Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ué, mas a crise internacional não tinha acabado?

jornal nacional

O telespectador do Jornal Nacional – entre outros noticiários picaretas que embromam o país –, caso só se informe pela mídia corporativa, por certo ficou sem entender nada ao fim da edição do primeiro dia útil desta semana daquele telejornal.
Há meses que a mídia e a oposição ao governo Dilma Rousseff vêm desmentindo a presidente da República quando ela diz que as dificuldades econômicas do país se devem à crise internacional.
O blogueiro da Globo Ricardo Noblat, por exemplo, escreveu, recentemente, que “a crise internacional não existe mais”.
Também recentemente, Gustavo Franco, que pilotou o Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou que a crise econômica do Brasil “não vem de fora” e que ela foi “autoinfligida” – ou seja, não existiria crise internacional. A crise seria só brasileira.
A Editora Abril, claro, não poderia se furtar, através da revista Exame, a espalhar a farsa de que só o Brasil estaria em crise enquanto o resto do mundo já teria se recuperado.
Mas o mentiroso mais ousado, sem dúvida, foi o economista Armínio Fraga, que teria sido nomeado ministro da Fazenda caso Aécio Neves tivesse vencido a eleição presidencial do ano passado; ele afirmou que “a crise econômica mundial acabou em 2009″.
A mentira colou. A grande maioria dos brasileiros desaprova o governo Dilma porque acreditou na mídia e na oposição quando disseram que os problemas do Brasil não são causados por crise internacional, pois esta não existiria mais.
As pessoas, então, por certo ficaram perdidas ao assistir à edição do JN de 24 de agosto de 2015.
O telejornal começou informando que a Bolsa de Nova Iorque chegou a cair mais de 6% no primeiro dia útil desta semana porque a China representa 15% da economia do planeta e seu crescimento vem despencando ano a ano.
A causa disso foi explicada pelo JN e essa explicação por certo foi o que mais deve ter espantado quem acreditou na Globo e na oposição quando disseram que não havia mais crise econômica internacional.
“Se a China cresce menos, é ruim para as multinacionais que ganham dinheiro lá. E para as empresas que exportam pros chineses. Eles são os maiores compradores de matérias-primas do mundo – e os principais clientes do Brasil”, diz o telejornal da Globo.
O JN disse, também, que “A Europa continua patinando”… Como assim, “Continua”?! A Europa já não tinha saído da crise, segundo Noblat, Gustavo Franco, Armínio Fraga etc.?!
Ao fim da matéria, o maior telejornal do país diz que o professor de economia norte-americano Sanjay Reddy opinou que os Estados Unidos não têm como baixar suas taxas de juro – que estão negativas desde 2009 – porque isso poderia “agravar ainda mais a crise nesses países”, ou seja, nos EUA, na Europa, na própria China e na América Latina.
Aí é que o público que se informa (mal) pela mídia corporativa não entendeu nada mesmo. Que crise “nesses países”? Ela não tinha acabado no mundo inteiro, menos no Brasil?
Assista, abaixo, à matéria do Jornal Nacional em questão. E espante-se também. Ou não…

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ESTUDANTE É ATACADA APÓS DISCURSO EM CERIMÔNIA DO MAIS MÉDICOS

domingo, 19 de abril de 2015

A comunidade jurídica versus a truculência da dupla mídia e Sergio Moro

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A comunidade jurídica brasileira anda completamente atônita diante do festival de arbitrariedades e ataques contra os capítulos mais humanistas do nosso processo penal, que vem caracterizando a luta política desde os incendiários debates que acompanharam a Ação Penal 470.
Atônita e apreensiva, porque mesmo o advogado mais conservador, mais antipetista, ganha dinheiro mediante a defesa de um processo penal justo. Se o processo penal é atropelado, ou mesmo ridicularizado, em nome da “luta contra a corrupção”, então para que gastar dinheiro com bons advogados?
Diante dessa constatação, a comunidade jurídica parece ter acordado para a necessidade de fazer a luta política para defender a democracia e a liberdade, contra os ataques dos setores autoritários do Estado e da mídia. É como se tivéssemos voltado ao auge da ditadura, em que os advogados mais conservadores passaram a fazer oposição ao regime militar porque entenderam que não era possível trabalhar num ambiente onde o processo penal é massacrado pelo interesse político.
Em artigo para a Folha, publicado no último dia 16, dois importantes advogados, ambos professores universitário na FGV, Alberto Toron e Celso Vilardi, criticam duramente o autoritarismo e a leviandade do juiz Sergio Moro.
Eles notam, em primeiro lugar, que Moro faz uma condenação “taxativa” de processos da Lava Jato que ainda não foram julgados!
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Nunca se viu isso. O juiz de um caso fazer campanha, pela mídia (e junto com a mídia), por um dos lados de um processo penal que ele mesmo ainda vai julgar.
Os dois juristas criticam, em seguida, a defesa que Sergio Moro faz da prisão antes da sentença, uma coisa que ele mesmo já pratica, visto que usa a prisão preventiva como prisão de fato, e por tempo indeterminado.
E aí eles observam que ainda não há “estudo empírico” sobre a proporção em que as sentença de primeiro grau são reformadas.
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Sugiro aos advogados que leiam um post recente do blog O Cafezinho, em que tratamos do tema, usando uma pesquisa inédita, encomendada pelo Ministério da Justiça, junto aos presídios brasileiros.
A grande maioria dos presos que são absolvidos (e ainda em primeira instância!) permaneceram encarcerados por uma média de 129 dias em Santa Catarina e 394 dias na Bahia!
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Ou seja, foram considerados inocentes pelo Estado brasileiro e mesmo assim, por causa dessa tara por prisão que caracteriza nossa sociedade, permaneceram presos por meses, às vezes mais de um ano!  E olha que falamos de média, o que significa que alguns inocentes ficam presos por anos e anos! Possivelmente muitos inocentes morrem na prisão.
Não há outro termo: tara por prisão. Só isso explica a quantidade excessiva de prisão preventiva, feitas sem critério, mantidas por tempo indeterminado. Os juízes chancelam a preguiça e a corrupção das nossas policiais estaduais e do Ministério Público, que ao invés de procurar evidências físicas dos crimes, reunir testemunhos múltiplos, em geral se atém apenas à testemunha única do policial que realizou o crime. No caso de promotores, chegam ao desplante de “pedir à mídia” que os ajudem a pressionar o judiciário a votar desta ou daquela maneira, isso quando não posam como herois par a capa de jornal.
A nossa sociedade, em virtude de uma mídia cevada na ditadura, nunca se acostumou a debater a inocência e os erros judiciais. Isso deveria fazer parte da nossa cultura: livros, filmes, reportagens, sobre erros do Judiciário. Nos EUA, onde o Judiciário é muito forte, quantos milhares de filmes sobre terríveis erros judiciais! Quantas organizações civis não se dedicam exclusivamente a cuidar de erros da Justiça!
A história da inocência, assim como a história da culpa, também vendem. Ambas são populares. Mas a mídia brasileira está sempre e exclusivamente ao lado da acusação.
O endeusamento do Judiciário não ajuda a instituição. Ao contrário, o Judiciário não se moderniza, não se democratiza, perde contato com os interesses do povo – ou pior, confunde interesse do povo com concessões odiosamente demagógicas aos vícios mais negativos do populacho, quase sempre estimulados por campanhas midiáticas. E nada mais fácil, para a mídia, do que explorar o vício mais antigo da massa, que é esse espírito de vingança, linchatório, que se volta para o primeiro para quem se aponta o dedo.
A diferença é que a massa também sabe perdoar, com a mesma força com que condena, mas a mídia brasileira só explora o seu vício, nunca a sua virtude.
Aconselho juristas e advogados a prestarem mais atenção ao debate conduzido nos blogs. Aqui você encontrará muito mais bom senso, humanismo e preocupação com valores democráticos do que o clima  de linchamento, autoritarismo e truculência política que caracteriza o debate feito pela grande mídia.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Moro, PF e PiG assumiram. Cadê o Governo? Hay gob​ierno ? Não parece …



