrado pela adoção das políticas neoliberais. A começar pela recomposição da linha estratégica nas forças militares, com a ascensão da liderança dos “falcões” assentados na estratégia da guerra cibernética.

Para isso, o redirecionamento de parte do orçamento se mostrou fundamental, associando a realocação dos recursos públicos à pesquisa e desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). A terceira Revolução Industrial e Tecnológica teve impulso para além da eletrônica, com o salto das empresas pontocom no Vale do Silício estadunidense.

O programa militar identificado como Guerra nas Estrelas (Defesa Estratégica no Espaço) foi lançado pelo presidente Ronald Reagan em 1983 com o objetivo de reestabelecer a superpotência militar estadunidense. Ao mesmo tempo interligou o gasto militar com a pesquisa, originando, inclusive, a internet para uso civil ao final da década de 1980.

A segunda inovação no pacto de poder estadunidense ocorreu com articulação mais fina entre o Departamento de Estado e as petroleiras, especialmente nas ações no Oriente Médio. Como se sabe, a Revolução Iraniana, em 1979, desencadeou o segundo choque de petróleo, quando o barril chegou a US$ 80.

Somente sete anos depois, em 1986, o preço do barril voltou à normalidade, contando com importante articulação entre a diplomacia dos EUA e as forças armadas no Oriente Médio, simultaneamente às ações das grandes empresas petroleiras, visando garantir a segurança energética do maior importador de petróleo do mundo.

A terceira inovação foi a substituição do poder dos industriais estadunidenses pelo dos banqueiros, uma vez que, com a política realista de Paul Volcker no Banco Central dos EUA (Federal Reserve), a partir de 1978, a taxa de juros voltou a ser mais elevada que a inflação. Desde a Grande Depressão de 1929, quando os banqueiros foram tidos como dos principais responsáveis pela especulação financeira vigente à época, que a taxa de juros se mantinha, em geral, abaixo da inflação, objetivando estimular os investimentos produtivos na economia.

A política do dólar forte na década de 1980 contribuiu para que a política neoliberal da desregulação financeira e bancária ganhasse difusão não apenas nos Estados Unidos. Por consequência, a elevação da taxa de juros nos EUA atraía a centralidade das aplicações financeiras naquele país, salvo elevação simultânea dos juros nos demais países, o que terminou esvaziando a autonomia da política monetária para o conjunto das economias.

A globalização financeira ganhou escala e passou a liderar em novas bases a ordem capitalista mundial. Os banqueiros do mundo todo se uniram, conformando grau de poder jamais visto, capaz de submeter empresas e países à lógica financeira, inclusive parcela da política, que tem crescente presença de parlamentares e governos operando como verdadeiros funcionários do capital fictício.

Com a reconfiguração da nova maioria política nos EUA, os resultados da dominação militar e financeira se apresentaram evidentes frente ao enquadramento do Japão e da Alemanha à situação de países submissos. Houve ainda o fim da Guerra Fria. A partir dos anos de 1989, com a queda do Muro de Berlim e, de 1991, com a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o império estadunidense se constituiu enquanto tal, favorecendo o exercício unipolar da dinâmica econômica mundial e retirando poder dos Estados nacionais na efetividade de suas políticas, seja monetária, seja nas TIC’s, seja na área militar, entre outras.

Contraditoriamente, o êxito alcançado terminou também sendo portador da corrosão das bases produtivas do capitalismo estadunidense. Guardada a devida proporção, os EUA passaram a seguir trajetória similar à experimentada pela economia inglesa no final do século 19, quando a contaminação pelo vírus do improdutivismo, gerado pelo processo da financeirização da riqueza, levou à decadência do império britânico. 

Paralelamente, parte da Ásia confirmou, por intermédio de várias experiências nacionais, a constituição atual de uma nova fronteira de expansão do capitalismo global. Justamente a China e a Índia, que foram, em especial, os dois grandes territórios do planeta perdedores diante do avanço da hegemonia inglesa e estadunidense na primeira e segunda Revolução Industrial e Tecnológica, voltaram a se tornar emergentes diante da implantação de experiências associadas ao planejamento central e ao vigor do Estado.

