Debate
da Bandeirantes: Marina mostra coerência e faz veemente protesto contra
quem critica as elites brasileiras; defende Neca do Itaú e elogia
empresário dono da Natura, 'uma pessoa que dedicou a vida ao
desenvolvimento sustentável', diz ela
Debate
Bandeirantes: Dilma afoga Marina em evidências de que os pactos
propostos pelo governo após os protestos de 2013 resultaram em ações
relevantes: Mais Médicos; royalties do pré-sal à educação e saúde;
investimentos em mobilidade e proposta de plebiscito para a reforma
política
Debate
Bandeirantes: Aécio Neves criticou a 'gestão da Petrobrás' e levou uma
saraivada de Dilma: empresa vale hoje sete vezes mais do que no governo
do PSDB e o pré-sal que tucanos menosprezaram já produz 540 mil
barris/dia
Aécio
critica plebiscito para a reforma política e insinua bolivarianismo;
Dilma fuzila: 'é estarrecedor taxar plebiscito de bolivarianismo; então
a Califórnia é bolivarianista?'
Ibope:
com 29% das intenções de voto, Marina esfarela Aécio, que cai para 19%,
mas fica cinco pontos abaixo de Dilma (34%) no 1º turno. No 2º turno
Ibope diz que Marina ganharia 16 pontos e Dilma só dois. A ver
Fonte: Carta Maior
Professores da
Universidade Estadual de Campinas rebatem declaração de Eduardo
Giannetti, atual assessor econômico da presidenciável Marina Silva
(PSB), que chamou instituição de “produto típico do regime militar” e
defendeu que o ensino seja pago para os que podem arcar com as
mensalidades; “o assessor liberal de Marina tem o discurso novo de um
velho conhecido: o Estado mínimo”, responderam os professores
247 – Professores da Unicamp reagiram às recentes
declarações de Eduardo Giannetti, atual assessor econômico da candidata à
presidência, Marina Silva (PSB) sobre a instituição.
Segundo ele, a Unicamp é um “produto típico do regime militar”. Ele
se referia à formação dos economistas da Universidade Estadual de
Campinas, que tenderiam a defender a regulação da economia pelo Estado.
Ele defendeu ainda que o ensino seja pago nas universidades públicas
aos estudantes que podem pagar, como “os que fizeram nível médio em
escola particular”.
As declarações provocaram uma reação de professores da Unicamp, que saíram em defesa da instituição.
Leia abaixo o texto:
Eduardo Giannetti e a intolerância de um liberal
Em evento organizado na última segunda-feira pela consultoria
Empiricus (que vem se notabilizando pelo pessimismo militante e
previsões sobre o “fim do Brasil”), o porta-voz econômico da candidatura
do PSB afirmou: “A Unicamp é um produto típico do regime militar”. O
professor Eduardo Giannetti é um intelectual sofisticado, filósofo e
economista, assumidamente um liberal – que a princípio defende e
respeita a pluralidade de pontos de vista. Nesse episódio, esteve mais
próximo de gente bem menos refinada, como o blogueiro Rodrigo
Constantino.
De acordo com o relato da Rede Brasil Atual, quando questionado sobre
a formação dos economistas do governo, suas palavras foram: “O regime
militar é culpado disso (…) um grupo que se fecha religiosamente em
torno de um pensamento desconectado do mundo”.
Indo além, sacou da cartola um suposto seminário “em 1978” em que
Celso Furtado teria sido desqualificado em Campinas, com suas ideias
consideradas “de interesse da ‘burguesia’, enquanto a preocupação dos
presentes ao encontro seria‘a luta de classes, o imperialismo’”. Como
cereja do bolo, teria afirmado que “o bolchevismo não aparece em países
democráticos”.
Salvo algum engano do repórter, lamentamos o tom e os termos. Mas
antes de tudo não conseguimos compreender o raciocínio do especialista
em ideias econômicas. A desqualificação que procura obstruir o debate
vem baseada em desconhecimento da instituição que critica de forma
rasteira.
Celso Furtado foi o ponto de partida das reflexões originais dos
fundadores do instituto, é Doutor Honoris Causa por esta instituição e
parece pouco provável que suas ideias tenham algum dia sido contestadas
aqui com este nível de argumento. Nem por este lado. A propósito, falar
em “bolchevismo” e recorrer a este suposto episódio levanta a dúvida
sobre quem está de fato com a cabeça em décadas passadas.
A Unicamp foi um dos centros que aglutinou o pensamento crítico
brasileiro durante o período militar. Assim como outros economistas hoje
no campo liberal – como Edmar Bacha e Pedro Malan, por exemplo – seus
professores discutiram rigorosamente o significado das opções econômicas
da ditadura e denunciaram seu caráter excludente. Ao contrário de
“fechamento”, o que marcou a instituição naquele período de pouca
abertura para a contestação foi sempre a busca do debate público, a
explicação da realidade brasileira e de seus problemas reais. E assim se
manteve ao longo das décadas seguintes, em vários outros temas.
Se o conteúdo destas explicações hoje desagrada a quem não participou
daquele debate, é outro problema. Discordamos de Giannetti e do
discurso do “Estado que não cabe no PIB”, da privatização dos bancos
públicos e da redução dos gastos sociais. Mas jamais vincularíamos suas
ideias à falta de inteligência ou a motivações religiosas. Muito pelo
contrário, são claros os interesses econômicos e financeiros a sustentar
tais posicionamentos.
Além disso, a pluralidade política dos economistas da Unicamp
desautoriza qualquer generalização ou associação direta. No instituto
estudou a presidenta da República, mas também quadros que serviram a
outros governos antes de 2003. São professores da casa o atual
presidente do BNDES e o ministro da Casa Civil, mas também tiveram
grande importância em sua história José Serra e Paulo Renato Costa
Souza.
Do ponto de vista teórico, o curso de Economia, conhecido por
apresentar Marx e Keynes a seus alunos, também estuda obviamente Hayek,
Friedman e seus discípulos mais recentes. A existência de um eixo
teórico que organiza o curso não significa bloqueio ou desconhecimento
de outras abordagens.
Quem faz isso, aliás, é a maioria das escolas convencionais de
economia, em atitude muito questionada nos últimos tempos. Se estar
“conectado” significa este tipo de postura, agradecemos mas rejeitamos o
conselho.
No final das contas, a caricatura geralmente feita dos economistas da
Unicamp revela uma vontade de reinar sozinho em um debate onde só há
uma alternativa, a do liberalismo econômico. E que todos que pensem
diferentes sejam desqualificados. A “nova política”, no caso específico
da política econômica, tem como ingrediente principal um velho
conhecido: o Estado Mínimo.
Luiz Gonzaga Belluzzo
Ricardo de Medeiros Carneiro
André Biancarelli
Pedro Rossi