Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Mídia usa tragédia em BH para sua revanche na Copa

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Constrangida pelo sucesso do Mundial, reconhecido dentro e fora do Pais, oligopólio da mídia familiar no Brasil se escora no acidente de engenharia ocorrido ontem em Belo Horizonte para uma pequena vingança; na Folha, a queda de um viaduto se transformou em "Obra inacabada da Copa desaba e mata 1 em BH"; no Globo, "Viaduto de obra da Copa desaba e mata 2 em BH"; no Estado, "Viaduto planejado para Copa cai e mata 2"; nos três jornais, ênfase no fato de se tratar de uma obra do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento, que, embora federal, depende da execução de estados e municípios; no caso concreto, a responsabilidade pela execução da obra era da prefeitura de Belo Horizonte, governada por Marcio Lacerda, do PSB, que viu "falha de engenharia"

247 - Até aqui, a imprensa familiar brasileira vinha sofrendo a maior goleada da história das Copas. Depois de apostar no fiasco da Copa do Mundo de 2014 e usar seus colunistas para disseminar o pânico de um vexame internacional, o pequeno oligopólio da mídia no Brasil tentou marcar nesta sexta-feira, dia em que o Brasil decide contra a Colômbia uma vaga nas semifinais, um golzinho de honra. Nem que para isso tenha sido necessário explorar uma tragédia, ocorrida ontem em Belo Horizonte, onde um viaduto desabou e matou duas pessoas.

O lamentável acidente, decorrente de uma provável falha de engenharia da empreiteira Cowan, ganhou uma embalagem peculiar nos jornais brasileiros, com sabor de vingança. Na Folha, o fato se transformou na manchete "Obra inacabada da Copa desaba e mata 1 em BH". No Globo, "Viaduto de obra da Copa desaba e mata 2 em BH". No Estado, "Viaduto planejado para Copa cai e mata 2". Ou seja: depois da constatação de que os aeroportos funcionaram a contento e de que os estádios (que para determinado grupo de mídia ficariam prontos apenas em 2038) encantaram o mundo, caiu um viaduto. Era o que bastava para a execução da revanche.

Nos três três jornais, a ênfase foi dada ao fato de se tratar de uma obra do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento, que, embora federal, depende da execução de estados e municípios. No caso concreto, embora a obra tenha recebido financiamento de R$ 171,7 milhões do governo federal, a responsabilidade pela execução era da prefeitura de Belo Horizonte, governada por Marcio Lacerda, do PSB e aliado do PSDB na política mineira.

Na Folha, que foi o jornal que produziu a manchete mais milimétrica contra a Copa após o incidente, houve ainda espaço para um editorial, chamado "Humor de Copa", sobre o impacto do sucesso do Mundial na mais recente pesquisa Datafolha, onde a presidente Dilma foi de 34% a 38% das intenções de voto. Num dos trechos, comentou-se o incidente de ontem em Belo Horizonte.  "Verdade que, até quarta-feira, registravam-se somente incidentes operacionais de menor impacto; o mais grave deles havia sido a invasão de chilenos no Maracanã, fruto de uma falha de segurança. Nada comparável à queda de um viaduto em Belo Horizonte. O acidente, ocorrido ontem, resultou na morte de ao menos uma pessoa e deixou 22 feridos. A obra faz parte do pacote de melhorias de mobilidade urbana e não ficou pronta no prazo prometido. Não foi, felizmente, tragédia de maiores proporções. Serve para lembrar, ainda assim, o quanto houve de irresponsabilidade e improviso, para nada dizer de corrupção, na organização do Mundial. O primeiro jogo da Arena das Dunas, em Natal, deu-se sem a liberação dos bombeiros, por exemplo."
Com a queda do viaduto, a mídia familiar fez um golzinho e diminuiu a goleada que vem sofrendo. Há tempo para a virada?

Politicagem mórbida: viaduto de BH era da ‘obra da Copa’. E a viga do monotrilho que matou 1 em SP, não?

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Jornalismo não briga com fatos.

Mas também não noticia seletivamente fatos.
Há menos de um mês, caiu uma viga da obra do monotrilho da Linha 17 – Ouro do Metrô paulista, próxima ao Aeroporto de Congonhas, e matou uma pessoa.

