Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A GLOBO CADA VEZ MAIS FORTE E A DILMA …


Uma única empresa de capital fechado e intransparente mete no bolso 60% de TODA a publicidade do país !


Na foto, Ali Kurtz Kamel, o Chefe da Estação

Amigo navegante telefona para corrigir o ansioso blogueiro: você errou !

A Globo está mais forte do que você diz.

Como assim ?

Veja bem – ele corrige:

Com apenas (?) 50% da audiência da tevê aberta, a TV Globo detém, pelo menos (?), pelo menos 80% de toda a verba publicitária da tevê aberta.

80% !

Agora, ansioso bogueiro, a tevê aberta não controla apenas (?) 50% de toda a publicidade brasileira, como você tem dito.

A tevê aberta tem 60% (!!!) de TODA a publicidade brasileira.

Logo, a TV Globo uma única empresa, de capital fechado e intransparente – isso ficou por conta do ansioso blogueiro – controla 50% de toda a publicidade brasileira (80% de 60%).

Metade de tudo !!!

Não, não acabou !

Continua o amigo navegante.

50% só a TV Globo…

Mas, se você somar Globosat, O Globo, CBN, internet,  revistas e editora, isso chega a espantosos (também ficou por conta do ansioso blogueiro !) 60% !!!

Veja bem, amigo navegante, 60% !

Uma única empresa de capital fechado e intransparente mete no bolso 60% de TODA a publicidade do país !

Do tijolinho para vender uma moto em Campina Grande, ao outdoor na AvenidaPaulista, 30” do jornal nacional – de tudo isso, no país continental inteiro, de tudo, a Globo, sozinha, de capital fechado, fica com 60%.

De “capital fechado” e Golpista !

Não é à toa que ela ousa , em 18′, determinar o curso do julgamento do mensalão (o do PT) para eleger o Cerra em São Paulo.

O amigo navegante poderia ir à tabela de preços do jornal nacional e calcular quanto custam 18′ num break nacional.

E somar os custos fixos diretos – por exemplo, os mirrados salários do William Bonner e do Ali Kamel.

Quanto a Globo investiu para derrotar o Haddad e desmoralizar o PT – em apenas 18′ ?

Não é à toa que ela se torna o Grande Julgador do mensalão (o do PT), conforme análise aguda de Tarso Genro.

Não é à toa que seu Colonista (*) Maior, Ataulfo Merval de Paiva, detém as informações centrais, a ponto de influir sobre quem vota e quem não vota.

Peluso votou e Zavascki não votou até hoje – como quis a Globo …

A Globo marca o Tempo – o Dirceu foi condenado a tempo de eleger o o Cerra …

Os telejornais da Globo são gestados na editoria “O Brasil é uma m…”

Só tem notícia ruim – é uma m…

As únicas notícias boas são as de eventos esportivos sobre os quais a Globo tem domínio exclusivo: o Brasileirinho e a F-1.

(Por falar nisso – o que a Petrobrás faz entre os patrocinadores da F-1, um evento em que atleta brasileiro não ganha e não ousa ganhar …)

O Brasil é uma m…

Em compensação, o Neymar e o Ronaldo Gordo são uma gracinha …

Por essas e outros é que mais vale um minuto no jornal nacional do que duas notas de pé de página na História do Supremo.

Este ansioso blogueiro já disse que, como no Ato IV da Aída, o jornal nacional vai emparedar a Dilma e o Lula.

Não é só ele quem diz isso.

Saul Leblon – quem será ele ? Primo do Stanley Burburinho ? – na Carta Maior , com superior argucia, acaba de publicar artigo sobre as platitudes da Dilma quando trata liberdade de expressão.

Leblon chama a Dilma e o PT às falas.

Calar-se diante do crescente gigantismo da Globo é lutar a batalha anterior.

O Brasil mudou, a Globo mudou e a Dilma, não.

Pensa que ainda dá para maneirar, com uma omelete aqui, uma festa centenária ali.

O poder da Globo é compatível com uma Democracia ?

Não, claro que não.

Isso aqui é uma PiGocracia (**).

É, portanto, uma “democracia de fachada”, onde o ex- (ufa!) Presidente Ayres Britto se sente à vontade para defender a utilização do “domínio do fato”, numa inesperada pratica de vudu.

O poder da Globo é compatível com a Quinta Economia do Mundo ?

Ou isso aqui é uma vilarejo, às margens do rio Congo, em que o Ali Kamel faz o nosso Kurtz, o Chefe da Estação ?

E para adicionar ao raciocínio agudo do Leblon: e se um Exército marciano invadir o Brasil ?

A quem a Dilma vai recorrer para defender o povo brasileiro e dar instruções para um contra-ataque ?

