Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A cidade que salvou o mundo




No tempo em que surgem, em nome da cínica “isenção” dos historiadores, os que tentam, na Alemanha e em outros países, rever os fatos e desculpar Hitler e os seus seguidores, é bom relembrar a Batalha de Stalingrado, encerrada há 70 anos, e reverenciar os que ali morreram. Graças à sua bravura, conseguimos preservar alguns dos grandes valores do humanismo.

Mauro Santayana, 


Há setenta anos, depois de mais de dois milhões de mortos nos dois campos (a União Soviética perdeu mais de um milhão e cem mil combatentes e civis, só nesse combate) terminou a mais sangrenta de todas as batalhas da História – a de Stalingrado. 

Com a capitulação de von Paulus e mais 22 generais de Hitler, e 91.000 de seus soldados remanescentes, a Segunda Guerra Mundial foi decidida ali. Até então, o Fuehrer e suas tropas pareciam invencíveis. Em julho de 1942, quando se iniciou a batalha na cidade, Hitler e Mussolini dominavam todo o território continental europeu e parte da Escandinávia - com a exceção dos paises neutros, como a Suíça e a Suécia. A Noruega, apesar de sua declaração de neutralidade, foi invadida pelos alemães e resistiu com bravura à superioridade bélica dos agressores durante 60 dias, sendo obrigada a capitular.

As Ilhas Britânicas resistiram, com estoicismo, depois da dramática retirada de Dunquerque, aos bombardeios quase cotidianos de Londres e de seus centros industriais pelas bombas voadoras, e pelos aviões da Luftwaffe. Os americanos, que lutavam no Pacífico, adiaram por muitos meses o envio de tropas ao teatro europeu. O seu desembarque, na Sicília, só ocorreu em julho de 1943, quando, com a virada de Stalingrado, os soviéticos já haviam iniciado a contraofensiva, com a marcha sobre Berlim. Se Hitler vencesse a guerra na Europa, seus simpatizantes norte-americanos, entre eles o seu maior industrial, Henry Ford, e o seu herói nacional, Charles Lindbergh, seriam provavelmente estimulados a liderar um movimento fascista na América.

O mais pesado dos tributos de sangue e bravura no confronto com a Alemanha Nazista coube aos soviéticos e à resistência dos guerrilheiros, entre eles os comandados por Tito, na Iugoslávia. No inventário dos sacrifícios, o maior foi o do povo de Stalingrado e dos soldados soviéticos que ali combateram e morreram.

Ainda que tenham sido comunistas os comandantes da resistência à invasão alemã de junho de 1941, eles tiveram a inteligência de não atribuir só ao regime os louros do triunfo. Assim, deram à sua luta o título de A Grande Guerra Pátria.

Hitler e seus ideólogos, ao planejar a Operação Barbarossa, supuseram que os eslavos iriam saudar as suas tropas como libertadoras. Embora isso tenha ocorrido em certas cidades polonesas e, é claro, em antigos enclaves germânicos perdidos na Primeira Guerra Mundial, os russos imediatamente formaram seus grupos de guerrilheiros, com homens e mulheres, trabalhadores das cidades e dos meios rurais, sob o comando dos comunistas, mas também dos líderes nascidos no clamor da urgência, muitos deles bem jovens. 

Não era só o regime socialista que se via ameaçado; era a Pátria que estava sendo agredida por tropas estrangeiras. Stalingrado era um ponto estratégico para a ofensiva de Hitler. Lutou-se naquela cidade, durante seis meses e quinze dias, minuto a minuto, de bairro em bairro, de casa em casa, até a derrota dos alemães. Ao heroísmo dos resistentes de Stalingrado, civis e soldados soviéticos, cabe a parcela mais significativa dos sacrifícios da Europa Oriental, que perdeu mais de vinte milhões de seus habitantes durante o conflito.

No tempo em que surgem, em nome da cínica “isenção” dos historiadores, os que tentam, na Alemanha e em outros países, rever os fatos e desculpar Hitler e os seus seguidores, é bom relembrar a Batalha de Stalingrado e reverenciar os que ali morreram. Graças à sua bravura, conseguimos preservar alguns dos grandes valores do humanismo. 

