Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os Jornais e o Povo



Esta semana foi marcada por mais denúncias envolvendo um dos ministérios do governo Dilma. E também pela ação "republicana" da Polícia Federal, interessada em constranger acusados, ou seria constranger o próprio governo a que serve? Aí na internet encontrei os velhos críticos da grande imprensa chamando os progressistas e alternativos para novo embate. A pergunta era: por que eles não falam nada? Por que pararam de criticar "seu" governo?

Estamos diante, mais uma vez, de um fenômeno que temos visto se repetir com uma frequência assustadora. Em vez de jornalismo crítico, jornalismo de oposição. Não basta apontar os erros, a corrupção e as irregularidades. Precisam servir para fundamentar um discurso catastrófico, de profunda crise, anti-nacionalista, privatista e mercadista. Claro que quem tem bom senso não cai nessa cilada armada por jornalistas engajados politicamente.

É fácil dizer: a relação do governo com a base é clientelista. Mas quando o governo age e põe o dedo na ferida, os jornalistas-opositores se aliam aos "bandidos" para fazer o jogo sujo do desgaste político. Como se não fosse possível separar a crítica de princípios. O governo tem falhas? Claro, todo governo tem. Mas uma coisa é apurar, corrigir e transformar. Outra, bem diferente é acusar e, quando o governo age, ele é que é inábil politicamente.


Nas conversas que tive com colegas esta semana, ouvi uma análise muito interessante sobre como, a exemplo da oposição, a grande imprensa está perdida. Ela não pode bater muito na Dilma, porque se a Dilma se enfraquece o caminho natural é volta de Lula. E como se sabe, Dilma tem desprendimento suficiente para deixar o poder, se for esse o caso.

Mas também não dá para a Dilma ficar muito forte, porque se ela ficar muito forte pode tentar a reeleição e aí, o projeto político do PT de ficar 20 anos no poder se fortalece. Portanto, é necessário sangrar o governo enquanto seduz sua presidente. Quem sabe não venha daí um rompimento dela com o barbudo, criador versus criatura, o que abriria caminho para uma ruptura e, consequentemente, a abertura de uma terceira via, oposicionista.

É uma equação muito difícil. Para isso, a grande imprensa está flexibilizando ao máximo. Por enquanto, quem está ganhando é governo Dilma e seu maior avalista, Lula. Basta andar nas ruas e conversar com aqueles que, em vez de ficar lendo os jornais que estes colegas escrevem, fazem parte da dura realidade chamada povo.
 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

#UmDiaSemJN Deixe o Bonner e Fátima falando só para o Ali Kamel!

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A falsa prisão da ex-diretora da Caixa na Globo:“Foi mais que um erro”, diz ex-diretora da Caixa que teve falsa prisão anunciada na Globo

“Gravíssimo para uma instituição que acaba de lançar seu código de ética e de conduta", disse Coppetti
 Do Sul 21

Felipe Prestes

Às 18h10min desta terça-feira (9), Clarice Coppetti estava chegando em casa, após passar a tarde preparando uma palestra, quando recebeu a ligação de um parente desesperado. Ficou sem entender nada quando o familiar quis saber sobre sua prisão, uma vez que se encontrava em plena liberdade.  Minutos mais tarde se inteirou de tudo. Por volta das 17h, uma chamada para o Jornal Nacional, da Rede Globo, anunciara a prisão da ex-vice-presidente de TI da Caixa pela Polícia Federal, que investigava irregularidades no Ministério do Turismo. A esta altura, jornalistas já telefonavam freneticamente, querendo saber sobre seu suposto envolvimento no caso de corrupção.


“Um veículo de comunicação me colocou como ré, me julgou, fazendo o papel do Judiciário, e me prendeu, fazendo o papel do Executivo. Ou seja, assumiu as funções do Estado brasileiro sem sequer procurar se informar sobre quem eu era, se eu tinha algo a ver com o Ministério do Turismo”, desabafa Coppetti, gaúcha de Ijuí, em entrevista ao Sul21.


Após assistir uma gravação da chamada, a ex-diretora da Caixa – que ainda está de quarentena e que não trabalha para o governo federal desde março – ligou para diversas instituições do governo e para a Rede Globo, tentando saber de onde partia a informação. Conversou com editores do Jornal Nacional e, segundo conta, nem eles souberam explicar como haviam anunciado a falsa prisão. “Disseram que foi um erro gravíssimo e que não sabiam a origem. Disse a eles que não queria apenas o esclarecimento do fato no jornal, mas uma retratação”, afirma.


O pedido foi atendido. Durante o JN, a Rede Globo pediu desculpas a Coppetti. Entretanto, ninguém explicou ainda como a informação errada chegou até os editores do jornal. “Até agora não tem nenhum explicação sobre como meu nome apareceu lá”, diz Clarice, que ainda analisa uma eventual medida judicial contra a emissora.


A ex-diretora da Caixa lembra que a Rede Globo anunciou nesta semana um código de ética. “Foi muito mais do que um erro, uma coisa gravíssima para uma instituição que acaba de lançar seu código de ética e de conduta de seus profissionais. A primeira coisa que qualquer veículo de comunicação tem que fazer é contatar o outro lado. Eu fui avisada por meus familiares”, reclama Clarice. “A gravidade é um veículo que tem à sua disposição tecnologia, pessoas, não ter feito esta checagem. A sensação que eu fiquei foi que eles queriam dar essa notícia”. Ela afirma que ainda não sabe se vai tomar alguma medida judicial contra a emissora, porque ainda está analisando o que, de fato, ocorreu.

Clique aqui para ler ““Princípios” da Globo chegam ao fim”.

