Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Se o Estadão pode…

Há milhões de coisas a dizer sobre a entrevista coletiva que o presidente Lula concedeu aos auto-proclamados blogueiros progressistas. Antes, porém, há que abordar os ataques da grande imprensa a eles.
Diante das críticas a esses setores da imprensa que permearam tal entrevista coletiva, esse colegiado de impérios de comunicação passou recibo do fato de que surgiu um ente capaz de se contrapor ao seu engajamento político na oposição partidária ao governo federal.
Essa grande imprensa que teve que ficar do lado de fora do Palácio do Planalto enquanto acontecia uma entrevista coletiva do presidente da República a simples blogueiros – alguns sem formação jornalística, como este que escreve –, não hesitou e partiu furiosamente para o ataque contra eles.
Globo, Folha de São Paulo e Estadão – além de jornais menores, de algumas tevês abertas (como o SBT) e de todos os portais de internet – evitaram abordar as questões feitas a Lula. No máximo, como no caso da Folha, fizeram alguns comentários laterais sobre os temas abordados, mas se concentraram no suposto viés “chapa-branca” dos blogueiros.
Quando saímos do Palácio do Planalto por volta da hora do almoço do último dia 24 – tendo chegado lá por volta das oito horas da manhã –, repórteres de O Globo e da Folha nos esperavam.
O jovem repórter da Folha que nos entrevistou, chama-se Breno Costa. Ele escreveu o seguinte:
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Em entrevista a blogs pró-governo, Lula faz críticas à imprensa
Presidente diz que mídia praticou “leviandades” e “inverdades” contra ele e diz que vai virar blogueiro
Dos 10 blogs escolhidos para sabatina, 8 apoiam governo; petista critica Serra por agressão na eleição, e tucano revida
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Na primeira entrevista já concedida a um grupo de blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os entrevistadores se uniram nas críticas à grande imprensa.
Dez blogueiros autoclassificados “progressistas” participaram da entrevista, de duas horas, na manhã de ontem no Palácio do Planalto.
Um dos blogueiros, Altamiro Borges, é filiado ao PC do B. Outro, conhecido como “Sr. Cloaca” [ele não revela o nome], é assessor de imprensa de político do PT no Rio Grande do Sul, cujo nome também não revelou.
O blog Amigos do Presidente Lula, que não estava na lista divulgada pelo Planalto, também participou. O Planalto disse que o blog não entrou na lista por “erro”.
Dos 10 sites, 8 têm como linha a defesa do governo Lula e se alinharam, na eleição, à candidatura de Dilma Rousseff, reproduzindo uma série de ataques ao candidato do PSDB, José Serra. Os outros têm uma linha mais neutra.
O blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem Mídia, que já fez protestos em frente à Folha, citou a sigla “PIG”. Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzi-la a Lula: “PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista”.
Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que não lê jornais e revistas, mas que, quando sair da Presidência, vai “reler tudo”.
“Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito, quantas coisas que não foram ditas.”
Ainda sobre a relação com a imprensa, disse que “o jogo não é fácil”. “Sobretudo quando você não quer se curvar.” Afirmou que órgãos de imprensa se assustaram com sua popularidade “pois trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso”.
Para Lula, que prometeu virar “blogueiro e tuiteiro”, “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”.
O presidente voltou a defender uma regulação da mídia, mas rechaçou a ideia de censura. Ele quer entregar ao menos um esboço de marco regulatório para o setor.
Lula ainda disse que o pior momento vivido em seu governo foi o dia do acidente da TAM, em São Paulo, que deixou 199 mortos. “Nunca vi tanta leviandade”, disse, sobre a cobertura da mídia.
Afirmou que sentiu “alívio” ao descobrir que não houve falha do governo e que o acidente tinha sido provocado, essencialmente, por erro humano. “Foi uma sensação de alívio por ter descoberto a verdade.”
SERRA
Lula também retomou o episódio da agressão a Serra por militantes ligados ao PT em ato de campanha no Rio.
Ele voltou a dizer que o tucano simulou uma agressão grave, e se disse “decepcionado” com a Globo. “Foi uma cena patética, uma desfaçatez. Fiquei decepcionado [com a Globo] porque quiseram inventar uma outra história, um objeto invisível que até agora não mostraram.”
Serra, que estava ontem em Brasília, respondeu. “Como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim, inclusive está filmado, e o presidente sabe disso.”
O tucano continuou: “Lula talvez já tenha começado sua campanha para 2014, dizendo mentiras inclusive”.
IRÃ E STF
Lula defendeu a relação com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e tentou explicar a posição do iraniano sobre o holocausto. “Ele explicou que o que quis dizer, na verdade, era que morreram 70 milhões de pessoas na Segunda Guerra, e parece que só morreram judeus”, disse.