Resumidamente, as reformas neoliberais realizadas desde a década de 1980 terminaram por esvaziar parte da estrutura produtiva dos países desenvolvidos – outrora referência da expansão capitalista global. Na sequência do deslocamento da produção industrial ocidental para a Ásia vislumbrou-se a continuidade da desenvoltura de mais uma revolução tecnológica motivadora de novas centralidades no planeta, tais como as cadeias globais de valor geridas por grandes corporações transnacionais.

A manifestação da grave crise global a partir de 2008 tornou mais clara o conjunto de sinais da decadência relativa dos Estados Unidos. A ineficácia das políticas neoliberais e o poder concentrado e centralizado das grandes corporações transnacionais apoderaram-se do Estado em grande parte dos países desenvolvidos e foram responsáveis pela adoção de políticas caracterizadas como socialismo dos ricos. Enquanto os trabalhadores pagam com o esvaziamento de seus rendimentos, a perda de empregos e a precarização das ocupações, os grandes grupos econômicos se ajustam com somas crescentes junto ao orçamento público, incapaz de recuperar a dinâmica produtiva, salvo a da indústria da financeirização da riqueza.

Simultaneamente, percebe-se o reaparecimento da multicentralidade geográfica mundial com um novo deslocamento do centro dinâmico da América (EUA) para a Ásia (China). Também países de grande dimensão geográfica e populacional voltaram a assumir maior responsabilidade no desenvolvimento mundial, como no caso da China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul, que já respondem atualmente pela metade da expansão econômica do planeta. São cada vez mais reconhecidos por países-baleia, que procuram exercer efeitos sistêmicos no entorno de suas regiões, fazendo avançar a integração suprarregional, como no caso do Mercosul e Asean, que se expandem com maior autonomia no âmbito das relações Sul-Sul.

Não sem motivos demandam reformulações na ordem econômica global (reestruturação do padrão monetário, exercício do comércio justo, novas alternativas tecnológicas, democratização do poder e sustentabilidade ambiental).

Uma nova divisão internacional do trabalho se vislumbra associada ao desenvolvimento das forças produtivas assentadas na agropecuária, mineração, indústria e construção civil nas economias-baleia. Também ganham importância as políticas de avanço do trabalho imaterial conectado com a forte expansão do setor de serviços. Essa inédita fase do desenvolvimento mundial tende a depender diretamente do vigor dos novos países que emergiram cada vez mais distantes dos pilares anteriormente hegemônicos do pensamento único (equilíbrio de poder nos Estados Unidos, sistema financeiro internacional intermediado pelo dólar e assentado nos derivativos, Estado mínimo e mercados desregulados), atualmente desacreditados.

Nestes termos, percebe-se que a reorganização mundial desde a crise global em 2008 vem se apoiando numa nova estrutura de funcionamento que exige coordenação e liderança mais ampliada. Os países-baleia podem contribuir muito para isso, tendo em vista que o tripé da nova expansão econômica global consiste na alteração da partilha do mundo derivada do policentrismo associado à plena revolução da base técnico-científica da produção e do padrão de consumo sustentável ambientalmente.

A conexão dessa totalidade nas transformações mundiais requer o resgate da cooperação e integração supranacional em novas bases. A começar pela superação da antiga divisão do trabalho entre países assentada na reprodução do passado (menor custo de bens e serviços associado ao reduzido conteúdo tecnológico e valor agregado dependente do uso de trabalho precário e da execução em longas jornadas sub-remuneradas). Com isso, o desenvolvimento poderia ser efetivamente global, evitando combinar a riqueza de alguns com a pobreza de outros.

As decisões políticas de hoje tomadas pelos países de grandes dimensões territoriais e populacionais podem asfaltar, inexoravelmente, o caminho do amanhã voltado à constituição de um novo padrão civilizatório global. Quem sabe faz acontecer, como se pode observar pelas iniciativas brasileiras recentes.

Todavia, elas ainda precisam ser crescentemente aprimoradas, avançando do enfrentamento dos problemas de ordem emergencial, como valorização cambial e elevada taxa de juros, que comprometem a competitividade, para as ações estratégicas que atuam sobre a nova divisão internacional do trabalho.
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(*) Professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas.
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