ONU: "TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO MELHOR QUE O DOS ESTADOS UNIDOS, FRANÇA, ALEMANHA, ITÁLIA, AUSTRÁLIA"


Domingo no Fantástico, propaganda patética de manutenção do “caosaéreo”.
O Fantástico é o fantástico mundo FOX. Implantar o medo difuso nas pessoas.
Se você não morrer do “caosaéreo”, tem as “hepatites”.
Se não morrer ou adoecer das “hepatites”, tem a “criseclimática”...
E não esqueça da “medidacerta”, seu coração pode parar a qualquer momento.
Até domingo... se você não morrer ou ficar doente...
É fantástico!!!

ONU (OACI) RECONHECE ALTA QUALIDADE DO TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO

ONU (OACI) RECONHECE QUE QUALIDADE DO TRÁFEGO AÉREO CIVIL BRASILEIRO SUPERA OS ESTADOS UNIDOS, FRANÇA, ALEMANHA, ITÁLIA, AUSTRÁLIA E OUTROS

[OBS deste ‘democracia&política’:

A grande mídia brasileira não deu divulgação a esse reconhecimento internacional da ICAO (International Civil Aviation Organization)publicado em 2009. Censurou. 


Na época, ela estava intensamente engajada na campanha para a eleição de José Serra, pela volta da direita ao poder em 2010. Era uma das estratégias da campanha criar na população a idéia de “imenso caos aéreo”. O pretexto foi um momento de confusão criado por paralisação de grupos de controladores de voo logo após o acidente da derrubada de um avião da GOL por pilotos norte-americanos e, também, o gigantesco e rápido crescimento da demanda por conta da nova classe média surgida no governo Lula. 


A direita, por intermédio da grande mídia, e a oposição por ela pautada passaram a propagar a figura do “caos aéreo” e que a única solução seria a volta dos demotucanos e a “privatização dos aeroportos e da infraestrutura de controle do tráfego aéreo civil brasileiro” (provavelmente para grandes grupos estatais estrangeiros que atuam no setor). Vejamos a seguir o que foi abafado na época]:

AUDITORIA DA OACI NO BRASIL: RESULTADOS E RECONHECIMENTO

Transcrição de Informativo do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica - Nº 03/09 - Brasília, 21 de maio de 2009:

“Reconhecimento. Essa é uma expressão que abrange pelo menos dois significados gigantescos para cada um de nós. O primeiro aspecto é ter o olhar justo de alguém com base em dados concretos. A partir de fatos e serviços realizados, ser distinguido pela forma com que faz. Pela capacitação, suor e ideais doados. O segundo significado é tão importante quanto. É o reconhecimento que temos de nós mesmos. Como nós nos enxergamos, nesse caso, profissionalmente.

Senhores e senhoras que compõem esta Instituição [Comando da Aeronáutica], temos bons motivos para falar em reconhecimento em todos os sentidos que essa expressão esclarece.

O Comando da Aeronáutica recebeu, nesta semana, notícia muito significativa. Após auditoria da “Organização de Aviação Civil Internacional” (OACI) [órgão da ONU], as conclusões são de que o Brasil está em patamar elevadíssimo, com resultados superiores a diversos países desenvolvidos em relação aos indicadores do tráfego aéreo civil.

Os resultados que partilho com todos os meus Comandados são dignos de um reconhecimento especial. São os resultados do esforço de todos os que vestem essa farda azul e atuam para que os sistemas ligados à aviação civil sejam motivo de honra e orgulho para este País de dimensões continentais.

Antes de tratar de detalhes da inspeção realizada pela OACI, dirijo-me neste momento para parabenizá-los e pedir também a cada um que tenha ciência do valor dos seus serviços e reconheça-se como partícipe dessa grande vitória.

Atendo-me à inspeção, informo que, entre os dias 4 e 15 de maio, um grupo de oito auditores internacionais da OACI realizou auditoria no Sistema de Aviação brasileiro, prevista desde o ano de 2005.

Esse modelo de auditoria foi criado em 1998 e faz parte do "Projeto Universal de Auditorias de Supervisão da Segurança Operacional" da OACI. Até março deste ano, 124 países foram auditados e o Programa espera inspecionar a totalidade dos 190 países até o ano de 2010.

O objetivo dessa auditoria foi avaliar se o Brasil colocou em prática as normas e recomendações da OACI, bem como verificar a capacidade do Estado Brasileiro de efetuar a vigilância da segurança operacional das atividades da aviação civil.

O relatório final sobre o trabalho realizado pelos auditores no Brasil tem prazo de nove meses para ser concluído e será publicado no portal da OACI na internet (www.icao.int). Na América do Sul, apenas três países ainda não foram auditados: Equador, Paraguai e Suriname.

BOLETIM PERIÓDICO Nº 03, DE 21 DE MAIO DE 2009


No que concerne aos Serviços de Navegação Aérea (ANS), sob a responsabilidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), as conclusões dos auditores indicam que o nível de conformidade do Brasil atingiu o patamar de 95%, resultado superior ao de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Itália e Austrália. Nesse cenário, destaca-se o Canadá, sede da OACI, que obteve pontuação superior a do Brasil.

Essas informações podem ser obtidas nos relatórios completos de alguns Estados na página da OACI na internet.

Os 5% de não-conformidades decorrentes da auditoria nos Serviços de Navegação Aérea (ANS) geraram três recomendações para o DECEA. A primeira refere-se ao Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SMS), uma sistemática de prevenção de acidentes a ser implantado pelos órgãos prestadores de serviço, recentemente preconizado pela OACI, e que tem sido motivo de “nãoconformidades” em quase todos os países auditados. A segunda diz respeito à qualificação na língua inglesa para operadores de Busca e Salvamento (SAR) em nível semelhante ao exigido para controladores de tráfego aéreo, cujo plano apresentado pelo Brasil e já aprovado pela OACI, prevê alcançar esse nível em 2011. O último item observado foi o Controle de Qualidade do Serviço de Informação Aeronáutica (AIS), um programa cuja implementação no Brasil se encontra na fase final.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), por sua vez, atingiu nível de conformidade de 96%, empatado com o primeiro colocado no ranking mundial, a EASA (European Aviation Safety Agency) e a frente de países como EUA, Canadá, França, Itália, Alemanha, Austrália, China, Índia etc. A única não-conformidade apontada pela auditoria refere-se à questão de recursos humanos, cuja implementação encontra-se em fase final de solução.