E se a Globo aderir aos marcianos e instalá-los no Palácio do Planalto ?

A quem ela vai recorrer ?

Ao Orson Welles – já perguntou o ansioso blogueiro ?

Sim, porque para disseminar epidemias e catástrofes o jornal nacional é mestre.

Depois sai o Ministro da Saúde trás, esbaforido, para acalmar a população dos horrores que os repórteres da Globo descrevem nas tragédias.

Em Nova Friburgo, por exemplo, onde um repórter da Globo soterrou três gerações consecutivas na chuva precipitada pela Dilma.

Uma Ley de Medios não é só para defender o Governo Dilma.

Nem assegurar o direito sagrado à comunicação imparcial.

Mas, o direito sagrado de o cidadão se informar para orientar sua vida – e seu voto.

É também do interesse nacional.

Dos moradores de Nova Friburgo.

Pergunte ao Ministro da Defesa se ele se sente “defendido” de um ataque do Exército marciano, se tiver que depender da Globo, do Ali Kamel e do Merval …

Quem a GloboNews protegerá: o Exercito marciano ou o Brasil ?

(Como se sabe, a GloboNews foi a única Seção Eleitoral em que o Lula perdeu a eleição.)

E se a Quarta Frota americana resolver puxar o pré-sal pelo canudinho da hydraulic fracturing and horizontal drilling.

Amigo navegante pondera: mas, ansioso blogueiro, seja compreensivo com a Presidenta.

Ela enfrentou os bancos.

O Henrique Meirelles, com os juros e o câmbio, desidratou a indústria brasileira e agora pagamos o pato.

E ela mudou o Banco Central !

Ela enfrentou as distribuidoras de energia – e isso é uma roubalheira desenfreada !

Não seja tão rigoroso !

Ela não pode assustar a classe média !

Amigo navegante, não perca mais o seu tempo: vá ao Saul Leblon.


Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) PiGocracia é o regime político que não rejeita a ditadura (é “um mal necessário”), é exercido pela opinião pública (familiares dos empresários do PiG) e seu orgão deliberativo não eleito, de natureza judiciária, legislativa e executiva, o P-STF. A PIGocracia é muito encontradiça na América Latina, particularmente no seu litoral leste. Atualmente, vem sendo dizimado a golpes de Lei, republicanismo e democracia , no sul da região (Argentina).

Dilma: receitas da troika levarão Europa à recessão brutal




Duras críticas à política econômica europeia, aliadas à defesa do modelo brasileiro de desenvolvimento com inclusão social, marcaram a entrevista da presidenta Dilma Rousseff em destaque no El País, neste domingo (18). “Distribuir renda é uma exigência moral, mas também uma premissa para o crescimento”, defendeu. Ela também falou sobre à oposição da mídia brasileira ao seu governo: “O povo não se deixa manipular em absoluto”. E, pela primeira vez, sobre o julgamento do “mensalão”. “Como presidente da República, não posso me manifestar sobre as decisões do STF. Acato suas sentenças, não as discuto. Mas isso não significa que nada neste mundo de Deus está acima dos erros e das paixões humanas”

Brasília - Em visita oficial à Espanha, a presidenta Dilma Rousseff foi destaque, neste domingo (18), no maior jornal espanhol, o El País. Na terra do euro, ela criticou duramente a política econômica adotada pelos países da União Europeia, que apontou como a responsável por provocar recessão em todo o mundo. “Eu não creio que o problema da Europa seja seu modelo de bem-estar social. O problema é que se tem aplicado soluções inadequadas para a crise e o resultado é um empobrecimento das classes médias. A este passo, se produzirá uma recessão generalizada”, destaca a reportagem do jornalista Juan Luis Cebrián.

A presidenta brasileira ressaltou que a má condução do enfrentamento à crise na Europa ameaça, inclusive, o desenvolvimento dos países emergentes. E sustentou que o modelo de austeridade adotado está fadado ao fracasso, com base na própria experiência latinoamericana dos anos 1980. “A Europa passa por algo que já conhecemos na América Latina. Há uma crise fiscal, uma crise de competitividade e uma crise bancária. E as receitas que se estão aplicando levarão a uma recessão brutal. Sem investimentos será impossível sair da crise”, disparou.

Para ela, é necessário pagar as dívidas, fazer o ajuste fiscal, mas é preciso tempo para que os países o façam em condições sociais menos graves. “Não somente por uma questão ética, mas também por exigências propriamente econômicas”. De acordo com a presidenta, o euro é um projeto inacabado e, se a Europa quer resolver seus problemas, tem que concluí-lo, através de supervisão e união bancária. “Na realidade, o euro não é uma moeda única hoje. O mercado distingue entre o euro espanhol, o euro italiano, o francês, o grego e o alemão”, justificou.