Os precursores dos rola-bostas



Vidas Paralelas: Paulo Francis e Christopher Hitchens 


Ambos surgiram na esquerda e ao virar conservadores ganharam poderosos holofotes reservados aos chamados rolabostas
Os colunistas e escritores Christopher Hitchens e Paulo Francis viveram vidas paralelas no jornalismo. Começaram na esquerda, Hitchens na Inglaterra, Francis no Brasil – e acabaram por se transformar, com a idade, em vitriólicos direitistas na capital mundial do conservadorismo, os Estados Unidos. Ambos morreram nos Estados Unidos que adotaram e idolatravam, Francis do coração, Hitchens de câncer na garganta arrasada por cigarros em quantidade torrencial.

A guinada de ambos para o conservadorismo se deu num momento em que a esquerda como alternativa parecia morta. Experiências calamitosas como o comunismo soviético pareciam ter selado, na década de 1980, o destino da esquerda. Ao mesmo tempo, o ideário de direita era apresentado como o triunfo final no confronto das ideologias. Num livro célebre, o americano Francis Fukuyama escreveu que a “história tinha acabado”: a direita vencera. Ronald Reagan nos Estados Unidos e Margaret Thatcher, na Inglaterra, tinham, ou pareciam ter, a receita do sucesso: o Estado Mínimo. Privatize, privatize e ainda privatize: esta era a palavra de ordem.

Foi sob tais circunstâncias que Hitchens e Francis despontaram como colunistas influentes e polemistas sem outro limite que não fosse a muralha do conservadorismo que haviam erguido para si mesmos e seus escritos. Eram estrelas da Direita Chique. Por escrever em inglês, Hitchens falou para muito mais gente naturalmente. Francis, em compensação, foi mais versátil: se saiu bem na televisão, na Globo — para onde foi levado numa manobra astuta com a qual Roberto Marinho garantiu o silêncio de um velho crítico seu que, na Folha de S. Paulo, adquirira uma repercussão muito acima da que tinha no Pasquim.

Francis não chegou a ver o desabamento do mundo que julgara vitorioso para sempre — e nem a ascensão de uma China governada pelo confucionismo e não pelo thatcherismo ou coisa do gênero. Morreu em 1997, antes que o declínio dos Estados Unidos se tornasse evidente. Hitchens, morto em 2011, presenciou contrariado a decadência americana – que acabou sendo, de alguma forma, a sua também como uma voz ouvida e respeitada por muitos. Em seu americanismo fanático, Hitchens se tornou islamofóbico depois do 11 de Setembro – e apoiou a Guerra do Iraque, um episódio que o tempo mostraria ser marcante na derrocada americana. (O presidente George W. Bush afirmou que o Iraque possuía armas de destruição em massa para justificar uma guerra com finalidades meramente financeiras que ele imaginava que seria vencida em dias. Não apenas logo se comprovaria que tais armas não existiam como uma guerra supostamente fácil acabaria por se arrastar até os dias de hoje.).


Hitchens teve tempo para promover um pequeno ajuste em seu discurso conservador. Em seu melhor momento nos últimos anos, se submeteu a uma sessão de waterboard – a simulação de afogamento que no governo Bush foi considerada legal para interrogar suspeitos de terrorismo. Hitchens, ao cabo de alguns poucos segundos, pediu que a experiência fosse interrompida. Era, sim, tortura, ele logo constatou, apenas legalizada e sob um nome eufemístico.

As opiniões  de Francis e Hitchens parecem extraordinariamente obsoletas hoje, considerado o breve período de tempo passado desde que elas os transformaram em celebridades jornalísticas. Levantamentos sérios e independentes acabariam mostrando que o maior legado de Reagan e Thatcher foi uma concentração de renda sem precedentes no mundo contemporâneo. Por trás de sua retórica anti-Estado, Reagan e Thatcher representaram o governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos.

Paraísos fiscais e outros artifícios permitiram aos ricos pagar cada vez menos impostos – uma situação que foi dramaticamente exposta por um deles, o americano Warren Buffett. Num artigo publicado no New York Times, Buffett informou que pagava proporcionalmente menos impostos que sua secretária. Buffett entraria para a história como aquele caso raríssimo de privilegiado que protesta contra os próprios privilégios.