Nessa meta de reconhecer e se reconhecer, buscamos a cada dia de trabalho a perfeição, redobrando esforços para eliminar as poucas não-conformidades. Para isso, mais do que esforço e especialização, há ações concretas que vêm sendo reconhecidas também pelos organismos reconhecidos internacionalmente.

Essas instituições avaliam e inspecionam com imparcialidade a área da aviação civil em todo o mundo. O resultado divulgado nesta semana nos cobre de alegria e muito orgulho. Estamos no caminho certo.

Temos olhares e ouvidos atentos 365 dias por ano, 24 horas por dia. Sem pausa. Enquanto lêem ou ouvem estas palavras do seu Comandante, os senhores sabem que muitos profissionais estão trabalhando em seus setores, doando-se completamente para fazer o melhor.

Quando forem os senhores para os seus postos, onde quer que seja, saibam que são os grandes responsáveis pela Instituição ter credibilidade no Brasil e no mundo. Consequências diretas do nosso compromisso, evidentemente, resultados são fatos concretos. Ao pensarmos que tudo começou naquele dia em que resolvemos servir ao País, lembremo-nos de que nada pedimos em troca. Mas nos apraz ter ciência de que atingimos cotidianamente nossos objetivos. Isso preenche nosso coração de satisfação. Servir e se doar ao País. Eis o nosso compromisso e, também, o nosso maior reconhecimento.

Parabéns ao DECEA e ao CENIPA.

Parabéns à Força Aérea Brasileira.”

Ten Brig Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica

FONTE: Informativo do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica - Nº 03/09 - Brasília, 21 de maio de 2009 [imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A caça às bruxas na Rede Globo


Por Marco Aurélio Mello, em blog DoLaDoDeLá:

Uma fonte na TV Globo conta que desde sexta-feira começou uma caça às bruxas na emissora. Eles querem saber quem foi que vazou para o Rodrigo Vianna o plano de desqualificar o novo ministro da defesa, Celso Amorim. Como era sigiloso e envolveu não mais do que 20 profissionais de três capitais, eles consideram que fazer o mapeamento e achar o "traidor" é questão de tempo.

Só que eles ignoram que este tipo de segredo é de polichinelo, não dá para ser guardado numa redação. Por uma razão simples: um editor tem sempre outro editor com quem troca confidências. Repórteres, mesmo que tenham sido poucos e confiáveis os acionados, sempre comentam com os cinegrafistas - afinal têm uma amizade muito longa. E, não raro, há alguém que ouve, um auxiliar, um motorista... Portanto, esqueçam, será impossível descobrir de onde partiu a notícia que caiu como uma bomba no colo dos gestores.

Dizem até que o Código de Princípios que estava planejado para ser divulgado depois de um Seminário, com pompa e circunstância, foi antecipado. Os principais apresentadores do Jornal Nacional, Wiliam Bonner e Fátima Bernardes teriam sido convocados para trabalhar no fim de semana, fato raríssimo. Tudo para tentar apagar o incêndio de proporções desastrosas.

Sinal de que há sim um grupo lá dentro muito insatisfeito com o comando do jornalismo. Na Avenida Chucri Zaidan, por exemplo, onde fica a sede da emissora em São Paulo, o clima é de tensão e medo. O vazamento é tratado como crime e ao traidor está reservada a forca, o esfolamento - como na pintura de Michelângelo na Capela Sistina - com consequente exibição de vísceras em praça pública. Ninguém mandou tratar jornalismo como se fosse mercadoria. Jornalismo é informação, sem viés ideológico, sem interesse econômico e político. Simples assim!

O tempo exausto (1) - Mauro Santayana

Santayana: o preço da sobrevivência é o conflito

Em todos os séculos houve a percepção de que o mundo chegava a seu fim, com a extinção da vida na Terra, como castigo divino ou inevitável cataclismo. Mas a vida, essa inexplicável rebelião da matéria, que encontra sua perfeição e perversão na existência do homem, consegue impor-se. O preço da sobrevivência é o  conflito.  Desde que o registro da vida da espécie existe, a existência tem sido a crônica da resistência contra as forças naturais,  os outros seres biológicos, feras, bactérias e vírus, e, sobretudo, contra parcelas da própria espécie.


Há uma tese, presente em vários pensadores, e de forma difusa, que explica o conflito básico do homem entre o predador e o solidário. O instinto de caça e de destruição, enfim, de canibalismo direto ou sutil, só consegue ser combatido pela inteligência. A inteligência conduziu o homem a se ver como ser frágil e precário que só poderia sobreviver em comunhão com os outros, multiplicando a força individual, certo de que sua proteção dependia da vida do companheiro. Mas houve o momento em que essa mesma inteligência, que indicava a solidariedade como necessária à existência individual e coletiva, passou a servir ao instinto predador.             Ora o homem é o lobo do homem, na definição de Plauto, ora o homem é o anjo do homem, como ocorre, quase todos os dias, no heroísmo de pessoas simples, que chegam a morrer para salvar a vida de outras. Os homens são construtores de sua História. E a História, não obstante a presunção de alguns acadêmicos parvos, como Fukuyama, nunca chegará a seu fim – a menos que o Sol esfrie de repente ou de repente estoure, na impaciência de seus gases comprimidos.