Modelo brasileiro
A entrevista também abordou as mudanças efetivadas no Brasil, desde a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo o entrevistador, por ser o primeiro trabalhador a chegar à presidência da República, propiciou que “as classes baixas experimentassem um sentimento de autoestima como nunca haviam tido”. Para Cebrián, a eleição de Lula foi o anúncio de um novo projeto de inclusão social que, agora, Dilma aprimora: fazer do Brasil um país de classe média, não só no que diz respeito à renda, mas também em relação ao nível educacional da população. 

O jornalista também apontou os gargalos do desenvolvimento brasileiro, os quais a presidenta foi apontando um a um como pretende resolver. Minimizou os atrasos nas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo que, de acordo com o jornalista, tanto preocupam os turistas que se espantam com a precariedade dos aeroportes e rodovias. Dilma rebateu que não há com o que se preocupar: novos estádios serão inaugurados a tempo e alguns aeroportos, privatizados. A presidenta assegurou que também haverá os investimentos necessários em portos, ferrovias e rodovias. 

Questionada sobre como superar o desafio da educação, em um país com 10% de analfabetos funcionais entre a população com mais de 15 anos, Dilma falou sobre os investimentos em creches, educação infantil, sistema integral, ensino profissionalizante e universitário. E destacou a aprovação da lei que reserva 50% das vagas das universidades para estudantes de baixa renda, escolas públicas e negros. A presidente falou também sobre a necessidade de industrializar o país e os esforços nesse sentido. 

Questionada sobre o futuro da democracia brasileira, ela exaltou a capacidade de diálogo. “Em alguns países pode causar estranheza que a presidenta da República converse com as centrais sindicais. Para nós, é o normal. Algumas vezes estamos de acordo e outras vezes, não”, provocou Dilma. “Por que não ensina aos espanhois?”, sugeriu o jornalista. “Cada um tem seu sistema, não? Mas países complexos como os nossos exigem diálogo e participação. A experiência diz que é bom para enfrentar os conflitos”, acrescenta a presidenta. 

Mídia e “mensalão”
O repórter também questionou a presidenta sobre as dificuldades que a mídia tradicional e o que ele chamou de “os novos sistemas de opinião pública”, as redes sociais, impõem a quem ocupa o poder. Dilma reiterou seu conceito de “liberdade de imprensa”, mas assegurou que nem governo e nem sociedade se deixam mais influenciar pela imprensa como ocorria antes. “Sempre digo que a imprensa brasiliera comete excessos, mas os prefiro ao silêncio da ditadura. De qualquer maneira, no país já não existe algo que era tradicional entre nós: o formador de opinião. Há 10 anos tomamos as decisões políticas em função do que beneficia aos brasileiros, e não por preocupações ideológicas de qualquer tipo. O povo não se deixa manipular em absoluto”, avaliou. 

Dilma lembrou ao repórter que não contou com o apoio da imprensa durante a campanha presidencial, mas ainda sim conquistou 56% dos votos. Em um momento anterior da entrevista, o próprio repórter observou que seu governo conta com mais de 70% da aprovação dos brasileiros, índice maior do que contava seu antecessor e mentor político, o ex-presidente Lula. Ele citou também que a imprensa internacional considera Dilma uma das três mulheres mais poderosas do mundo, ao lado da chanceler alemã Angela Merkel e da secretária de Estado norteamericana, Hillary Clinton. 

Embora publicada no domingo, a entrevista “Dilma, a forte” foi feita no último dia 12, quando o STF definiu às duras penas impostas às lideranças petistas acusadas de envolvimento no “mensalão”. O repórter a questionou sobre a condenção do ex-ministro José Dirceu, seu antecessor no comando da Casa Civil do governo Lula e um dos fundadores do seu partido. E, na entrevista, teve o cuidado de lembrar seus leitores de que Dirceu assegura ter sido condenado sem provas, em um julgamento eivado de interesses políticos e sob uma forte campanha midiática contra os acusados, cujo objetivo seria desgastar a figura do ex-presidente Lula. 

Dilma, primeiro, destacou o esforço feito pelo governo Lula para combater a corrupção. “Poucos governos fiszeram tanto pelo controle do gasto público como o do presidente Lula. Abrimos o Portal da Transparência com todas as contas públicas ao alcance de quem quiser consultá-las. Também fizemos uma Lei de Acesso à Informação que obriga a divulgar os salários dos dirigentes”, afirmou. A presidenta mostrou seu empenho em combater a corrupção, não só na esfera pública como também na privada. “Sou radicalmente a favor de combater a corrupção, não só por uma questão ética, mas também por um critério político. (…) Um governo é dez mil vezes mais eficiente quanto mais controla, mais fiscaliza e mais impede [a corrupção]”, acrescentou.

