Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
domingo, 24 de julho de 2016
Fraude da Folha escancara queda do apoio ao golpe e da rejeição a Lula
Paula Cesarino Costa está no cargo de ombudsman da Folha de São Paulo há apenas algumas semanas. É preciso destacar esse fato antes de reproduzir trecho de sua coluna deste domingo, 24 de julho de 2016, que tratou de acusações de fraude contra o jornal e o instituto de pesquisas por ele controlado, o Datafolha.
Disse Paula, em coluna sob o sugestivo título “Folha errou e persistiu no erro”:
“Desde que assumi o mandato, nenhum assunto mobilizou tanto os leitores. Do total de mensagens recebidas desde quarta-feira, 62% foram críticas e acusações ao jornal”
A ombudsman, para resumir, considera inaceitável a prática e a explicação da Folha ao esconder informações que dizem o contrário do que o jornal tentou dizer.
Se você for brasileiro (a), interessado (a) por política e não chegou agora de Marte, dificilmente não sabe do que se trata; o Datafolha e o jornal que o controla publicaram pesquisa de opinião que leva água do moinho de Dilma Rousseff para o de Michel Temer.
A pesquisa foi formatada pelo Datafolha para ser divulgada pela Folha de uma forma que induzia o público a crer que, do nada, um expressivo contingente de brasileiros passou a querer que Temer permanecesse no cargo, apesar de que pesquisas anteriores de vários institutos – Datafolha incluído – mostravam, até então, que a esmagadora maioria não quer nem Dilma, nem Temer.
Mas não foi só isso. Diante da tentativa do Datafolha de esconder o apoio a Temer e ao impeachment, passou batido das manchetes e da atenção do público que a rejeição ao ex-presidente Lula teve uma queda pra lá de expressiva, de 57% para 46%. Não é nada, não é nada, caiu onze pontos percentuais em poucos meses.
Mas ainda mais impressionante é a queda do apoio ao impeachment. Em março, pesquisa Datafolha mostrou que 68% dos brasileiros aprovavam o processo de impeachment contra Dilma. Agora, esse apoio é minoritário; 49% apoiam o processo, segundo parte da pesquisa que o Datafolha tentou esconder.
No fim, o tiro saiu pela culatra. O intuito da Folha e de seu instituto de pesquisas parece ter sido o de mostrar crescimento do apoio a Temer de forma a pressionar os senadores a aprovarem o golpe contra Dilma, mas o exagero na dose de manipulação não apenas mostrou aos senadores indecisos que o apoio ao impeachment está despencando como, também, tirou credibilidade do Datafolha justamente entre o setor da opinião pública que ainda acreditava na imparcialidade do instituto e do jornal que o controla.
Mas a maior curiosidade nesse episódio foi a ousadia da Folha. A fraude foi grosseira. Será que os autores da manipulação não se deram conta de que era previsível que tantas pessoas se espantassem com a pseudo reviravolta no apoio à permanência de Temer no governo?
Por fim, quase chega a surpreender a desfaçatez com que o golpe vem sendo desfechado. Como golpes são medidas de força, o golpista não fica lá muito preocupado com as evidências de seu crime. Golpista viola a lei porque tem força para fazê-lo. Golpes são dados através da violência, e violência é difícil de disfarçar.
Trapalhada de Temer & cia. pode pôr Brasil na rota do terrorismo
minority
Minority Report é um filme de ficção científica lançado em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg. O roteiro é baseado no conto com o mesmo nome de Philip K. Dick.
A trama ocorre em Washington no ano de 2054. Uma “divisão pré-crime” acaba com a criminalidade no mundo; a polícia usa pessoas paranormais, os precogs, para preverem o futuro, localizar e prender futuros culpados antes que cometam crimes.
A metáfora é
A metáfora é perfeita para definir a trapalhada marqueteira de mais um ministro “exótico” de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, quem, em lugar de combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, quando foi secretário de Segurança, advogou para a facção.
O desempenho de Moraes na luta fracassada do governo paulista contra o PCC parece ter-lhe subido à cabeça. O histriônico ministro agora quer usar suas fórmulas fracassadas para o enfrentamento de uma organização radical que vem desafiando – e até vencendo, algumas vezes – as grandes potências ocidentais: o dito “Estado Islâmico”.
A organização é conhecida por “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (EIIL), ou “Estado Islâmico do Iraque e da Síria” (EIIS). É uma organização jihadista islamita que opera no Oriente Médio e que vem sendo combatida por grandes potências do Ocidente por razões controversas que não vêm ao caso neste texto, que não pretende julgar os conflitos no Oriente Médio, mas atos do governo brasileiro que podem envolver este país nesses conflitos.
