Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O fim do Brasil e o suicídio do Estado O que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os EUA - armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?

reprodução

Mauro Santayana


Dizem que um chefe mafioso, famoso por sua frieza e crueldade no trato com os inimigos, resolveu dar ao filho uma Lupara, uma típica cartucheira siciliana, quando este completou 15 anos de idade.

Na festa de aniversário, apareceu o filho do prefeito, que havia ganho do alcaide da pequena cidade em que viviam, ainda nos anos 1930, um belo relógio de ouro.

Passou o tempo e um dia, como nunca o visse com ela, Don Tomazzo perguntou a Peppino pela arma.

Como resposta, o rapaz enfiou, sorrindo, os dedos no bolso do colete e tirando para fora um reluzente pataca "cebola", respondeu-lhe que a havia trocado com o filho do Prefeito pelo Omega dourado.

- Ah, si?

Gritou-lhe o pai, furioso, lascando-lhe sonora bofetada.

- E che va fare se, al andare per la strada, passa alcuno e lo chiama di cornutto? Que sono le dua e mezza, cáspita?

Esse velho "causo" italiano nos vem à memória, em função da lastimável notícia de que a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado a PEC 241, que limitará à inflação os gastos do Estado brasileiro nos próximos 20 anos.

Nem mesmo nos Estados Unidos, um dos países mais endividados do  mundo, com quase o dobro da dívida pública brasileira, existe um limite automático para o teto de endividamento nacional, bastando que este seja renovado ou aumentado pelo Congresso.

Como afirmamos em outro texto sobre o mesmo tema, publicado em julho deste ano, com o título de DÍVIDA PÚBLICA E ESTRATÉGIA NACIONAL - O BRASIL NA CAMISA DE FORÇA, não existem nações fortes sem estado forte, e isso nos lembra, novamente, os EUA, que tem 5 milhões de funcionários públicos apenas no Departamento de Defesa.

Se formos considerar o "ocidente" não existem nações desenvolvidas sem alto endividamento, como é o caso dos países do G-7, todos com dívidas públicas brutas ou líquidas maiores que a brasileira, a começar pelo Japão, com 290% do PIB e, mais uma vez, pelos EUA, de quem somos - apesar de estarmos "quebrados" como afirma a toda a hora o governo e a mídia - o quarto maior credor individual externo.

É compreensível que os inimigos da Política, enquanto atividade institucionalizada, defendam, estupidamente, a diminuição do papel do Estado no contexto da sociedade brasileira, e, por meio dele, a diminuição do poder relativo do povo, com relação a outros setores e segmentos, como os banqueiros e os mais ricos, por exemplo.

O que não se pode entender é que os próprios deputados e senadores sabotem, de forma suicida, o seu poder real e o de barganha, enxugando os recursos de que dispõem o Congresso e o governo, e, em última instância, o Estado, para atender seus eleitores, cumprir o seu papel e determinar os rumos do país e o futuro da sociedade brasileira.

O problema não é apenas a questão social, à qual se apega a oposição, quando cita a ameaça que paira, com essa PEC, sobre a educação e a saúde.

Muito mais grave é, como dissemos, o enfraquecimento relativo da soberania popular exercida por meio do voto pela população mais pobre.

E, estrategicamente, o engessamento suicida do Estado brasileiro, em um mundo em que, como provam os países mais desenvolvidos, não existe cresimento econômico sem a presença do governo no apoio a empresas nacionais fortes - vide o caso da Europa, dos EUA, da China, dos Tigres Asiáticos - em áreas como a infraestrutura, a tecnologia, a ciência, e, principalmente, a defesa.

Temos que entender que não somos uma republiqueta qualquer.

Que nos cabe a responsabilidade de ocupar - sem jogar pela janela - o posto de quinto maior país do mundo em território e população, que nos foi legado, à custa de suor e de sangue, pelos nossos antepassados.

Se formos atacados por nações estrangeiras - que não estarão à mercê de semelhantes e estúpidas amarras - se formos insultados e ameaçados em nossa soberania, o que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os Estados Unidos a todo momento - aumentar a produção de material bélico e armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?

Esperar 20 anos, para que se extinga a validade dessa lei absurda que estamos votando agora?

Ou gritar, para os soldados estrangeiros, quando estiverem desembarcando em nossas praias, o índice de inflação do ano anterior, e, como o filho do mafioso siciliano, informar que horas são quando eles estiverem nos chamando de imbecis, agredindo nossos filhos e estuprando nossas mulheres?

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças


  

Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças


MonizBandeira3Moniz Bandeira denuncia apoio dos EUA a golpe no Brasil

 do PT na Câmara

O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.
“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.
Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.
Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.
“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.
Leia a entrevista completa:
Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.
Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.
O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.
Onde seriam implantadas tais bases?
Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.
A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?
Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.
E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.
A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.
Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.
Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?
Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).
E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.
Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.
Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?
Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.
A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.
A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.
A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.
Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.
Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?
A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.
Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.
A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.
Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.
Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?
Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.
O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.
E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.
As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.
E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.
É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.
O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?
Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.
Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.
Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.
Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.
No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).
Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.
Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.
Aonde vai?
Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.
E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.
Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.
Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.
Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.
E qual a perspectiva?
É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.
E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.
Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo.
Leia também:
Breno Altman: Temer cassa o direito ao contraditório

segunda-feira, 23 de março de 2015

Quem inventou Fernando Holiday?


holiday capa

A história pública de “Fernando Holiday” começa no dia 22 de janeiro de 2015, data em que sua página no Facebook foi criada. Sua primeira postagem naquela rede social foi da foto que encima este post e recebeu 25 curtidas.
No mesmo dia, o jovem de 18 anos – que, segundo reportagem da Folha de São Paulo, é morador da periferia de São Paulo (Carapicuíba), filho de uma auxiliar de enfermagem e de um garçom –, faz uma segunda postagem: um vídeo, bem editado, aparentemente profissional, que o levaria à “fama”.