A presidenta disse também que, como tal, não pode questionar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, não avalizou as condenações feitas pela mais alta corte brasileira. “Como presidente da República, não posso me manifestar sobre as decisões do STF. Acato suas sentenças, não as discuto. Mas isso não significa que nada neste mundo de Deus está acima dos erros e das paixões humanas”, ressaltou dilma. “As paixões humanas e as políticas”, apontou o jornalista. “Talvez, estas [políticas] sejam as maiores”, acrescentou ela.



Fotos: Roberto Stuckert Filho 





Mauricio Dias: Gurgel pretende ser o dono do CNMP




Mauricio Dias, em CartaCapital

 Sob a permanente e severa fiscalização do senador Fernando Collor, o procurador Roberto Gurgel adotou a velha lição de que o seguro morreu de velho e cuidou de blindar a retaguarda no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que ele, por lei, preside.
Lerdo para agir em certos casos, ele é ágil quando é preciso. Foi rápido, por exemplo, ao promover reforma no regimento interno, na última sessão do CNMP, realizada no dia 24 de outubro e, com isso, o Ministério Público Federal passou a ter 8 dos 14 votos nesse conselho. Gurgel controla a maioria. Um golpe típico.
Não bastou, para ele, a liminar concedida pela ministra Rosa Weber, do STF, em mandado de segurança impetrado por Gurgel. Ela suspendeu a apuração no CNMP em representação encaminhada pelo senador Collor, que acusa o procurador-geral por “inércia ou excesso de prazo” nas investigações sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Para Collor, tanto Gurgel quanto a subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, “teriam permanecido inertes quanto ao dever de investigar, permitindo que os delitos atribuídos ao grupo chefiado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Cachoeira, continuassem a ser praticados”.
De fato, Gurgel “sentou” sobre as investigações e só mesmo a força natural de uma CPI o fez sair de cima. Em decisão que ainda será apreciada no mérito, Rosa Weber guarneceu Gurgel apoiada no princípio da “simetria”. A “preeminência” do CNMP equivaleria à do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ou seja, a exoneração cabe ao presidente da República com apreciação do Senado.
A propósito, Collor fez da tribuna do Senado um lugar especial para fustigar o poder de Gurgel. Um poder fácil de ser percebido diante do silêncio, de descaso ou cumplicidade, da maioria dos senadores.
Collor voltou ao ataque na segunda-feira 12. Acusou Gurgel de vazar informações sigilosas para a imprensa e incorrer, assim, em crime “contra a administração pública, tipificado como Violação de Sigilo Funcional”. Da tribuna ele lamentou o fato de o CNMP não “tomar as devidas providências” contra o procurador-geral, que, segundo Collor “se recusa a ser investigado”. O senador atirou no que viu e acertou no que não viu. Há o dedo de Gurgel na reforma. A digital é visível.
Nas mudanças havia a ideia de eliminar a inconstitucionalidade que havia quando o procurador-geral estava ausente nas votações do CNMP. Votava o vice-procurador-geral. Vários conselheiros sustentavam que somente a Constituição poderia autorizar a introdução de um “corpo estranho” na composição do Conselho.
Gurgel passou a ter poderes que nenhum dos antecessores dele teve. A prática disso fica assim: o Ministério Público Federal (MPF) passa a ter dois votos ordinários: o do próprio procurador-geral (Gurgel) e o do nome indicado pelo MPF (Mario Bonsaglia). E ainda, no caso do procurador-geral, ele mantém o chamado voto de Minerva, exercido em caso de empate.
Mas o grande final dessa história não é aquele. É este: nas questões disciplinares, a lei requer, em caso de condenação, a maioria absoluta. Exatamente os oito votos que o procurador-geral passou a ter. Ficou quase impossível condenar administrativamente um membro do Ministério Público Federal.
É essa a ameaça que a representação de Collor faz a Gurgel.

O Brasil prepara a sua defesa A nossa defesa é uma tarefa do povo brasileiro, tendo como vanguarda os corpos armados.


Mauro Santayana
  
Sobre a mesa de centro da sala de espera há dois quepes militares, sendo estrangeiro um deles. Isso explica porque o Ministro da Defesa, Celso Amorim, me atenda alguns minutos depois da hora marcada: ele se despedia do Comandante da Marinha do Senegal, contra-almirante Mohamed Sane, que recebera meia hora antes.

O ex-chanceler é homem de boa biografia para ocupar o cargo, porque sempre foi afirmativo em suas posições. Em 1982, presidente da Embrafilme, teve a coragem de financiar, com dinheiro do Estado, a primeira denúncia cinematográfica das torturas cometidas pelos agentes da Ditadura, com o filme “Pra Frente, Brasil!”, de Roberto Farias. Foi, é claro, demitido.