Às vésperas das Olimpíadas, com as ações do Estado Islâmico se radicalizando mundo afora, o governo Temer resolve promover um show de marketing usando aparato de segurança como a Polícia Federal, que tem se notabilizado por ações de cunho político contra inimigos políticos de grupos radicais de direita, ou seja, contra o Partido dos Trabalhadores e seu governo federal recém-deposto por um processo que, mundo afora, vem sendo chamado de golpe por grandes meios de comunicação estrangeiros, por governos, celebridades, intelectuais etc.
O Show
A duas semanas da Olimpíada, a Polícia Federal prendeu na quinta-feira (21) dez brasileiros ditos “suspeitos de simpatizar com grupos terroristas”.
As forças de segurança do governo federal vinham monitorando cem pessoas no país que, segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, manifestam simpatia ao Estado Islâmico. Os dez presos compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança. Eles ficarão presos por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Esta foi a primeira ação anti-terror da PF depois da aprovação da lei que tipificou os crimes dessa natureza, mas que recebeu uma leitura totalmente descabida do governo Temer.
Pelo texto sancionado pela presidente afastada Dilma Rousseff, o terrorismo é tipificado como a prática, por uma ou mais pessoas, de atos de sabotagem, de violência ou potencialmente violentos “por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
Os suspeitos presos pela PF foram enquadrados nos artigos 3º e 5º.
> 3º — promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista;
> 5º — Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito.
Ocorre que essas pessoas que foram presas não cometeram nenhum ato concreto que permitiria às autoridades enquadrarem-nas nos artigos da nova lei antiterrorismo, exigência feita ao Brasil para receber as Olimpíadas.
Não há um único registro de contatos diretos das pessoas presas com terroristas. Segundo a imprensa, um dos suspeitos teria chegado a entrar em contato com uma empresa de armas para comprar um fuzil AK-47, mas a compra nunca se concretizou e mesmo a tentativa de efetuar a transação nunca foi confirmada.
Aliás, vale perguntar: que tipo de terrorista é esse que compra armas por meios legais, no próprio nome? Um membro do grupo Estado Islâmico precisaria fazer tal transação para obter arma por um meio que seria tão fácil de rastrear?
Já os outros presos teriam “feito juramento de lealdade ao Estado Islâmico por meio de um site que oferece uma gravação do texto que deve ser repetido a quem deseja fazer parte do EI”. Mesmo se isso fosse verdade, porém, não há lei que proíba uma pessoa de simpatizar com o que quer que seja.
Invadir residências de cidadãos por crimes que eles possam vir a cometer tem tudo que ver com o filme hollywoodiano supracitado. E é muito ridículo.
A tal A Operação Hashtag, deflagrada na quinta-feira (21) pela Polícia Federal, deveria ser sigilosa. Mas recebeu grande publicidade no mundo inteiro. Seria extremamente simples surpreender essas pessoas e levá-las para depor sem alarde, mas o caráter marqueteiro da operação, com entrevista espalhafatosa do ministro da Justiça, é claro.
A inépcia é tanta que os envolvidos tiveram seus nomes divulgados:
Alisson Luan de Oliveira
Antonio Andrade dos Santos Junior
Daniel Freitas Baltazar
Hortencio Yoshitake
Israel Pedra Mesquita
Leandro França de Oliveira
Leonid El Kadre de Melo
Levi Ribeiro Fernandes de Jesus
Marco Mario Duarte
Mohamad Mounir Zakaria
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo
Valdir Pereira da Rocha
Vitor Barbosa Magalhães
É desoladora a trapalhada do governo Temer. E preocupante.
Pelo seguinte: o EI é realmente uma organização que está promovendo um tipo de luta contra os excessos das grandes potências que comete crimes inomináveis sob o pretexto de combater o imperialismo. Porém, essas ações de grupos radicais islâmicos não são empreendidas aleatoriamente e contra quem não os incomoda.
A França, por exemplo, tem sido alvo de atos de terrorismo em retaliação a suas ações contra o EI no Oriente Médio. E todos sabemos que ações das grandes potências econômicas e militares no Oriente Médio cometem tantos abusos e crimes quanto os grupos radicais que praticam atos de terror em retaliação.
Que o diga o Wikileaks, que denunciou que em 12 de julho de 2007 um helicóptero Apache da Força Aérea dos Estados Unidos fazia o patrulhamento em Bagdá e a tripulação resolveu fazer uma “brincadeira de tiro ao alvo”, como se aquelas pessoas fossem reses para o abate.