“Holiday” chegou chegando ao Facebook. Seu vídeo inaugural recebeu 2.396 curtidas, 568 comentários e 3.126 compartilhamentos – o potencial de difusão de tantos compartilhamentos é considerável. Essa repercussão rendeu ao vídeo quase 40 mil visualizações.
O discurso bem-articulado do adolescente foi obviamente ensaiado e dirigido, a edição do vídeo e do áudio é competente e a “viralização” decorre de ter sido postada na página do Movimento Brasil Livre.
Como as 25 curtidas da primeira postagem de “Holiday” (sua foto) o transformaram nesse sucesso de público tão rápido? Verificando essas duas dezenas e meia de curtidas encontra-se um fato curioso: ao menos três pessoas que curtiram a foto do rapaz são de faixa etária distinta e, obviamente, de classe social muito diferente, além de residirem em outras cidades.
holiday 1

As postagens dessas três pessoas no Facebook se coadunam perfeitamente com as do Movimento Brasil Livre. Atacam o PT, Dilma Rousseff, exaltam o deputado do PP Jair Bolsonaro, Aécio Neves e, todas, usam exemplos de pessoas negras que apoiaram as manifestações anti Dilma de 15 de março como “prova” de que quem foi à avenida Paulista se manifestar não foi a “elite branca”.
Apesar disso, segundo pesquisa Datafolha feita no dia 15 de março, na manifestação anti Dilma 69% dos participantes se declararam brancos e 41% disseram ter renda acima de dez salários mínimos. Isso sem falar nas imagens da manifestação, que levaram até a imprensa estrangeira a considerar que foi um movimento da classe média branca.
Qual a possibilidade de um adolescente negro e de origem pobre da periferia de São Paulo conhecer pessoas como essas, de outras cidades, duas delas distantes? O que levou essas pessoas a curtirem a foto de um entre milhões de adolescentes que mantêm perfis no Facebook?
Boa parte das outras 22 pessoas que curtiram a foto de “Holiday” parecem ser brancas e de outras faixas etárias, apesar de algumas delas parecerem ser tão jovens quanto ele. Mas essas três pessoas destacadas chamam mais atenção por terem idade para ser pais do rapaz, sem falar da etnia e da aparente classe social mais alta.
Parece evidente que pessoas tão distintas do perfil de “Holiday” o conheciam antes de ele inaugurar sua página no Facebook e que, de alguma forma, estão relacionadas com a difusão de seu vídeo na página do Movimento Brasil Livre.
Sobre esse movimento, ainda segundo o jornal Folha de São Paulo, trata-se do principal grupo convocador das manifestações. O MBL é sediado na cidade de São Paulo e defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em manifesto publicado na internet, o MBL cita seus cinco objetivos: “imprensa livre e independente, liberdade econômica, separação de poderes, eleições livres e idôneas e fim de subsídios diretos e indiretos a ditaduras”.
A revista Carta Capital afirmou, em matéria publicada em seu site no dia 13 de março, que o bilionário David Koch financia o MBL. Coch seria “Um dos poderosos irmãos Koch, donos da segunda maior empresa privada dos Estados Unidos, com um ingresso anual de 115 bilhões de dólares”.
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Então ficamos assim: um ilustre desconhecido, muito jovem, inaugura uma página no Facebook poucos dias antes do protesto anti Dilma. Minutos depois, pessoas que obviamente não pertencem ao seu grupo social curtem uma foto dele sem nada de especial, ele posta um vídeo (profissional), o vídeo explode na internet (teria sido “patrocinado”?) e o rapaz acaba, cerca de um mês depois, virando notícia na home do UOL.
Qualquer busca que for feita no Google mostra que “Holiday” praticamente não existia na internet antes de inaugurar aquela página no Facebook. Foi inventado a poucos dias do protesto e fazendo um discurso – no vídeo acima – que recebeu toneladas de elogios de jovens brancos de classe média, em contrapartida a manifestações indignadas de jovens negros que sabem muito bem a importância da política de cotas “raciais” nas universidades.
Ao fim disso tudo, percebe-se que o movimento contra Dilma Rousseff e o PT está pouco se lixando para “corrupção”. O objetivo desse movimento é acabar com políticas públicas como a que, segundo essa gente, estaria “roubando” vagas de brancos nas universidades públicas.
Mas essas páginas e esses movimentos anti Dilma não se resumem a atacar petistas. O PSOL, inimigo figadal do PT, bem como sua última candidata a presidente, Luciana Genro, são atacados duramente, assim como MST, MTST, PSTU e tudo que esteja à esquerda dessa gente.
Além disso, as páginas desse e de outros movimentos de direita análogos se manifestam contra feministas, contra movimentos negros, contra homossexuais…
A esquerda brasileira, porém, ao contrário da direita se mantém dividida. A parcela mais radical recusa-se a apoiar não Dilma Rousseff, mas seu mandato constitucional. Enquanto isso, esses movimentos literalmente fascistas, irrigados por fortunas de origem difusa e obscura, vão tomando conta do cenário político.
Quem poderá unificar a esquerda? Está havendo diálogo entre o governo e a oposição de esquerda? Dilma já se convenceu de que é preciso construir uma pauta e assumir compromissos? A esquerda já se deu conta de que é alvo dessa direita hidrófoba tanto quanto a presidente e seu partido?
Em nenhum país em que esses métodos foram usados a ultradireita obteve uma vitória tão completa quanto a que está alcançando no Brasil. E, a cada dia que passa, esse quadro parece cada vez mais difícil de ser revertido.
Sem tomar partido do governo Dilma e do PT contra a esquerda oposicionista, o que se espera é que os dois lados tenham mais juízo. A esquerda precisa se reunir e encontrar uma pauta mínima.
Dilma não conseguirá nada afagando a direita, a esquerda oposicionista está no menu da ultradireita tanto quanto os petistas. Será que os dois lados entenderão isso a tempo? Petistas, psolistas, sem-teto, sem-terra, sindicalistas têm que acordar enquanto é tempo.
Não faltarão “Holidays” para ajudar a direita a oprimir a maioria dos brasileiros, sabidamente negra e pobre. O “Holiday” do vídeo é só um protótipo. Muitos outros serão construídos. Dinheiro não haverá de faltar.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O gringo dos sonhos de Luciano Huck e de FHC

Copa rompe o bombardeio derrotista: confiança do brasileiro sobe em junho pela primeira vez desde novembro do ano passado; 'melhorou a opinião a respeito da situação atual e quanto à situação financeira familiar no futuro', diz a pesquisa da FGV

Até a Economist jogou a toalha:edição da bíblia do neoliberalismo reconhece o sucesso do Brasil em sediar a Copa e faz autocrítica: 'o movimento nos aeroportos é normal, os torcedores conseguem chegar aos jogos sem grandes entraves e mesmo a deficiência parcial na infraestrutura é compensada pelo clima de festa'