O tempo histórico de vez em quando entra em exaustão. São momentos, que podem durar décadas ou séculos, em que os ritos essenciais da vida são perturbados pelas superestruturas da sociedade, e o indivíduo redescobre a solidariedade, aquele sentimento de que a sua sobrevivência (e sua autonomia como ente, ou aquele que é) só pode ser defendida se contar com o outro. Nesses momentos, para o bem – e, algumas vezes, para o mal – surgem as grandes mudanças, com  novas normas de convivência da espécie. Embora possam identificar-se como religiosas ou étnicas, são necessariamente políticas, porque se referem à vida prática dos seres humanos.


Ontem, Londres entrava em seu terceiro dia de tumultos urbanos. Não é a primeira vez que isso ocorre. Além dos protestos sangrentos de Brixton, de há trinta anos, a cidade conheceu o conflito brutal de 1780, em que centenas de católicos foram massacrados pelos protestantes açulados por Lord George Gordon. Vivendo como cidadãos de segunda classe, desde Henrique VIII, os católicos recuperaram sua cidadania de acordo com o Catholic Relief Act, de 1778. Gordon, um nobre frustrado em sua tentativa de fazer carreira no Almirantado, encontrou sua chance para a demagogia, mobilizando os protestantes contra a lei e os levando a queimar propriedades de católicos e a assassiná-los em plena rua. Antes de ser condenado à prisão por rebeldia, Gordon se converteu ao judaísmo. Acabou morrendo na prisão de Newgate.


Há uma diferença entre as agitações urbanas e as revoluções. Como resumia um autor inconveniente, Lenine, sem teoria revolucionária não há revolução. Jean Tulard, um dos melhores historiadores contemporâneos, é seguro quando afirma que as rebeliões populares podem ser facilmente vencidas, seja pela repressão policial, seja pelo engodo por parte do poder. As revoluções necessitam de um esforço intelectual poderoso, de líderes que pensem uma nova ordem e a imponham no exercício da razão. Esses líderes podem surgir no desenvolvimento natural das rebeliões, como ocorreu na França de 1789, depois da Queda da Bastilha, ou em demoradas e pacientes carreiras políticas.


Londres repete, com a mesma impaciência, o que está ocorrendo em várias partes do mundo, e parece provável que virá a ocorrer nas regiões  ainda preservadas. O tempo, e nele, os homens, parecem exaustos do modelo da sociedade contemporânea, baseado na competitividade, na voracidade do consumo e do lucro. É uma sociedade contraditória. De um lado, a aplicação tecnológica das descobertas científicas torna a vida mais confortável e mais durável, mas não parece que isso responda aos anseios mais profundos da espécie. E, ainda pior: a tecnologia torna a crueldade mais organizada e mais eficaz. O nazismo foi a mais perfeita utilização da tecnologia para o assassinato em massa de toda a História. Os norte-americanos os repetem, desde a Guerra do Golfo, no Oriente Médio.


Como em outras épocas, a civilização se encontra diante de uma ruptura. O sistema econômico, submetido ao domínio do capital financeiro, entra em crises sucessivas, com a criminosa especulação dos operadores no mercado de capitais. Os indignados, com razões maiores ou menores, se multiplicam. A internet substitui – é outra das surpresas da tecnologia – os agitadores de rua, na condução dos protestos. Falta apenas a ideologia, a que se referem, entre outros, Lenine e Tulard.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A central tucana de dossiês

Mais de 50 mil documentos encontrados no Arquivo Público de São Paulo mostram como a polícia civil se infiltrou e investigou partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos em pleno governo de Mário Covas

Pedro Marcondes de Moura
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Agentes infiltrados em movimentos sociais, centenas de dossiês sobre partidos políticos, relatórios minuciosos com os discursos de oradores em eventos políticos e sindicais. Tudo executado por policiais, a mando de seus chefes. Estas atividades, típicas da truculenta ditadura militar brasileira, ocorreram no Estado de São Paulo em plena democracia, há pouco mais de dez anos. Cerca de 50 mil documentos, até então secretos e que agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado, mostram como os quatro governadores paulistas, eleitos pelas urnas entre 1983 e 1999, serviram-se de “espiões” pagos com o dinheiro dos contribuintes para monitorar opositores. Amparados e estimulados por seus superiores, funcionários do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil realizavam a espionagem estatal. Até o tucano Mário Covas, um dos maiores opositores do regime militar e ele mesmo vítima de seus métodos autoritários, manteve a “arapongagem” durante todo o seu primeiro mandato e por um período de sua segunda gestão. Entre os alvos preferidos na administração do PSDB aparecem o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), organização sindical fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há dezenas de dossiês com informações sobre as duas entidades e seus principais expoentes. Já as investigações a respeito dos tucanos e seus aliados foram suspensas a partir de 1995, quando Covas assumiu o governo de São Paulo.

A classificação dos documentos, que vieram à tona em uma reportagem publicada pelo portal IG, deixa claro como a polícia a serviço dos políticos paulistas se utilizou exatamente das mesmas práticas que fizeram a fama dos órgãos de repressão militar. As informações coletadas eram organizadas em fichas por códigos alfanuméricos, como no temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde opositores do golpe de 1964 foram alvo de interrogatórios e sessões de tortura. Tarimbados profissionais do extinto Dops integravam também a equipe do Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil. Delegados de cidades paulistas foram orientados a reportar qualquer acontecimento político-social ao DCS. Codinomes e infiltrações em assembleias grevistas também faziam parte da rotina dos agentes, que relatavam os acontecimentos aos superiores. Em um dos dossiês sobre a CUT, os investigadores autodenominados Gama 30 e Gama 38 relatam a tentativa frustrada de participar de uma assembleia dos funcionários da Fundação Florestal do Estado de São Paulo em 13 de março de 1995. Dizem que “cumpriram a determinação”, mas foram barrados por uma moça na portaria. Os crachás de empregados temporários de que dispunham os agentes trapalhões não eram aceitos na entrada.