Sete iraquianos desabaram mortos no chão, com os corpos perfurados de bala. O repórter Namir Noor Eldeen, da agência de notícias Routers, e seu motorista, Said Chmag, estavam no local fazendo uma matéria e foram atingidos pelos disparos.
Se o grupo radical Estado Islâmico não tinha razões para atacar o Brasil, após a ação destrambelhada do governo Temer passou a ter. Simpatizantes do grupo e do islamismo foram tratados de uma forma que pode estimular fanáticos a retaliarem o Brasil. A decisão do governo Temer comprou uma briga que não era nossa.
PS: se tivéssemos um governo com cérebro, ele exortaria o Estado Islâmico a não praticar atos contra o Brasil, pois não nos metemos nos conflitos no Oriente Médio.
Minority Report é um filme de ficção científica lançado em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg. O roteiro é baseado no conto com o mesmo nome de Philip K. Dick.
A trama ocorre em Washington no ano de 2054. Uma “divisão pré-crime” acaba com a criminalidade no mundo; a polícia usa pessoas paranormais, os precogs, para preverem o futuro, localizar e prender futuros culpados antes que cometam crimes.
A metáfora é
A metáfora é perfeita para definir a trapalhada marqueteira de mais um ministro “exótico” de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, quem, em lugar de combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, quando foi secretário de Segurança, advogou para a facção.
O desempenho de Moraes na luta fracassada do governo paulista contra o PCC parece ter-lhe subido à cabeça. O histriônico ministro agora quer usar suas fórmulas fracassadas para o enfrentamento de uma organização radical que vem desafiando – e até vencendo, algumas vezes – as grandes potências ocidentais: o dito “Estado Islâmico”.
A organização é conhecida por “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (EIIL), ou “Estado Islâmico do Iraque e da Síria” (EIIS). É uma organização jihadista islamita que opera no Oriente Médio e que vem sendo combatida por grandes potências do Ocidente por razões controversas que não vêm ao caso neste texto, que não pretende julgar os conflitos no Oriente Médio, mas atos do governo brasileiro que podem envolver este país nesses conflitos.
Às vésperas das Olimpíadas, com as ações do Estado Islâmico se radicalizando mundo afora, o governo Temer resolve promover um show de marketing usando aparato de segurança como a Polícia Federal, que tem se notabilizado por ações de cunho político contra inimigos políticos de grupos radicais de direita, ou seja, contra o Partido dos Trabalhadores e seu governo federal recém-deposto por um processo que, mundo afora, vem sendo chamado de golpe por grandes meios de comunicação estrangeiros, por governos, celebridades, intelectuais etc.
O Show
A duas semanas da Olimpíada, a Polícia Federal prendeu na quinta-feira (21) dez brasileiros ditos “suspeitos de simpatizar com grupos terroristas”.
As forças de segurança do governo federal vinham monitorando cem pessoas no país que, segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, manifestam simpatia ao Estado Islâmico. Os dez presos compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança. Eles ficarão presos por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Esta foi a primeira ação anti-terror da PF depois da aprovação da lei que tipificou os crimes dessa natureza, mas que recebeu uma leitura totalmente descabida do governo Temer.
Pelo texto sancionado pela presidente afastada Dilma Rousseff, o terrorismo é tipificado como a prática, por uma ou mais pessoas, de atos de sabotagem, de violência ou potencialmente violentos “por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
Os suspeitos presos pela PF foram enquadrados nos artigos 3º e 5º.
> 3º — promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista;
> 5º — Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito.
Ocorre que essas pessoas que foram presas não cometeram nenhum ato concreto que permitiria às autoridades enquadrarem-nas nos artigos da nova lei antiterrorismo, exigência feita ao Brasil para receber as Olimpíadas.
Não há um único registro de contatos diretos das pessoas presas com terroristas. Segundo a imprensa, um dos suspeitos teria chegado a entrar em contato com uma empresa de armas para comprar um fuzil AK-47, mas a compra nunca se concretizou e mesmo a tentativa de efetuar a transação nunca foi confirmada.
Aliás, vale perguntar: que tipo de terrorista é esse que compra armas por meios legais, no próprio nome? Um membro do grupo Estado Islâmico precisaria fazer tal transação para obter arma por um meio que seria tão fácil de rastrear?
Já os outros presos teriam “feito juramento de lealdade ao Estado Islâmico por meio de um site que oferece uma gravação do texto que deve ser repetido a quem deseja fazer parte do EI”. Mesmo se isso fosse verdade, porém, não há lei que proíba uma pessoa de simpatizar com o que quer que seja.