Ao assumir o cargo de Chanceler, no governo Lula, Amorim – na presença da Embaixadora dos Estados Unidos – recomendou aos jovens diplomatas que, acima de tudo, não tivessem medo. E mostrou a que viera, ao nomear, para a Secretaria-Geral do Itamaraty, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que fora ostensivamente hostilizado durante o governo anterior, em razão de sua firme atitude nacionalista. Conduziu política externa de afirmação nacional, coerente com a de alguns de seus antecessores, também do regime militar, que foi oposta à dos oito anos anteriores, os de Fernando Henrique Cardoso, e bem próxima de sua atuação quando, no governo Itamar Franco, ocupou pela primeira vez a Secretaria de Estado.


Ministro Celso Amorim diz que defesa do Brasil é tarefa do povo brasileiro
A nossa conversa começou com uma olhada ao mundo. Se, de acordo com a visão de Clausewitz, política internacional e guerra se complementam, com os embates armados se seguindo à movimentação diplomática, Amorim está no lugar certo. Ele, diplomata atento, conhece bem a história política internacional – e não só a partir do Tratado de Westphalia, que é tido como o alicerce do poder mundial de nosso tempo. Seus olhos vão mais atrás, na longa crônica dos conflitos planetários, desde que deles há registros. Enfim, o mundo é da forma que é. Sendo assim, temos que nos preparar, e conviver com a realidade - não com o sonho.

Não queremos outro poder que não seja o de garantir a nossa soberania territorial e o respeito internacional à nossa autodeterminação

Não queremos outro poder que não seja o de garantir a nossa soberania territorial e o respeito internacional à nossa autodeterminação
Todos os países têm uma estratégia de poder, e a mais conhecida delas, no mundo contemporâneo, é a dos Estados Unidos. Os norte-americanos nunca esconderam o seu projeto expansionista, exposto a partir de 1845 – quando se preparavam para a guerra com o México, com a doutrina do Destino Manifesto. A frase foi criada pelo jornalista John Sullivan, ao exigir, em artigo, a anexação do Texas: a “divina providência” dotara o país da missão de dominar o mundo.

JB - Ministro, qual é a estratégia de poder do Brasil?

CA - O Brasil – e isso não é só uma convicção nossa, mas é também do conhecimento da comunidade internacional – não tem o objetivo estratégico de expansão de seu poder no mundo. O que a natureza e a história nos deram é bastante. Não queremos outro poder que não seja o de garantir a nossa soberania territorial e o respeito internacional à nossa autodeterminação. Para isso, é claro, devemos dispor de suficiente capacidade militar de defesa. A nossa estratégia pode ser resumida em uma ideia básica: cooperação ativa com os nossos vizinhos continentais, a fim de manter a paz e a defesa de nossos interesses comuns, e capacidade bélica a fim de dissuadir a agressão de eventuais adversários externos à nossa região, por mais poderosos sejam. Não nos amedrontamos: estamos dispostos a resistir a qualquer agressão com determinação e bravura.  É nesse duplo movimento que o Brasil vem agindo e continuará a agir.

Preocupações com a África

O Ministro lembra que a situação geopolítica do Brasil, com a nossa extensa costa atlântica, vis-à-vis com a África Ocidental, traz-nos responsabilidade e preocupação com essas águas, que sempre singramos, em nossas relações seculares com o outro grande continente meridional. Temos excelentes relações, também de natureza militar, com as novas nações, e não as limitamos àquelas que, tendo sido colonizadas por Portugal, são nossas irmãs históricas. A propósito, faz menção à visita de cortesia do contra-almirante Mohamed Sane, do Senegal, que acabara de receber. No decorrer do encontro o contra-almirante referiu-se a uma ação da Marinha Brasileira, em Cabo Verde, de treinamento de tripulações para atendimento médico e social das populações litorâneas e ribeirinhas, e mostrou interesse em receber a mesma colaboração.

Nesse particular, recordou que, terminado o regime de apartheid na África do Sul, tão logo a última nave de guerra sul-africana deixou o porto da Baía de Walvis, na Namíbia, nele encostou uma fragata brasileira. O Brasil está presente na Namíbia, ajudando seu povo a construir a nação, depois de dura dominação européia, iniciada pelos holandeses, há mais de 200 anos. Está presente na Namíbia, como está na Guiné, em Cabo Verde, em São Tomé e Príncipe e, naturalmente, em Angola. E em Moçambique – do outro lado do continente – isso sem falar em Timor Leste. Enfim, o Brasil não está ausente do mundo.

