Na sexta-feira, foi noticiado que, após Eduardo Cunha romper com o governo, estaria pedindo a parlamentares que propuseram 11 pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff que “atualizem” esses pedidos.
Cunha, inclusive, reconheceu, publicamente, que está agindo assim por estar sendo pressionado pelas delações premiadas do doleiro Alberto Yousseff e do lobista Julio Camargo e, também, pela Receita Federal, que, no dia 23 de junho, abriu procedimento fiscal questionando o pagamento de seu Imposto de Renda entre 2010 e 2013 – o presidente da Câmara atribui essa investigação ao governo federal.
Um dos tais 11 pedidos de impeachment feitos por parlamentares contra a presidente da República é de autoria do deputado pelo PP fluminense Jair Bolsonaro, que divulgou para um colunista da revista Veja cópia de ofício que recebeu do presidente da Câmara para que refaça seu pedido.
O colunista da Veja em questão é o tal Felipe Moura Brasil, que, conforme relatou este blog recentemente, sofre deanalfabetismo funcional. Esse colunista entrevistou Bolsonaro, que lhe relatou conversa que teve com Cunha.
Entre uma miríade de baboseiras sobre a esquerda e sobre as motivações de seu pedido de impeachment contra Dilma – por ela ter dito que não respeita delatores, por exemplo –, o truculento Bolsonaro revelou que foi informado por Cunha de que são 18, e não 11, os pedidos de impeachment que Cunha tem à disposição para retaliar a presidente.
Confira, abaixo, o áudio da entrevista
A informação que interessa, em meio a esse monte de cretinices, é a de que Cunha deverá colocar em votação esse amontoado de pedidos de impeachment sem fundamentação no exato dia em que o Congresso retornar do recesso parlamentar, que, segundo Bolsonaro, será em 3 de agosto próximo.
Isso, claro, caso Cunha não seja afastado do cargo antes, já que é muito grave a denúncia de que está usando seu cargo para intimidar testemunhas que o estão denunciando à Operação Lava Jato.
Cunha colocar esses pedidos de impeachment mal fundamentados em votação no primeiro dia de retomada dos trabalhos parlamentares é um fato da maior importância porque constitui um desrespeito àquela Casa Legislativa, já que medida de tal gravidade precisa ser tomada com os mais elevados critérios em respeito aos votos de 54 milhões de eleitores, ano passado.
A revelação de Bolsonaro, se confirmada, representará mais um agravante na situação de Cunha, pois ele está usando o cargo que ocupa para promover quase que uma briga de rua.
O STF e a Procuradoria Geral da República têm obrigação funcional de impedir que o presidente da Câmara a transforme em um circo. Nenhum país sério pode permitir que seu Legislativo seja transformado em porrete de arruaceiros.