Aos cacos? 46% das companhias sediadas no Brasil vão ampliar investimentos nos próximos 12 meses; 24% pretendem construir novas instalações. Números são substancialmente maiores que os dos EUA, Alemanha, Japão, México e nove pontos acima da média dos Brics

Lula convoca engajamento na reforma política, 'para acabar com a interferência do poder econômico na democracia' (assista: https://www.youtube.com/watch?v=q1X66PR3KZc)



gringodossonhos
O “Ministro da Cultura” de Aécio Neves, o apresentador Luciano Huck, apagou a postagem “meiga” que fez em seu Facebook, com o endereço que criou para que “cariocas solteiras” se candidatem a cinderelas de um “gringo encantado”.
Nem vou entrar na discussão sobre essa visão medíocre da condição feminina e de suas repercussões num quadro de um programa de televisão global.
É claro que não há nada de errado – ainda mais no mundo globalizado destes tempos – em relações entre pessoas de nacionalidades diferentes. Vivo isso em minha família.
O que me intriga é que essa forma de pensar é um reflexo da mente colonizada que se forma nos grupos humanos (e, claro, nos países) dominados, desiguais e reduzidos a considerarem-se incapazes.
A felicidade, a fartura, a satisfação têm de vir de outros, não de si mesmos.
Precisam, como nas fotonovelas, de um “príncipe”, porque só eles podem aliviar uma vida de sofrimentos e carências.
Sem, é claro, romper uma relação de dominação e poder, apenas aumentando o tamanho das migalhas concedidas.
A mente de Huck e dos que “bolaram” este quadro é uma das que pensam assim em todos os campos da existência humana.
De alguma maneira, Huck e Fernando Henrique Cardoso raciocinam da mesma forma, com todos os descontos que se possa dar à sofisticação e ao empolamento das palavras.
O capital estrangeiro é o “príncipe gringo” que vai nos tirar dessa “mísera existência”.
Não o estudo, o trabalho, a vida, os esforços e as alegrias. Muito menos o nosso sentido de unidade, de grupo, de povo, de nação.
Huck e FHC, porém, entendem muito pouco sobre mulheres e povos.
Não compreendem que, embora se possam viver sonhos, ilusões e histórias da “Contigo”, no fundo, elas e eles querem mesmos é ser os donos de suas próprias vontades.
E que , à medida em que vão amadurecendo,  acabam sendo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

A dissolução dos mitos americanos


Mauro Santayana

Como todos os povos, ele teve e tem grandes pensadores e cientistas, e é claro que houve (hoje provavelmente não haja mais) soldados que se destacaram por sua bravura nas lutas pela independência, na Guerra da Secessão e nas duas guerras mundiais de que participaram. Na primeira delas, durante a batalha de Argonne, na frente francesa, o sargento Alvin York avançou com seu grupo sobre um ninho de metralhadoras, matou 28 soldados alemães, prendeu 132 e se apropriou de 32 metralhadoras. Era um homem do campo, que mal sabia ler, e que se tornou o mais condecorado soldado dos Estados Unidos durante o conflito.
Outro homem do campo — o oposto do protótipo do super-herói americano, posto que de estatura baixa e corpo mirrado — foi Audie Murphy, o mais condecorado militar dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Esse conseguiu retirar algum proveito do mito, tornando-se ator de cinema de talento reduzido mas de boa bilheteria, por seu heroísmo real. Os dois, como sabemos, foram heróis em guerras que podemos considerar justas, ainda que servissem também aos poderosos de seu país.
Fora das guerras citadas —  da Independência, a da Secessão e as duas mundiais — não houve heróis, ainda que tenha havido sacrifícios imensos de seus homens, nos combates travados pelos norte-americanos. Não os houve na guerra de anexação contra o México, nem contra a Espanha — e menos ainda, em decorrência desse conflito, na repressão à luta das Filipinas pela independência.  E ninguém encontrará heroísmo ianque na Coreia, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. E nem se fale da Somália, de onde os norte-americanos saíram apressadamente, da mesma maneira que deixaram Saigon. No caso do Iraque, o mais liberal dos regimes da região, a mentira foi usada com desfaçatez: Saddam não possuía qualquer arma de destruição em massa, e era inimigo declarado de Al Qaeda — a mesma Al Qaeda que participa da contrarrevolução síria.
Dessas incursões criminosas falam mais as imagens de Abu Ghraib e de Guantánamo com a tortura contra prisioneiros indefesos, e os relatos brutais da chacina de My Lai, no Vietnã.
Ontem, no Cemitério de Arlington, na cerimônia anual pelos que morreram em combate, Obama apelou para o sentimento de patriotismo dos norte-americanos, lembrando que os meios tecnológicos da guerra não bastam para substituir o “valor” dos soldados. Ele ponderou que, pelo fato de que, hoje, os soldados são voluntários, e não conscritos, como no passado, o povo não se sente tão empenhado em solidarizar-se com os seus exércitos. Na realidade, o Pentágono “terceiriza” a guerra e usa mais mercenários do que patriotas nos combates.
Na semana passada, ele dissera, em outra cerimônia militar, que os Estados Unidos devem terminar com a guerra contra o terrorismo tal como ela se desenhara no governo Bush. Ontem, no entanto, insistiu que “a América ainda está em guerra”.
É possível que os mitos em torno da superioridade norte-americana, alimentados pela imprensa, pela literatura e, sobre todos os outros  meios, pelo cinema e pela televisão, estejam sendo dissolvidos pela realidade. Há coisas novas, que nos trazem certa esperança. Entre elas, o primeiro compromisso entre o governo colombiano e as Farc, a propósito da política agrária a ser adotada no país. E, por mais que a França e a Inglaterra advoguem uma intervenção militar na Síria, não parece que Washington e Moscou, cada capital com as próprias razões, aceitem essa nova aventura.
Obama parece sincero em seu apelo ao Congresso para que autorize fechar Guantánamo e em sua disposição de deixar o Afeganistão no ano que vem. Mas isso não o isenta do que seu país fez na Líbia e em sua cumplicidade com Israel contra o povo palestino.
As virtudes do povo americano — e são muitas — só serão conhecidas quando eles esquecerem os mitos e assumirem sua plena humanidade.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O RISCO DE LUTAR A BATALHA DO DIA ANTERIOR


*Gaza sob fogo cerrado: 69 mortos -- sete crianças** Israel bombardeia palestinos por ar e  mar desde a madrugada deste domingo, 5º dia de ofensiva** Brasil pede reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para cessar a violência 