O monotrilho, que fará a ligação entre o aeroporto de Congonhas e a rede de trens metropolitanos da capital paulista, era, como está noticiado em uma velha matéria do UOL, ” a única obra de responsabilidade do governo do Estado de São Paulo que consta na Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo”.
É preciso ver em textos antigos, porque, quando do acidente, isso não foi dito ou escrito pela mídia.

Ontem caiu o viaduto Guararapes, obra da prefeitura de Belo Horizonte igualmente parte da Matriz de responsabilidade, matando duas pessoas.

Duas tragédias dolorosas, que mataram seres humanos como eu ou você e que resultaram de erros técnicos incompatíveis com as boas práticas da engenharia, pois ambas estavam em construção, sem desgastes ou acidentes de origem externa.

Pelo que, é claro, ambas são notícia, e notícia importante.

A questão jornalística é: porque o viaduto era da Copa e isso é agitado nas manchetes e o monotrilho “não era da Copa” – uma vez que é igualmente parte das obras para as quais o Governo Federal deu recursos aos governos locais?

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Se a queda do viaduto mineiro é manchete, porque a viga paulista foi apenas um tímido registro nos jornais de São Paulo?

Nem no Estadão, que você vê lá em cima, nem na Folha, que reproduzo ao lado. A Folha, aliás, publica a reportagem do desastre no caderno de política.

Ambas mataram pessoas. E em número bem parecido: duas ontem, uma há um mês.

Mas uma é associada a Geraldo Alckmin, estrela do tucanato e peça-chave da eleição e a outra nem vai ser tanto a Márcio Lacerda, um burocrata insípido que – embora filiado ao PSB  de Eduardo Campos e cabo eleitoral declarado de Aécio Neves – é nacionalmente desconhecido.

Assim, o monotrilho é obra de Alckmin e o viaduto é “obra da Copa” e, claro, daquela senhora que é responsável por tudo o que acontece na Copa ou em suas obras.

Embora, em nenhum dos dois casos, nem mesmo se possa suspeitar de pressões indevidas para que as obras fossem feitas de forma acelerada e imprudente, porque não seriam mesmo utilizadas na Copa, como é óbvio.

Por isso, a politicagem dos jornais brasileiros, sempre asquerosa, adquire aqui tons de morbidez.
A responsabilidade pelos dois eventos é dos responsáveis pelo projeto e execução, das empresas construtoras e dos contratantes das obras, o Governo de São Paulo e a Prefeitura de Belo Horizonte, simples assim. Nas placas das obras, aliás, há os nomes dos responsáveis técnicos, que num caso ou em outro não foram sequer procurados.

E o pior, para a minha profissão, é que a imensa maioria dos jovens profissionais de imprensa, que “se acham”, nem sequer percebem o óbvio.

Obra de engenharia cai porque é mal projetada ou mal-feita. Ou mal fiscalizada.

Não porque é “da Copa”.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ex-diretor da PF e da Abin Paulo Lacerda: Gilmar Mendes é leviano, irresponsável e mentiroso

“Gilmar Mendes foi leviano e mente”, diz Paulo Lacerda, ex-diretor da PF e Abin

Bob Fernandes, Terra Magazine

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta quarta-feira, 30, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes lançou acusações contra Paulo Lacerda, ex-diretor da Policia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência):
- Dizem que ele (Lacerda) está assessorando o PT. Tive informação em 2011 que o Lacerda queria me pegar.

Segundo O Estado de S.Paulo, Gilmar Mendes suspeita que Lacerda estaria divulgando "informações falsas" para atingi-lo. E, também, que estaria assessorando o ex-presidente Lula. Terra Magazine ouviu Paulo Lacerda no início da tarde desta quarta-feira. Feita a ressalva "não sei se ele disse isso", Paulo Lacerda, habitualmente sereno e cordato, respondeu a Gilmar Mendes com dureza:
- Se ele falou isso, ele foi leviano e mente.

Lacerda, que hoje trabalha numa associação de empresas de segurança privada, conta que não vê Lula há anos, assim como Gilmar Mendes, e rebate as acusações:
- Estou aposentado, não trabalho com investigação (…) não trabalho para partido nenhum, não assessoro nem à CPI nem ao ex-presidente Lula (…) Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma.

