Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sionismo religioso: o fundamentalismo contra a paz


































Os fanáticos do sionismo religioso pregam a necessidade de construir um templo no lugar da atual Mesquita Al-Acqsa, terceiro lugar mais sagrado do Islã.

Leneide Duarte-Plon, de Paris




Eles esperam o Messias, cantam e dançam a cada novo metro de terra conquistada à força, são obcecados pelo problema demográfico, defendem a anexação pura e simples da Cisjordânia (que chamam de Judéia-Samaria) e se opõem a todos os que dizem buscar soluções políticas de paz, sejam políticos, sejam diplomatas. Seus líderes religiosos instigaram seguidores a pedir a morte de Itzak Rabin, que negociara com Shimon Peres e Arafat os Acordos de Oslo, em 1993. Logo apareceu um voluntário para executar o primeiro-ministro, visto como "traidor".

Eles são os fanáticos do sionismo religioso que seguem rabinos extremistas como HaCohen Kook e seu filho Yéhuda. São cada vez mais numerosos e pregam a iminente chegada do Messias e a necessidade de construir o templo no lugar da atual Mesquita Al-Acqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã, cuja cúpula dourada pode ser vista de quase toda Jerusalém, cidade santa dos três monoteísmos. O local onde fica Al-Acqsa é conhecido pelos árabes como a Esplanada das Mesquitas e pelos sionistas como o Monte do Templo.

Alguns dos sionistas religiosos falam abertamente do plano de explosão da mesquita de 1300 anos, para dar lugar ao templo que, segundo a tradição judaica ortodoxa, ocupava aquele espaço. Arquitetos já têm o projeto pronto.

O jornalista e escritor Charles Enderlin, um dos maiores conhecedores do conflito Israel-Palestina, que cobre há longos anos, é o autor do extraordinário documentário “Au nom du Temple” (Em nome do templo), realizado em parceria com Dan Setton (a íntegra aqui).

O filme - que mostra a ascenção do sionismo religioso e seu combate contra todas as iniciativas de paz - foi foi feito há um ano e exibido pelo canal France2 apenas na terça-feira, 31 de março. Ficou engavetado no canal público e depois de muitas hesitações pôde finalmente ser exibido. Mas um pouco antes de meia noite, para evitar o grande público do horário nobre pois o filme incomoda os que preferem denunciar o fundamentalismo islâmico.

Os documentaristas recolheram testemunhos de sionistas religiosos e de seus críticos para contar como o Estado de Israel viu a direita "annexioniste" (um neologismo que funde as palavras sionista e anexação) se expandir até representar mais da metade dos eleitores e garantir a perenidade da política de colonização representada por governantes como Benjamin Netaniahu. O documentário rememora os últimos 20 anos da política israelense para mostrar como o país mergulhou numa espécie de messianismo fundamentalista.

Para o historiador Zeev Sternhell, "a esquerda não quis ver por covardia essa corrente ideológica e política enorme, poderosa, uma verdadeira torrente". Se os fundamentalistas resolverem atacar a mesquita de Jerusalém isso será visto como uma declaração de guerra ao Islã em geral, adverte Sternhell.
Pesquisas feitas em Israel mostram que 51% das pessoas acreditam que o Messias vai chegar e 67% pensam que o povo judeu é o povo eleito de Deus. Todos os indicadores revelam que o sionismo messiânico ganha terreno no país. O documentário mostra um grupo de fundamentalistas matando um cordeiro para sacrificá-lo num altar a ceu aberto, ritual que os judeus cumpriram desde o tempo de Abraão e mantiveram até dois mil anos atrás, ainda na época de Cristo.

O professor Matti Steinberg, ex-analista principal do Shin Beth (serviço de segurança interna israelense) afirma que o conflito pode transformar-se em guerra de religião. Ele argumenta que sunitas e xiitas se unirão para atacar o agressor do terceiro lugar mais sagrado da religião muçulmana. Ninguém sabe o que pode resultar desse ataque.

Ao falar dos 400 mil colonos israelenses que já ocupam 60% da Cisjordânia, o geógrafo palestino Khalil Toufakji diz, comparando um mapa de alguns anos atrás com o atual: "a solução do conflito com dois Estados não é mais viável".
O filme mostra que as iniciativas diplomáticas se chocam com a realidade de colonos nacionalistas determinadas a ocupar a Cisjordânia e impedir qualquer possibilidade de criação do Estado da Palestina. Os diferentes governos de direita fazem um jogo duplo se equilibrando entre o direito internacional e os colonos.

Os nacionalistas consideram Baruch Goldstein um herói pelo fato de ter matado 29 palestinos que rezavam numa mesquita em Hebron, em 1994. Na visão dos fanáticos, os palestinos, apresentados como "colonos árabes", é que são os ocupantes.

Reportagem feita pela televisão francesa mostrou há poucas semanas um grupo de militantes do Estado Islâmico, armados até os dentes. Um deles gritava que estavam lutando para em breve libertar Jerusalém dos sionistas.

Quando o combate político cede lugar aos dogmas religiosos, os fanáticos tomam o lugar dos diplomatas.

No que resultará o encontro dos dois fundamentalismos?




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

França prende humorista que faz críticas a judeus

:

Poucos dias depois da marcha em defesa da liberdade e contra o terror (com a presença de Benjamin Netanyahu), a França expôs suas contradições; o comediante francês Dieudonné, conhecido por suas críticas ao judaísmo, foi preso ao comentar em seu Facebook que se sente como Charlie Coulibaly (sobrenome de um dos terroristas); em sua defesa, Dieudonné disse que seu humor não difere do feito pelo Charlie, que estimulava preconceito contra muçulmanos 


247 – Após convocar uma marcha pela liberdade e contra o terror, com a presença de líderes mundiais como o israelense Benjamin Netanyahu, o governo francês expõe suas contradições ao mandar prender o comediante francês Dieudonné.