Amorim é cuidadoso nas respostas. Como Ministro da Defesa cabe-lhe preparar as forças militares a fim de cumprir as decisões tomadas pela Chefia do Governo e do Estado, a partir de uma visão conjunta do país e do planeta. Esse cuidado é ainda mais nítido, quando fala na geopolítica brasileira, a fim de não entrar nas atribuições do Itamaraty – que conduziu por mais de onze anos.

Não lhe é difícil, no entanto, manter, como diretriz mental,  a linha básica da política externa que vem sendo a mesma, desde a Independência, mas de forma mais nítida com a República e com Rio Branco: a da permanente e pragmática defesa da soberania nacional, a do não alinhamento automático a essa ou àquela potência, e da autodeterminação dos povos, dentro das condições objetivas de seu tempo - ainda que eventualmente desprezada por certos governantes, como ocorreu com a doutrina das fronteiras ideológicas da Ditadura. Amorim, como bom diplomata, faz silêncio, quando lembro o alinhamento constrangedor do governo de Fernando Henrique a Washington.

Operação na fronteira

Conversamos dias depois de terminada a Operação Ágata VI que teve ampla repercussão internacional, mas foi pouco divulgada pela imprensa brasileira. O ministro está satisfeito com o desempenho das três forças no exercício de patrulhamento intensivo da fronteira. Ao mesmo tempo em que as tropas se preparam para eventuais combates na defesa do território – não contra os vizinhos, dos quais nada temos a temer – realizam a necessária coerção contra o contrabando, de armas e de drogas. E presta assistência médica e social às populações que vivem quase isoladas nos confins do Oeste e do Norte. Nossas fronteiras terrestres são extensas, e não há como delas cuidar apenas com as corporações policiais. É preciso, assim, ter tropas adestradas para intervir, sempre que necessário.

- Temos convidado os países vizinhos para enviar observadores a essas operações. Alguns os enviaram, outros, não. Houve ainda os que, decidiram realizar operações semelhantes e simultâneas em seu próprio território, e isso tornou a nossa tarefa ainda mais fácil – disse o Ministro.

A nossa defesa é indelegável (...)  Essa é uma tarefa do povo brasileiro, tendo como vanguarda os corpos armados
Amorim, que é homem de formação intelectual inclinada para a cultura, como cineasta que foi (e pai de cineastas), não se sente deslocado entre os militares. Sempre entendeu que a ordem é a razão dos corpos armados, o que significa absoluto respeito à hierarquia. Na verdade, disciplina e hierarquia são atributos profissionais dos soldados, o que não impediu que houvesse sempre chefes militares que atuassem como homens de Estado.

O ministro cita Caxias, um clausewtziano, que, obtida a vitória sobre o Paraguai, com a tomada de Assunção, sugeriu o armistício generoso e o fim das hostilidades – e foi substituído no comando pelo Conde d’Eu. O genro do Imperador, impelido pelo ânimo vingador do Trono, atuou ali com os exageros que conhecemos e ainda nos constrange. Antes disso, na repressão aos movimentos libertários e descentralizadores das províncias, o Duque sempre promovera a anistia aos revoltosos, no momento em que as armas silenciavam.

Amorim não diz nada, mas entende  a pausa de silêncio do entrevistador e a ela responde com a frase lateral:

- As experiências mais recentes estão cimentando, nas Forças Armadas, a opinião de que devem profissionalizar-se ao extremo e dispor dos mais avançados instrumentos de combate para a sua missão constitucional. Sempre repito a ideia de que a nossa defesa é indelegável. Por melhores amigos que tenhamos no mundo, não serão eles os responsáveis pela segurança de nossas fronteiras e de nossas razões. Essa é uma tarefa do povo brasileiro, tendo como vanguarda os corpos armados. As guerras modernas, sempre indesejáveis, mobilizam as nações em seu todo, e isso ficou bem claro na Segunda Guerra Mundial. Nenhuma política de defesa será eficaz se não houver o perfeito entrosamento patriótico entre os cidadãos uniformizados e os civis.

Tecnologia bélica

Entramos na questão da tecnologia bélica, que Amorim prefere qualificar como “de defesa”. Reitero-lhe uma preocupação, exposta neste mesmo Jornal do Brasil, com a desnacionalização da já de si modesta indústria brasileira de armamentos.

O Ministro procura tranquilizar a inquietação nacional com relação ao problema. Reconhece que descuidamos um pouco do assunto e que as dificuldades econômicas nacionais, manifestadas na dívida externa que consumia a maior parte das receitas orçamentárias, impediram o desenvolvimento da indústria estatal de armamentos e munições, e que empresas estrangeiras acabaram se associando às indústrias privadas nacionais do setor, absorvendo algumas delas. Mas pondera que nenhuma nação do mundo dispõe de indústria militar totalmente autônoma, mesmo que disponha de conhecimento para isso. Sempre compra alguma coisa que não consegue ainda produzir ou porque há outras razões, entre elas as da reciprocidade no comércio exterior.