Foi dentro desse cenário que acabariam surgindo movimentos de protesto como o Ocupe Wall Street, que consagrou a divisão do mundo, nas últimas três décadas, entre o 1% e os 99%. O conceito de Estado Mínimo tem sido revisitado – e o que vai-se formando é um novo consenso. O Estado-Babá – como os conservadores chamavam regimes que protegiam os interesses dos 99% — foi sendo substituído por outro Estado-Babá. A diferença é que este novo Estado-Babá pega no colo os superricos, ou o 1%.

Hitchens e Francis foram uma espécie de babás (ou vassalos)  intelectuais do 1% cujos interesses eles defenderam apaixonada e brilhantemente — e por isso é impossível ler o que eles escreveram sem a sensação de obsolescência que toma você ao pegar domingo o jornal de sábado.




A MATEMÁTICA ESPERTA DA 'FOLHA'



Manchete deste domingo da Folha adverte: "Programa social consome a metade dos gastos federais'.A 'grave denúncia' apoia-se num truque contábil escondido  em uma única e miserável linha. Assim: 'Foram excluídos da conta os encargos da dívida pública'. A partir daí até camelo passa em buraco de agulha. A pequena confissão subtrai do conjunto das comparações algo como R$ 200 bilhões. Quase 5% do PIB, custo médio dos juros da dívida pública nos últimos anos.O segundo desvão da calculadora dos Frias engole aspectos cruciais da previdência social urbana. No texto, ela é a ante-sala do inferno fiscal: equivale  a 60% dos tais 'gastos sociais' do Estado brasileiro. Um buraco de R$ 245 bi. Fatos: a previdência urbana é superavitária desde 2007, graças à criação de 16 milhões de empregos com registro em carteira nos últimos dez anos. Em 2012, teve o melhor resultado de sua história: um superávit de R$ 25 bi. O saldo cobre quase 35% do déficit da previdência rural, que estendeu o salário mínimo aos idosos do campo, com os seguintes desdobramentos: a) a renda rural nos últimos seis anos cresceu  36% a mais do que o próprio PIB agrícola;b) a década do governo Lula foi a primeira, em 60 anos, em que o êxodo rural brasileiro se estabilizou. É um corte histórico. Mas ele não cabe na matemática esperta da Folha. 

O ABISMO INTELECTUAL DE AÉCIO NEVES.


O abismo de Aécio
                                                           (04/02/2013) 

Nosso “aparte” semanal ao senador Neves incide sobre sua pregação quase religiosa do fracasso do Brasil sob a presidência de Lula e Dilma.
Desta vez ele escreve sobre a perda de posição da Petrobrás, de maior petrolífera da América Latina para a colombiana Ecopetrol. Sua fonte é uma matéria do Financial Times, uma das fontes mais “respeitadas no mundo, na área financeira”, segundo ele.
A partir dessa informação, ele agrega, como argumento de autoridade e doutrina para a gestão pública e estatal, a análise feita por um obscuro “Instituto Acende Brasil”, em texto intitulado "Gestão Estatal: Despolitização e Meritocracia", para o setor elétrico.
Vamos aos pedaços.
Em primeiro lugar, o citado artigo do Financial Times traz muito mais informações do que aquela pinçada pelo senador tucano. O índice usado para o artigo do jornal inglês foi a capitalização da Ecopetrol em 2012. Mas, no próprio texto vem a relativização do resultado, tanto por especialistas, quanto por gestores da estatal colombiana. Aliás, a matéria informa também que a Ecopetrol é 80% estatal. Detalhe omitido pelo discurso apologético ao gerencialismo privado. Algumas informações são relevantes para entender a atipicidade do crescimento da empresa colombiana, segundo o próprio jornal britânico:
a) o mercado de ações na Colômbia é muito pequeno e a Ecopetrol tornou-se uma espécie de porto seguro para todos os tipos de investidores do país;
b) os fundos de pensão colombianos sofrem forte restrição estatal, para especular no estrangeiro e, portanto, convergem seus recursos para a Ecopetrolcomo forma de valorização de seu patrimônio;
c) fortes aportes estatais desde 2007 garantiram um regular fluxo de investimentos na empresa;
d)  há consultores que desconfiam de sobrevalorização contábil de setores da própria empresa.
Finalmente, o próprio presidente da Ecopetrol, Javiér Gutiérrez, é comedido e não comemora o novo ranqueamento: "Não se pode realmente comparar, porque a Petrobrás é um gigante em muitas frentes. (…) A capitalização de mercado é simplesmente um reflexo da confiança que o mercado tem na Colômbia, em geral, e em particular a Ecopetrol, mas o mercado tem altos e baixos."
Ou seja, Aécio pinçou uma informação de um texto, omitiu todo o resto e sustentou sua análise pessimista sobre a Petrobrás, baseado somente em suas posições ideológicas privatistas.
Ora, a Ecopetrol é exatamente o exemplo inverso do que ele defende: é mais “estatal” que a Petrobrás, opera num mercado de ações fraco (atraindo investimentos como um refúgio) e se beneficia com fundos de pensão daquele país, fortemente constrangidos a nela investir.
Tais “detalhes” não poderiam ser omitidos na análise de quem pretende ser presidente do Brasil. Seria desonestidade intelectual, se não conhecêssemos a superficialidade com que o senador trata esses temas. Leia abaixo a matéria original do Financial Times com os dados ignorados pelo senador.
Em segundo lugar, o tal “Acende Brasil” é uma instituição que expressa as opiniões e interesses dos acionistas privados nas estatais elétricas. Logo, seu discurso sobre meritocracia tem um olhar para os dividendos a serem pagos aos grandes acionistas e não à qualidade e economicidade dos serviços prestados ao povo.
Conclusão: Aécio até se esforça para se credenciar como alternativa da direita privatista e neoliberal do país; mas, convenhamos, com o seu “Control C, Control V” seletivo fica cada vez mais difícil, até para as tais elites dessa direita, acreditar na aposta de que ele possa liderar algum projeto de oposição.