Ele afirmou que deixará a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para Dilma Rousseff, no caso de o Senado não sabatinar o escolhido até o próximo dia 17, quando o Congresso entra em recesso.
Luís Inácio Adams, a advogado-geral da União, e Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça, são os mais cotados.
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O que o editor deste blog disse ao jovem repórter Breno, porém, não saiu na matéria que ele fez. Começou a entrevista comigo perguntando se seria válido fazermos uma entrevista tão pouco questionadora ao presidente.
A resposta foi a de que não haveria sentido em os blogueiros fazerem o mesmo que a grande imprensa fez durante oito anos ininterruptos e a de que se o Estadão pode apoiar explicitamente um político, como fez ao declarar voto em José Serra durante a recente campanha eleitoral, blogueiros também podem.
Não se viu algum desses grandes jornais dizer sobre o Estadão o que disseram Folha e O Globo – este, mais virulento, tratou de insultar o blogueiros, chamando-os de “chapas-brancas” e dizendo que o que fazem “não é jornalismo” – apesar de o centenário jornal paulista ter se engajado na campanha do candidato tucano.
O jovem repórter Breno também me fez a indefectível questão sobre os blogueiros defenderem “censura” à imprensa. Disse a ele que isso era uma bobagem, até porque o lema do Movimento dos Sem Mídia é “Que a mídia fale, mas não me cale”.
Quando o signatário deste blog ponderou que enquanto a mídia afirma que o governo Lula pretenderia censurá-la o Brasil sobe 13 posições no ranking de liberdade de imprensa da ONG internacional “Repórteres sem fronteiras”, o repórter da Folha terminou a entrevista.
Esses meios de comunicação também usaram uma outra estratégia para darem um ar bisonho aos blogueiros que entrevistaram Lula. Escolheram o impagável Willians de Barros, o “senhor Cloaca”, como “logotipo” da Blogosfera.
O Globo nos chamou ontem, aos blogueiros, de “Cloaca e outros amigos” de Lula. E destacou o suposto caráter “apócrifo” do blog Cloaca News. A Folha, hoje, usa a entrevista que também fez com Barros na porta do Palácio do Planalto para acusá-lo de partidário.
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Entrevista a blogueiros não foi chapa-branca, diz “Sr. Cloaca”
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Convidado para o encontro do presidente Lula com blogueiros que se classificam como “progressistas”, o publicitário William Barros, que se apresenta na internet como “Sr. Cloaca”, afirmou que o evento “não foi uma entrevista chapa-branca”.
Ele disse que o tom da conversa, marcada por elogios ao governo e ataques à imprensa, surpreendeu. “Achavam que seria chapa-branca, inclusive os leitores dos blogs. Mas não foi!”
Barros escreve no blog “Cloaca News”, cujo subtítulo é “As últimas do jornalismo de esgoto”. A página se dedica a defender Lula e a atacar políticos de oposição.
O tópico mais citado é “José Serra”: até ontem, havia 142 posts contra o tucano. Outro alvo preferencial são os veículos de comunicação, chamados de “imprensa golpista” e “máfia midiática”.
O blogueiro assessora políticos do PT-RS, mas evitou o assunto. “Não é importante, não sou famoso. Famoso é o Sr. Cloaca”, disse. O site tem link para o portal do futuro governo de Tarso Genro (PT).
Animado, ele se posicionou ao lado de Lula para a foto oficial. Após o clique, deixou o Planalto gabando-se da notoriedade instantânea. “O Lula me chamou depois… “Vem cá, ô Cloaquinha!’”
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O dicionário Houaiss explica o tom jocoso usado por esses jornais em relação ao “Senhor Cloaca”. O dicionário define assim o substantivo feminino cloaca:
1 fossa, canal ou cano destinado a receber dejeções
2 coletor de esgoto
3 vaso sanitário; latrina
4 escoadouro de águas; vala, sarjeta
5 depósito de imundícies; monturo
6 tudo o que é imundo, que tem mau cheiro
7 nos anfíbios, répteis, aves e muitos peixes, câmara comum onde os sistemas digestivo, excretor e reprodutor descarregam seus produtos
A tentativa é a de transformar a inteligente sátira que faz o blogueiro Willians de Barros em uma espécie de caráter “sujo” dos blogueiros. É uma variante da qualificação de Serra sobre “blogueiros sujos”.
O mais interessante é que, ao atacar os blogueiros que entrevistaram Lula sem lhes dar espaço para se manifestar, essa dita “grande imprensa” provoca curiosidade em seu público. Há pelo menos um ano que ela faz isso e, enquanto faz, o blogs vão ganhando audiência.
Os blogueiros temos tanto direito quanto o Estadão de manifestar nossa posição política. Não existe nada de anti-jornalístico ou “chapa-branca” no trabalho que fazemos, porquanto deixamos clara a nossa posição tanto quanto o centenário jornal paulista. Somos, Estadão e blogueiros, bem mais honestos do que Folha e O Globo.