Por fim, sobre informação atribuída também ao ministro e publicada no sábado, 26, em O Globo, dando conta que o espião Dadá seria seu homem de confiança, Paulo Lacerda devolve:
- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso… essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.


Terra Magazine: O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo: "Lacerda tinha como missão me destruir", e que o senhor queria "pegá-lo". Disse também que "dizem" que o senhor estaria assessorando o PT e municiando o presidente Lula com informações…


Paulo Lacerda: Soube pelo jornal. O absurdo é tamanho que não sei como ele se permite dizer aquilo. Se ele disse aquilo, respondo: primeiro, o ministro Gilmar está totalmente desinformado sobre a minha vida profissional e pessoal. Estou aposentado da Polícia Federal depois de dois anos e meio de adidância em Lisboa e trabalho hoje para a Associação de Empresas de Segurança Privada. Não trabalho com nada, nada de investigação, e quem me conhece e à minha vida hoje sabe disso. Sabe o que é mais espantoso?

- O quê?

- É que é com base nesse tipo de informações que o ministro está recebendo é que se criou essa crise toda. Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo nos últimos dias, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma. Ele, de novo, mais uma vez, está totalmente mal informado.

- O senhor não presta assessoria à CPI, ao PT ou ao ex-presidente Lula?

- Não vejo o presidente Lula, assim como o ministro Gilmar Mendes, desde que deixei o governo. Isso é ridículo. Não assessoro o PT nem a partido algum e é um delírio supor, achar e dizer que assessoro o ex-presidente Lula. Basta perguntar aos senadores e deputados da CPI se assessoro à CPI ou a algum parlamentar. Basta perguntar aos assessores do Lula se alguém tem algum vestígio de presença minha, de contato meu com ele. Sou aposentado, até poderia trabalhar para quem me convidasse e eu quisesse, mas isso não é verdade. É absoluta inverdade. Impressiona e é preocupante como um ministro do Supremo não se informa antes de dizer esses absurdos.

- Mas o que exatamente é absurdo?

- Tudo isso. São informações totalmente tendenciosas. Eu não estou trabalhando para partido algum, político nenhum. Ele está exaltado, sem controle, não sei se por conta dessa conversa com o ex-presidente, mas nada disso é verdade. E isso é muito fácil de checar.

- O senhor e o ministro Gilmar Mendes já tiveram um problema sério…

- Em setembro de 2008, ele procurou o presidente Lula e acusou a Abin, que eu dirigia, de ter feito grampos ilegais na Operação Satiagraha. Aquilo era mentira. Não foi feito grampo algum ilegal por parte da Abin… aliás, a CPI de agora é uma ótima oportunidade para investigarem aquela armação. Não existiu grampo algum, mas o ministro Gilmar Mendes foi ao presidente da República com base em uma informação falsa. Espero que agora apurem tudo aquilo.

- O que mais o incomoda?

- Eu não vi o ministro Gilmar Mendes falar isso, eu li no jornal. Não sei se ele falou, mas se ele falou, foi leviano e mente. Se falou isso o ministro Gilmar Mendes mentiu. Estou aposentado da área pública, todos sabem disso. Não teria nenhum impedimento, de ordem alguma, para trabalhar com investigação, mas não quero, e isso que ele disse, se disse, não é verdade.

- Alguma vez, depois do episódio em 2008, do tal grampo cujo áudio nunca apareceu, o ministro Gilmar e o senhor falaram sobre o episódio? Em algum momento ele reconheceu não ter ouvido o tal grampo, se desculpou?

- Não. Repito, não vejo o ministro e o ex-presidente Lula há anos. E não houve desculpa alguma… e acho que a CPI agora seria ótima oportunidade para esclarecer isso de uma vez por todas, embora a Polícia Federal já tenha concluído que não houve grampo algum da Abin…

- Essa CPI de agora, a do Cachoeira, tem alguns personagens comuns com aquele caso, fala-se muito no espião Dadá…

- A propósito. O ministro Gilmar Mendes teria dito ao jornalista Moreno que esse cidadão, Dadá, é ou era meu braço direito, meu homem de confiança. Respondi por escrito, mandei um e-mail para o Moreno, que é um jornalista… ele recebeu uma informação de um homem público e a publicou. Por isso enviei a resposta direto para ele e para o jornal O Globo.