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Ecopetrol overtakes Petrobras by market cap

By Ed Crooks and Pan Kwan Yuk in New York and Andres Schipani in Cartagena

         Colombia’s national oil group Ecopetrol has grown to become the largest listed company in Latin America, ahead of Brazil’s Petrobras, in one of the most dramatic moves in the global energy industry of the past year.
         Colombia’s strong resource base and business-friendly policies have made it a favoured location for the international oil industry, and Ecopetrol, which is 80 per cent owned by the government, accounts for about four-fifths of the country’s production.
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However, some investors and analysts believe the rise of more than 50 per cent in its shares over the past 15 months is not justified by the fundamentals of the business.
Ecopetrol’s market capitalisation of $129.5bn at Friday’s close was greater than Petrobras’s $126.8bn, even though the Brazilian company’s production is about three times greater.
Javier Gutiérrez, Ecopetrol’s chief executive, himself sounded cautious about the company’s valuation.
“One cannot really compare because Petrobras is a giant on many fronts,” he told the Financial Times.
“The market capitalisation is simply a reflection of the confidence the market has in Colombia in general, and Ecopetrol in particular, but the market has ups and downs.”
In spite of excitement over the huge oil discoveries off the coast of Brazil, Petrobras’s shares have lost 45 per cent of their value over the past three years, hit by disappointing financial results and concerns about the huge investment needed to develop those fields.
It has also faced persistent political intervention, including fuel-price regulation and action to claim additional tax payments.
Robin West of PFC Energy, the consultancy, argues that Colombia’s market-friendly policies have helped deliver a strong rebound in oil production since 2007, and Ecopetrol is well positioned to benefit from future growth.
However, other analysts and investors argue that investment flows are the most important factor behind Ecopetrol’s recent share price performance.
One private equity manager argued that restrictions on Colombian pension funds’ foreign investments were driving investment in Ecopetrol.
“The funds are getting more and more inflows every year and they need to invest this money,” he said.
“The local stock market is relatively small. Ecopetrol is the biggest stock on it so that is why you are seeing so much demand for the shares.”
Alexander Muromcew, emerging market equity portfolio manager at financial services group TIAA-CREF, said he believed funds flowing between Petrobras and Ecopetrol may have lifted the Colombian company’s shares.
“In our view, Ecopetrol’s gains are not supported by the company’s fundamentals,” he said. “While Ecopetrol was a good growth story in 2012, its recent earnings have been disappointing. The bloom may be coming off the rose on this one.”
Diego Usme, an analyst with Ultrabursátiles, a brokerage in Bogotá, said he considered the shares overvalued compared with other similar companies, and compared with its discounted cash flows.
One of the reasons, he said, was that “many investors, regular people, consider Ecopetrol as a sort of refuge; a safe bet”.