O que a Vara do Juiz Moro decidir.

O que o Ministério Público quiser.

O que o Supremo julgar.

Nada disso é tão importante quanto o cerco à Presidenta reeleita.

A Oposição e seus instrumentos – por exemplo, os delegados aecistas denunciados pela Conceição Lemes e a Julia Duailibi – decidiram: se tomar posse, ela não vai governar.

No dia em que a pedra não ficar sobre a pedra, ela já poderá não estar no Poder – como anuncia, todos os dias, o Ataulfo Merval.

Ou já terá cumprido o mandato.

O ciclo na Justiça e na Polícia será mais lento que o ciclo Político.

E dessa vez, a Casa Grande resolveu que não vai perder.

Que história é essa de a senzala governar ?

Onde já se viu essa esculhambação ?

Não foi para isso que fizemos a República !

Chega de Bolsa Família, Pronatec, ProUni, – isso é bolivarianismo !

Ração para bovinogente mal informada.

O Moro, a PF do , o Supremo – eles têm seus ritos e prazos.

O Golpe é outro regulamento.

Um sobe de escada e outro de elevador.

A Presidenta foi ao Grupo dos 20 na Austrália, lá onde o diabo perdeu as botas. 

Ao voltar, deu uma entrevista muito serena e sensata, quando enfiou a Lava Jato pela goela do PiG.

Mas, isso foi no Século passado.

O Golpe do Merval já subiu vários andares.

E da Vara do Moro vaza até sonho.

(Desde que não toque em tucano ou tenha privilégio de foro – muito menos uma combinação dessas duas condições excludentes. PSDB lá se chama de “alguns”)

Da PF do zé, então, vaza o que ainda não entrou.

E o Governo ?

Bom, o Governo, bem, quer dizer, a Presidenta chegou.

Amanhã ela despacha com o Mercadante às 10h00.

E mais nada.

É natural. 

Ela deve estar cansada e a meditar sobre o “Governo novo, ministros novos”.

Presidente/a da República não tem e não deve dar entrevista todo dia.

Mas, num cerco implacável, sangrento, numa fuzilaria infernal, de todos os lados, é preciso reagir.

Pelo menos para não dar a impressão de que se está morto.

Como reagir ?

Quem reagir ?

Primeiro, um Porta-Voz da Presidência da República.

No Brasil, o cargo se transformou num assessor político da Presidência, um redator cinco estrelas e num gerente da SECOM.

Nos Estados Unidos, o Porta-Voz é mais importante que o Ministro da Fazenda.

(Que, aliás, é menos importante, no Brasil, que o Ministro das Comunicações)

O Porta-Voz deveria se reunir com os jornalistas credenciados na Casa Branca, quer dizer, no Palácio do Planalto, duas vezes por dia.

No fim da manhã e no meio da tarde (para pegar os telejornais do início da noite.)

Ele dá as informações de interesse da Presidência e se submete às perguntas da imprensa.

Enfia o pé na jaca.

Tira a espada da coxa e responde aos ataques.

Ah, mas os jornalistas que cobrem o dia-a-dia do Planalto não são as estrelas do PiG, seus colonistas (do ABC ) estrelados, de muitos chapéus.

Se o Porta-Voz tiver o Poder de um Porta-Voz, que fale pela Presidenta, as estrelas passarão a gravitar em torno dele.

Ou quem ali estiver vai virar estrela.

Outro que tem que falar é o Ministro da Justiça.

Mas, no caso do Governo Dilma, é até melhor que ele não fale nada.

O segundo a falar nesse bombardeio incessante, permanente, para revidar o ataque é o Ministro da Política.