- E qual é a resposta?

- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso…

- Sim, a ressalva está registrada

- Se ele disse isso, essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.


Gilmar tem um problema com Paulo Lacerda

Saiu no Estadão:

‘Gilmar Mendes está desinformado sobre minha vida’, rebate Paulo Lacerda


Ex-diretor da PF assegurou que não presta nenhuma assessoria ou municia o PT com informações


Eduardo Kattah, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO – O delegado aposentado Paulo Lacerda, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ex-diretor-geral da Polícia Federal, rebateu nesta terça-feira, 29, as declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Ele disse que o ministro está desinformado e assegurou que não presta nenhuma assessoria ou municia o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com informações. Lacerda deixou a chefia da Abin em dezembro de 2008, após notícias sobre um suposto grampo que teria gravado conversa entre o então presidente do STF e o senador Demóstenes Torres (GO).


O ministro Gilmar Mendes disse que teve notícias de que o sr. estaria assessorando o PT e o ex-presidente Lula nesse episódio e tem como missão destruí-lo. O sr. tem mantido esses contatos?


Eu acho que o ministro Gilmar Mendes, se ele falou isso, está totalmente desinformado em relação à minha vida e ao meu trabalho. Eu não tenho nenhuma relação com partido político. Nunca tive e não tenho. E não presto assessoria nenhuma para o Partido dos Trabalhadores. Eu trabalho hoje na iniciativa privada, na área de segurança privada. Não tenho nenhum contato hoje com esse pessoal de investigação. Não tenho mantido contato nenhum sobre esse assunto. Se o ministro falou isso, lamento que tenha dito, porque está absolutamente desinformado sobre minha vida profissional e pessoal.

O sr. deixou a Polícia Federal?


Fiquei na adidância da Polícia Federal em Lisboa por dois anos e dois meses. Retornei ao Brasil há um ano e três meses. Eu me aposentei, não tenho mais nenhum vínculo com a Polícia Federal. Não trabalho com investigação.


A que o sr. atribui as declarações do ministro?


Ele (Gilmar) está absolutamente desinformado, se isso for verdade. Eu não presto assessoria a nenhum partido político e não presto assessoria ao PT. Não teria nada demais se prestasse, mas isso não é verdade. Sei que existe um jogo político aí. Eu não sou político, não faço parte desse tipo de coisa. Lamento que o ministro tenha dito isso.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MENDES, O MENDAZ E O 'VEJA' OCULTA

Lula, Nelson Jobim e Gilmar Mendes se encontraram no escritório do segundo no dia 26 de abril. Dos três, um deles, Gilmar Mendes, narra um diálogo em um ambiente (a cozinha do escritório) que os outros dois negam. Jobim o faz enfaticamente: não houve conversa na cozinha e não ocorreu o tal diálogo, declarou o ex-ministro da Justiça FHC e ex-presidente do STF entre 2004 e 2006, portanto, alguém insuspeito de simpatias petistas. Um dado temporal pouco ou nada contemplado na repercussão midiática do evento: a 'revelação' do falso diálogo só vem a público um mês depois do ocorrido; coincidentemente, quando a CPI do Cachoeira avança --aos trancos e barrancos, é certo--, no acesso e divulgação das escutas telefônicas da PF que ampliam os círculos envolvidos no intercurso entre ganguesterismo, mídia e expoentes conservadores do país. A revista VEJA que narrou o falso diálogo um mês depois de ocorrido estranhamente não ouviu Jobim antes de publicar a matéria . Uma testemunha importante, a única, Jobim não foi ouvido ou não quis se comprometer com a operação?A revista também não explica a razão pela qual Gilmar Mendes só se indignou a ponto de revelar o explosivo diálogo --que tanto o escandalizou, como faz crer em declarações-- 30 dias depois do ocorrido. O dispositivo midiático demotucano passa ao largo dessas miunças.Prefere repercutir o 'escandaloso' comportamento de Lula. Usa a condicional 'se de fato ocorreu' no miolo do texto, mas ordena as manchetes e comentários seletos como se a reportagem de VEJA fosse verdadeira. Repete assim o comportamento da manada conservadora observado em 2008 quando a mesma VEJA e o mesmo Gilmar Mendes, denunciaram um suposto grampo telefônico de conversas travadas entre  o então presidente do STF e o demo Demóstenes Torres. O 'escândalo' levou Gilmar a acusar o governo Lula de instaurar um "estado policial no Brasil'. Mostrou-se igualmente indignado então. O dispositivo midiático demotucano endossou o destampatório sem um grama de evidência objetiva.A pressão derrubou Paulo Lacerda, então chefe da ABI. O grampo, comprovou-se depois, era falso. Uma peça desse jogo xadrez  vai depor na CPI do Cachoeira nesta 3ª feira: Demóstenes Torres é parte da verdade escondida no cipoal de  interesses políticos e pecuniários que a novilíngua midiática tenta minimizar; se possível vitimizar . (LEIA MAIS AQUI)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Bob Fernandes: E quando vão pedir desculpas a Paulo Lacerda?

