Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 9 de julho de 2012

ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA AO PT

*Leitura indispensável para entender a crise:  François Chesnais e a luta de classes na Europa.
 
A propaganda eleitoral está liberada desde o dia 7 de julho. Para a fatia majoritária da população, a campanha municipal de 2012 começa agora. Para os partidos e lideranças, a caminhada vem de antes, desde as refregas na escolha dos candidatos, passando pelas disputas e as sinalizações das alianças, à luta pelo tempo no horário eleitoral na TV. Fator decisivo na campanha de um candidato desconhecido, a luta pelos segundos da propaganda gratuita, no caso de São Paulo, descarregou nos ombros do PT um ônus de largada: o partido terá que explicar ao eleitor de classe média, justamente o alvo visado da estratégia de renovação arquitetada com o lançamento de Fernando Haddad, a aliança com Paulo Maluf. O pragmatismo será melhor tolerado se o candidato firmar-se no imaginário da população como o portador de propostas ao mesmo tempo inovadoras e críveis, que devolvam a confiança numa prefeitura realmente disposta a ser o comando de uma cidade a favor da cidadania. E não a mera extensão do  poder do dinheiro que asfixia a vida dos seus moradores. A mídia jogará seu peso desequilibrador para impedir  que isso aconteça. Uma vitória do PT em São Paulo reforçaria o cacife de Dilma, em 2014. Uma pequena amostra do que vem por aí foi a edição da entrevista concedida pelo governador Eduardo Campos à Folha, no último domingo. (LEIA MAIS  AQUI).

A luta de classes na Europa e as raízes da crise mundial (I)

Mensalão: se os mervais podem a CUT também pode


A CUT tem muito mais representatividade que os mervais, que, aliás, representam a liberdade de imprensa de seus patrões e mais nada.

Saiu na Folha (*):

CUT diz que irá às ruas para defender réus do mensalão


MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

O novo presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, 46, diz que pode levar às ruas a força da maior central sindical do país para defender os réus do mensalão, que começarão a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal em agosto.

“Não pode ser um julgamento político”, disse Freitas à Folha. “Se isso ocorrer, nós questionaremos, iremos para as ruas.” Freitas será empossado presidente no congresso que a CUT realizará nesta semana em São Paulo.

A abertura do evento hoje deverá contar com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A central nasceu como uma espécie de braço sindical do PT nos anos 1980 e a maioria dos seus dirigentes é filiada ao partido.

Freitas disse temer que o julgamento do mensalão se transforme em mais um campo de batalha entre os petistas e seus adversários, e afirmou que isso poderia colocar em risco os avanços sociais conquistados pelo país após a chegada do PT ao poder.

“Nós vivemos um bom momento político e a estabilidade é importante para os trabalhadores”, disse o sindicalista. “Não queremos um país desestabilizado por uma disputa político-partidária, entre o bloco A e o bloco B.”

Se isso acontecer, a central não ficará de braços cruzados: “A CUT é um ator social importante e não vai ficar olhando”, afirmou Freitas.