Os agentes eram enviados para acompanhar até eventos públicos. “Em cumprimento à determinação de V.S., assistimos no local e constatamos a presença de aproximadamente 250 pessoas juntamente com um carro de som e de uma perua Kombi”, relatam os agentes Gama 45 e Gama 55 sobre manifestação da CUT realizada no dia 10 de março de 1995, na Praça da Sé, em São Paulo. No documento ainda identificam os proprietários dos veículos pelas placas e fazem questão de mencionar que o hoje deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, presidente na época da entidade sindical, discursou no evento. Essa seria apenas uma das diversas arapongagens contra a Central Única dos Trabalhadores na gestão Covas.

img.jpgFOCO
Tanto Lula, candidato a presidente contra Fernando Henrique Cardoso,
quanto Marta Suplicy, que disputava o governo de São Paulo com
Mário Covas, foram alvo da arapongagem estatal paulista em 1998
Em algumas tentativas os arapongas paulistas pareciam conseguir antecipar alguma coisa. “A CUT e entidades alinhadas estão articulando para os dias 06, 07 ou 08/03/99, Praça da Sé, um grande “Ato Público” contra o desemprego e arrocho salarial. Distribuirão no ato, entre outros, o panfleto “Bloco do Bode”, que segue abaixo”, informa o documento sem assinatura ou destinatário. Em seguida, junto de recortes de jornal confirmando a manifestação, há uma lista com 15 policiais designados para ficar de plantão. Procurado pela reportagem de ISTOÉ, Vicentinho mostrou-se perplexo com a espionagem: “Na época do Covas, eles ainda faziam isso? Achei que tinha parado na ditadura. É inimaginável”, diz o ex-líder sindical. “É um absurdo gastar dinheiro público para violar a privacidade das pessoas, ainda mais com interesse político. Graças a Deus nada disso interrompeu a consolidação da democracia”, complementa.

Em tempos tucanos, o Partido dos Trabalhadores (PT) virou o principal alvo. Há pilhas e pilhas de documentos produzidos pelo Departamento de Comunicação Social (DCS) a respeito da sigla. Convenções, disputas internas, gestões municipais do partido e informações das principais lideranças e dos possíveis candidatos a eleições majoritárias eram coletadas pela “polícia política” em plena década de 90. Os nomes do ex-presidente Lula e da hoje senadora Marta Suplicy (PT-SP), que disputaria com Covas o primeiro turno da corrida pelo governo de São Paulo em 1998, aparecem constantemente nos “dossiês PT”. Já para Antônio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto no período, criaram um dossiê exclusivo. Na pasta, o ex-ministro é apresentado como uma figura em ascensão no partido e favorável a privatizações.

Segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro, Wadih Damou, as atividades realizadas pelo Departamento de Comunicação Social da Polícia Civil do Estado de São Paulo são ilegais, violam a Constituição e devem ser investigadas com extremo rigor. “Causa mais repulsa ainda que tenham sido feitas em um período democrático. Nunca vi nada parecido. Fico preocupado e penso se isso não continua acontecendo.” O DCS, pelo menos, acabou extinto em 24 de novembro de 1999.  

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Sader pergunta: onde você estava no Golpe?

"Onde estava você no golpe militar?"
O Conversa Afiada publica artigo de Emir Sader, retirado da Carta Maior:

Onde estava você no golpe militar?


Os países costumam ter momentos fundamentais, em que se decidem os seus destinos. Nesses momentos cada pessoa, cada força política, cada meio de comunicação, todos, revelam suas posições profundas, os interesses que defendem, de que lado estão. O golpe militar de 1964 foi esse momento decisivo na história do Brasil, quando a democracia foi questionada e finalmente derrubada e destruída por uma ditadura militar.


Daí que faz todo sentido perguntar para cada um: Onde estava você no golpe militar?


Havia dois discursos, antagônicos. Um, o da defesa da democracia e extensão das suas conquistas, com a incorporação de setores cada vez mais amplos aos seus direitos fundamentais. A favor da extensão da democratização do Brasil – da sociedade e do seu Estado.


O outro, assumido por toda a mídia, junto com os partidos de oposição e o governo dos EUA, era de que os riscos à democracia que representaria o governo de Jango, justificariam um golpe militar preventivo. Argumento típico da guerra fria, que mobilizou forças contra a democracia, promovendo golpes militares em muitos países do continente. Foi exatamente o que aconteceu no Brasil.


“Nas palavras do presidente (sic) Castello Branco proferidas na solenidade de posse há uma nítida convocação para que a obra de reconstrução se faça com a colaboração indistinta de todas as classes, das produtoras e das trabalhadoras, das armadas e das civis, das eventualmente saudosistas do antigo regime e das que se regozijaram com a sua deposição.” O ditador é tratado, no título do editorial, como: “O Presidente de todos”, pelo jornal dos otavinhos. A manchete do dia do golpe – primeiro de abril – foi: “Ademar: 6 estados sublevam-se para derrubar Goulart.” Nenhuma menção à palavra golpe, menos ainda a ditadura e à intervenção dos militares, aliados com o grande empresariado, com os partidos de oposição, com a hierarquia da Igreja Católica e com o governo dos EUA.


Nesse momento crucial da nossa história, que mudou a nossa história de forma tão radical na direção da ditadura contra a democracia, de um modelo econômico excludente contra a inclusão social, pela aliança subordinada com os EUA contra a soberania nacional – nesse momento, cada um mostrou sua cara, disse de que lado está. Do lado da democracia ou da ditadura, dos interesses nacionais ou do entreguismo, da inclusão social ou da exclusão social.