O humorista, conhecido por suas críticas ao judaísmo, foi interpelado em sua casa, em frente aos seus filhos, por ordem do primeiro-ministro Bernard Cazeneuve, sobre a acusação de incitar o terrorismo nas redes sociais.

No Facebook, ele comentou que se sente como Charlie Coulibaly (sobrenome de um dos terroristas): "Após essa marcha histórica, digo mais... lendária! Um momento mágico como o Big Bang que criou o universo! ...ou em um grau mais local, comparável à coroação de Vercingétorix [rei gaulês da antiguidade], eu enfim entro em casa. Sabe que essa noite, no que me diz respeito, eu me sinto como Charlie Coulibaly", escreveu.

Em sua defesa, Dieudonné disse que seu humor não difere do feito pelo Charlie, que estimulava preconceito contra muçulmanos

No ano passado, o comediante foi alvo de outra ação do governo de François Hollande, em ofício pedindo para que todas as prefeituras cancelassem seus shows de stand-up.

domingo, 11 de janeiro de 2015

UM TERRORISTA NA MARCHA DA PAZ. VOCÊ É CHARLIE?

segunda-feira, 28 de julho de 2014

PALESTINA LIVRE É A CAUSA MORAL DO SÉCULO 21

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ESSA NÃO SAI NA GLOBO E PIG E CIA LTDA.Segundo a ONU, assentamentos israelenses na Cisjordânia violam Direito Internacional


Deu na ONU BR e não vai sair nas Organizações Globo & Cia:
O Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Robert Serry (na imagem acima), reiterou hoje (07/06) que a construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados representa uma violação do Direito Internacional. O Governo israelense anunciou que vai construir 300 unidades habitacionais no assentamento de Beit El, na Cisjordânia.
Serry afirmou que o anúncio é “profundamente problemático” e reiterou seu recente alerta no Conselho de Segurança que “se as partes não aproveitarem a atual oportunidade, deveriam perceber que a implicação não apenas retarda o progresso de uma solução com dois Estados. Em vez disso, poderia estar encurtando o caminho em direção a um Estado, que também nos move para longe da paz regional no espírito da Iniciativa Árabe de Paz.”

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O sionismo que ensombra o Mundo - Eça de Queiroz comenta a acção dos judeus na Alemanha

[......] Mas o pior ainda, na Alemanha, é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem a sua influência – plano tão hábil que tem o sabor de uma conspiração: (*) na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e a Imprensa. Quase todas as casas bancárias, quase todos os grandes jornais estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante, e o traz dependente do capital; mas, injúria suprema, pela voz de seus jornais, ordena-lhe o que há de fazer e com quem há de se bater! Tudo isso seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável. As muralhas formidáveis do templo de Salomão, que foram arrasadas, continuam a pôr em torno dele um obstáculo de cidadelas. Dentro de Berlim há uma verdadeira Jerusalém, inexpugnável: aí se refugiam com o seu Deus, os seus costumes, o seu Sabbath, a sua língua, o seu orgulho, a sua secura, gozando o ouro e desprezando o cristão. Invadem a sociedade alemã, querem lá brilhar e dominar, mas não permitem que o alemão meta sequer o bico do sapato dentro da sociedade judaica. Só casam entre si; entre si ajudamente, regiamente, dando-se uns aos outros milhões, mas não favoreceriam com um troco um alemão esfomeado; e põe orgulho, um coquetismo insolente em se diferenciar do resto da nação em tudo, desde a maneira de pensar até a maneira de vestir. [......]

Eça de Queiróz
 In Cartas de Inglaterra, Israelismo.
Livraria Chardron, Lelo & Irmão, Porto, 1907.
NOTA:
(*)   Se a desconfiança e a hostilidade contra os judeus tivesse surgido somente num único país e só numa determinada época, seria fácil identificar as razões dessa aversão. Mas, ao contrário, essa raça é, desde há muito tempo, antipatizada pelos habitantes de todas as terras e nações no seio das quais se estabeleceu. Como os inimigos dos judeus existiram entre os mais diversos povos, os quais habitavam regiões distantes entre si e eram regidos até por leis determinadas por princípios opostos e se não tinham os mesmos costumes, e eram distintos no espírito de suas culturas, então as causas do anti-semitismo devem ser procuradas entre os próprios judeus, e não entre os seus antagonistas.
Bernard Lazare
anarquista judeu 
Antisémitisme, son histoire et ses causes, Paris 1934, Tomo I, pág.32
No Guerra Silenciosa

terça-feira, 10 de abril de 2012

GUNTER GRASS - O poema da controvérsia

BELLUZZO: ‘TEMOS UMA CHANCE'
O tema da desindustrialização brasileira ocupa espaço crescente no debate acadêmico, mas ainda não galvanizou a agenda política; é  premente que isso aconteça. Mas, sobretudo, que se faça a partir do significado abrangente que a industrialização pode ter no processo de  desenvolvimento de uma sociedade. Industrialização não é galpão fabril. Não é um fetiche ou o anacronismo desenvolvimentista. "Industrialização é a capacidade soberana que tem uma economia de construir um pólo irradiador de inovação e produtividade", explica a voz ecumênica, ponderada, sempre ouvida do  economista Luiz Gonzaga Belluzzo.  As interações entre a decisão de construir uma economia forte e soberana não são estranhas à decisão de se ter ou não uma democracia capaz de estender os princípios equânimes dos direitos civis aos direitos sociais "Temos uma chance:o Brasil tem uma fronteira que o autoriza a incluir a industrialização, assim entendida, na agenda do nosso tempo; essa fronteira é o pré-sal', anima-se.(LEIA MAIS AQUI)

A polêmica vai continuar, porque, de fato, Günter Grass pôs um dedo na ferida, uma ferida de muitas camadas, que remonta ao holocausto, ao silêncio sobre o holocausto depois da guerra, aos levantes de 68 (que, na Alemanha, levantaram o questionamento às gerações mais antigas - "onde você estava e o que fez durante o nazismo?"), e também ao silêncio posterior diante das atitudes belicistas dos governos isralenses, em particular o último, de Benyamin Netanyahu. O artigo é de Flávio Aguiar.