Delegado Paulo Lacerda espera pedido de desculpas de Gilmar Mendes e Demóstenes
por Bob Fernandes, no Terra Magazine
O delegado Paulo Lacerda, que por seis anos e meio dirigiu a Polícia Federal e a Abin durante os governos Lula, aguarda um pedido de desculpas. Ele espera (talvez sentado) que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o senador Demóstenes Torres reconheçam as respectivas responsabilidades nos seus dois anos e meio de exílio.
Início da tarde de 9 de setembro de 2008. A sessão vai começar em instantes. O delegado Paulo Lacerda, diretor da Abin, está na ante-sala da Comissão Mista das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. Uma dezena de parlamentares na sala. Sorrateiro, quase sem ser notado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, aproxima-se de Paulo Lacerda e diz:
– Eu o conheço. Sei que o senhor é um homem sério e, com certeza, não está envolvido com estes fatos, com grampos. Estou aqui pessoalmente para lhe prestar minha solidariedade e demonstrar o meu apreço…
Exatos dois meses antes, a Polícia Federal havia prendido o banqueiro Daniel Dantas na Operação Satiagraha, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, hoje deputado federal do PCdoB (SP).
No rastro da operação, e tornados personagens de reportagem da Revista Veja de 3 de setembro, o senador Demóstenes Torres e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), denunciaram: tinham sido grampeados pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, dirigida por Paulo Lacerda.
O juiz Mendes, em companhia de outros ministros do STF, fora ao Palácio do Planalto “chamar o presidente Lula às falas”. Paulo Lacerda seria temporariamente suspenso de suas funções; depois, sob intensa pressão política, seguiu para o exílio. Por quase dois anos e meio, com a família junto, Paulo Lacerda foi Adido Policial na embaixada do Brasil em Portugal.
Nessa tarde de 9 de setembro de 2008, Lacerda ouve, perplexo, a manifestação de solidariedade sussurrada por Demóstenes, justamente um dos homens que o acusam de ter comandado grampos durante a Satiagraha. Acusam-no de ter ordenado, ou permitido, escuta ilegal contra um senador da República e um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Recuperado da surpresa, percebendo a pressa de Demóstenes, prestes a deixar a sala, Paulo Lacerda responde ao senador:
– Que bom que o senhor pensa assim, que vê as coisas desse modo.  A sessão já vai começar e aí o senhor terá a oportunidade de dizer isso, de dizer a verdade, e esclarecer as coisas…
– Tenho um compromisso, vou dar uma saidinha, mas voltarei a tempo – promete o senador Demóstenes Torres.
A sessão arrastou-se por horas. O senador Demóstenes, o acusador, não voltou.
Naquela tarde, o delegado Lacerda foi duramente questionado. E acusado de ter montado um esquema de grampos ilegais na Abin. Em vão, ele repetia:
– Não comandei, não participei, não compactuei, nem tomei conhecimento de qualquer ilegalidade no procedimento da Abin…
Naquele dia, a estrela da comissão foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Às 16h53, Virgílio perguntou a Paulo Lacerda se o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tinha mentido ao dizer que a Abin possuía “equipamento de escutas”. Lacerda pediu ao senador para “fazer a pergunta a Jobim”.