Entrevista de Lula a blogueiros de esquerda causa ódio no PiG, seus jagunços e bobos da corte


Lula deu uma entrevista histórica a alguns blogueiros assumidamente de esquerda que, assim como eu, ajudaram a furar o bloqueio do PiG (Partido da imprensa Golpista) a favor do candidato da extrema-direita, o Zé Aborto, nas últimas eleições.

Essa atitude do nosso Presidente da República, obviamente, causou profunda irritação nos donos do PiG, seus jagunços amestrados e também nos bobos da corte neoliberal.

O panfleto tucano Folha de S.Paulo reclamou e causou estranheza na Secretaria de Imprensa da Presidência da República ao questionar sobre quando “exatamente os blogueiros pediram a entrevista com o presidente Lula e quando tiveram a resposta positiva. “Uma pergunta inédita. O Presidente já concedeu 960 entrevistas à imprensa ao longo dos dois mandatos. A Folha nunca teve a mesma curiosidade em relação a outras entrevistas do Presidente”, diz o Blog do Planalto.

Outro que ficou putinho da vida foi o pseudo-jornalista e dublê de DJ do Senado Ricardo Noblat, o Walter Mercado do panfletarismo anti-esquerda. Em seu blog, ele afirmou de maneira maliciosa que "avesso a entrevistas, presidente abre agenda para blogueiros chapas-brancas no palácio". Sim, Walter, nós somos mesmo chapas-brancas e não temos medo de assumir, coisa que você que também é chapa-branquíssima jamais faria, pois quebraria o "encanto" de que se trata de um profissional isento e imparcial que ainda engana meia dúzia de neonazistas e membros da Opus Dei.


Também ficou nervosinho com o fato o bobo da corte neoliberal Marcelo Tas, o ET de Varginha, o qual insinuou de maneira grosseira que a entrevista foi "um stand-up de Lula para claque de simpatizantes", sendo que em seguida entrega o ouro e demonstra o motivo de seu veneno: "Uma grande chance perdida, 'cumpanhero'".