O macartismo excretado pelo dispositivo midiático está corroendo os alicerces de uma cultura petista sedimentada desde os tempos de gestação e nascimento do partido. A inércia de uma tradição acomodatícia em relação à chamada grande imprensa chegou a um ponto de exaustão.Quando a Presidenta Dilma diz  que prefere o excesso de uma mídia ruidosa ao silêncio das ditaduras não está dizendo nada de novo para a história do PT. Mas a frase soa insuficiente para as circunstancias que se modificaram. Um governo democrático, que pretende fazer do Brasil um país de classe média --supõem-se que não apenas de consumidores --  não pode mais lutar a batalha do dia anterior. A disjuntiva que se coloca não é mais entre ditadura ou monólogo conservador. Não estamos mais nos anos 60 ou 70. Para construir um país de classe média esclarecida não é suficiente crédito à aquisição de tablets. É obrigação de governo, também, garantir espaço  para que o conteúdo seja plural e democrático. (LEIA MAIS AQUI)



Medo e ódio em Gaza, enquanto a ofensiva continua




Chuva de fogo e destruição rememoram a Operação Chumbo Fundido e o medo do futuro. Desde o começo da Operação Pilar de Defesa até o sábado (17) pela manhã, 37 palestinos foram mortos, dos quais ao menos 10 eram civis; fontes palestinas contam 17 mortes de civis. Há dezenas de feridos. De acordo com o Centro Palestino para os Direitos Humanos, duas crianças foram mortas na quinta à noite, na cidade de Beit Hanun, no norte de Gaza, depois de um ataque aéreo próximo as suas casas: Udai Nasser, 15, e Fares el-Basiyuni, 8. A reportagem é de Amira Hass, direto de Gaza.




Gaza - Cinco pessoas foram mortas no sábado pela manhã em um ataque aéreo israelense em Rafah, disseram fontes palestinas. Antes, durante uma série de ataques aéreos na sexta à noite, seis palestinos, inclusive um civil, foi morto, disse uma fonte do ministério da Saúde em Gaza.

Desde o começo da Operação Pilar de Defesa até o sábado (17) pela manhã, 37 palestinos foram mortos, dos quais ao menos 10 eram civis; fontes palestinas contam 17 mortes de civis. Há dezenas de feridos.

Fontes da Cruz Vermelha em Gaza disseram que vários postos de saúde, inclusive uma emergência em Jabaliya, sofreram danos colaterais por causa dos ataques.

As pessoas que vivem nas partes norte e leste da Faixa de Gaza começaram a deixar as suas casas, na sexta-feira, enquanto fortes bombardeios se aproximavam. Falando com o Haaretz, alguns descreveram ataques sem fim a partir do mar, da terra e do ar, a apenas alguns metros deles, “sacodindo o chão e as paredes”.

Dentre as pessoas que saíram de suas casas estão a família Samouni, que vive na parte leste de Gaza, no bairro Zeitoun. Durante a Operação Chumbo Fundido no inverno de 2008-09, 21 membros da família Samouni foram assassinados, quando o comandante da Brigada Givati, Ilan Malka, ordenou que sua casa fosse bombardeada. Baseado em fotos de um drone, Malka concluiu que o prédio era um abrigo para palestinos armados. Uma das mulheres da família Samouni disse que ela e suas crianças estão agora revivendo o trauma de 2009.

O ataque contra o governo do Hamas no sábado pela manhã também foi assistido pelos vizinhos. Na quinta-feira, um homem que vivia na área disse ao Haaretz que as pessoas estavam esperando que Israel bombardeasse o símbolo do governo civil do Hamas. Em 2008, os prédios do governo estavam no sul de Gaza, no bairro Tel el-Hawa, e foram destruídos numa série de ataques. Três ou quatro meses depois, o governo se mudou para um prédio no norte de Gaza, na região de Nasser.

“Foi uma noite muito difícil”, disse S. ao Haartez. “As bombas não pararam. Em torno de cinco horas da manhã eu estava me preparando para rezar, quando escutei uma explosão aqui perto e imaginei que era no prédio do governo”. Duas horas mais tarde, ele disse, a Força Aérea Israelense bombardeou um outro alvo da lista do IDF – o estádio de futebol na Praça Palestina. A menos de 200 metros de uma mesquista que, naquele momento, estava lotada. “S.”, o filho mais velho, de 13 anos, relata: “Eu estava dormindo. O barulho me acordou”. A onda do choque entortou as portas das casas dos vizinhos, ele disse. “Nós deixamos as janelas abertas, assim os vidros não quebram, mas as janelas dos vizinhos quebraram”. Ondas de choques fizeram com que tijolos caíssem sobre os carros. Um deles amassou nosso carro."

Todo mundo que ele conhece sentiu entusiasmo com a visita do primeiro ministro egípcio Hisham Kandil a Gaza, disse S.: isso os tornou mais resilientes. “Hoje o ministro do exterior da Tunísia veio e amanhã outras delegações serão formadas no Egito. Quando eu assisto à televisão israelense, eu sinto que eles não entendem a mudança por que o Egito e a Tunísia passaram. Eles ainda estão pensando em termos de déspotas dependentes dos Estados Unidos, e não entendem que a opinião do povo egípcio joga um papel importante na política egípcia”.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mercenários da Blackwater Já Operam No Brasil