É fácil, depois que a resistência popular derrubou a ditadura, tergiversar com a palavra democracia, esconder o passado, tentar embaralhas as coisas, para buscar impedir que se recorde onde estava cada um no dia primeiro de abril. Mas tudo está consignado pela história. O editorial mencionado acima é apenas um dessa empresa e de todas as outras – à exceção da Última Hora, que por isso mesmo não sobreviveu -, de apoio e incentivo ao golpe e à instauração da ditadura militar. Que venham a publico desmentir ou se arrependerem, se consideram que cometeram o pior erro que se pode cometer, de atentado grave e reiterado á democracia.


Todos os que estivemos do lado de cá, de defesa da democracia, não temos nada a esconder, nos orgulhamos disso e seguimos coerentes com essa luta. Estávamos, no primeiro de abril, e seguimos estando, do lado da democracia, dos interesses populares e nacionais.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, NOVOS RADARES PARA FORÇA AÉREA AMERICANA.

UFC produz radar com Estados Unidos

Projeto da antena (Foto: Antoninho Perri)
Sugestão: Wi
Chefe de pesquisas da Força Aérea Americana, Brett Pokines, visita laboratório da Universidade Federal
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Publicado em 6 de agosto de 2011
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Locem está produzindo um novo radar, de nova geometria, que pode suportar altas temperaturas
A parceria entre o Laboratório de Telecomunicações e Ciência e Engenharia de Materiais (Locem), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e a Força Aérea Americana (Usaf) vem rendendo pesquisas importantes na área de tecnologia de micro-ondas. Devido aos grandes resultados o chefe de pesquisas da Usaf, Brett Pokines, visitou, ontem, as instalações da Universidade e anunciou a renovação do contrato da parceria por mais três anos.
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Durante a visita, Pokines proferiu palestra, no auditório do Locem, sobre as atividades do Departamento da Usaf para Pesquisa Científica e também apresentou as principais linhas de pesquisa que interessam a Força Aérea Americana.
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Além disso, ele, como responsável pelas pesquisas da Usaf, procurou saber sobre o andamento dos trabalhos realizados em parceria com a UFC. “Nosso objetivo é financiar grandes ideias, mesmo que sejam fora dos Estados Unidos”, disse.
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Pokines destacou os excelentes resultados obtidos nos seis anos de pesquisas em parceria com o Locem, pois até agora todos as metas foram alcançadas. “Já fechamos muitos desenvolvimentos. Agora, nosso objetivo é finalizar um grande projeto”, explicou.
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Para o coordenador e pesquisador do Locem, Antonio Sergio Bezerra Sombra, a visita do chefe de pesquisas da Usaf é importante pois eles podem acompanhar de perto as formas de trabalho dos americanos. “A renovação do contrato demonstra que o nosso trabalho está sendo muito bem feito”.
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Hoje, a principal pesquisa feita pela parceria é a continuação de um radar com nova geometria, que poderá acompanhar alvos e será para uso das forças armadas.
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Segundo o coordenador e pesquisador do Locem, o radar com nova geometria pode suportar altas temperaturas, pois é feita com cerâmica e por isso é perfeito para ser utilizado em foguetes, diferente dos radares feitos de metal. “Aqui no laboratório, nós fabricamos, testamos e também fornecemos as antenas”, comentou.
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O Locem é o único local no Brasil a fabricar esse tipo de cerâmica. Ao todo, um grupo de 35 estudantes de Doutorado e Mestrado fazem as pesquisas de criação do novo tipo de radar.
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Complementando a matéria
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Os pesquisadores que desenvolveram a antena, dispositivo complexo e fundamental do radar Saber M60, são do grupo do professor Hugo Enrique Hernández Figueroa, do Departamento de Microondas e Óptica (DMO) da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).
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O professor acrescenta que o projeto da Orbisat já envolve grupos de pesquisa de outras instituições, como na fabricação de filtros com o uso de materiais desenvolvidos pelo grupo do professor Sérgio Sombra, da Universidade Federal do Ceará. “São cerâmicas de alta permissividade e baixas perdas que permitem a miniaturização de alguns dispositivos, além de serem materiais extremamente estratégicos em termos comerciais e com várias vantagens tecnológicas”.
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Salvação – O engenheiro João Moreira afirma que filtros produzidos com esta cerâmica representam uma solução de vida ou morte para a empresa. “Nós compramos filtros dos Estados Unidos, mas eles proíbem sua utilização para fins de defesa. Concordaram em nos fornecer para fins experimentais, mas deverão suspender a autorização para exportação no futuro próximo, quando nossos radares forem produzidos em escala”.
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A cerâmica do Ceará, acrescenta Moreira, apresenta uma perda de 15% a 20% no sinal, quando na americana ela chega a 50%, o que implica diretamente na potência do transmissor. “Vamos conseguir um filtro leve, muito melhor e duas ordens de grandeza mais barato: a caixa de filtros importados custa 30 mil reais e podemos obtê-la por 300 ou 400 reais”.
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O professor Hugo Figueroa adianta que o seu departamento e a Orbisat mantêm conversações para que a parceria se estenda à divisão de engenharia de eletrônica de consumo. “Podemos encontrar soluções nacionais também para este setor.”

Há 30 anos, nos EUA: “O dia em que o homem comum foi assassinado”

Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto... acabava ali o tempo da vida decente e confopessoas comuns. rtável para as




 
Michael Moore

5/8/2011, Michel Moore
(Dica do Eliseu, amigo do pessoal da Vila Vudu que nos acompanha da Itália)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu




Amigos,
Volta e meia, alguém, com menos de 30 anos, me pergunta: ”Quando começou tudo isso, os EUA despencando ladeira abaixo?”
Dizem que ouviram falar de um tempo em que os trabalhadores norte-americanos podiam sustentar a família e mandar os filhos à escola, só com o salário do pai (nos estados da Califórnia e de New York, por exemplo, o ensino era quase gratuito). Que quem quisesse salário decente, encontrava. Que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana, oito horas por dia, descansavam nos fins de semana e, no verão, tinham férias pagas. Que muitos empregos eram protegidos por sindicatos, de empacotadores nas lojas ao sujeito que pintava sua casa, o que significava que, por menos ‘elevado’ que fosse o seu trabalho, você tinha garantia de aposentadoria, aumentos de salário vez ou outra, seguro-saúde, e alguém que o defendia, se você fosse desrespeitado ou tratado de modo injusto.
Os mais jovens ouviram falar desse tempo mítico – mas não é mito: esse tempo existiu. E quando perguntam “Quando isso acabará?”, sempre respondo: “O que acabou, acabou há exatos 30 anos, dia 5/8/1981”.
Naquele dia, há 30 anos, a Grande Finança e a direita norte-americana decidiram “ir p’rás cabeças” de uma vez por todas e destruir os homens comuns, toda a classe média. E enriquecerem eles mesmos, só eles, a valer.
E conseguiram.
Dia 5/8/1981, o presidente Ronald Reagan demitiu todos os empregados sindicalizados do Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo [orig. Air Traffic Controllers Union, PATCO] que desobedeceram sua ordem para que voltassem ao trabalho e declarou ilegal o sindicato deles. Estavam em greve há apenas dois dias.
Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto. E foi ainda mais violento, porque o PATCO foi um dos três únicos sindicatos que haviam apoiado a candidatura de Reagan à presidência! A decisão de Reagan disparou uma onda de choque que atingiu todos os trabalhadores nos EUA. Se fez o que fez contra sindicato que o apoiara, o que mais faria contra nós?
Reagan tivera o apoio de Wall Street nas eleições à Casa Branca e eles, aliados aos cristãos de direita, queriam “reestruturar” os EUA e fazer recuar a maré que aumentava desde o primeiro governo do presidente Franklin D. Roosevelt – maré que visava a garantir melhores condições de vida aos trabalhadores norte-americanos da classe média, as pessoas comuns. Os ricos detestaram ser obrigados a pagar melhores salários e a garantir benefícios. Mais ainda, odiavam ter de pagar impostos. E desprezavam os sindicatos. Os cristãos de direita odiavam tudo que cheirasse a socialismo ou desse qualquer sinal de estender a mão às minorias ou às mulheres.
Reagan prometeu pôr fim a tudo aquilo. Então, quando os controladores de tráfego aéreo declararam-se em greve, ele aproveitou a ocasião. Ao demitir todos e ao tornar ilegal seu sindicato, enviou mensagem clara e violenta: acabava ali o tempo da vida decente e confortável para as pessoas comuns. Os EUA, daquele dia em diante, passavam a ser governados do seguinte modo:
* Os super-ricos ganharão mais, mais, mais, cada vez mais dinheiro, e o resto de vocês terão de satisfazer-se com as migalhas que sobrarem das mesas deles.
* Todo mundo terá de trabalhar! Mãe, pai, adolescentes, todos! O pai, que consiga um segundo emprego! Crianças, não percam a chave sobressalente! De agora em diante, pai e mãe só chegarão em casa para metê-los na cama!
* 50 milhões de norte-americanos terão de viver sem seguro-saúde! Empresas serviços de saúde: encarreguem-se, vocês mesmas, de decidir quem querem atender e os que não serão atendidos.
* Sindicatos são a casa do demônio! Ninguém será sindicalizado! Gente comum não precisa de advogado nem de defesa! Trabalhador tem de trabalhar. Calem o bico e voltem à fábrica. Não, ninguém pode sair. O trabalho não está feito. As crianças, em casa, que preparem o próprio jantar.
* Quer estudar? Na universidade? OK. Basta assinar as promissórias, e você estará endividado pelos próximos 20 anos, preso a um banco, até ficar velho!
* Aumento? Que aumento? Volte ao trabalho e cale o bico!
E assim foi. Mas Reagan não conseguiria, sozinho, fazer tudo que fez em 1981. Contou com uma grande ajuda:
Da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (orig. American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations – AFL-CIO [1])
A maior organização de sindicatos dos EUA disse aos trabalhadores que furassem os piquetes da greve dos controladores de tráfego aéreo e voltassem ao trabalho. E foi o que os empregados sindicalizados fizeram. Pilotos, comissários de bordo, encarregados de bagagens, motoristas de empilhadeiras, carregadores – todos furaram os piquetes e ajudaram a pôr fim àquela greve. E todos os sindicalizados furaram todas as greves e continuaram a encher os aviões de carreira.
Reagan e Wall Street quase nem acreditaram no que viram! Centenas de milhares de trabalhadores, apoiando a demissão de outros trabalhadores, sindicalizados como eles. Foi um Papai Noel em agosto, para as grandes empresas dos EUA.
E foi o começo do fim. Reagan e os Republicanos sabiam que se safariam – e safaram-se. Cortaram impostos dos ricos. Tornaram impossível organizar sindicatos nos locais de trabalho. Eliminaram leis de segurança no trabalho. Ignoraram leis antimonopólios e permitiram milhares de fusões entre empresas, com muitas empresas vendidas para serem fechadas. As empresas congelaram salários e ameaçaram os trabalhadores com a chantagem da transferência de empresas e empregos para o exterior, caso não aceitassem trabalhar por salários menores e sem garantias nem benefícios. E os trabalhadores aceitaram trabalhar por menores salários... E mesmo assim as empresas mudaram-se para o exterior, levando com elas os nossos empregos.
E em cada passo desse processo, a maioria dos norte-americanos também se deixou levar. Praticamente não houve nem oposição nem resistência. As “massas” não se levantaram nem defenderam seus empregos, suas casas, a escola dos filhos (consideradas das melhores do mundo). Apenas aceitaram o destino e curvaram-se.
Muitas vezes me pergunto o que teria acontecido se todos, simplesmente, tivéssemos deixado de viajar de avião, ponto final, em 1981. E se todos os sindicatos tivessem dito a Reagan “Devolva os empregos dos controladores, ou fechamos o país: ninguém entra e ninguém sai.” Sabem o que teria acontecido? A elite corporativa e Reagan, seu moleque de recado, teriam afinado.
Mas não fizemos nada disso. E assim, pedaço a pedaço, peça a peça, ao longo dos 30 anos seguintes, os que passaram pelo poder destruíram as pessoas comuns nos EUA e, em troca, desgraçaram o futuro de, no mínimo, uma geração de jovens norte-americanos. Os salários permaneceram estagnados durante 30 anos. Basta olhar as estatísticas e vê-se que todas as perdas de tudo que hoje tanta falta nos faz começaram no início de 1981 (assista: cenas de meu último filme, que ilustram isso).
Tudo começou no dia 5 de agosto, há 30 anos. Foi dos dias mais terríveis em toda a história dos EUA. E deixamos que acontecesse. Sim, eles tinham o dinheiro, a imprensa e os policiais. Mas nós éramos 200 milhões! Quem duvida de que teríamos vencido, se nós, todos os 200 milhões de enganados, ficássemos realmente furiosos e decidíssemos recuperar para nós o nosso país, nossa vida, nosso trabalho, nossos fins de semana, nosso tempo para educar e ver crescer nossos filhos?
Será que já desistimos, mesmo? O que estamos esperando? Esqueçam aqueles 20% que apóiam o Tea Party – ainda temos os outros 80%! Esse declínio, nossa queda ladeira abaixo só parará quando exigirmos que pare. E não por “abaixo-assinado” ou gorjeios pelo Twitter.
Temos de desligar a televisão e o computador e os videogames e sair às ruas (como fez o pessoal de Wisconsin). Alguns de nós têm de candidatar-se às prefeituras, ano que vem. Temos de exigir que os Democratas, ou criem vergonha e parem de viver sustentados pelo dinheiro dos bancos e grandes empresas – ou pulem fora e devolvam os postos para os quais foram eleitos para fazer o que não estão fazendo.
Quando chega, chega, ok? O sonho comum da vida das pessoas comuns nos EUA não renascerá por mágica ou milagre. O plano de Wall Street é claro e está aí à vista de todos: os EUA serão nação dividida entre os Que-têm e os Que-não-têm. Está bom, assim, prá vocês?
Vamos usar esse fim de semana para parar e pensar sobre os pequenos passos que podemos dar para virar esse jogo, com os vizinhos, no trabalho, na escola. Que melhor dia para começar que hoje, 30 anos depois?!