Como se sabe, o mensalão vai ser julgado em agosto, a tempo de o Ministro Peluso, que está para aposentar-se, condenar o Dirceu, segundo máxima merval aspiração.
O julgamento foi marcado para coincidir com a eleição e atender ao clamor da “opinião pública”.
O Supremo não costuma ouvir o Zé Mané da esquina, nem a turba.
Mas, nesse caso, apurou os ouvidos.
O ansioso blogueiro duvida que o Supremo condene o Dirceu.
O ansioso blogueiro duvida que o Ministro Peluso vá para casa com uma condenação sem provas: porque os mervais somem na poeira da estrada e a biografia fica.
Mas, se os mervais do PiG (**) exigiram o “mensalão já !”, com o expediente paraguaio de omitir uma edição extra que justificasse o julgamento fora do prazo, se os mervais podem, a CUT pode muito mais.
A CUT tem muito mais representatividade que os mervais, que, aliás, representam a liberdade de imprensa de seus patrões e mais nada.
Clique aqui para ler: “STJ – juiz Araújo não tem medo de ‘dantas’”.
A CUT tem o dever de expor o caráter político do julgamento.
Mas, deveria expor antes de o Ministro Peluso votar.
Antes.
Para ficar claro que o mensalão está por provar-se.
Que o mensalão é um trampo do PiG (**) para condenar o Nunca Dantes e a Dilma.
Que o PiG (**) transformou o mensalão no terceiro turno das eleições de 2002, 2006 e 2010.
Antes, a UDN só ganhava eleição em quartel.
Agora, quer ganhar no Supremo.
Só que, ao se submeter ao clamor da “opinião pública” para condenar o Lula, o Supremo criou-se uma saia justa: terá que acelerar o julgamento do pai de todos os mensalões, o dos tucanos e Minas, e legitimar a Operação Satiagraha uma vez por todas.
Ou o Supremo absolverá Dantas pela terceira vez ?
Quando a Satiagraha entra em pauta ?
O ansioso blog recomenda, também, que a CUT vá para as ruas defender a Ley de Medios, como se vê nesta entrevista.
O que ajudaria muito a acelerar a merval irrelevância.




Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

CPI já fisgou um tucano. Virão outros

CPI já fisgou um tucano.
Esta CPI do Robert(o) Civita já prestou um serviço inestimável.

cpmi
O programa Entrevista Record Atualidade, que vai ao ar nesta segunda-feira na RecordNews às 22h15, logo após o programa do Heródoto Barbeiro, exibe entrevistas com os deputados Onyx Lorenzoni, do DEM-RS, e Cândido Vacarezza, do PT-SP, membros destacados da CPI do Robert(o) Civita.

Os dois concordam em pontos cruciais.

A CPI já deu resultados e vai continuar a dar.

Os próximos de depoimentos serão muito úteis.

O de Fernando Cavendish, dono da Delta, poderá revelar, segundo Lorenzoni, até que ponto o Governo Federal se deixou envolver pelas atividades ilegais da Delta, como o Estado de Goiás.

Lorenzoni lamenta que o Brasil não tenha seguido sugestão do Senador Pedro Simon que, a certa altura, quis fazer a CPI dos Empreiteiros – para interromper a sequência de CPIs que investigam corruptos e inocentam corruptores.

Vacarezza diz que não vai “blindar” o prefeito petista de Palmas, Tocantins.

E ele e Lorenzoni estão ansiosos pelo depoimento de Paulo Preto, que não foi arrecadador de campanha do Padim Pade Cerra, como esclareceu o William Bonner, num patético desmentido no jornal nacional.

Vacarezza lamenta que a CPI tenha decidido ouvir Paulo Preto, uma vez que ele foge do foco da CPI do Robert(o) Civita: o crime organizado em torno do Carlinhos Cachoeira, de que Policarpo Junior, ilustre diretor da Veja em Brasília, segundo Collor, era o “mastermind”.

Na opinião de Vacarezza, a CPI foi criada para ir pra cima do Carlinhos Cachoeira.

Mas, já que abriu o leque, ele está muito animado com o depoimento de Paulo Preto.

Que, se não foi “arrecadador”, fez empreitagens no Governo Cerra com a Delta, na marginal (sic) de São Paulo.

Vacarezza acha muito interessante que o PiG (*) queira fechar a CPI do Robert(o) Civita, na esperança de desacreditá-la.

O ansioso blogueiro concorda.

Esta CPI do Robert(o) Civita já prestou um serviço inestimável.

Mostrou, por exemplo, segundo o Demóstenes, que “o Gilmar mandou subir”.

Segundo a TV Record, foi possível melar o mensalão.

Descobrir que foram os tucanos que montaram a trampa dos aloprados para esconder as ambulâncias super-faturadas do Cerra e do Barjas Negri.

Que o brindeiro Gurgel talvez seja mais do que brindeiro: mas um prevaricador, segundo a denúncia de Fernando Collor, reafirmada por documentos da própria CPI.

(Apesar de repórter da Globo em Brasília pôr a mão no fogo por ele, em gesto jamais visto na Televisão Ocidental.)