Sanguessugado do Opinião & Cia



O General-de-Brigada Durval Antunes de Andrade Nery, Coordenador de Estudos e Pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), denuncia em entrevista publicada no O Dia, que a recriação da IV Frota da Marinha dos EUA tem como objetivo uma futura intervenção militar nas jazidas de petróleo de pré-sal, recém descobertas pela Petrobrás no litoral brasileiro.
Além disso, o General relata a existência de mercenários da Blackwater em plataformas de petróleo administradas pela Halliburton e pertencentes à família Bush situadas na plataforma continental brasileira, devidamente licitadas pela ANP. A relação entre a Halliburton e a Blackwater é bem conhecida no mundo e seu histórico de ilegalidades e arbitrariedades está bem documentado no Google:
•Halliburton's Hidden Treuhand
•The few, the proud, the Blackwater
•Role of security companies likely to become more visible
•Waxman on warpath over Blackwater payments
Dick Cheney, atual Vice-Presidente dos EUA, era o Presidente da Halliburton antes de assumir a vice-presidência. A Halliburton possui escritórios no Rio de Janeiro e Macaé (RJ) e em Salvador (BA).
Segundo o relato de um Coronel de Exército Comandante de Batalhão na Amazônia, mercenários também já ocupam reservas indígenas contando com bases fluviais bem equipadas e fortemente armados, onde militares brasileiros so podem entrar com autorização judicial. Conforme já prevíamos no artigo anterior sobre a Blackwater, o futuro já chegou: mercenários já ocupam bases na Amazônia brasileira!!
Transcrevemos, a seguir, a matéria publicada no O Dia (bem escondida, por sinal). Este blog tentará contato com o General Durval para tentar colher maiores detalhes e informações sobre a denúncia.
16/08/2008 20:24:00
Essa IV frota é amiga?
Coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, general vê com preocupação a reativação da esquadra dos EUA encarregada de proteger o comércio nos mares do sul e critica a presença de “mercenários” em plataformas do nosso litoral
Rio - Para a maioria dos militares brasileiros, não há como desassociar a recriação da IV Frota dos Estados Unidos da descoberta de imensa jazida de petróleo no nosso litoral. Entre esses militares, está o general de brigada da reserva Durval Antunes de Andrade Nery, coordenador de estudos e pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), que reúne entre seus pesquisadores diplomados pela Escola Superior de Guerra. Abaixo os principais trechos da conversa dele com O DIA.
IV Quarta Frota
“A decisão dos Estados Unidos de recriar a IV Frota foi apresentada como destinada a proteger o livre fluxo do comércio nos mares da região. Ora, se alguém tem condições de proteger, tem condições de impedir esse fluxo comercial. Pergunto: Por que proteger o comércio de uma área que não vive situação de guerra? E isso quando o Brasil dá notícia da extensão das jazidas do pré-sal como uma das maiores de todo o mundo”.
Grupo Halliburton dos EUA
“Esta empresa está envolvida com o apoio logístico em todo o mundo no que diz respeito ao petróleo, principalmente no Iraque. A Halliburton é uma empresa que hoje, no Brasil, mantém um de seus (ex-) diretores como diretor da ANP (Nelson Narciso Filho, indicado pelo presidente Lula e aprovado em sabatina no Senado). Esse homem tem acesso a dados secretos das jazidas de petróleo no Brasil”.
Bush e o pré-sal
“Logo depois que o mundo tomou conhecimento da existência das reservas do pré-sal, o presidente (George W.) Bush disse na imprensa: ‘Não reconheço a soberania brasileira sobre as 200 milhas’. O pré-sal ultrapassa as 200 milhas. Tudo que existe ali para exploração econômica é do País, isso segundo a ONU. Por que o presidente norte-americano recria a IV Frota logo após não reconhecer nossa soberania?”
O comando da IV Frota
“Poderíamos imaginar que a IV Frota vai ter missão humanitária, mesmo custando uma fortuna manter porta-aviões nucleares com 50, 60 e 100 aviões navegando permanentemente nos mares do sul. Mas, por que nomear para o comando o contra-almirante Joseph Kernan, especializado em táticas de guerra submersa e no treinamento de homens-rãs? Um homem que com seus sabotadores deu um banho nas guerras do Afeganistão e do Iraque está à frente da IV Frota para proteger?”
Blackwater no Brasil
“(Após a eleição de Bush), a Hallibourton, contratada pelo governo dos EUA para planejar a redução das despesas do país com as Forças Armadas, criou uma empresa chamada Blackwater — firma de mercenários, com contrato de seis bilhões de dólares e que, só no Iraque, tem 128 mil homens. Eles fazem segurança e matam. Pergunto: Quem está fazendo a segurança das 15 plataformas que a família Bush tem no Brasil, todas vendidas (em licitação) pela ANP? Ainda faço um desafio: vamos pegar um barco e tentar subir numa plataforma. Garanto que vamos encontrar os homens da Hallibourton armados até os dentes e que não vão deixar a gente subir”.
Estranho na selva
“Coronel que até o ano passado comandava batalhão na região da (reserva indígena) Yanomami contou que estava fazendo patrulha em um barco inflável com quatro homens em um igarapé quando avistou um sujeito armado com fuzil. Um tenente disse: ‘Tem mais um cara ali’. Eram cinco homens armados. O tenente advertiu: ‘Coronel, é uma emboscada. Vamos retrair.’ Retraíram. Perguntei: ‘O que você fez?’ Ele disse: ‘General, tive que ir ao distrito, pedir à juíza autorização para ir lá.’ Falei: ‘Meu caro, você, comandante de um batalhão no meio da Amazônia, perto da fronteira, responsável por nossa segurança, só pode entrar na área se a juíza autorizar? Ele respondeu: ‘É. Foi isso que o governo passado (Fernando Henrique) deixou para nós. Não podemos fazer nada em área indígena sem autorização da Justiça”.
15 homens e 10 lanchas
“O coronel contou que pegou a autorização e voltou. Levou três horas para chegar ao igarapé, onde não tinha mais ninguém. Continuou em direção à fronteira. De repente, encontrou ancoradouro, com um cara loiro, de olhos azuis, fuzil nas costas, o esperando. Olhou para o lado: 10 lanchas e quatro aviões-anfíbio, no meio na selva. ‘Na sua área?’, perguntei. ‘É’, respondeu. Ele contou que abordou o homem: ‘Quem é você?”. Como resposta ouviu: ‘Sou oficial forças especiais dos Estados Unidos da América do Norte’. O coronel insistiu: ‘Que faz aqui’. E o cara disse que fazia segurança para uma pousada. Ele perguntou qual pousada? Ouviu: ‘Pertencente a um cidadão americano’. Quinze homens estavam lá, armados. Hallibourton? Blackwater?”
Crise do Petróleo
“Temos (no pré-sal), talvez, a maior jazida de petróleo do mundo. Será que países desenvolvidos vão se aquietar sabendo que o futuro deles depende do petróleo? Os Estados Unidos tem petróleo só para os próximos cinco anos. Tanto é que o país não consome o dele, porque suas reservas são baixas. Passa a pegar o que existe no mundo. Foi assim no Irã, em 1953, quando derrubaram o (primeiro-ministro Mohamed) Mossadegh. Os aiatolás pegaram de volta e agora querem outra vez atacar o Irã. No Afeganistão, deu no que deu. No Iraque, tomaram o petróleo de lá. Agora vem o petróleo do Mar Cáspio e a Georgia (em guerra com a Rússia por território onde passam gasodutos). E no Brasil, como será? Essa (IV) Frota é só amiga? Está aqui só para proteger?”.
Fonte: Blog Projeto S.I.L.I. (Search for Intelligent Life in Internet (Busca por Vida Inteligente na Internet)

sábado, 7 de julho de 2012

Filme revela estratégias dos EUA para garantir dominação mundial



Dirigido por Diogo Gomes do Santos, o filme A paz é o caminho expõe as estratégias dos Estados Unidos para a dominação da América Latina, Oriente Médio e África. Realizado pelo Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), o filme é uma ferramenta a serviço da luta por uma cultura de paz diante de um mundo militarizado. O média-metragem vem participando de mostras e festivais de cinema e vídeo, além de ser exibido pelo circuito alternativo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Supostamente monstros, supostamente vis