Berlim - O escritor alemão e prêmio Nobel de literatura (1999) Günter Grass causou enorme polêmica na Alemanha, na Europa e em Israel publicando, na semana passada, o poema abaixo em vários jornais europeus. O poema critica seu próprio país por vender mais um submarino à Israel, com capacidade para lançar mísseis armados até com ogivas nucleares. Critica o governo israelense "por ameaçar a já frágil paz mundial" com a possibilidade de um ataque ao Irã, por este supostamente estar preparando um arsenal nuclear.

Para o escritor quem certamente tem armas nucleares se propõe a atacar quem apenas se supõe estar construindo uma, sem se ter ainda prova cabal disso. Além disso, Günter Grass (autor, dentre outros, do romance "Die Blechtrommel", "O tambor de lata" - que também virou filme) critica seu próprio silêncio sobre o tema esse tempo todo, atribuindo-o a um sentimento de culpa que permanece na cultura de seu país (culpa que ele considera justificada). Ao final, o poema diz que ambos os países deveriam colocar suas atividades nucleares sob supervisão da ONU.

O poema caiu como uma bomba em diferentes meios. Primeiro, na própria Alemanha, onde criticar qualquer coisa a respeito de Israel é (compreensivelmente) tabu.

A mídia liberal rejeitou o poema, e suas críticas. Houve até quem chamasse Günter Grass (hoje com 84 anos) de "velho senil" querendo chamar a atenção. Muitos representantes de associações judaicas também criticaram veementemente o poema. Günter foi acusado de antissemita, e outras críticas interpretaram que seu poema fortalecia Ahmadinejad, os aiatolás e o Irã, comparando-o, "equivocadamente", a Israel. Outros consideraram o poema um equívoco do ponto de vista literário.

Mas houve quem saísse em sua defesa também. Escritores, artistas e membros do establishment cultural alemão rejeitaram a acusação de antissemitismo, lembrando que Grass sempre se posicionou favoravalmente à existência de Israel (algo que fica também implícito no próprio poema). Ainda houve também quem dissesse que o poema era exagerado (sobretudo ao dizer que Israel poderia exterminar o povo iraniano), mas que levantava um assunto que se necessitava debater.

Os partidos políticos não se pronunciaram oficialmente. Porém, em geral, os políticos da Linke aprovaram a atitude de Grass. Os do SPD se dividiram, uns apoiando Grass, outros criticando. Isso é muito relevante, porque Grass sempre se posicionou a favor do SPD. Muitos do Partido Verde criticaram o poema, mas deixaram claro que não endossavam a acusação de antissemitismo.

Para engrossar o caldo, o governo isralense declarou o escritor "persona non grata" em Israel, o que, na prática, barra sua entrada no país (que ele visitou muitas vezes). Vozes do governo de Tel Aviv se ergueram denunciando que Grass, na Guerra, pertencera à famigerada SS. É verdade que o próprio Grass reconheceu esse fato. Mas a história completa é a de que ele, aos 17 anos, quis se alistar na Marinha alemã para lutar. Aparentemente rejeitado, foi parar num regimento blindado das SS-Waffen, na frente de batalha. Ferido, foi feito prisioneiro num campo de concentração norte-americano. Ao mesmo tempo, políticos e escritores isralenses criticaram seu próprio governo. Muitos disseram que o governo, em dificuldades, estava fazendo uma campanha populista em cima do poema de Grass, e que era um absurdo barrar sua entrada, o que "igualava Israel aos regimes totalitários, inclusive o Irã".

Na Alemanha, a atitude do governo de Tel Aviv também mereceu críticas por parte da mesma mídia que atacara o poema, taxando a proibição de "exagerada".

A polêmica vai continuar, porque, de fato, Günter Grass pôs um dedo na ferida, uma ferida de muitas camadas, que remonta ao holocausto, ao silêncio sobre o holocausto depois da guerra, aos levantes de 68 (que, na Alemanha, levantaram o questionamento às gerações mais antigas - "onde você estava e o que fez durante o nazismo?"), e também ao silêncio posterior diante das atitudes belicistas dos governos isralenses, em particular o último, de Benyamin Netanyahu.

O próprio Grass veio a público dizer que continuava sustentando o poema, mas que talvez devesse tê-lo escrito deixando mais claro que seu alvo era o governo do atual primeiro-ministro, e não Israel como um todo. Leia abaixo quatro versões do poema, em espanhol, inglês, o original em alemão e em português.

Lo que hay que decir
Por qué guardo silencio, demasiado tiempo,
sobre lo que es manifiesto y se utilizaba
en juegos de guerra a cuyo final, supervivientes,
solo acabamos como notas a pie de página.

Es el supuesto derecho a un ataque preventivo
el que podría exterminar al pueblo iraní,
subyugado y conducido al júbilo organizado
por un fanfarrón,
porque en su jurisdicción se sospecha
la fabricación de una bomba atómica.

Pero ¿por qué me prohíbo nombrar
a ese otro país en el que
desde hace años –aunque mantenido en secreto–
se dispone de un creciente potencial nuclear,
fuera de control, ya que
es inaccesible a toda inspección?

El silencio general sobre ese hecho,
al que se ha sometido mi propio silencio,
lo siento como gravosa mentira
y coacción que amenaza castigar
en cuanto no se respeta;
“antisemitismo” se llama la condena.