Seja ele Chefe da Casa Civil, Ministro das Relações Institucionais, ou Ministro da Justiça, como foi desde o Império até, até, até que uma das pragas do Egito se tenha abatido sobre a Pasta de Nabuco de Araújo.

O Governo Dilma não tem Ministro da Política.

Como não tem Porta-Voz.

Como não tem Ministro da Justiça.  

Como não tem Ministro das Comunicações.

Aí, o Ataulfo governa.

O Moro governa.

A PF do zé governa.

E o Governo cai.

Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Comunicações é mais importante que a Fazenda Mas, não tem que ser ministro da Globo ?

A partir de p itaco do amigo navegante Iskra (via Gerador de Memes)

Liga o Vasco, na sala de embarque do Aeroporto de Claudio, à espera da chave do Titio.

- Ansioso blogueiro, quem vai ser o Ministro da Fazenda?

- Não tem a menor importância, Vasco.

- O que é isso ? A eleição te tirou o senso.

- Não me tirou o senso de nada, Vasco.

- Então, como é que você me diz que o Ministro da Fazenda não tem a menor importância?

- Vasco, me diz uma coisa: como é o nome do Ministro da Fazenda dos Estados Unidos?

- Bem, é verdade, lá chamam até de Secretário.

- Você sabia que o porta-voz do Obama é mais importante que o Secretário do Tesouro?

- É mesmo, ansioso blogueiro?

- É, Vasco.

- Então, põe qualquer um lá?

- Não, tem que botar um bom contador, aplicado, que saiba as quatro operações …

- Basta isso?

- E um pouquinho mais. Aqui no Brasil é que tem essa obsessão por Economia, Fazenda… Uma doença tropical …

- Mas, não precisa acalmar os mercados?

- Vasco, a Dilma não vai acalmar os mercados nunca, porque o PT não faz omelete com o mercado, nem o mercado faz omelete com o PT. São escolas gastronômicas muito diferentes, Vasco …

- Entendi. Feijão e arroz.

- Não, Vasco. Feijão e arroz se misturam. É água e azeite, Vasco.

- Mas, e aí, ela vai peitar o mercado?

- De jeito nenhum ! Tem que botar lá um contador que o mercado reconheça como um contador competente, que não vai hostilizar o mercado.

- Mas contador não formula política, ansioso blogueiro…

- E quem disse que Ministro da Fazenda formula política, Vasco? Quem formula política é o Presidente da República, eleito pela maioria do povo. Ministro da Fazenda administra a caixa.

- Ansioso, você está simplificando. O Brasil não cresce, a inflação bate no teto, a indústria capenga …

- E o desemprego desaba, Vasco. De novo, é uma questão política: desempregar ou explodir os juros, Vasco? Política, meu caro Watson …

- Tá, e daí ? Que contador que você prefere?

- Qualquer um, Vasco. Tem uma dúzia. Que faça as contas direitinho, que o mercado engula – ou finja que engole – e fale pouco, muito pouco.

- Por que ansioso?

- Porque Ministro da Fazenda que fala muito engole mosca.

- Tá. E o que é mais importante que o Ministro da Fazenda?

- O Ministro das Comunicações.

- Por que … das Comunicações? Mas, ninguém fala nisso.

- Exatamente por isso, Vasco. Porque ninguém quer ser o Ministro das Comunicações…

- Então, por que não deixa o Bernardão?

- Seria melhor nomear o Schroeder, Vasco.

- Quem? Chi … o que?

- Deixa pra lá, Vasco.

- Então, o Mercadante vai querer, se é tão importante assim …

- Vasco, eu acho que você ainda não captou o espírito da coisa …

- Mas, por que essa preocupação toda com o Ministro das Comunicações? Ele não tem que ser sempre da Globo?

- Sempre foi assim.

- E vai mudar agora?

- Se não mudar … esquece!

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim (ou ansioso blogueiro)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A chance que FHC perdeu e Dilma aproveitou




É riquíssimo o episódio em que a presidente Dilma Rousseff responde a artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que atacou o ex-presidente Lula dizendo, de forma literalmente inacreditável, que ele teria deixado uma “herança pesada” para a sucessora.
A riqueza do episódio reside em que os dois lados, Dilma e FHC, podem extrair lições dele. Podem refletir sobre o poder das palavras e a oportunidade de usá-las, pois, como se sabe, palavras são como pasta de dente, que, uma vez fora do tubo, não pode ser colocada de volta.
O ex-presidente estava no melhor dos mundos. A popularíssima Dilma Rousseff lhe havia dado um presentão ao homenageá-lo reiteradas vezes desde que assumiu a Presidência da República. A boa relação com ela serviu, inclusive, para tirá-lo da linha de fogo.
Semanas após tomar posse como presidente, Dilma faz quase uma mesura ao antecessor do antecessor durante a festa comemorativa de 90 anos do jornal Folha de São Paulo. A imagem correu o país: a presidente, postada diante de FHC, de cabeça baixa e mão estendida.

O simbolismo daquele gesto residiu em tentativa de, na mesma tacada, firmar um tratado de paz com o político adversário e com o jornal que tanto o defende, propondo, assim, convivência civilizada com a oposição e a mídia.
Pouco tempo depois, Dilma convida FHC para almoço com o presidente Barack Obama durante visita deste ao Brasil, almoço que não contou com a presença de Lula e no qual seu antecessor e sua sucessora produziram imagens que chegaram a suscitar intrigas sobre poderem vir a entabular um romance (?!).
Decidida a evitar que seu governo fosse alvo do mesmo bombardeio oposicionista-midiático que fustigou seu padrinho político, Dilma reincidiu no tipo de agrado aos adversários que leva a mídia ao gozo: deitou elogios a FHC por ocasião de seu aniversário de 80 anos.
Os elogios de Dilma a FHC foram extremamente generosos e até, como se pode depreender de sua resposta ao recente artigo desairoso dele contra Lula, exagerados. Sua resposta destoante dos elogios foi como se ela cantasse para o tucano “Você pagou com traição a quem lhe deu a mão”.
FHC poderia ter ficado com o que tinha: palavras elogiosas de uma líder política – o que Dilma é, ao fim e ao cabo, apesar de, até aqui, ter se portado como “gerente” – cuja alta popularidade é reconhecida por todos. FHC podia ter mantido sua grande boca fechada.
Tudo de que o ex-presidente tucano não precisava, agora, era de que alguém com voz alta o suficiente para ter suas palavras transformadas em manchete de primeira página lembrasse à opinião pública que herança deixou quem qualificou de “pesada” a herança deixada pelo sucessor.