A rede de televisão CNN divulgou o vídeo em que, segundo a Associated Press “supostos membros do corpo de fuzileiros navais americanos uniformizados supostamente urinam sobre cadáveres de militantes do grupo radical Taleban”.
Supostamente talibãs, devemos supor, com tanto suposto que se coloca diante do evidente.
O comando dos fuzileiros navais diz que está investigando e – pasmem – limita-se a dizer que isso não condiz com os “valores das Forças Armadas dos EUA”.
Que valores esperam de pessoas que são mandadas matar outras do outro lado do planeta, que jamais lhes fizeram coisa alguma? Nem mesmo no Afeganistão estava Osama Bin Ladem, mas no aliado Paquistão!
É essa a civilização ocidental que lá foi para tirar os “bárbaros fanáticos” da vida primitiva com aviões, mísseis, lasers, escudos, radares, quase invulneráveis?
Haverá uma indignação mundial, em poucas horas.
Porque já é criminoso que se produzam cadáveres. Profaná-los, é mais que isso, é monstruoso.
E agora não há George Bush a quem atribuir isso.
Barbárie é uma palavra por demais gentil para definir isto.
Monstruosidade é o nome, e nada suposto, disso.
E pensar que um soldado dos Estados Unidos, Bradley Manning, está sendo condenado por deixar vazar as provas dos atos criminosos do exército americano no Afeganistão e no Iraque.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O gigantesco e suspeito aparato publicitário contra Belo Monte

A Amazonia Legal envolve nove estados brasileiros que têm problemas econômicos e sociais idênticos.  Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão somam 5.217.423 km², ou 61% do território brasileiro. Conhecer a região em que será (?) construída a usina hidrelétrica de Belo Monte é vital para deslindar a gigantesca e multimilionária campanha internacional para que a obra não seja construída.
A população da Amazônia Legal corresponde a pouco mais de 10% dos cerca de 190 milhões de habitantes do Brasil, reunindo cerca de 20 milhões de pessoas, o que dá menos do que a população da grande São Paulo. Nos nove estados da Amazônia legal residem 55,9% da população indígena brasileira, ou seja, cerca de 250 mil pessoas, segundo o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
Entre os problemas sociais do Pará, sobressaem dois: o primeiro é a propriedade de terras, pois o estado é dominado pelo latifúndio, sendo que 1% das propriedades rurais ocupa mais da metade da extensão territorial do Estado, e o segundo é o alto registro de trabalho escravo.
Na saúde, a malária ainda preocupa por sua alta incidência e a taxa de mortalidade infantil é de 23 para cada mil nascidos vivos – bem acima da taxa nacional, de 19,4. Na Educação, analfabetismo, por exemplo, bate nos 11%, contra média nacional de 9%, sendo que, nos estados do Sul, a taxa cai para pouco mais de 4%.
Melhor nem falar de Saneamento Básico, Transporte, Segurança Pública etc.
A Amazônia Legal, portanto, é a região mais atrasada do Brasil, com índices de qualidade de vida entre os piores.  Nesse contexto, o Pará é a região mais sem lei da Amazônia Legal por ser a mais pisoteada pelo latifúndio e pelo trabalho escravo. Por certo todos se lembram da missionária Dorothy Stang, assassinada no Pará a mando de latifundiários que combatem a todo custo a chegada do progresso à região.
Não foi por outra razão que, em abril do ano passado, o ex-presidente Lula defendeu enfaticamente, em audiência pública, a construção de Belo Monte. Segundo disse naquela oportunidade, “Ficamos praticamente 20 anos proibidos totalmente de fazer estudos para a viabilidade da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Não era fazer a hidrelétrica, não. Era a proibição de estudo”, disse.
Segundo Lula, o projeto foi alterado para que o governo pudesse dar todas as garantias ambientais: “Obviamente que o projeto que foi feito foi modificado. O lago [da hidrelétrica] é um terço daquilo que estava previsto anteriormente exatamente para que a gente possa dar todas as garantias ambientais e dizer a qualquer habitante do planeta Terra que ninguém tem mais preocupação de cuidar da Amazônia e de nossos índios do que nós”, declarou.
Lula, naquela oportunidade, também criticou a atuação de ONGs internacionais e seus protestos contra a construção da usina: “Vi nos jornais hoje que tem muitas ONGs vindo de vários cantos do mundo e alugando barco pra ir pra Belém pra poder tentar evitar que façamos a hidrelétrica“, afirmou.
Só para registro, Lula deu tais declarações durante discurso de abertura do 21º Congresso do Aço, em São Paulo. Abaixo, o vídeo com tais declarações.
As ONGs, ambientalistas e integrantes do Ministério Público e do Judiciário também já foram alvo de duras críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por imporem “obstáculos excessivos” à realização de obras necessárias ao país como a construção de Belo Monte. Palavras textuais do ex-presidente: “Que nos obriguem a cumprir à risca a legislação ambiental, mas não paralisem o país. O país tem fome de energia e fome de crescimento“.
Após os primeiros posts que publiquei sobre o assunto Belo Monte, decidi pesquisar mais. Entre outras coisas que me chamaram a atenção, dois ex-presidentes de distintas posições político-ideológicas e partidárias dizendo coisas tão semelhantes me fizeram ficar ainda mais desconfiado desse gigantesco e multimilionário aparato contra uma obra que certamente levaria civilização a uma parte do país que vive no século XIX, se tanto.
São peças publicitárias bem elaboradas, com deslocamentos de equipes de filmagens financiadas por milhares de ONGs estrangeiras, com o apoio de personalidades internacionais como Leonardo Di Caprio, Sigourney Weaver, James Cameron e Arnold Schwarzenegger, entre muitos outros, além, agora, de atores e atrizes da Globo que embarcaram na onda dos famosos internacionais e fizeram a versão tupiniquim do movimento “ambientalista”.
A campanha contra Belo Monte é cara e esmagadora. Vários comentaristas, aqui no blog e em redes sociais, disseram que meus posts recentes sobre o assunto tinham sido as primeiras posições diferentes que haviam visto até então. Contudo, estão enganados. Não faz muito tempo, o jornalista Paulo Henrique Amorim publicou em seu blog relatório que a Agencia Brasileira de Inteligência, a Abin, fez sobre esses movimentos  contra a construção da usina.
Quem quiser pode ler o relatório da Abin, publicado por PHA, clicando aqui. Contudo, se o leitor quiser poupar tempo, basta saber que além de elencar as ONGs estrangeiras que atuam na região o que o tal relatório revela – e que desperta desconfiança – é a informação de que governos estrangeiros estão financiando essas ONGs e as campanhas multimilionárias que vêm empreendendo contra uma obra que, a despeito dos danos ambientais, certamente levaria civilização a um Estado que mais lembra o Velho Oeste americano.
O relatório da Abin não levanta nenhuma ilegalidade, por enquanto, mas vídeo recente gravado em resposta ao do Movimento Gota D’Água, com os atores e atrizes da Globo, revela o tamanho dessa onda internacional contra Belo Monte ao citar o número espantoso de mais de 100 mil ONGs envolvidas na campanha, além das incessantes incursões de estrangeiros na região. Abaixo, o vídeo “Quem Manda no Brasil?”.
São mais do que conhecidas as ambições internacionais sobre a Amazônia e as personalidades e governos estrangeiros que relativizam a soberania brasileira sobre o território. Há até um site especializado que oferece informações sobre a cobiça estrangeira e que mostra que a preocupação ambiental de países que destruíram suas reservas naturais nem sempre é o objetivo de campanhas que, repito, podem manter 61% do território brasileiro no século XIX, se tanto.
Não se pode negar, claro, que existe muita gente de boa fé militando contra a construção de Belo Monte. Tampouco se nega que a construção dessa obra tem que ser feita sob intensa fiscalização para impedir abusos e violações ambientais e sociais. Contudo, de uma coisa o leitor pode ter certeza: a única forma de garantir a soberania brasileira sobre a Amazônia é levar o desenvolvimento sustentável à região.
O Brasil tem que tomar posse da Amazônia antes que algum aventureiro o faça “em nome da humanidade” enquanto gasta fortunas em peças publicitárias e expedições salvacionistas. Fortunas, aliás, que poderiam resolver os problemas sociais que castigam os exíguos contingentes populacionais daquela região sofrida e esquecida. O desenvolvimento, se vier, acabará com a farra de escravagistas, latinfundiários e seus pistoleiros no Pará.