Levemente exaltado, com um tom avermelhado na pele, o político amazonense bradou: disse não ser um “preso”, nem estar “pendurado” num pau-de-arara. E que Paulo Lacerda não estava “numa delegacia” e, sim, numa sessão do Congresso. Como acusado.
Fim da sessão. O senador Arthur Virgílio se aproxima de Paulo Lacerda e discorre sobre o que é a política:
– O senhor entende… eu sou da oposição, temos que ser duros…
Paulo Lacerda é o delegado que comandou a prisão de PC Farias e a investigação do chamado “Caso Collor”, quando mais de 400 empresas e 100 grandes empresários foram indiciados num inquérito de 100 mil páginas. Tudo, claro, dormitou nas gavetas do Judiciário, ninguém acompanhou nada e tudo prescreveu.
Anos depois, no governo Lula e com o Ministério da Justiça sob direção de Márcio Thomaz Bastos, por quase cinco anos Paulo Lacerda dirigiu – e refundou – a Polícia Federal. A PF teve, então, orçamento que jamais teve ou voltaria a ter.
Mais de 5 mil operações foram realizadas, centenas de criminosos de “colarinho branco” foram presos, o PCC foi atacado em seu coração financeiro. Na Satiagraha, a PF, já sob direção de Luis Fernando Correa, dividiu-se. Uma banda trabalhou para prender Daniel Dantas e os seus. Outra banda trabalhou contra a Operação; com a estreita colaboração, digamos assim, de jornalistas e colunistas que seguem por aí.
Paulo Lacerda, no comando da Abin, foi acusado por um grampo que nunca ninguém ouviu, que, pelo até hoje se sabe, nunca existiu. Demóstenes e Gilmar Mendes, por exemplo, nunca ouviram o suposto grampo; souberam por uma transcrição.
De resto, aquele teria sido um grampo inédito na história da espionagem. Não flagrou nenhum conversa imprópria. Um grampo a favor.
A Polícia Federal, ao investigar o caso, não encontrou vestígio algum de grampo feito pela Abin. Mas, claro, a notícia de inexistência do grampo saiu em poucas linhas, escondida, aqui e ali.
Quase quatro anos depois, caiu a máscara de Demóstenes Torres, o homem de muitas faces. Uma delas abrigava em seu gabinete uma enteada do amigo, o ministro Gilmar Mendes.
Paulo Lacerda voltou do exílio. Toca sua vida. E aguarda que Demóstenes Torres e Gilmar Mendes, entre tantos outros, lhe peçam desculpas.
PS do Viomundo: O caso do grampo sem áudio e o exílio de Paulo Lacerda são dois dos episódios mais grotescos da história recente do Brasil. Sabemos hoje que Jairo Martins, o que grampeava, serviu ao mesmo tempo a Cachoeira (ou seja, a Demóstenes) e foi “personal araponga” de Gilmar, segundo o Estadão, citado no relatório da Procuradoria-Geral da República sobre a operação Monte Carlo. Jairo poderia, em tese, ter gravado o diálogo espírita entre Demóstenes e Gilmar, reproduzido por Veja para comprometer a Satiagraha — livrando o banqueiro Daniel Dantas — e Paulo Lacerda. Felizmente, Jairo poderá esclarecer o episódio quando for chamado a depor. Quanto aos jornalistas e colunistas que, segundo Bob Fernandes, “seguem por aí”, são aqueles que propagaram as versões condenatórias de Paulo Lacerda de forma acrítica e sem ouvir o outro lado, que tanto dizem respeitar. Basta consultar os arquivos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A traição de Jobim