Apagão, FMI, compra de votos (subentendida) para aprovar a emenda da reeleição… Tudo isso foi jogado na cara (dura) de Fernando Henrique Cardoso em volume e evidência estrondosos.
Terá FHC achado que daria aquela declaração impunemente?
Mas Dilma também extraiu uma lição do episódio. Os elogios que fez ao adversário político estão sendo confrontados com as acusações que agora lhe faz – a mídia está opondo o que ela disse antes de FHC ao que diz agora.
A percepção deste blog é a de que a população entenderá que Dilma tentou ser gentil antes e agora, vendo que foi inútil, revidou – até porque, ela foi a segunda no comando do governo que FHC afirma que deixou “herança pesada”. Todavia, é arriscado dar declarações tão contraditórias entre si.
FHC por certo já considera que perdeu a chance de ficar calado; Dilma certamente já reflete sobre a inutilidade (que este blog apontou tantas vezes) de tentar manter relação de alto nível com uma oposição e uma mídia capazes de lhe publicar ficha policial falsa na primeira página.
Resta torcer para que a presidente entenda que o cargo que ocupa é eminentemente político e que sua postura (até aqui) de “gerente” só faz estimular abusos como o que aquele a quem ela deu a mão tentou praticar impunemente.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O efeito Palocci

 
Lula foi profético ao prever que se a mídia conseguisse derrubar Antonio Palocci o governo Dilma se arrastaria por quatro anos, com ministros sendo derrubados como se fossem peças de dominó. Três já caíram, após Palocci, e mais três estão na corda bomba – Cidades, Turismo e Comunicações. Sem falar da ministra Gleisi Hoffmann, que já começa a entrar na alça de mira da direita midiática.
Como interromper esse processo, portanto, é a grande questão neste momento – ou deveria ser, ao menos para o governo Dilma. E, para tanto, o que precisa ser feito é resistir, pois até os ministros que estão rendendo os defenestrados também já sofrem acusações aqui e ali.
O grande problema é que, como no caso do ministro da Agricultura, as pessoas tendem a não suportar a artilharia da mídia, pois lhes afeta as famílias. Filhos e esposas ou esposos começam a ser discriminados socialmente. Vizinhos, parentes e amigos se afastam. Há filho de um ministro que sofreu assédio na escola. E o que é pior: sem que se tenha mais do que acusações sem provas.
A única forma de os ministros resistirem ao bombardeio da mídia seria a presidente Dilma em pessoa deixar bem claro que não demitirá ministros sem provas, dando declarações de apoio aos bombardeados. Pelo menos até que exista algo de concreto contra eles – o que, até agora, jamais ocorreu.
Palocci caiu, sumiu e as denúncias contra si também sumiram. Simplesmente porque não havia nada de concreto contra ele. Ao menos nada ilegal. O mesmo se dá com os outros ministros demitidos e é o que se dará com os que vierem a cair. Essa é a maior prova de que o processo que os está defenestrando em série não passa de jogada política.
As pessoas que dizem apoiar este governo e que ajudaram a derrubar Palocci tinham – e têm – uma lista de ministros dos quais não gostam e que querem que caia. Partem da premissa de que é possível restringir os ataques só àqueles que não gozam de popularidade entre setores da esquerda.
O fato é que ninguém escolherá que ministros cairão. Quem escolhe é a mídia, sob orientação da cúpula do PSDB. Vejam o caso do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. Os que pediram a queda de Palocci queriam que fosse o próximo, mas ele não está na agenda da mídia. Quem está na agenda são os que, caindo, podem abalar a base aliada.
Os ministros do PT não interessam. Neste momento, há que fustigar ministros que, caindo, podem fazer minguar a base de apoio do governo no Congresso, sendo as cerejas do bolo os peemedebistas. Aposta-se que o PMDB deixe a aliança e, com isso, o governo Dilma se veja em uma crise de governabilidade que o fará chegar a 2014 em frangalhos.
As previsões que este blog fez – inclusive antes de Lula dizer que Dilma não deveria entregar a cabeça de Palocci – não param de se confirmar. Foi uma ingenuidade dos que, apesar de apoiarem este governo, fizeram o jogo da imprensa. A partir dali, ficou claro que seria fácil derrubar ministros. Tivesse havido resistência, o governo não estaria na situação em que está.
Enquanto Dilma tenta apagar o fogo na base aliada, acalmando o PMDB e trazendo o PR de volta à base do governo, a mídia continua fustigando ministros que, caindo, podem abalar a aliança governista. São várias frentes de ataque. Quanto mais ministros caírem, mais fácil será vender, lá na frente, a tese de que a presidente escolheu mal seus auxiliares.
Só há uma forma de interromper o efeito Palocci, portanto: resistindo. Se a presidente resistir, se os governistas contra-atacarem cobrando que a ética midiática não se restrinja só ao governo do PT, acusando que governos tucanos são poupados apesar de terem também seus problemas, a estratégia midiática será desmontada. Do contrário…

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Redação Conversa Afiada

Chama o Franklin, Lula ! Chama o Franklin !