sábado, 5 de novembro de 2011

Entendendo a Agressão de Israel e EUA ao Povo Palestino


          Durante muitos séculos não houve conflito algum no Oriente Médio. Até o Século XIX a terra da Palestina era habitada por uma população multicultural – atingindo aproximadamente 86% de muçulmanos, 10% de cristãos e 4% de judeus em meados do século XIX – vivendo em paz.




A região em 1917, antes da criação de Israel


O Sionismo
No final do século XIX, um grupo na Europa decidiu “colonizar” aquela terra. Conhecidos como Sionistas, aquele grupo compunha uma pequena minoria do povo judeu. A vontade última do movimento sionista era criar um Estado Judeu, cogitando lugares na África e nas Américas antes de se decidir pela Palestina.
          A migração de judeus da Europa para a Palestina, no início, não causou problema algum. Contudo, à medida que mais e mais Sionistas migraram para a Palestina – muitos com o desejo expresso de tomar posse da terra para criar um Estado Judeu – a população local ficou alarmada. Num determinado momento a luta começou e ondas de violência se tornaram crescentes. A subida de Hitler ao poder na Europa e as atrocidades nazistas, combinadas às atividades sionistas de sabotagem aos esforços de alocação de refugiados judeus em países ocidentais conduziram a uma escalada na migração daquele povo para a Palestina. O conflito cresceu.

O Plano de Partilha da ONU

         Em 1947, finalmente, a ONU decidiu intervir. Contudo, ao invés de adotar o princípio democrático esposado décadas antes por Woodrow Wilson, de “auto-determinação dos povos”, pela qual os povos criariam seu próprio Estado e sistema de governo, a ONU escolheu reverter ao princípio medieval segundo o qual um poder externo decide a partilha da terra de outro povo.

          Debaixo de considerável pressão sionista, a ONU recomendou a cessão de 55% da Palestina ao novo Estado Judeu – apesar do fato de aquele grupo representar à época cerca de 30% do total da população e possuía menos de 7% da terra.



A partilha de 1947
A Guerra de 1947 – 1949
          Embora seja ampla e corretamente relatado que aquela Guerra, num dado momento, incluiu 5 Exércitos Árabes, menos conhecido é o fato de que durante aquela Guerra as forças judias mantiveram uma superioridade numérica de 3 judeus contra 1 árabe. Mais: ao contrário do que reza o senso comum incentivado pela propaganda os Exércitos Árabes jamais invadiram Israel. Todos os combates se deram em território que deveria ser o Estado Palestino – jamais reconhecido ou respeitado pelo Estado de Israel.
          Finalmente, é de alta relevância ressaltar que os Exércitos Árabes só entraram no conflito após as forças do Estado de Israel haverem cometido 16 massacres, incluindo o brutal massacre de 100 homens, mulheres e crianças em Deir Yassin. O futuro Primeiro-Ministro de Israel, Menachen Begin, líder de grupos terroristas, chamou aquele episódio de “esplêndido ato de conquista”, acrescentando: “em Deir Yassin, como em toda a parte, vamos atacar e massacrar o inimigo. Deus, Deus, O Senhor nos escolheu para a conquista”. Com esta filosofia em mente, forças Sionistas cometeram mais de 30 massacres a Palestinos até 1949.
          Ao final da Guerra, Israel havia conquistado 78% do território da Palestina; 75 milhões de Palestinos se transformaram em refugiados; mais de 500 cidades e aldeias foram destruídas; um novo mapa foi desenhado, no qual todas as cidades, todos os rios e montes receberam um novo nome em hebraico e todos os vestígios da cultura secular dos palestinos foram obliterados. Por muitas décadas o Estado de Israel negou até mesmo a existência da população palestina. A ex-primeira-ministra Golda Meir uma vez disse; “Não existe essa coisa de ‘Palestino’”.