- Já que temos de comprar, por que não comprar dos BRIC?

Amorim explica que estamos mantendo cooperação na área militar com a Índia, com aviões radares, que produzimos e os indianos equipam com os instrumentos eletrônicos. E que adquirimos helicópteros russos de ataque para a Força Aérea. Quanto aos aviões de caça, que muitos davam como certa a aquisição dos Raffale, da França, nada está ainda decidido. Caberá à Presidente (ou presidenta, como prefere o Ministro) a palavra final.

Autonomia da indústria de defesa

- Creio, diz o ministro, que nossa colaboração mais estreita se faz e se fará ainda mais no âmbito do IBAS – Índia, Brasil e África do Sul. Com esses países realizamos exercícios navais conjuntos e trabalhamos no desenvolvimento de equipamentos e petrechos de defesa. São países democráticos, com problemas sociais internos semelhantes e desafios idênticos, cada um deles de grande importância em seus continentes respectivos. E todos os três situados politicamente no Hemisfério Sul, ainda que a Índia esteja acima do Equador.

Mas ele ressalva a necessidade de incentivar a indústria nacional.

- Nossa preocupação maior, no entanto, é com o máximo de autonomia na indústria da defesa. Tudo o que nos for possível fabricar em nosso país, devemos fabricar. Sabemos que, em caso de um conflito, nem sempre podemos contar com alguns fornecedores. A Embraer está vendendo supertucanos para o mundo inteiro e acaba de exportá-los para a Indonésia. Ainda que não estejamos mais produzindo os blindados Osório – que teve uma encomenda volumosa para um país árabe desfeita por pressão de terceiros - começamos a produzir os Guaranis, em Minas Gerais. Estamos, com a Amazul, cuidando da modernização da Marinha, e queremos produzir nossas belonaves aqui mesmo. A Avibrás, por decisão da presidenta, está fabricando lançadores de foguetes. Avançamos na produção de munições não letais, e estamos na vanguarda dessa indústria, mas não descuidamos a produção de cartuchos convencionais, de que somos dos maiores produtores do mundo. A nossa indústria bélica se refaz, para chegar ao nível da necessidade. A indústria bélica é, sobretudo, tecnologia, que em nossos dias, significa eletrônica.

Como uma ideia puxa a outra, entramos na questão da cibernética, como um dos modernos meios de guerra. Amorim diz que não estamos alheios ao problema. Cita uma reunião ocorrida recentemente em Brasília, da qual participaram militares e especialistas civis.

- Nesse encontro, diz o ministro, um professor afirmou que a guerra cibernética já começou. Temos um Centro de Guerra Eletrônica em funcionamento e desenvolvemos pesquisas intensivas nesse campo de conhecimento. Em suma, não estamos desatentos. Sabemos que, sobretudo para a vigilância de nossos dois espaços mais vulneráveis, o da Amazônia, com seus imensos recursos naturais, e as águas atlânticas brasileiras, com o pré-sal, as armas eletrônicas têm prioridade absoluta.

O ministro está otimista. O Brasil cresce em seus entendimentos, na área da defesa, com os demais países do Continente. A Unasul e o Conselho de Defesa continental trabalham em conjunto e de forma a cada dia mais harmônica. Trata-se de uma fatalidade geográfica: a Natureza e a História nos uniram, e devemos dar a essa realidade uma construção política, na qual a autodeterminação de todos e de cada um esteja assegurada, e, da mesma forma, assegurada a paz na região, para servir à paz no mundo.

O RISCO DE LUTAR A BATALHA DO DIA ANTERIOR


*Gaza sob fogo cerrado: 69 mortos -- sete crianças** Israel bombardeia palestinos por ar e  mar desde a madrugada deste domingo, 5º dia de ofensiva** Brasil pede reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para cessar a violência 


O macartismo excretado pelo dispositivo midiático está corroendo os alicerces de uma cultura petista sedimentada desde os tempos de gestação e nascimento do partido. A inércia de uma tradição acomodatícia em relação à chamada grande imprensa chegou a um ponto de exaustão.Quando a Presidenta Dilma diz  que prefere o excesso de uma mídia ruidosa ao silêncio das ditaduras não está dizendo nada de novo para a história do PT. Mas a frase soa insuficiente para as circunstancias que se modificaram. Um governo democrático, que pretende fazer do Brasil um país de classe média --supõem-se que não apenas de consumidores --  não pode mais lutar a batalha do dia anterior. A disjuntiva que se coloca não é mais entre ditadura ou monólogo conservador. Não estamos mais nos anos 60 ou 70. Para construir um país de classe média esclarecida não é suficiente crédito à aquisição de tablets. É obrigação de governo, também, garantir espaço  para que o conteúdo seja plural e democrático. (LEIA MAIS AQUI)