O bobo da corte, sem querer, deixou claro o motivo de tanto ódio e revolta desse pessoal: o candidato deles, o Zé Bolinha de Papel, levou um pé na bunda da maioria da população do Brasil e, por causa disso, eles perderam a chance de serem convidados ao Planalto para entrevistá-lo!

Ou seja: é inveja pura e simples! Coitados, eu morro de dó! No frigir dos ovos a verdade é uma só. Parciais, chapas-brancas e partidários todos nós somos, à esquerda e à direita. A diferença é que nós ganhamos e eles perderam. E, como todos os mau perdedores, eles ainda estão fazendo biquinho...

Encontro com blogueiros no Palácio do Planalto

Qual cultura?


“Não me falem em anos de chumbo, aquilo foi piquenique de freiras, os anos de chumbo são hoje, aqui, agora, esta noite. Retire-se a possibilidade de sobrevivência e a vivência – e seu produto que é a cultura - rapidamente desaparece”

Como é que se pode perguntar onde foram parar os intelectuais nos últimos vinte anos, se de lá para cá destruiu-se a base material, logo a humana e ideológica, que produzia cultura?
Se não há projeto de nação? Se não há projeto de vida?
Se não há trabalho nem emprego nem futuro nem esperança?
Se não há estabilidade, apenas precarização?

Salvo, é claro, no caso do digníssimo secretário municipal de cultura, Carlos Augusto Calil, 59, servidor público há cerca de dez anos – já quase recebendo dois qüinqüênios, meus queridos!(situação inusitada para um secretário municipal, qualquer um!) Pela atual situação – que se eterniza – do secretário cultural de Sampa, pode-se avaliar a ABSOLUTA IRRELEVÂNCIA DA CULTURA na sociedade contemporânea.

Vejamos: Calil entrou em 2001, nomeado diretor do Centro Cultural São Paulo na gestão PT de Marta Suplicy por indicação de Marco Aurélio Garcia, então secretário (que logo se mandou pra Brasília); em 2005, aderiu entusiasticamente à gestão Serra do PSDB (botando abaixo muitos Céus que ele mesmo havia erguido, numa real demonstração da mais pura convicção cultural!): em 2006, o Santinho se manda, sendo substituído pelo vice Kassab (e Calil firme como uma rocha!) e, desde então, o nosso amigo atende obsequiosamente o extraordinário Kassab do inefável DEM – edil festejadíssimo: 1) Pelo esplendor incomparável da sua Parada Gay, a maior do Mundo!(já deve ter entrado para o Guiness); 2) Inventar o IPTU progressivo; 3) E mandar fazer silêncio na feira.

Como vêem as realizações abundam.

Pobre Calil, talvez eu esteja sendo um tanto injusta com ele, mas o que quero dizer é que tanto faz ser este ou aquele: é a cultura que não tem mais NENHUMA importância, percebem? Que adianta demitir cerca de 40 funcionários só entre 2008 e 2009 (através dum diretorzinho, que deve ter caído da kombi da Apae, pois confundia Centro Cultural com Playground) para botar outros no lugar, unicamente para piorar MUITO. Possivelmente ele já esteja “preparando o terreno” para a SMC se tornar outra ONG ou OS ou Assemelhada, devidamente privatizada e com dinheiro público, porque afinal de contas “o estado não funciona mesmo!”. O mecanismo é evidente: ele deixa apodrecer o espaço público e utiliza tal pretexto para privatizá-lo!

Calil também será eternizado pelas mágicas “viradas culturais”: virou a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo – a mesma fundada por Mário de Andrade – em ONG!(ou OS ou Assemelhada).

O fato é que, hoje, nenhum servidor público precisa ser competente, apenas conveniente. E um pouquinho “festeiro” – vejam o extraordinário Kassab, por exemplo.

Voltando: o resto é aviltamento e negação do real e mais terror para todos indistintamente. Mas é claro. Não há nenhuma possibilidade de florescimento cultural legítimo, pois tudo o que “floresce” é o que vegeta à sombra do vulcão privatizado.