Saiu no Tijolaço:

A voz voltou. Falta o alto-falante.


Da Agência Brasil, agora há pouco:
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Siva pretende ter uma participação mais ativa na política nacional. “Vou voltar a andar por esse país. Vou voltar a incomodar algumas pessoas outra vez,” disse ele, ao discursar hoje (15) durante o 2º Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT).


Lula destacou que chegou ao fim o período de afastamento voluntário do cenário político que ajudou na consolidação da presidenta Dilma Rousseff à frente do comando do país. “Eu disse, no início do ano, que ia entrar em um processo de desencarnação, para poder permitir a encarnação da presidenta Dilma.”


O ex-presidente adiantou que as suas ações serão voltadas à busca de soluções para os problemas sociais. “Embora não seja mais presidente, sou cidadão brasileiro. Como cidadão brasileiro, serei o lobista número 1 das causas sociais. Quem tiver um problema social pode me contar que farei lobby com o Gilberto Carvalho [ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência] e com a presidenta Dilma Rousseff para que a gente possa resolver isso”, disse.”


E na Agência Estado:
“A gente não pode aceitar que os americanos façam o ajuste da sua política fiscal à custa da desvalorização do dólar, o que cria prejuízo para o comércio dos países mais pobres. A gente não pode permitir que a crise venha causar prejuízo para o nosso País”, disse Lula (…)

Num tom inflamado, Lula culpou os países desenvolvidos pela crise no continente europeu. “Estamos vendo a Espanha, Portugal e Grécia numa situação delicada. É uma crise que não foi causada pelos países pobres, é uma crise causada pelos países ricos. É uma crise surgida não na Bolívia, não na Argentina, no Paraguai ou no Brasil. É uma crise surgida nos Estados Unidos e na Europa”, apontou.

Nos 20 minutos de discurso, Lula fez um balanço de seus oito anos de governo, com destaque para a estabilidade econômica e a forma como o Brasil superou a crise internacional. “Enquanto o Obama já está há mais de dois anos sem resolver a crise americana, enquanto a Europa já está há dois anos sem resolver a crise lá, aqui no Brasil nós dissemos que a crise seria uma marolinha, que ia chegar por último e ia embora primeiro. E foi exatamente o que aconteceu”, afirmou.


Que falta faz falar num tom assim – que o fato de já não estar na Presidência facilita em muito – para que as pessoas possam entender o que se passa! Que falta faz a polêmica, a falta de patrulhamento, o enfrentamento com o que diz a mídia!


Mas também é preciso que se diga: que falta faz uma estrutura de comunicação que possa fazer esta voz ser ouvida, sem a edição e o trato maroto da mídia, com o tom didático e claro com que ela soa, com a imagem do rosto que empresta credibilidade às palavras…


Procuramos, procuramos, procuramos e não há (espero que logo haja) uma gravação na internet, que a gente possa colocar para rodar na rede. Se o ex-presidente quer romper com aquele pretensioso monopólio dos que se julgam “formadores de opinião”, é preciso dar – já e já – um alto-falante eletrônico a esta voz. – Postado por Fernando Brito

Alô, alô Paulo Bernardo.

Cadê a Ley de Médios do Franklin ?


Paulo Henrique Amorim

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Política sem políticos

Crônicas do Motta

Não faz muito tempo li qualquer coisa sobre a intenção de um grupo de empresários - ou seriam banqueiros? - de criar um partido político, usando como argumento maior de sua odisseia o fato de que a nova agremiação não teria políticos e seria dirigida por pessoas acostumadas a administrar seus bens.

Vi também que o prefeito paulistano Gilberto Kassab procurou afastar a legenda que está criando de qualquer tipo de ideologia política - como se isso fosse possível. O incrível Kassab chegou a dizer que o tal partido não será de esquerda, nem de direita, nem de centro. Seria, então uma espécie de Suíça, um elemento neutro na política nacional - neutralidade, nesse caso, indicando que está pronto para "negociar" apoio à sua conveniência.

Claro que iniciativas como essas duas não devem ser levadas a sério por ninguém que tenha interesse mínimo pela política. São ações que podem ser classificadas de extravagantes, uma bobagem que não resiste a qualquer tipo de discussão um pouco mais séria.

Administrar uma empresa, por melhor que seja o administrador e melhores os resultados da companhia, não tem nada, absolutamente nada, a ver com o ato político de governar uma cidade, um Estado, um país - sim, porque governar é, antes de mais nada, fazer política. São coisas completamente diferentes, que são levadas ao público como semelhantes apenas com o objetivo de confundir as pessoas.

No fundo, no fundo, tais iniciativas mostram o quanto a oposição brasileira está perdida, sem discurso, sem perspectiva, vivendo apenas de "escândalos" pautados pelos jornalões, em guerra permanente contra o governo petista.

Dilma e aliados podem estar tranquilos enquanto a tal "elite" do país se concentra nessas besteiras: partidos sem ideologia e sem políticos. Haja desespero!


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

quinta-feira, 10 de março de 2011

A vingança das antas


Por Raul Longo (*)

Por volta de outubro passado recebi a visita de uma moça nacionalmente conceituada em sua especialidade. E não é uma especialidade qualquer. É daquelas às quais se confere Prêmio Nobel. Vital para a evolução e sobrevivência da humanidade e todas as demais espécies.

Doutora e mestra no assunto, respeitadíssima por seus colegas e temida por transgressores em área tão importante para a segurança do planeta, sem dúvida uma moça de notáveis saberes.

No entanto, repentinamente começa a prever o início da total falência do Brasil para os próximos 3 meses daquele ano de 2010, cabalisticamente o final de uma década.

Tentei argumentar: “- Mas o tsunami da crise é no mundo. Aqui já saímos até da marolinha!”