Ahora, sin embargo, porque mi país,
alcanzado y llamado a capítulo una y otra vez
por crímenes muy propios
sin parangón alguno,
de nuevo y de forma rutinaria, aunque
enseguida calificada de reparación,
va a entregar a Israel otro submarino cuya especialidad
es dirigir ojivas aniquiladoras
hacia donde no se ha probado
la existencia de una sola bomba,
aunque se quiera aportar como prueba el temor...
digo lo que hay que decir.

¿Por qué he callado hasta ahora?
Porque creía que mi origen,
marcado por un estigma imborrable,
me prohibía atribuir ese hecho, como evidente,
al país de Israel, al que estoy unido
y quiero seguir estándolo.

¿Por qué solo ahora lo digo,
envejecido y con mi última tinta:
Israel, potencia nuclear, pone en peligro
una paz mundial ya de por sí quebradiza?

Porque hay que decir
lo que mañana podría ser demasiado tarde,
y porque –suficientemente incriminados como alemanes–
podríamos ser cómplices de un crimen
que es previsible, por lo que nuestra parte de culpa
no podría extinguirse
con ninguna de las excusas habituales.

Lo admito: no sigo callando
porque estoy harto
de la hipocresía de Occidente; cabe esperar además
que muchos se liberen del silencio, exijan
al causante de ese peligro visible que renuncie
al uso de la fuerza e insistan también
en que los gobiernos de ambos países permitan
el control permanente y sin trabas
por una instancia internacional
del potencial nuclear israelí
y de las instalaciones nucleares iraníes.

Sólo así podremos ayudar a todos, israelíes y palestinos,
más aún, a todos los seres humanos que en esa región
ocupada por la demencia
viven enemistados codo con codo,
odiándose mutuamente,
y en definitiva también ayudarnos.

Fonte: El País, 4 de abril de 2012
Tradução de Miguel Sáenz


What Must Be Said
Why do I stay silent, conceal for too long
What clearly is and has been
Practiced in war games, at the end of which we as survivors
Are at best footnotes.

It is the alleged right to first strike
That could annihilate the Iranian people--
Enslaved by a loud-mouth
And guided to organized jubilation--
Because in their territory,
It is suspected, a bomb is being built.

Yet why do I forbid myself
To name that other country
In which, for years, even if secretly,
There has been a growing nuclear potential at hand
But beyond control, because no inspection is available?

The universal concealment of these facts,
To which my silence subordinated itself,
I sense as incriminating lies
And force--the punishment is promised
As soon as it is ignored;
The verdict of "anti-Semitism" is familiar.

Now, though, because in my country
Which from time to time has sought and confronted
Its very own crime
That is without compare
In turn on a purely commercial basis, if also
With nimble lips calling it a reparation, declares
A further U-boat should be delivered to Israel,
Whose specialty consists of guiding all-destroying warheads to where the existence
Of a single atomic bomb is unproven,
But as a fear wishes to be conclusive,
I say what must be said.

Why though have I stayed silent until now?
Because I thought my origin,
Afflicted by a stain never to be expunged
Kept the state of Israel, to which I am bound
And wish to stay bound,
From accepting this fact as pronounced truth.

Why do I say only now,
Aged and with my last ink,
That the nuclear power of Israel endangers
The already fragile world peace?
Because it must be said
What even tomorrow may be too late to say;
Also because we--as Germans burdened enough--
Could be the suppliers to a crime
That is foreseeable, wherefore our complicity
Could not be redeemed through any of the usual excuses.

And granted: I am silent no longer
Because I am tired of the hypocrisy
Of the West; in addition to which it is to be hoped
That this will free many from silence,
That they may prompt the perpetrator of the recognized danger
To renounce violence and
Likewise insist
That an unhindered and permanent control
Of the Israeli nuclear potential
And the Iranian nuclear sites
Be authorized through an international agency
By the governments of both countries.

Only this way are all, the Israelis and Palestinians,
Even more, all people, that in this
Region occupied by mania
Live cheek by jowl among enemies,
And also us, to be helped.


Was gesagt werden muss
Warum schweige ich, verschweige zu lange,
was offensichtlich ist und in Planspielen
geübt wurde, an deren Ende als Überlebende
wir allenfalls Fußnoten sind.

Es ist das behauptete Recht auf den Erstschlag,
der das von einem Maulhelden unterjochte
und zum organisierten Jubel gelenkte
iranische Volk auslöschen könnte,
weil in dessen Machtbereich der Bau
einer Atombombe vermutet wird.

Doch warum untersage ich mir,
jenes andere Land beim Namen zu nennen,
in dem seit Jahren - wenn auch geheimgehalten -
ein wachsend nukleares Potential verfügbar
aber außer Kontrolle, weil keiner Prüfung
zugänglich ist?

Das allgemeine Verschweigen dieses Tatbestandes,
dem sich mein Schweigen untergeordnet hat,
empfinde ich als belastende Lüge
und Zwang, der Strafe in Aussicht stellt,
sobald er mißachtet wird;
das Verdikt "Antisemitismus" ist geläufig.
Jetzt aber, weil aus meinem Land,
das von ureigenen Verbrechen,
die ohne Vergleich sind,
Mal um Mal eingeholt und zur Rede gestellt wird,
wiederum und rein geschäftsmäßig, wenn auch
mit flinker Lippe als Wiedergutmachung deklariert,
ein weiteres U-Boot nach Israel
geliefert werden soll, dessen Spezialität
darin besteht, allesvernichtende Sprengköpfe
dorthin lenken zu können, wo die Existenz
einer einzigen Atombombe unbewiesen ist,
doch als Befürchtung von Beweiskraft sein will,
sage ich, was gesagt werden muß.

Warum aber schwieg ich bislang?
Weil ich meinte, meine Herkunft,
die von nie zu tilgendem Makel behaftet ist,
verbiete, diese Tatsache als ausgesprochene Wahrheit
dem Land Israel, dem ich verbunden bin
und bleiben will, zuzumuten.