Porque a presente conjuntura histórico-mercantilista destrói a cultura.
Porque uma época de verdadeiro brilho cultural é muito diferente disso.
Eu sei. Eu estava lá. E o fato de desenvolver eternamente uma crítica pelo negativo vai fodendo a nossa vida, a vida ela própria se tornando um exercício de vacuidade moral.

Mas esta é apenas uma das razões pelas quais a cultura (ergo a literatura, a cerâmica, a botânica) NÃO PODE DAR PÉ nas atuais circunstâncias, baby.

Maio de 68, MPB, Tom Jobim, CPC, Zé Celso, Doces Bárbaros, Milton Nascimento, Boom Literário/75, Revolução Cubana, Costa Gravas, Celso Furtado e cepalinos, Nouvelle Vague, Fellini – pensem qualquer coisa – foram produto da Pax Americana entre 50 e 80 devido ao temor do Comunismo, donde o keynesianismo, o estado investidor/provedor. Constrangido pela História, o Capital teve que dar uma chance ao homem.

Entre as décadas de 70/80, havia tesão para escrever e publicar, montar peças de teatro, filmar, pintar, fotografar, pesquisar, engendrar teses científicas, sem constrangimentos nem imperativos ideológicos/mercadológicos/institucionais, nem patrulhamento midiático, que hoje cancelam automaticamente a criação. E a crítica. Produzindo unicamente mediocridade.

E não me falem em anos de chumbo, aquilo foi piquenique de freiras, os anos de chumbo são hoje, aqui, agora, esta noite. Retire-se a possibilidade de sobrevivência e a vivência – e seu produto que é a cultura - rapidamente desaparece. Bem como os dividendos decorrentes.

A Sociedade do Espetáculo está morrendo. Por falta de Espetáculo.

E público. Espaço público.

A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura e jornalista.


Leia mais em: Esquerdopata 
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Cloaca derrota José Serra. De novo


Em editorial de capa, o jornal O Globo alertou: “Como já ensinaram Colômbia e Itália, quadrilhas acuadas respondem com técnicas de terror”.
O jornal levou a opinião ao pé da letra e, na mesma capa, respondeu com terror à entrevista do presidente Lula aos blogueiros.
Sob o título de No reino da lulosfera, escreveu: “Estava presente o blog Cloaca News, que diz publicar ‘as últimas do jornalismo de esgoto e dos coliformes fecais da imprensa golpista’”.
O Cloaca, apenas para relembrá-los, foi o autor do furo de reportagem sobre Ali Kamel, o pornoator(nenhuma relação com diretor de Jornalismo de mesmo nome).
Na página 13, o Cloaca derrotou José Serra. De novo.
Manchete de ponta a ponta: Lula recebe Cloaca e outros amigos no Planalto.
Abaixo da dobra:
Serra alerta sobre ‘herança adversa’.
 

Estudantes europeus saem às ruas contra cortes


Em Roma e em Londres, milhares de estudantes saíram às ruas semanas para protestar contra as políticas de cortes dos governos conservadores de seus países. Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Na Inglaterra, estudantes de 13 e 14 anos foram para às ruas contra as políticas do governo.
Na foto acima estamos em Roma. “Perigosos ativistas” armados com escudos de cortiça carregando títulos da literatura clássica universal caminham rumo ao Senado para “assediá-lo”, segundo os principais meios de comunicação do país. A manifestação de 3 mil estudantes das universidades romanas e sua marcha ao Senado, contra o qual lançaram ovos, foi qualificado pelo presidente da Casa como uma “vil agressão” ou como um “ato de violência”. Como se vê, três minutos de “assédio” causam muito medo nas altas esferas.