 
Entre 1948 e 1967 - A Palestina vai sendo fagocitada por Israel


A Guerra de 1967 e o “USS Liberty”
Em 1967 Israel conquistou ainda mais território. Na sequência da Guerra dos Seis Dias, durante a qual forças israelenses lançaram um ataque bem-sucedido ao Egito, Israel ocupou um adicional de 22% do território Palestino, segundo as Fronteiras Internacionais decididas pela ONU em 1948 – na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Uma vez que as Leis Internacionais consideram inadmissível adquirir territórios através de Guerra, estes são territórios ocupados, não pertencem a Israel. Durante aquele conflito, Israel ocupou ainda partes do Egito – já devolvidas – e da Síria – as Colunas de Golam – até hoje ocupadas por Israel.
Um episódio grave e pouco divulgado foi o ataque de Israel a um navio estadunidense, o “USS Liberty”. 200 profissionais estadunidenses foram mortos no episódio. A respeito do episódio, o presidente Lyndon Johnson declarou, relembrando vôos de resgate e o apoio dos EUA a Israel, que “não é interessante causar embaraços a um aliado”; o episódio foi suprimido das notícias e livros de história...
(Em 2004, uma comissão de alto nível, dirigida pelo Almirante Thomas Moorer, declarou ser aquele “um ato de guerra contra os Estados Unidos da América", fato pouquíssimo noticiado pela mídia, se o foi...).

Após a Guerra - Seis países Árabes ocupados por tropas Israelenses


O Conflito Recente

Há duas questões primárias, que estão na raiz destes conflitos contínuos desde a criação do Estado de Israel até o dia de hoje:

1 – O efeito desestabilizante de se manter um Estado com preferências étnico-religiosas, particularmente quando é massiçamente composto por um povo de origem externa – a população original do que é hoje Israel era composta por 96% de muçulmanos e cristãos. Nos territórios ocupados por Israel, refugiados muçulmanos e cristãos são proibidos de retornar a suas casas e aqueles que vivem no Estado de Israel são submetidos a sistemática discriminação.

No magnífico documentário “Peace, Propaganda and The Promised Land”, dirigido por Sut Jhally e contando com a participação de intelectuais e ativistas judeus, ocidentais e palestinos, percebe-se como é difícil a vida dos palestinos nos territórios ocupados; entre complicações mil, particularmente relativas ao estrangulamento econômico e ao vandalismo praticado por Israel contra todos os aspectos de representação cultural palestina, ressalta-se:

_ destroem-se bairros inteiros de casas palestinas – sob a falsa alegação de se tratar de “retaliação” a homens-bomba – a fim de que se construam luxuosos condomínios israelitas.
_ o fornecimento da vital água corrente às populações nativas restringe-se a 2 horas por semana enquanto, nos vizinhos condomínios judeus fechados mantém-se piscinas e regam-se plantas ostensivamente todos os dias.
_ é verdade que os palestinos têm controle sobre suas próprias casas durante algum tempo (jamais sabem quando suas vivendas podem ser consideradas “de interesse da segurança nacional de Israel” e assim perder seu direito a moradia) contudo, todas a estradas e passagensdentro do território que em 1948 a ONU decretou ser o Estado Palestino mas Israel jamais respeitou, são controladas por Israel. Um quadro que é descrito como se tivéssemos controle sobre os cômodos de nossa casa mas, a cada vez que precisássemos sair de um cômodo a outro precisássemos da relutante autorização de soldados e fiscais estrangeiros que controlam todos os corredores.
2 – Os habitantes palestinos resistem como podem à contínua ocupação militar israelense e o confisco de propriedades fundiárias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Estes espaços, reduzidos em 22% do que foi decidido pela ONU em 1947, deveriam se tornar o Estado Palestino, segundo os acordos de paz de Oslo, de 1993. Contudo, uma vez que Israel não apenas posterga há já 15 anos o cumprimento dos Acordos de Oslo como vem ampliando o confisco e a ocupação de terra naqueles territórios, os palestinos se rebelam.
          Os judeus moderados apontam estas táticas do Estado de Israel como potencialmente anti-sionistas. Esclarecem que há grupos anti-sionistas capazes de perpetrar atos realmente danosos contra os judeus em escala mundial e a postura agressiva do Estado de Israel, desrespeitando os direitos humanos, praticando crimes de guerras em base cotidiana e desrespeitando a legislação internacional há décadas, contribui violentamente para macular a imagem dos judeus no mundo.

O que resta da Palestina hoje... 

O envolvimento dos EUA
Noam Chomsky, filósofo judeu estadunidense, menciona, em “O Império Americano”, um episódio emblemático: em meados da década de 90, helicópteros israelenses mais uma vez reduziram a escombros duas aldeias palestinas pacíficas na fronteira norte do país, fronteira com o Líbano. Os palestinos reclamaram na ONU o uso de helicópteros “Apache” estadunidenses no massacre a populações desarmadas. O então presidente “democrata” norte-americano Bill Clinton tomou uma medida exemplar (contra a ONU e os Palestinos, como de hábito): mandou mais 5 helicópteros “Apache”, além de pessoal para treinamento das forças israelenses, possibilitando o aumento da eficácia em futuros massacres.
Segundo estimativa de Sut Jhally no documentário acima citado, os EUA enviaram a Israel, entre 1948 e 2008, mais de 100 trilhões de dólares! Anualmente, o contribuinte estadunidense subvenciona o genocídio dos EUA e Israel contra a população palestina em valores anuais de U$ 7 milhões. Certa feita o Governator Arnold Schwarzenegger, se queixou: a administração federal estava enviando mais recursos a Israel do que à Califórnia!
Enquanto os EUA apoiarem e Israel praticar a mais longa ocupação militar da história moderna, esta perpetrada na Cisjordânia e Faixa de Gaza, as chances de paz estão minimizadas.
Confira, no vídeo abaixo, as opiniões de Norman Finkelstein, um intelectual e ativista pela paz entre judeus e palestinos, sobre a ocupação e as brutalidades praticadas por EUA/Israel contra os Palestinos:

O Cachete