Invadir residências de cidadãos por crimes que eles possam vir a cometer tem tudo que ver com o filme hollywoodiano supracitado. E é muito ridículo.
A tal A Operação Hashtag, deflagrada na quinta-feira (21) pela Polícia Federal, deveria ser sigilosa. Mas recebeu grande publicidade no mundo inteiro. Seria extremamente simples surpreender essas pessoas e levá-las para depor sem alarde, mas o caráter marqueteiro da operação, com entrevista espalhafatosa do ministro da Justiça, é claro.
A inépcia é tanta que os envolvidos tiveram seus nomes divulgados:
Alisson Luan de Oliveira
Antonio Andrade dos Santos Junior
Daniel Freitas Baltazar
Hortencio Yoshitake
Israel Pedra Mesquita
Leandro França de Oliveira
Leonid El Kadre de Melo
Levi Ribeiro Fernandes de Jesus
Marco Mario Duarte
Mohamad Mounir Zakaria
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo
Valdir Pereira da Rocha
Vitor Barbosa Magalhães
É desoladora a trapalhada do governo Temer. E preocupante.
Pelo seguinte: o EI é realmente uma organização que está promovendo um tipo de luta contra os excessos das grandes potências que comete crimes inomináveis sob o pretexto de combater o imperialismo. Porém, essas ações de grupos radicais islâmicos não são empreendidas aleatoriamente e contra quem não os incomoda.
A França, por exemplo, tem sido alvo de atos de terrorismo em retaliação a suas ações contra o EI no Oriente Médio. E todos sabemos que ações das grandes potências econômicas e militares no Oriente Médio cometem tantos abusos e crimes quanto os grupos radicais que praticam atos de terror em retaliação.
Que o diga o Wikileaks, que denunciou que em 12 de julho de 2007 um helicóptero Apache da Força Aérea dos Estados Unidos fazia o patrulhamento em Bagdá e a tripulação resolveu fazer uma “brincadeira de tiro ao alvo”, como se aquelas pessoas fossem reses para o abate.
Sete iraquianos desabaram mortos no chão, com os corpos perfurados de bala. O repórter Namir Noor Eldeen, da agência de notícias Routers, e seu motorista, Said Chmag, estavam no local fazendo uma matéria e foram atingidos pelos disparos.
Se o grupo radical Estado Islâmico não tinha razões para atacar o Brasil, após a ação destrambelhada do governo Temer passou a ter. Simpatizantes do grupo e do islamismo foram tratados de uma forma que pode estimular fanáticos a retaliarem o Brasil. A decisão do governo Temer comprou uma briga que não era nossa.
PS: se tivéssemos um governo com cérebro, ele exortaria o Estado Islâmico a não praticar atos contra o Brasil, pois não nos metemos nos conflitos no Oriente Médio.
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Ombudsman: Folha errou e persistiu no erro com sua pesquisa pró-Temer
Uma semana depois do maior erro da história do Datafolha e da
própria Folha, que apontou que 50% querem a permanência do interino
Michel Temer quando o número real é de apenas 19%, a ombudsman Paula
Cesarino Costa apontou que o jornal, editado por Sérgio Dávila, errou e
persistiu no erro; "A reação pouco transparente, lenta e de quase
desprezo às falhas e omissões apontadas maculou a imagem da Folha e de
seu instituto de pesquisas", diz ela; Paula, no entanto, não tocou no
ponto central: o erro parece ter sido deliberado para favorecer o
impeachment da presidente Dilma Rousseff e manter no poder um presidente
impopular, que promete impor uma agenda de reformas econômicas
defendida pelos donos da Folha
247 –
Uma semana depois da denúncia de que a Folha de S. Paulo publicou uma
pesquisa forjada para alavancar o interino Michel Temer e tentar
consolidar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, vendendo a tese
de que 50% dos brasileiros defendem a permanência do vice, quando o
número real é de apenas 19% (leia aqui),
a ombudsman do jornal, Paula Cesarino Costa, reconheceu que tanto a
publicação como seu instituto de pesquisas erraram e persistiram no erro
(leia aqui).
"A meu ver, o jornal
cometeu grave erro de avaliação. Não se preocupou em explorar os
diversos pontos de vista que o material permitia, de modo a manter
postura jornalística equidistante das paixões políticas. Tendo a chance
de reparar o erro, encastelou-se na lógica da praxe e da suposta falta
de apelo noticioso", disse ela, ao comentar a decisão da Folha de não
publicar que 62% dos brasileiros defendem a renúncia de Temer e novas
eleições – ao contrário disso, a Folha publicou, de forma errônea, que
apenas 3% querem novas eleições.