Os estudantes compreenderam que para que alguém os escute, é preciso dar espetáculo, ou dar espetáculo. Se não fizerem isso, a trágica situação vivida pela Universidade italiana não é notícia. Gennaro Carotenuto, que ensina na Universidade pública, explica que o trabalho de formação das universidades italianas se sustentou em todos estes anos em grande parte (mais de um terço) graças à dedicação de uma massa de pesquisadores contratados (24 mil) ou não (ao menos 40 mil pessoas entre 30 e 40 anos). Sobre seus ombros se apoiou a atividade didática. Gratuitamente ou com pagamentos simbólicos. Cerca de 10 mil professores se negaram este ano a seguir desempenhando suas tarefas didáticas para acabar com a hipocrisia mantida por um sistema que pretende acabar com as esperanças não apenas de uma, mas de várias gerações.

Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Esta semana, o Parlamento não aprovou o decreto lei: uma prova mais da fratura da esmagadora maioria parlamentar de que gozava Berlusconi. Um dos slogans dos estudantes retratava bem essa realidade: “Não seremos precários: o governo o é mais”. A propaganda do Palácio diz a uma geração com futuro obscuro que temos vivido acima de nossas possibilidades, retirando direitos que as gerações anteriores desfrutaram. 

No dia 17 de novembro, o mundo dos institutos e das escolas protestou. Cerca de 200 mil pessoas saíram às ruas. Irromperam no território do poder intocável: o Senado, Palácio Grazioli (residência de Berlusconi) e Praça Montecitorio (do Parlamento). 

Enquanto isso, em Londres, alguns outros milhares de estudantes voltaram às ruas para protestar contra os cortes de investimentos e aumento das taxas universitárias para até 9 mil libras esterlinas (mais de 10 mil euros). A polícia os esperava. Não devia permitir outro assalto espetacular a outro centro do poder, como ocorreu quando outro protesto tocou fisicamente a sede do Partido Conservador. Acabou encurralando uma manifestação pacífica. Grupos especiais de inteligência das forças de segurança detiveram alguns “extremistas domésticos”. O governo criminalizou o protesto e aconselhou os meios de comunicação a não alimentá-lo com o “oxigênio da publicidade”. No entanto, os ativistas reagiram. 

site Fitwatch deu conselhos sobre como agir durante o protesto: leve uma máscara, não tire fotos que possam ser usadas contra você, não leve documentos nem agendas que possam identificá-lo. Em Sheffield, Bristol, Liverpool ou Manchester, estudantes de 13, 14 anos saíram às ruas para apropriar-se do presente e arrancar o futuro das mãos do Estado. Um Estado depredador que na Letônia, na Irlanda, França, Islândia, Romênia, Portugal ou Espanha diz a seus cidadãos que o Estado social acabou. Os cidadãos pouco poderão fazer contra uma decisão que cai em cima de suas cabeças e hipoteca seu futuro se demonstrarem sua inconformidade de modo fragmentado. Mas os estudantes europeus estão demonstrando ter compreendido muito claramente que o futuro está aqui no presente e se decide agora: por isso nestes protestos em Roma e em Londres liberam a política sequestrada, a tiram para fora dos palácios e seguem lutando.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Beltrame para DG da Polícia Federal. Em SP ninguém usa cocaína ou crack




O delegado Beltrame ganhou a batalha.

Ele não acabou com o tráfico nem com o crime organizado no Rio – o que é impossível.

Mas, ele botou o tráfico para correr.

E as milícias também correram, apesar do apoio que elas deram, nas eleições, ao Marcelo Lunus Itagiba, braço direito e esquerdo do Padim Pade Cerra.

Beltrame ganhou a batalha porque pôs para funcionar a ideia que o governador Sérgio Cabral trouxe da Colômbia: as Unidades Policiais Pacificadoras.

Beltrame expulsou os traficantes das favelas.

Pôs para correr.

E quando os traficantes reagiram, ele foi para cima dos traficantes, com a ajuda do Presidente Lula.

O tráfico no Rio perdeu espaço, está desarticulado.

Assim como as milícias, uma etapa superior da organização do crime. 

Clique aqui para ler interessante artigo de Claudio Beato, na pág. 3 da Folha (*):

Beltrame ganhou a principal batalha, que foi o conceito: re-instalar o Estado na área criminosa.