A CPI do Robert(o) Civita vai fechar a Veja e, com ela a Abril.

A Veja se aproxima de seu Juízo Final.

E, como revelou o Leandro Fortes na Carta Capital, a Globo também pescou nas águas turvas do Cachoeira.

A ponto de ser obrigada a demitir insigne jornalista.

O Conversa Afiada reproduz abaixo documento que um deputado da CPI recebeu de sua assessoria.

Trata exatamente disso: de como a CPI do Robert(o) é óóóóóótima !

Não é à toa que o PiG (*) quer desmoraliza-la: um tucano ilustre já esta no papo.

Deputado,

Até o presente momento, a CPMI aprovou os seguintes requerimentos:

Quebras de Sigilo Pessoas Jurídicas    57
Quebras de Sigilo Pessoas Físicas    28
Convocações    110

A Polícia Federal havia quebrado os sigilos de 11, dessas 28 pessoas físicas, e 8, das 57 pessoas jurídicas.

A CPMI revelou as relações do governo Marconi Perillo com Carlos Cachoeira. A CPMI provou que:

1. Perillo vendeu a casa a Cachoeira em fevereiro;
2. A esposa de Cachoeira (Andressa Mendonça) contratou um arquiteto para reformar a casa em março (gastou mais de R$ 500 mil);
3. Cachoeira mandou rasgar o contrato com Perillo para que ele não aparecesse;
4. Tentou passar a casa para o nome de Deca (André Teixeira Jorge, auxiliar de cachoeira).
5. Solicitou que Wladmir Garcez vendesse a casa para Walter Paulo em julho.
6. Vendeu a casa a Walter Paulo por R$ 2,1 milhões.

Ainda sobre Perillo, a CPMI demonstrou que a cota de nomeação referida pela PF se confirma. Edvaldo Cardoso, presidente do Detran, é um dos integrantes dessa cota. Varias pessoas de segundo escalão foram indicadas por Cachoeira.

Lúcio Fiuza (Secretario Particular de Perillo), Eliane Pinheiro (chefe de gabinete do Governador Perillo), Jayme Rincon (tesoureiro do PSDB e presidente da Agetop), Ronald Bicca (Procurador Geral do Estado), entre outros secretários de Estado, têm relação direta com Carlos Cachoeira.

A CPMI apurou que a empresa fantasma de Cachoeira, Alberto e Pantoja, pagou dividas de campanha de Perillo para com o jornalista Luiz Carlos Bordoni e pesquisas de opinião de junto ao instituto Serpes (solicitada via Edvaldo Cardoso). Revelou ainda que outra empresa de Cachoeira, a Adercio e Rafael (atual G&C Construçoes), pagou dividas de campanha de Perillo para com Bordoni (segunda parcela).

Ou seja, já está provado que Perillo recebeu dinheiro do crime organizado.

Sobre o DF, a CPMI investigou e demonstrou que Carlos Cachoeira tentou, mas nao conseguiu corromper o governo. O foco foi a bilhetagem de ônibus.
A cpmi quebrou o sigilo bancário de 57 empresas, para buscar o CAMINHO DO DINHEIRO. A cpmi está no encalço de 13 empresas ligadas à evasão de divisas. Estas empresas estão sediadas no Uruguai, em Curaçao e nas Ilhas Virgens Britânicas. Essa será uma das principais colaborações da comissão.



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Partidarização da Justiça ameaça a democracia brasileira