"A reação pouco
transparente, lenta e de quase desprezo às falhas e omissões apontadas
maculou a imagem da Folha e de seu instituto de pesquisas. A Folha errou
e persistiu no erro", disse ainda Paula, sobre a posição assumida por
Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal.
Paula, no entanto, não
tocou no ponto central: o erro parece ter sido deliberado para favorecer
o impeachment da presidente Dilma Rousseff e manter no poder um
presidente impopular, que promete impor uma agenda de reformas
econômicas defendida pelos donos da Folha. Ou seja: ao que tudo indica,
não foi um simples acidente de percurso, mas uma manipulação proposital
da opinião pública.
Globo diz que fraude da Folha é invenção de blogs ‘pró-Dilma’
Por Miguel do Rosário, O Cafezinho - Os correspondentes internacionais estão experimentando na própria pele o que os blogueiros vem passando há anos.
Críticas à imprensa corporativa, que numa democracia deveriam ser consideradas como algo que ajuda a própria imprensa a se aperfeiçoar e, sobretudo, como um incentivo à a liberdade de imprensa, são quase criminalizadas no Brasil.
Olhe como a Globo tratou a denúncia de fraude da Folha, fraude que consistiu em esconder números de sua própria pesquisa e divulgar uma interpretação diametralmente oposta ao realmente apurado.
A denúncia da fraude da Folha foi feita pelo ganhador do Pullitzer, principal prêmio de imprensa nos Estados Unidos, o jornalista que enfrentou o serviço secreto mais poderoso e mais perigoso do mundo, a NSA, para divulgar informações vazadas por Edgar Snowden.
greenwald
O jornalista, Glenn Greewald, publicou não apenas uma, mas duas reportagens denunciando a fraude.
Folha comete fraude jornalística com pesquisa manipulada visando alavancar Temer
A fraude jornalística da Folha é ainda pior: surgem novas evidências
Em seguida, a denúncia foi repercutida pelo El País, principal jornal da Espanha e um dos maiores jornais do mundo (conservador, diga-se de passagem).
Datafolha faz perguntas diferentes em pesquisas de abril e julho e levanta controvérsia
O jornalista americano Alex Cuadros, um tuiteiro ativo, autor de um best-seller elogiado pelo New York Times sobre o Brasil (o livro Brazillionaires), resolveu entrar na polêmica, e postou uma série de comentários críticos à Folha e à imprensa brasileira. São comentários argutos, refinados, que mereciam ser objeto de reflexão. Eu reproduzo alguns deles aqui.
Observe que Cuadros é um cara que quer acreditar na imprensa brasileira. Não é um blogueiro político (como eu) já traumatizado por anos de análise das manipulações da mídia. Ele inicialmente atribui a fraude a uma infelicidade qualquer do editor, a um erro de julgamento de jornalistas tomados de paixão partidária.
É um naïf.
Percebe-se claramente a evolução de sua perplexidade. O final da história, que conto depois das imagens abaixo, é divertido.
Depois de comentários tão inteligentes, qual o resultado? A Globo publica matéria atribuindo a crítica à Folha a uma polêmica levantada por "blogs pró-Dilma".
E aí, o moderado e crédulo Alex Cuadros, não mais consegue conter sua irritação.
Eu traduzo esse último tweet: "Para a Globo: reduzir as críticas a essa pesquisa manipulada a blogs "pró-Dilma é maniqueísta e equivocado. Eu não sou pró-Dilma!"
Bem vindo, Alex!
E relaxa, companheiro. Para esses caras, qualquer crítica às suas mentiras é coisa de "petralha", "pró-Dilma", "simpatizante do PT".
O Otavinho Frias não chamou a jornalista britânica, que fez críticas à imprensa brasileira num seminário em Londres de "militante do PT"?
Deslegitimar os críticos é a maneira que eles - os plutocratas da mídia - encontraram para continuar manipulando as notícias.
E, Alex, infelizmente dá certo! Vide a perseguição aberta do governo Temer aos blogs, após uma verdadeira campanha de guerra movida por reportagens na Folha, na Globo, no Estadão, na Veja, no Antagonista, contra a publicidade estatal na imprensa progressista.
Além do mais, não sei se você já percebeu, mas tá rolando um golpe de Estado no Brasil...
Ops, desculpe, essa história de golpe também deve ser coisa de "blogs pró-Dilma".
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