Warum sage ich jetzt erst,
gealtert und mit letzter Tinte:
Die Atommacht Israel gefährdet
den ohnehin brüchigen Weltfrieden?
Weil gesagt werden muß,
was schon morgen zu spät sein könnte;
auch weil wir - als Deutsche belastet genug -
Zulieferer eines Verbrechens werden könnten,
das voraussehbar ist, weshalb unsere Mitschuld
durch keine der üblichen Ausreden
zu tilgen wäre.

Und zugegeben: ich schweige nicht mehr,
weil ich der Heuchelei des Westens
überdrüssig bin; zudem ist zu hoffen,
es mögen sich viele vom Schweigen befreien,
den Verursacher der erkennbaren Gefahr
zum Verzicht auf Gewalt auffordern und
gleichfalls darauf bestehen,
daß eine unbehinderte und permanente Kontrolle
des israelischen atomaren Potentials
und der iranischen Atomanlagen
durch eine internationale Instanz
von den Regierungen beider Länder zugelassen wird.

Nur so ist allen, den Israelis und Palästinensern,
mehr noch, allen Menschen, die in dieser
vom Wahn okkupierten Region
dicht bei dicht verfeindet leben
und letztlich auch uns zu helfen.

Fonte: Süddeutsche Zeitung, 4 de abril de 2012
Posted Yesterday by César Vásquez
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O que deve ser dito
Porque guardo silêncio há demasiado tempo
sobre o que é manifesto
e se utilizava em jogos de guerra
em que no fim, nós sobreviventes,
acabamos como meras notas de rodapé.

É o suposto direito a um ataque preventivo,
que poderá exterminar o povo iraniano,
conduzido ao júbilo
e organizado por um fanfarrão,
porque na sua jurisdição se suspeita
do fabrico de uma bomba atômica.

Mas por que me proibiram de falar
sobre esse outro país [Israel], onde há anos
- ainda que mantido em segredo –
se dispõe de um crescente potencial nuclear,
que não está sujeito a nenhum controle,
pois é inacessível a inspeções?

O silêncio geral sobre esse fato,
a que se sujeitou o meu próprio silêncio,
sinto-o como uma gravosa mentira
e coação que ameaça castigar
quando não é respeitada:
“antissemitismo” se chama a condenação.

Agora, contudo, porque o meu país,
acusado uma e outra vez, rotineiramente,
de crimes muito próprios,
sem quaisquer precedentes,
vai entregar a Israel outro submarino
cuja especialidade é dirigir ogivas aniquiladoras
para onde não ficou provada
a existência de uma única bomba,
se bem que se queira instituir o medo como prova… digo o que deve ser dito.

Por que me calei até agora?

Porque acreditava que a minha origem,
marcada por um estigma inapagável,
me impedia de atribuir esse fato, como evidente,
ao país de Israel, ao qual estou unido
e quero continuar a estar.

Por que motivo só agora digo,
já velho e com a minha última tinta,
que Israel, potência nuclear, coloca em perigo
uma paz mundial já de si frágil?

Porque deve ser dito
aquilo que amanhã poderá ser demasiado tarde [a dizer],
e porque – já suficientemente incriminados como alemães –
poderíamos ser cúmplices de um crime
que é previsível,
pelo que a nossa cota-parte de culpa
não poderia extinguir-se
com nenhuma das desculpas habituais.

Admito-o: não vou continuar a calar-me
porque estou farto
da hipocrisia do Ocidente;
é de esperar, além disso,
que muitos se libertem do silêncio,
exijam ao causador desse perigo visível
que renuncie ao uso da força
e insistam também para que os governos
de ambos os países permitam
o controle permanente e sem entraves,
por parte de uma instância internacional,
do potencial nuclear israelense
e das instalações nucleares iranianas.

Só assim poderemos ajudar todos,
israelenses e palestinos,
mas também todos os seres humanos
que nessa região ocupada pela demência
vivem em conflito lado a lado,
odiando-se mutuamente,
e decididamente ajudar-nos também.

Tradução para o português: Baby Siqueira Abrão.



 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ilan Pappé: As perspectivas de solução para o conflito Israel-Palestina

por Jair de Souza

Em 2010, o brilhante professor e humanista israelense Ilan Pappé deu uma palestra magnífica sobre o significado do sionismo: suas características inerentemente colonialistas e racistas.

Ilan Pappé observou como é enganosa a ideia propalada por certos círculos da “esquerda” europeia de que entre os sionistas israelenses há forças democráticas de esquerda que estariam interessadas em chegar a uma solução justa com os palestinos.

Ilan Pappé deixou patente que não há diferenças significativas no comportamento colonialista e racista tanto da direita como da “esquerda” sionistas. Ambas correntes compartilham igualmente o objetivo e o desejo de livrar-se da presença do povo palestino nativo. A única grande diferença está em que a “esquerda” sabe manipular as palavras muito mais habilmente que seus pares direitistas. Daí que, para os que lutam realmente para o fim do colonialismo naquela região, esta “esquerda” seja até mais perigosa do que a direita aberta e declarada, uma vez que, com seu palavreado ardiloso, ela consegue neutralizar boa parte da intelectualidade europeia, que parece contentar-se tão somente com palavras de efeito, independentemente da realidade sobre o terreno.

Para Pappé, a luta contra o colonialismo e o racismo na Palestina exige que o combate seja feito primeira e abertamente contra a ideologia que o impulsa, sustenta e ampara, ou seja, contra o sionismo. Sem a derrota ideológica do sionismo não há perspectivas de paz e justiça na Palestina.