Não adiantou. A moça continuou sibilando apocalipticamente: “- Não vê que tudo tem um preço? Essa conta terá de ser paga. Vai nos sair muito caro pelo “O Cara”! Não há nem que esperar. É só passar as eleições e o Brasil virá abaixo, cai na bancarrota! Vai falir! Vai carcomer! Vai acabar!” – e arrematou com olhos arregalados, num transe de profunda piedade por minha total cegueira: “- Eu vejo isso tão claro, como é que não conseguem enxergar?”



Já pressentindo onde ela vislumbrara tal carma para o futuro brasileiro, incentivei uma revelação afirmando que até aquele momento não havia nada no cenário econômico nacional que fundamentasse tão drástica profecia.

Bingo! Acertei na mosca, pois a moça no ato me recomendou a mudar minhas leituras e acompanhar a FOLHA DE SÃO PAULO.

Mais tarde, logo depois da derrota do José Serra no segundo turno, me escreveu avisando que estávamos na eminência de receber anúncios terríveis num pronunciamento à nação pelo Presidente Lula que, por gentileza à sua sucessora e candidata, assumiria medidas extremamente antipopulares, poupando à Dilma Rousseff tão espinhosa herança. De fato, dali a não muito ouço pela TV o mesmo prenúncio pelo Kennedy Alencar.

Os dias foram passando e Lula entregou a faixa para a Dilma, sem uma palavra a respeito. Fiquei até meio decepcionado com o célebre cavalheirismo e elegância do Presidente, mas Dilma, por sua vez, até agora só o que anunciou foram cortes no orçamento para contingenciamento de despesas governamentais, ainda que sem afetar os serviços públicos, as obras de infraestrutura, os programas sociais e a produção nacional.

Já estamos em março, fala-se de medidas para evitar ameaças de retorno da inflação, mas por enquanto nenhuma catástrofe no horizonte político/econômico. Cadê a débâcle da sibila FOLHA DE SÃO PAULO?

Apesar de toda a decantada sabedoria da civilização grega, a história conta que os da acrópole se arriscavam às incertezas marinhas só para ouvir as sibilas de Delfos, no templo dedicado a Apolo. Ao Sócrates, que fazia apologia do “conhece-te a ti mesmo”, obrigaram à cicuta. Donde se depreende que essa troca do próprio senso de discernimento pelas mentiras dos outros, sussurradas em delírios de vapores que na maioria das redações da imprensa brasileira apresentam-se em modernas versões pulverizadas; é coisa das antigas.

Uma tradição que atravessa os milênios e, aqui no Brasil, compreende leitores e espectadores como arrematadas antas!

A própria FOLHA DE SÃO PAULO, por exemplo, acaba de comemorar seu aniversário tendo como convidada de honra ninguém menos do que a perigosa terrorista, a assaltante, a fichada pelo DOPS e com todos seus codinomes de clandestina que, ainda há bem pouco, se estampavam na capa do jornal!

Arvoram-se todas as linhas político partidárias num “- Uóóóóó!” ensurdecedor. Os daquelas, de mão na cintura: “- Eu avisei que ela é de direita!” – esquecidos de quando suas musas posavam de “Madalena Arrependida” para as câmaras de programas de auditório. Ainda mais ridículo é o despeito dos daquele que distribuiu exemplares da FOLHA DE SÃO PAULO para as crianças do ensino público, mantendo o marketing político com o dinheiro do contribuinte paulista.

Mas pior são os da própria Dilma a condená-la por alta traição pelo simples fato de auxiliar na promoção da confissão da própria FOLHA DE SÃO PAULO. Confissão clara de que encara e trata seus leitores como antas.

Ana Maria Braga, por sua vez, não precisou nem de ir ao camarim para trocar o figurino de viúva cansada e já assumiu o novo personagem de Alegre Comadre da Dilma! A performance dos artistas dos meios de comunicação brasileiros é de uma versatilidade de fazer inveja a qualquer Shakespeare! Capazes de trocar não só a máscara mas até a peça, o texto, o roteiro, o que for necessário. E em cena!

Até o louro José amarelou de tão acanhado. Imaginem o público de La Braga! Podem não ter derrubado a tromba, mas que foram feitos de antas, foram.

Recém fico sabendo de outra rainha das cansadas, a Hebe Camargo que de inconsolável pelo “maior esquema de corrupção do país” que tanto alardeou para redimir a desgastada imagem de seu ex-patrocinador Salim Maluf, virou anfitriã de banquete com todos os talheres: de Serra e Alckmin ao “chefe de quadrilha” José Dirceu.

Só faltaram os mais baixos instintos do réu e tenor confesso, ainda assim inconvincente Roberto Jefferson. Inconvincente e inconveniente em suas canastrices de barítono de chuveiro.

Ou não o convidaram por questões de segurança? Há quem diga que o dia em que Bob Jeff confessar crime de estupro seguido de assassinato em série, o delegado convoca a Guarda Nacional e pede auxílio do FBI porque é sinal de que está escondendo coisa muito pior.

De resto, foi uma “festa de arromba”, como se dizia nos tempos em que as gafes de Hebe Camargo já eram sucesso. Para manter a tradição, dessa vez ocorreu no momento em que Hebe se lembrou de seu ex-candidato para fazer notar às queridas telespectadoras o clima de confraternização da festa onde Dirceu papeava com o Serra em uma das mesas de convivas.

Não era o Serra. Era outro careca.

Evidente que o equívoco não impressionou a anfitriã já tão acostumada consigo mesma. Tampouco arrefeceu seu entusiasmo que por todo o programa se expressou em profusões de confetes e serpentinas atiradas à Dilma Rousseff que, se entendi bem a história, nem ali estava.

Conforme reportado, o único momento um pouco mais constrangedor foi quando, soterrado por tantas loas à ausente e sentindo que para ele a festa acabou, o José se escafedeu sem sequer perguntarem: “- E agora?”