O Estado tem que governar.

Com a fuga dos traficantes e a re-ocupação do espaço criminoso, surgirão problemas sérios.

Para onde vão os traficantes foragidos ?

Numa entrevista à RecordNews, o senador Marcelo Crivella chamou a atenção deste ordinário blogueiro para o deslocamento dos traficantes das favelas ocupadas pelas UPPs para cidades próximas ao Rio.

Beltrame vai ter que ir atrás deles lá, também.

Como desarticulou as milícias fora do Rio.

(Será essa a razão para o Marcelo Lunus Itagiba não se re-eleger deputado federal ?)

Também muito importante: a relação republicana que Sérgio Cabral manteve com Beltrame.

Não há no Governo Sérgio Cabral nomeação política de chefe de delegacia ou de comando da Polícia Militar.

E a população do Rio gosta do trabalho do Beltrame.

O que ajudou a re-eleger Sérgio Cabral.

Beltrame também vai atrás de criminoso do colarinho branco.

E aí, de novo, ele esbarra em interesses políticos que começam a se afligir com a ação destemida do Secretário de Segurança do Rio.

Dilma já disse que vai ampliar o conceito de UPPS pelo Brasil afora.

Dilma poderia devolver à Polícia Federal a característica republicana, que se foi para Portugal, no avião com Paulo Lacerda.

(Uma das – poucas – páginas cinzentas do Governo Lula.)

O substituto de Lacerda, Luiz Fernando Corrêa, foge de crime do colarinho branco como foge do áudio grampo.

E se dedica a perseguir o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

Clique aqui para ler “Delegados federais aplaudem Mercadante quando elogia Protógenes – frente do Corrêa ”.

Já ouvi dizer que a Dilma vai nomear o Ministro da Justiça e o Diretor Geral da Polícia Federal.

Ou seja, o Ministro da Justiça NÃO vai nomear o DG da Polícia Federal.

É da cota dela.

Foi o que fez o Dr Tancredo.

Quando chamou o sábio Fernando Lyra para Ministro da Justiça já disse, ali, no ato, quem ia ser o DG da Polícia Federal.

O Diretor Geral da Policia Federal é importante para combater o crime.

Mas, o DG da Polícia Federal também pode chantagear, constranger o Presidente da República.

O Fernando Henrique Cardoso poderia dar um bom depoimento sobre isso, numa das suas 674 entrevistas semanais ao PiG (**).

Não há notícia de que Beltrame tenha constrangido o Governador do Rio.

Nem tenha ameaçado à la Henrique Meirelles, o novo entrevistado de prateleira do PiG (**): só fico com autonomia ! 

Beltrame hoje representa o policial de que os cidadãos se orgulham.

Como foi Paulo Lacerda.

Em tempo: sobre a cobertura do PiG (**) paulista à caça aos traficantes no Rio.

O amigo navegante poderia responder às seguintes perguntas, por favor ?

Onde se consome mais automóvel ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais pizza aos domingos ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais camisinha nos fins de semana ? No Rio ou em São Paulo ?

E onde se consome mais cocaína ?

No Rio, dirão os membros do PiG (**).

Em São Paulo, por esse raciocínio, ninguém consome crack nem cocaína.

Da mesma forma que nenhuma tucana de São Paulo fez ou fará aborto. 

Por isso, não há traficantes nem cenas de “guerra” em São Paulo.

É uma área santificada, uma gigantesca Cidade do Vaticano, governada pelo Padroeiro de Aparecida, com as bênçãos do Padim Pade Cerra.

É assim, amigo navegante ?

Não.

É porque, no Rio, o Cabral e o Beltrame combatem o tráfico.

Em São Paulo, o tráfico se consorciou com o Estado.

Como diz o especialista na matéria, o traficante colombiano Abadía, a melhor maneira de acabar com o tráfico em São Paulo é fechar a delegacia que combate o tráfico, o Denarc.

Por isso, São Paulo não tem caveirão nem UPP.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.