Como Pappé tratou de várias questões de fundamental importância (em minha opinião) para o desenvolvimento do trabalho de solidariedade com a luta anticolonialista do povo palestino, resolvi traduzir e legendar a memorável palestra de 2010. Dividi-a em quatro partes, que compartilho com vocês, leitores do Viomundo.






quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Israel promovendo a limpeza étnica palestina

As demolições de casas palestinas continuam. Os palestinos de Jerusalém Oriental estão sendo despejados e suas casas continuam sendo demolidas.
É a limpeza étnica palestina.
O vídeo adiante mostra com riqueza de detalhes a forma como a polícia israelense age para praticar tamanha injustiça e crueldade.
No Oriente-se

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Irã e a III Guerra Mundial


Mauro Santayana, extraído do JB online:

por Mauro Santayana

O jornalista e escritor britânico Douglas Reed, que morreu em 1976, pode ter sido um dos homens mais alucinados do século 20, como dizem seus biógrafos. Combatente na Primeira Guerra Mundial, quando ficou gravemente ferido no rosto, ele se fez jornalista e correspondente do Times de Londres em vários paises da Europa. Em seus despachos de Berlim, se destacou como  corajoso e violento anti-nazista. Foi o primeiro não comunista a denunciar a farsa do incêndio do Reichstag, acusando pessoalmente Hitler de ter sido o responsável pelo ato de provocação.


Quando se deu conta de que viria o Anschluss (a anexação da Áustria à Alemanha), ele,  então em Viena, escreveu, em poucas semanas,  seu livro mais conhecido, Insanity Fair publicado em Londres em 1938. Nele, advertiu contra a tolerância em favor de Hitler, e previu a imediata eclosão da 2ª. Guerra Mundial. Meses depois, com a capitulação das potências européias em Munique, no caso dos sudetos,  deixou de trabalhar para o Times, cuja posição era também apaziguadora.


A partir de 1940, Reed se tornou  anti-sionista -  não anti-semita. Mas aceitou a tese conspirativa e fantasiosa de que os comunistas e os sionistas eram aliados para dominar o mundo. Para ele, os nazistas favoreciam os sionistas, ao transformar os judeus em vítimas. Em seus artigos, previu que o Estado de Israel, a ser criado na Palestina, como determinava o projeto sionista de Max Nordau e Theodor Herzl, viria a ser o germe da grande conspiração para o domínio sionista do planeta, mediante um governo mundial.


Enfim, aceitava a famosa manipulação do “Protocolo dos Sábios de Sião”. Logo depois do armistício de 1945, previu que esse governo mundial seria  dotado de armas atômicas, como propusera o banqueiro e assessor de Roosevelt,  Bernard Baruch, também filho de judeus  de origem européia. De acordo com o Plano Baruch, nenhum outro país, além dos Estados Unidos, deveria desenvolver armas atômicas. O congelamento sugerido foi rejeitado com vigor pelos soviéticos.


Mas a citação de Reed nesta coluna se deve a uma frase profética do posfácio que acrescentou à edição original de Insanity Fair. Reed conta que, ao visitar a então Tchecoslováquia, pouco antes do Tratado de Munique, se deu conta de que os seus soldados estavam mobilizados na fronteira, contra a prevista invasão do território pelos alemães – e contavam com a Inglaterra, mais do que com a França, para resistir. Enquanto isso, diz Reed, os ingleses abandonavam os tchecos. Naquele momento, deduziu o escritor, o mais poderoso império da História – o britânico – entrava em sua inexorável fase de declínio. Reed registra, na frase inquietante, a sensação de que o desastre era desejado, ao dirigir-se a seus compatriotas: “E até onde eu posso entender vocês, parecem desejar que isso ocorra”.


Advertiu que ao apoderar-se de países vulneráveis, mas senhores de matérias primas, de energia,  de mão de obra e de soldados, a Alemanha se faria inexpugnável, invulnerável e  invencível, e dominaria toda a Europa – o que viria a ocorrer fora das Ilhas, até a virada em Stalingrado.


Outras são as circunstâncias de nosso tempo, mas a insanity fair parece a mesma. Se a Palestina é muitíssimo mais indefesa do que era a Tchecoslováquia de Benes e Hocha, o Irã é sempre a Pérsia. Ao não reagir contra as perspectivas de um conflito, os europeus de hoje, como os ingleses de Eden e Chamberlain, parecem desejá-lo. Talvez suponham que possam associar-se aos norte-americanos no governo do mundo. Mas o tempo de Baruch passou. Hoje, se os Estados Unidos, a Grã Bretanha, a França – e até Israel – dispõem de armas nucleares, a Rússia, a Ucrânia, a China, o Paquistão e a Índia também as têm.


Os arsenais do Pentágono dispõem de armas para destruir o mundo, mas não de recursos humanos e bélicos para a conquista e domínio do planeta.            É bom, no entanto, anotar uma das profecias de Reed, ao analisar o Plano Baruch, e o associar ao sionismo. Segundo Reed, haveria uma Terceira Guerra Mundial, com a criação de um governo planetário, a ser imposto e exercido pelos sionistas. É uma profecia perversa e, como podemos supor, improvável. Primeiro, porque surgem em Israel e nos Estados Unidos  vozes de bom senso, que advertem contra esses arquitetos do apocalipse. Quando Meir Dagan, ex-dirigente do Mossad – a agência de espionagem e contra-espionagem de Israel, mais eficiente do que a CIA – diz, em palestra na Universidade de Tel-Aviv, que um ataque ao Irã é “uma idéia estúpida”. Dagan advertiu que qualquer iniciativa militar contra Teerã conduzirá a uma guerra regional, com gravíssimas conseqüências para todos. É sinal de que alguma coisa  muda em Israel.  Mas não  apenas em Israel. Nos Estados Unidos, alguns chefes militares também tentam convencer o presidente Obama  – a cada dia mais servidor dos belicistas do Pentágono – de que um ataque ao Irã poderá levar a uma nova guerra mundial, e de resultados imprevisíveis.