Fraternalmente,
[assina] Michael Moore
PS. Aqui vão alguns endereços onde todos podem se encontrar e começar:
How to Join a Union, from the AFL-CIO (O pessoal lá aprendeu a lição e afinal elegeu um bom presidente) ou UE
High School Newspaper (Você ter menos de 18 anos não significa que você nada possa fazer. Acorde!)

Nota de tradução
[1] AFL-CIO é a maior central operária dos EUA e Canadá. Formada em 1955 pela fusão da AFL (1886) com a CIO (1935). É composta de 54 federações nacionais e internacionais de sindicatos dos EUA e Canadá que juntos representam mais de 10 milhões de trabalhadores. É membro da Confederação Internacional das Organizacões Sindicais Livres. Até 2005, operou na prática como central sindical unitária, mas devido a discrepâncias internas, várias das maiores agremiações que a formavam se separaram da organização.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/ha-30-anos-nos-eua-o-dia-em-que-o-homem.html



Por que a Folha escondeu?

Você sabia que a Globo usa bloqueadores de celular em estádios para poder transmitir jogos de futebol em alta definição? Chocante, não? É ilegal, óbvio. Com um agravante: esses equipamentos entraram no país de forma clandestina. Contrabando, portanto.
Dois crimes graves, enfim descobertos, graças a uma investigação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). E que veio a público por conta de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste domingo (07).
Seria um grande serviço à sociedade, não fosse por um detalhe intrigante, suspeito e indesculpável: a matéria não cita o nome da Globo em nenhum momento!
Só ficamos sabendo que se trata de “uma grande emissora” que usava os bloqueadores “para ter estabilidade na transmissão” e que “um dispositivo instalado nas câmeras impedia que celulares acessassem a antena da operadora mais próxima, que, assim, ficava a serviço da emissora.”
Mais detalhadamente: “No início de julho, fiscais da agência em São Paulo autuaram uma grande emissora de televisão, no estádio do Pacaembu, pelo uso ilegal de equipamentos que bloqueavam celulares em um raio de até 1,6 km do campo.”
Deve ser algum novo modelo de jornalismo, em que denúncias seríssimas preservam a identidade de sabotadores e contrabandistas. É como noticiar que um ministro foi demitido por desvio de dinheiro, mas, talvez por gentileza, não dar o nome do ladrão.
A Folha não diz na matéria se a omissão é exigência da Anatel, o que também seria injustificável, já que é informação relevante e de interesse público. E sabemos que isso não é caso de segredo de Justiça, já que tudo ocorre na esfera de uma agência reguladora, e não no Judiciário. Ainda.
Por que essa camaradagem inútil, já que, por dedução e eliminação, só podemos chegar à Globo e a seu canal a cabo, a Sportv? É a única “emissora” que tem os famigerados direitos de transmissão. A Band, por sua vez, só usa uma ou duas câmeras exclusivas na beira do campo. Só a Globo transmite.
Fiquei curioso. Como um fato desses não foi amplamente divulgado pela Anatel? Será que a Polícia Federal foi chamada para investigar o evidente contrabando? E a Folha, caramba, por que se meteu literalmente numa roubada dessas de proteger a “emissora”?
Nessa história toda, um fato, para lá de simbólico, chama atenção: bloqueadores de celulares só são autorizados em presídios. Para impedir que bandidos se comuniquem. Irônico, não?
By: Blog do Provocador