Medo e ódio em Gaza, enquanto a ofensiva continua




Chuva de fogo e destruição rememoram a Operação Chumbo Fundido e o medo do futuro. Desde o começo da Operação Pilar de Defesa até o sábado (17) pela manhã, 37 palestinos foram mortos, dos quais ao menos 10 eram civis; fontes palestinas contam 17 mortes de civis. Há dezenas de feridos. De acordo com o Centro Palestino para os Direitos Humanos, duas crianças foram mortas na quinta à noite, na cidade de Beit Hanun, no norte de Gaza, depois de um ataque aéreo próximo as suas casas: Udai Nasser, 15, e Fares el-Basiyuni, 8. A reportagem é de Amira Hass, direto de Gaza.




Gaza - Cinco pessoas foram mortas no sábado pela manhã em um ataque aéreo israelense em Rafah, disseram fontes palestinas. Antes, durante uma série de ataques aéreos na sexta à noite, seis palestinos, inclusive um civil, foi morto, disse uma fonte do ministério da Saúde em Gaza.

Desde o começo da Operação Pilar de Defesa até o sábado (17) pela manhã, 37 palestinos foram mortos, dos quais ao menos 10 eram civis; fontes palestinas contam 17 mortes de civis. Há dezenas de feridos.

Fontes da Cruz Vermelha em Gaza disseram que vários postos de saúde, inclusive uma emergência em Jabaliya, sofreram danos colaterais por causa dos ataques.

As pessoas que vivem nas partes norte e leste da Faixa de Gaza começaram a deixar as suas casas, na sexta-feira, enquanto fortes bombardeios se aproximavam. Falando com o Haaretz, alguns descreveram ataques sem fim a partir do mar, da terra e do ar, a apenas alguns metros deles, “sacodindo o chão e as paredes”.

Dentre as pessoas que saíram de suas casas estão a família Samouni, que vive na parte leste de Gaza, no bairro Zeitoun. Durante a Operação Chumbo Fundido no inverno de 2008-09, 21 membros da família Samouni foram assassinados, quando o comandante da Brigada Givati, Ilan Malka, ordenou que sua casa fosse bombardeada. Baseado em fotos de um drone, Malka concluiu que o prédio era um abrigo para palestinos armados. Uma das mulheres da família Samouni disse que ela e suas crianças estão agora revivendo o trauma de 2009.

O ataque contra o governo do Hamas no sábado pela manhã também foi assistido pelos vizinhos. Na quinta-feira, um homem que vivia na área disse ao Haaretz que as pessoas estavam esperando que Israel bombardeasse o símbolo do governo civil do Hamas. Em 2008, os prédios do governo estavam no sul de Gaza, no bairro Tel el-Hawa, e foram destruídos numa série de ataques. Três ou quatro meses depois, o governo se mudou para um prédio no norte de Gaza, na região de Nasser.

“Foi uma noite muito difícil”, disse S. ao Haartez. “As bombas não pararam. Em torno de cinco horas da manhã eu estava me preparando para rezar, quando escutei uma explosão aqui perto e imaginei que era no prédio do governo”. Duas horas mais tarde, ele disse, a Força Aérea Israelense bombardeou um outro alvo da lista do IDF – o estádio de futebol na Praça Palestina. A menos de 200 metros de uma mesquista que, naquele momento, estava lotada. “S.”, o filho mais velho, de 13 anos, relata: “Eu estava dormindo. O barulho me acordou”. A onda do choque entortou as portas das casas dos vizinhos, ele disse. “Nós deixamos as janelas abertas, assim os vidros não quebram, mas as janelas dos vizinhos quebraram”. Ondas de choques fizeram com que tijolos caíssem sobre os carros. Um deles amassou nosso carro."

Todo mundo que ele conhece sentiu entusiasmo com a visita do primeiro ministro egípcio Hisham Kandil a Gaza, disse S.: isso os tornou mais resilientes. “Hoje o ministro do exterior da Tunísia veio e amanhã outras delegações serão formadas no Egito. Quando eu assisto à televisão israelense, eu sinto que eles não entendem a mudança por que o Egito e a Tunísia passaram. Eles ainda estão pensando em termos de déspotas dependentes dos Estados Unidos, e não entendem que a opinião do povo egípcio joga um papel importante na política egípcia”.