A presidente eleita Dilma Rousseff tem uma excelente oportunidade de se livrar de um grande problema no nascedouro. Desconvidar, se é que o convite foi feito, o ministro da Defesa Nelson Jobim para continuar à frente da pasta em seu governo. O argumento seria de traição à pátria por passar informações privilegiadas aos Estados Unidos, como revelaram os documentos vazados pelo site Wikileaks.
A palavra traição pode soar forte, já que Jobim não entregou nenhum dado que ameaçasse a segurança do país, mas se valeu do cargo para transmitir ao embaixador do EUA no Brasil, Clifford Sobel, informações confidenciais, às quais só teve acesso pelo cargo que ocupa.
Jobim jamais poderia ter dito ao embaixador americano, dias depois de uma visita do presidente Lula a La Paz, da qual participou, que o presidente boliviano Evo Morales teria um diagnóstico de câncer e citado, inclusive, uma oferta brasileira de um tratamento em São Paulo. A doença de qualquer presidente é um assunto estratégico de cada país, e, no caso de Morales, tinha um caráter ainda mais relevante por se tratar de um desafeto do governo americano. O ministro brasileiro não é nenhum inocente para alegar que teria feito apenas um comentário. Ele sabia, se o fato for confirmado, que detinha uma informação importante e de grande interesse para os EUA. Se a passou foi com algum propósito cuja explicação deve à sociedade brasileira.
Se tal fato parece insuficiente, Jobim incorreu em falta ainda mais grave ao falar ao embaixador de inclinação antiamericana do Itamaraty e acusar um colega de governo, o então secretário- geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, de ter ódio aos EUA e trabalhar para criar problemas nas relações.
A política externa brasileira deu um salto de qualidade no governo Lula e ganhou respeitabilidade mundial para ser exposta, mesmo que sob a ótica individual e limitada, por um ministro de governo, que deveria ser investigado desde já com vistas a uma possível exoneração caso os fatos fossem comprovados. Os EUA não negaram a veracidade dos documentos de sua diplomacia, apresentados pelo Wikileaks, e os relatos das correspondências são detalhados o suficiente para incriminar os envolvidos.
A Jobim, como ministro do governo brasileiro, jamais competiria externar a um representante estrangeiro orientações da política externa do país. As revelações do Wikileaks expuseram também um brasileiro subalterno, que funcionou como fonte de informação do governo americano. O protagonismo do Brasil no cenário internacional foi conquistado arduamente para ser ridicularizado por um político que parece se orientar pela famosa frase de Juracy Magalhães de que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.
O presidente Lula peca ao minimizar os documentos secretos da diplomacia americana e colocar a palavra de Jobim contra a de Sobel sem a menor investigação. Se pretende evitar problemas no último mês de seu governo, ao menos poderia impedir o prosseguimento dos mesmos no mandato de sua sucessora.
Jobim sempre foi um bufão, ávido de poder, que prestou péssimos serviços ao país, atuando contra o Plano Nacional de Direitos Humanos e contribuindo para prejudicar a Operação Satiagraha ao denunciar em reunião da coordenação do governo a compra pela Abin de equipamentos de escutas telefônicas que poderiam ter grampeado o então presidente do STF Gilmar Mendes. A suposta escuta, que jamais foi comprovada, custou o afastamento do diretor-geral da agência de inteligência, Paulo Lacerda
Já os serviços prestados aos EUA foram reconhecidos pelo embaixador Sobel, que classificou o ministro da Defesa como “um dos mais confiáveis líderes no Brasil”. Confiável certamente para os EUA, mas não para o Brasil.
Mair Pena Neto