Em artigo publicado pelo New York Times de 14 deste mês, o general John.H.Johns  deixa bem claro o perigo, ao afirmar que um ataque ao Irã seria repetir a aventura do Iraque, com mais dificuldades ainda, e que o país dispõe de meios militares para rechaçar qualquer ataque. Opinião semelhante é a do general Anthony Zinni, outro respeitado chefe militar. Como sempre ocorre, ele e Johns são hoje oficiais reformados.


Informa-se também que chefes militares da ativa estiveram recentemente com Obama, a fim de demovê-lo de apoiar qualquer iniciativa bélica de Israel contra o Irã. Obama balançou os ombros.


A principal mudança, no entanto, é a tomada de consciência de grande parte dos cidadãos dos Estados Unidos e de Israel de que o inimigo não está fora de suas fronteiras, mas dentro delas. As desigualdades sociais e a angústia em que vivem, em estado de guerra permanente, levam o povo às ruas. Em Israel, cerca de 500.000 pessoas foram às ruas contra o desemprego, a corrupção e o enriquecimento de poucos, diante das crescentes dificuldades da maioria. Os protestos nos Estados Unidos aumentam, apesar da repressão violenta.


E é nesse quadro geral que os Estados Unidos buscam uma aproximação maior com a Argentina, com o propósito bem claro de reavivar a antiga desconfiança entre aquele país e o Brasil. Não é a primeira vez, embora esperemos que seja a última, em que Washington atua em busca da cizânia entre os dois maiores países da América do Sul. Não parece provável que obtenham êxito. Nos últimos anos, argentinos e brasileiros começaram a entender que estão destinados a viver em paz, e unidos na defesa de seus interesses comuns, que são os do continente.

sábado, 5 de novembro de 2011

Entendendo a Agressão de Israel e EUA ao Povo Palestino


          Durante muitos séculos não houve conflito algum no Oriente Médio. Até o Século XIX a terra da Palestina era habitada por uma população multicultural – atingindo aproximadamente 86% de muçulmanos, 10% de cristãos e 4% de judeus em meados do século XIX – vivendo em paz.




A região em 1917, antes da criação de Israel


O Sionismo
No final do século XIX, um grupo na Europa decidiu “colonizar” aquela terra. Conhecidos como Sionistas, aquele grupo compunha uma pequena minoria do povo judeu. A vontade última do movimento sionista era criar um Estado Judeu, cogitando lugares na África e nas Américas antes de se decidir pela Palestina.
          A migração de judeus da Europa para a Palestina, no início, não causou problema algum. Contudo, à medida que mais e mais Sionistas migraram para a Palestina – muitos com o desejo expresso de tomar posse da terra para criar um Estado Judeu – a população local ficou alarmada. Num determinado momento a luta começou e ondas de violência se tornaram crescentes. A subida de Hitler ao poder na Europa e as atrocidades nazistas, combinadas às atividades sionistas de sabotagem aos esforços de alocação de refugiados judeus em países ocidentais conduziram a uma escalada na migração daquele povo para a Palestina. O conflito cresceu.

O Plano de Partilha da ONU

         Em 1947, finalmente, a ONU decidiu intervir. Contudo, ao invés de adotar o princípio democrático esposado décadas antes por Woodrow Wilson, de “auto-determinação dos povos”, pela qual os povos criariam seu próprio Estado e sistema de governo, a ONU escolheu reverter ao princípio medieval segundo o qual um poder externo decide a partilha da terra de outro povo.

          Debaixo de considerável pressão sionista, a ONU recomendou a cessão de 55% da Palestina ao novo Estado Judeu – apesar do fato de aquele grupo representar à época cerca de 30% do total da população e possuía menos de 7% da terra.



A partilha de 1947
A Guerra de 1947 – 1949
          Embora seja ampla e corretamente relatado que aquela Guerra, num dado momento, incluiu 5 Exércitos Árabes, menos conhecido é o fato de que durante aquela Guerra as forças judias mantiveram uma superioridade numérica de 3 judeus contra 1 árabe. Mais: ao contrário do que reza o senso comum incentivado pela propaganda os Exércitos Árabes jamais invadiram Israel. Todos os combates se deram em território que deveria ser o Estado Palestino – jamais reconhecido ou respeitado pelo Estado de Israel.
          Finalmente, é de alta relevância ressaltar que os Exércitos Árabes só entraram no conflito após as forças do Estado de Israel haverem cometido 16 massacres, incluindo o brutal massacre de 100 homens, mulheres e crianças em Deir Yassin. O futuro Primeiro-Ministro de Israel, Menachen Begin, líder de grupos terroristas, chamou aquele episódio de “esplêndido ato de conquista”, acrescentando: “em Deir Yassin, como em toda a parte, vamos atacar e massacrar o inimigo. Deus, Deus, O Senhor nos escolheu para a conquista”. Com esta filosofia em mente, forças Sionistas cometeram mais de 30 massacres a Palestinos até 1949.
          Ao final da Guerra, Israel havia conquistado 78% do território da Palestina; 75 milhões de Palestinos se transformaram em refugiados; mais de 500 cidades e aldeias foram destruídas; um novo mapa foi desenhado, no qual todas as cidades, todos os rios e montes receberam um novo nome em hebraico e todos os vestígios da cultura secular dos palestinos foram obliterados. Por muitas décadas o Estado de Israel negou até mesmo a existência da população palestina. A ex-primeira-ministra Golda Meir uma vez disse; “Não existe essa coisa de ‘Palestino’”.