Dessa vez não há como confundir a qual ‘José’ me refiro, pois o Dirceu, que não é careca, continuou sendo paparicado até o final da festa que o outro abandonou no meio.

Impressionante inversão: bajulações ao há pouco “persona non grata” e o que ainda ontem era requestado, agora saindo pela porta dos fundos como um quase penetra. Um daqueles para quem se manda convite só por etiqueta e depois se reclama quando o sonso comete a deselegância de comparecer.

Situação dostoiévskiana! Mas lá no frio siberiano não existem antas e apesar de toda a genialidade do mestre russo, não seria capaz de descrever a cara das telespectadoras da Hebe Camargo. Aliás, como se descrever a cara de tantos milhares de espectadores, leitores e seguidores da mídia brasileira? Ao que se parecem, para os formadores de opinião?

Quem já respondeu isso há algum tempo foi um deles, o William Bonner, ao definir o público de seu telejornal, o de maior audiência no país, como uma multidão de Hommer Simpson, o personagem de desenho animado dos Estados Unidos que faz muito sucesso em todo o mundo por sua proverbial antice.

Por simpatia à moça que me visitou no ano passado; quero exortar aos que a mídia brasileira vem tratando como antas, conforme assumiu Bonner e seu falecido patrão ao explicar à produção do documentário “Além de Cidadão Kane”, da BBC, como pintou as caras das antas para fazê-las depor a quem ele mesmo havia posto na presidência do Brasil.

A esses a quem a mídia manipula que aqui convoco para uma vendetta!

Pode parecer que estou sendo motivado apenas pelos atavismos de minha ascendência itálica, mas na verdade não consigo conter a indignação. Não consigo admitir estes falsários arrecadando dinheiro de assinaturas de jornal ou da compra de revistas em bancas, para mentir a cidadãos que buscam informação e não engodos.

Não posso admitir esses exploradores da boa fé usufruindo de uma concessão pública, para através de emissoras de rádio e TV aterrorizarem a população com ilações e mentiras como se fossemos uma cáfila.

Para quem não sabe ou não lembra, cáfila é o coletivo de camelos. Troquei de alimária ao lembrar o Ali Kamel, diretor de jornalismo da TV Globo que, para desculpar-se das inverdades divulgadas pela emissora que dirige, reconheceu praticar jornalismo de alternativas ou de hipóteses. Não lembro o termo exato usado pelo Kamel, mas evidente que não passa de eufemismo revelando que pratica jornalismo para antas. O que o seu âncora prefere classificar de Simpsons.

Não somos Simpsons. Não somos antas! Recuso-me admitir que sejamos antas e convoco todos a nos rebelarmos contra isso de que vira e mexe nos classificam. Se não por vingança, por algum resquício de dignidade temos de tomar uma providência.

Tratam-nos como idiotas desde quando William Bonner ainda era criancinha! No saguão da mesma FOLHA DE SÃO PAULO, na Rua Barão de Limeira, se chegou a montar uma exposição de material aprendido quando nos anos 60 a polícia da ditadura militar invadiu os alojamentos dos estudantes da USP: envelopes de anticoncepcionais e preservativos sexuais entre livros então proibidos de filosofia, economia e sociologia, para convencer às antas da época de que os estudantes subversivos eram um bando de devassos.

Hoje exibem sexo explícito pelo BBB, mas então o moralismo da mídia omitia, admitia e colaborava com estupros e torturas nos cárceres do regime que promoveu e enriqueceu essa grande imprensa que sempre nos tratou como antas.

Por quantos anos continuaremos sendo as antas de um Boris Casoy? De um Carlos Nascimento? Do Nêumanne Pinto? Da Lucia Hippolito, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Dora Kramer, William Waack, Cláudio Humberto, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, Merval Pereira e tantos outros que se assinam cientistas políticos e analistas econômicos de efeitos improváveis para causas duvidosas? Especialistas que jamais previram qualquer coisa que realmente tenha acontecido. Peritos em conclusões que nunca se confirmam.

Qual direito tem essa gente de manipular até as mais brilhantes inteligências do país, como se todos fossemos antas? E não vamos nos indignar? Não vamos tomar alguma providência? Exigir uma reparação?

Faço essa convocação aos que mantenham alguma dignidade e respeito à própria capacidade de raciocínio e inteligência, mesmo que, como eu, nem tanta quanto à de minha visitante. E o faço neste momento por ser o mais indicado.

Explico e demonstro por que: Ano a ano, todos esses analistas e formadores de opinião vêm insistindo nesse mesmo terrorismo que alarmou a renomada cientista. Em 2003 era porque o Brasil não ia dar certo na mão de um incapaz. Quando começou a dar certo, disseram que se devia ao governo anterior apesar de ter sido o que quebrou o país 4 vezes e triplicou nossa dívida externa reduzindo-nos da 8ª posição econômica no ranking mundial, para a 13ª.

Não deu mais para sustentar o ridículo de tamanha falácia e então explicaram que o Brasil se beneficiou da maré de sorte da economia mundial. Quando virou a maré financeira global, alardearam que seríamos tragados pelo tsunami da crise e ridicularizaram a marola do Lula. Marola veio, passou, quase nem se sentiu e do palanque eleitoral que armou, a mídia tentou dar uma salva vidas inventado a tal conta a pagar porque o Brasil deu certo.

Como é isso? Primeiro o Brasil não daria certo, mas quando deu certo aí que não deu certo porque deu certo!

Isso é conversa de anta! E conversa de anta cega e surda! Não é a toa que faltou fôlego para a respiração artificial do candidato que morreu na praia, afogado pela marolinha do Lula, o “incapaz” que esses “sábios” “analistas” e “competentes” comentaristas garantiram que faliria o Brasil.