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Beltrame para DG da Polícia Federal. Em SP ninguém usa cocaína ou crack




O delegado Beltrame ganhou a batalha.

Ele não acabou com o tráfico nem com o crime organizado no Rio – o que é impossível.

Mas, ele botou o tráfico para correr.

E as milícias também correram, apesar do apoio que elas deram, nas eleições, ao Marcelo Lunus Itagiba, braço direito e esquerdo do Padim Pade Cerra.

Beltrame ganhou a batalha porque pôs para funcionar a ideia que o governador Sérgio Cabral trouxe da Colômbia: as Unidades Policiais Pacificadoras.

Beltrame expulsou os traficantes das favelas.

Pôs para correr.

E quando os traficantes reagiram, ele foi para cima dos traficantes, com a ajuda do Presidente Lula.

O tráfico no Rio perdeu espaço, está desarticulado.

Assim como as milícias, uma etapa superior da organização do crime. 

Clique aqui para ler interessante artigo de Claudio Beato, na pág. 3 da Folha (*):

Beltrame ganhou a principal batalha, que foi o conceito: re-instalar o Estado na área criminosa.

O Estado tem que governar.

Com a fuga dos traficantes e a re-ocupação do espaço criminoso, surgirão problemas sérios.

Para onde vão os traficantes foragidos ?

Numa entrevista à RecordNews, o senador Marcelo Crivella chamou a atenção deste ordinário blogueiro para o deslocamento dos traficantes das favelas ocupadas pelas UPPs para cidades próximas ao Rio.

Beltrame vai ter que ir atrás deles lá, também.

Como desarticulou as milícias fora do Rio.

(Será essa a razão para o Marcelo Lunus Itagiba não se re-eleger deputado federal ?)

Também muito importante: a relação republicana que Sérgio Cabral manteve com Beltrame.

Não há no Governo Sérgio Cabral nomeação política de chefe de delegacia ou de comando da Polícia Militar.

E a população do Rio gosta do trabalho do Beltrame.

O que ajudou a re-eleger Sérgio Cabral.

Beltrame também vai atrás de criminoso do colarinho branco.

E aí, de novo, ele esbarra em interesses políticos que começam a se afligir com a ação destemida do Secretário de Segurança do Rio.

Dilma já disse que vai ampliar o conceito de UPPS pelo Brasil afora.

Dilma poderia devolver à Polícia Federal a característica republicana, que se foi para Portugal, no avião com Paulo Lacerda.

(Uma das – poucas – páginas cinzentas do Governo Lula.)

O substituto de Lacerda, Luiz Fernando Corrêa, foge de crime do colarinho branco como foge do áudio grampo.

E se dedica a perseguir o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

Clique aqui para ler “Delegados federais aplaudem Mercadante quando elogia Protógenes – frente do Corrêa ”.

Já ouvi dizer que a Dilma vai nomear o Ministro da Justiça e o Diretor Geral da Polícia Federal.

Ou seja, o Ministro da Justiça NÃO vai nomear o DG da Polícia Federal.

É da cota dela.

Foi o que fez o Dr Tancredo.

Quando chamou o sábio Fernando Lyra para Ministro da Justiça já disse, ali, no ato, quem ia ser o DG da Polícia Federal.

O Diretor Geral da Policia Federal é importante para combater o crime.

Mas, o DG da Polícia Federal também pode chantagear, constranger o Presidente da República.

O Fernando Henrique Cardoso poderia dar um bom depoimento sobre isso, numa das suas 674 entrevistas semanais ao PiG (**).

Não há notícia de que Beltrame tenha constrangido o Governador do Rio.

Nem tenha ameaçado à la Henrique Meirelles, o novo entrevistado de prateleira do PiG (**): só fico com autonomia ! 

Beltrame hoje representa o policial de que os cidadãos se orgulham.

Como foi Paulo Lacerda.

Em tempo: sobre a cobertura do PiG (**) paulista à caça aos traficantes no Rio.

O amigo navegante poderia responder às seguintes perguntas, por favor ?

Onde se consome mais automóvel ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais pizza aos domingos ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais camisinha nos fins de semana ? No Rio ou em São Paulo ?

E onde se consome mais cocaína ?

No Rio, dirão os membros do PiG (**).

Em São Paulo, por esse raciocínio, ninguém consome crack nem cocaína.

Da mesma forma que nenhuma tucana de São Paulo fez ou fará aborto. 

Por isso, não há traficantes nem cenas de “guerra” em São Paulo.

É uma área santificada, uma gigantesca Cidade do Vaticano, governada pelo Padroeiro de Aparecida, com as bênçãos do Padim Pade Cerra.

É assim, amigo navegante ?

Não.

É porque, no Rio, o Cabral e o Beltrame combatem o tráfico.

Em São Paulo, o tráfico se consorciou com o Estado.

Como diz o especialista na matéria, o traficante colombiano Abadía, a melhor maneira de acabar com o tráfico em São Paulo é fechar a delegacia que combate o tráfico, o Denarc.

Por isso, São Paulo não tem caveirão nem UPP.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.