 
Entre 1948 e 1967 - A Palestina vai sendo fagocitada por Israel


A Guerra de 1967 e o “USS Liberty”
Em 1967 Israel conquistou ainda mais território. Na sequência da Guerra dos Seis Dias, durante a qual forças israelenses lançaram um ataque bem-sucedido ao Egito, Israel ocupou um adicional de 22% do território Palestino, segundo as Fronteiras Internacionais decididas pela ONU em 1948 – na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Uma vez que as Leis Internacionais consideram inadmissível adquirir territórios através de Guerra, estes são territórios ocupados, não pertencem a Israel. Durante aquele conflito, Israel ocupou ainda partes do Egito – já devolvidas – e da Síria – as Colunas de Golam – até hoje ocupadas por Israel.
Um episódio grave e pouco divulgado foi o ataque de Israel a um navio estadunidense, o “USS Liberty”. 200 profissionais estadunidenses foram mortos no episódio. A respeito do episódio, o presidente Lyndon Johnson declarou, relembrando vôos de resgate e o apoio dos EUA a Israel, que “não é interessante causar embaraços a um aliado”; o episódio foi suprimido das notícias e livros de história...
(Em 2004, uma comissão de alto nível, dirigida pelo Almirante Thomas Moorer, declarou ser aquele “um ato de guerra contra os Estados Unidos da América", fato pouquíssimo noticiado pela mídia, se o foi...).

Após a Guerra - Seis países Árabes ocupados por tropas Israelenses


O Conflito Recente

Há duas questões primárias, que estão na raiz destes conflitos contínuos desde a criação do Estado de Israel até o dia de hoje:

1 – O efeito desestabilizante de se manter um Estado com preferências étnico-religiosas, particularmente quando é massiçamente composto por um povo de origem externa – a população original do que é hoje Israel era composta por 96% de muçulmanos e cristãos. Nos territórios ocupados por Israel, refugiados muçulmanos e cristãos são proibidos de retornar a suas casas e aqueles que vivem no Estado de Israel são submetidos a sistemática discriminação.

No magnífico documentário “Peace, Propaganda and The Promised Land”, dirigido por Sut Jhally e contando com a participação de intelectuais e ativistas judeus, ocidentais e palestinos, percebe-se como é difícil a vida dos palestinos nos territórios ocupados; entre complicações mil, particularmente relativas ao estrangulamento econômico e ao vandalismo praticado por Israel contra todos os aspectos de representação cultural palestina, ressalta-se:

_ destroem-se bairros inteiros de casas palestinas – sob a falsa alegação de se tratar de “retaliação” a homens-bomba – a fim de que se construam luxuosos condomínios israelitas.
_ o fornecimento da vital água corrente às populações nativas restringe-se a 2 horas por semana enquanto, nos vizinhos condomínios judeus fechados mantém-se piscinas e regam-se plantas ostensivamente todos os dias.
_ é verdade que os palestinos têm controle sobre suas próprias casas durante algum tempo (jamais sabem quando suas vivendas podem ser consideradas “de interesse da segurança nacional de Israel” e assim perder seu direito a moradia) contudo, todas a estradas e passagensdentro do território que em 1948 a ONU decretou ser o Estado Palestino mas Israel jamais respeitou, são controladas por Israel. Um quadro que é descrito como se tivéssemos controle sobre os cômodos de nossa casa mas, a cada vez que precisássemos sair de um cômodo a outro precisássemos da relutante autorização de soldados e fiscais estrangeiros que controlam todos os corredores.
2 – Os habitantes palestinos resistem como podem à contínua ocupação militar israelense e o confisco de propriedades fundiárias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Estes espaços, reduzidos em 22% do que foi decidido pela ONU em 1947, deveriam se tornar o Estado Palestino, segundo os acordos de paz de Oslo, de 1993. Contudo, uma vez que Israel não apenas posterga há já 15 anos o cumprimento dos Acordos de Oslo como vem ampliando o confisco e a ocupação de terra naqueles territórios, os palestinos se rebelam.
          Os judeus moderados apontam estas táticas do Estado de Israel como potencialmente anti-sionistas. Esclarecem que há grupos anti-sionistas capazes de perpetrar atos realmente danosos contra os judeus em escala mundial e a postura agressiva do Estado de Israel, desrespeitando os direitos humanos, praticando crimes de guerras em base cotidiana e desrespeitando a legislação internacional há décadas, contribui violentamente para macular a imagem dos judeus no mundo.

O que resta da Palestina hoje... 

O envolvimento dos EUA
Noam Chomsky, filósofo judeu estadunidense, menciona, em “O Império Americano”, um episódio emblemático: em meados da década de 90, helicópteros israelenses mais uma vez reduziram a escombros duas aldeias palestinas pacíficas na fronteira norte do país, fronteira com o Líbano. Os palestinos reclamaram na ONU o uso de helicópteros “Apache” estadunidenses no massacre a populações desarmadas. O então presidente “democrata” norte-americano Bill Clinton tomou uma medida exemplar (contra a ONU e os Palestinos, como de hábito): mandou mais 5 helicópteros “Apache”, além de pessoal para treinamento das forças israelenses, possibilitando o aumento da eficácia em futuros massacres.
Segundo estimativa de Sut Jhally no documentário acima citado, os EUA enviaram a Israel, entre 1948 e 2008, mais de 100 trilhões de dólares! Anualmente, o contribuinte estadunidense subvenciona o genocídio dos EUA e Israel contra a população palestina em valores anuais de U$ 7 milhões. Certa feita o Governator Arnold Schwarzenegger, se queixou: a administração federal estava enviando mais recursos a Israel do que à Califórnia!
Enquanto os EUA apoiarem e Israel praticar a mais longa ocupação militar da história moderna, esta perpetrada na Cisjordânia e Faixa de Gaza, as chances de paz estão minimizadas.
Confira, no vídeo abaixo, as opiniões de Norman Finkelstein, um intelectual e ativista pela paz entre judeus e palestinos, sobre a ocupação e as brutalidades praticadas por EUA/Israel contra os Palestinos:

O Cachete