Pois acaba de ser incontestavelmente comprovado que esse “incapaz” fez um pouco mais do que aqueles da “ditabranda”, gracioso neologismo criado por Otávio Frias Filho, dono da FOLHA DE SÃO PAULO, para designar os sócios de seu falecido pai que nunca tomou choque na genitália e nem teve a mulher estuprada. Compreensível que o Friazinho sinta-se saudoso daquele regime que em 25 anos elevou o país à 8ª economia no ranking mundial provocando, na época, o comentário de um dos ditadores, afirmando que “o Brasil vai bem, mas o povo está mal”.

A anta daquele ditador ao menos não era cego, mas o que enxerga do povo um Frias, Marinho, Mesquita ou Civita, se não uma manada de antas? Conforme reiteradamente declaram do alto de suas prepotências.

Se minimamente inteligentes fossem, ou se nos respeitassem como necessários às suas lamentáveis existências, não nos ofenderiam a cada edição de seus programas e publicações.

Ainda refazendo a história, lembremos os governos pós-ditadura, embrulhados para presente em páginas de jornal e revista com exuberantes laços de fita de vídeos tão falhos e falsos quanto às imagens digitalizadas de hoje; até chegarmos aos já citados péssimos indicadores do governo que os ingentes esforços da mídia não têm conseguido fazer retornar.

Será porque na imagem digitalizada fica difícil convencer antas de uma fita crepe que teria perfurado a careca do Serra? Ou será que a digitalização internética acabou incluindo as antas na lista de animais em extinção?

Enfim, o que importa é que em 8 anos de governo o “incapaz” execrado pela mídia elevou o Brasil à 7º economia mundial e, agora, só lhes resta assoviar “fiu-fiu” cada vez que Dilma passa, cortejando-a enquanto puderem.

Mas não pensem que seja exatamente a Dilma a quem queiram seduzir. Sabem que não tem jeito, pois foram os que para ela montaram bulling no portão da escola da qual, ridiculamente, se fingiam de professores.

Todo esse inusitado babujar vem do medo de que Dilma como diretora da escola os ponha de cara virados para a parede com chapéu de burro sobre a cabeça. Não suportariam o castigo de rirmos das prepotências de suas antices.

Nunca conheci alguém realmente inteligente que fosse prepotente. Conheci alguns expoentes brasileiros, como Mário Schenberg. Total simplicidade! Darcy Ribeiro, um mestre menino! Alguns outros mais, talvez com alguma natural vaidade pelo desempenho no mister a que se dedicam, mas sem maiores prepotências como as exibidas pelas antas da mídia.

A moça que me visitou é outro exemplo que me acompanhou ao Seu Antonio, conversou com Dona Silvia, com meus amigos pescadores, e muito me ajudou contra umas pinimbas do Eike Batista. Daí que tanto me revolto com a utilização pela FOLHA DE SÃO PAULO de sua inteligência incomensuravelmente superior às daquelas antas de lá.

Não é preciso declinar aqui o nome do “articulista” que publicou o livro “Lula, Minha Anta”, mas se alguma utilidade teve o ingresso desse desqualificado em um dos mais injuriosos veículos da lamentável grande imprensa brasileira, foi o de me inspirar uma ideia para a qual peço a colaboração de todos e principalmente daqueles com inteligência suficiente para se reconhecerem ludibriados, enganados, empulhados pelas falsas desgraças criadas por esses que têm sido as que, há muitas décadas, realmente prejudicam o Brasil.

Selecione o tapir que mais o(a) induziu a repetir mentiras, falácias e falsos alarmas. Por exemplo, apesar de eu não repetir coisa alguma do que diz essa anta, vou escolher a Miriam Leitão por ser a que mais previu desgraças que não aconteceram e mais enalteceu economias estrangeiras que de fato se desgraçaram. Essa deu com tantos burros n’água que se tornou a rainha do brejo onde a mídia se atolou.

A Leitão deveria até ser considerada aux concours, mas não se pode esquecer que sofre concorrência ferrenha de um colega de emissora: o Carlos Alberto Sardenberg. Então é a minha candidata ao Troféu Anta da Comunicação Brasileira, mas há uma profusão delas e cada um escolhe o seu ou a sua e a(o) indica ao prêmio através de um desses endereços: luisnassifonline.blog.uol.com.br ; www.viomundo.com.br.; www.conversaafiada.com.br. www.observatoriodaimprensa.com.br.

Exponha os motivos de sua escolha e explique que solicita o favor de repassarem ao seu escolhido o Troféu de Anta da Comunicação. Não é de jornalismo, porque no emaranhado da selva de comunicação do Brasil existe grande variedade desses animais em todas as funções.

Os titulares das páginas eletrônicas acessadas por estes endereços não vão entender coisa alguma, até porque não os conheço nem combinei nada com eles, mas pode ter certeza de que vai chegar ao conhecimento de seu laureado.

Depois do terceiro ou quarto laurel, apesar de não ter vergonha nem ser avestruz para esconder a cara como deveria, a anta começará a demonstrar sinais de sua mais típica característica, pois apesar de maior mamífero da América do Sul, é um animal essencialmente covarde. Quando se sente ameaçada a primeira coisa que faz é mergulhar no rio ou se esconder na mata. Se não der pra uma coisa ou outra, tremendo de medo tenta se fazer de amiga da onça como com a Dilma, agora.

Além do saudoso cartunista Péricles, outro que entende bastante das relações entre onças e antas ou tapir é Ariano Suassuna que traçou no magnífico “Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta” uma sutil analogia com a personalidade de seu personagem Diniz Quaderna. Leiam e se decidam entre o oncismo e o tapirismo ou antismo.

Tivemos aí apenas 8 anos de governo Lula e hoje o Brasil como a 7ª economia mundial, superando em 2010 o desempenho dos Estados Unidos e da União Europeia, portanto não é preciso se comer fria nem esturricada, pois a vingança por pretenderem nos fazer de antas está no ponto e ao dente.

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis (SC), onde mantém a pousada “Pouso da Poesia“. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.