Este ano, uma das principais anomalias da democracia brasileira emergirá com força. A proximidade do julgamento do “mensalão” do PT revela que, dos três pilares da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), um não passou pela depuração da hegemonia conservadora oriunda da ditadura.
A democracia tratou de equilibrar a correlação de forças políticas e ideológicas nos Poderes Executivo e Legislativo. A renovação de quadros que os processos eleitorais impõem a esses Poderes a cada quatro ou oito anos (neste caso, nas eleições para o Senado Federal) permite que acompanhem os anseios da sociedade por pluralidade.
Esse efeito benfazejo da democracia, porém, não atinge a terceira perna do tripé que sustenta a República, o Judiciário.
Ainda que a cúpula desse Poder seja designada pelos poderes Executivo e Legislativo através da indicação dos membros do Supremo Tribunal Federal pelo Executivo, com referendo do Legislativo, o resto do corpo da Justiça brasileira ainda sofre os efeitos de décadas a fio de controle conservador das instituições.
O funcionamento da Justiça brasileira, no varejo, mostra seu viés conservador. Da juíza que mandou massacrar milhares de famílias do bairro de Pinheirinho em São José dos Campos para beneficiar um ricaço corrupto às decisões judiciais nos Estados que atendem aos interesses das famílias midiáticas e de seus prepostos, é claro o viés político-ideológico que distorce a Justiça.
Mesmo no Supremo Tribunal Federal, espanta constatar como o julgamento do “mensalão” do PT, de interesse da direita midiática, ultrapassou, temporalmente, o julgamento de escândalos mais antigos (como o mensalão do PSDB mineiro), que se arrastam simplesmente porque a mídia não se interessa por eles.
Bastou a mídia fazer pressão para o julgamento do mensalão ser marcado, ultrapassando ilegalmente casos mais antigos que se arrastam. Aí se tem a demonstração de que mesmo em um Supremo renovado pela indicação de juízes sem vínculos políticos como os indicados pelos governos anteriores ao de Lula, o poder de chantagem da mídia ainda intimida a Justiça.
A desconfiança que a sociedade nutre em relação à Justiça transparece da manchete de primeira página da Folha de São Paulo do primeiro dia útil desta semana, que dá conta de que a CUT pode ir às ruas protestar contra uma politização do julgamento do mensalão que vai se tornando cada vez mais previsível.
Na verdade, o que um dos grupos de mídia que mais intimidam o Judiciário noticia é apenas a ponta do iceberg de um imenso movimento de resistência democrática contra o tribunal político em que as famílias midiáticas e os partidos políticos que controlam devem tentar converter o julgamento do mensalão, pois, além da CUT, todos sabem que esse movimento em prol de um julgamento técnico deve açambarcar UNE, MST e outras centrais sindicais.
Com efeito, o julgamento do mensalão será, também, o julgamento da Justiça, pois algumas condenações, se ocorrerem, serão inaceitáveis porque se darão sem prova alguma. Como no caso de José Dirceu, por exemplo, que só pode sofrer alguma condenação se o julgamento for político porque não há absolutamente nada, nesse processo, que o incrimine.
Nas instâncias estaduais da Justiça, então, a situação é espantosa. Desafetos dos barões da mídia sofrem condenações absurdas nas primeiras instâncias enquanto que essa mídia e seus peões são blindados contra qualquer reclamação pelos abusos que cometem.
Na Justiça paulista ou na carioca, por exemplo, qualquer um que enfrente a mídia ou seus tenentes sabe que perderá, passando a ter alguma chance apenas nas instâncias superiores, quando os processos deixam a Justiça estadual.
Esse processo de partidarização e ideologização da Justiça, bem como sua permeabilidade a pressões midiáticas, está se tornando cada dia mais escandaloso. Jornalistas que se opõem aos partidos de direita e aos grupos de mídia vêm sofrendo cerceamento do direito de defesa.
Recentemente, jornalistas que incomodam a Globo foram condenados em ritos praticamente sumários, com seus processos “andando” em uma velocidade que a Justiça dificilmente exibe e sob decisões escandalosas que dispensam até, pasme-se, produção de provas pelas partes, dando razão, in limine, aos prepostos da família Marinho.
Movimentos sociais e sociedade civil, portanto, organizam-se para denunciar ao mundo a corrupção da Justiça pelos interesses da direita midiática. As ruas serão o primeiro passo, mas a intenção é chegar aos fóruns internacionais, pois o partidarismo da Justiça constitui a última grande ameaça à democracia brasileira.

Marcos Coimbra e uma invenção midiática de mensaleiros e mensalão


CartaCapital

Os mensalões, um comparativo

Marcos Coimbra.

Por coincidência, justamente quando o julgamento do mais famoso “mensalão”, que alguns chamam “do PT”, foi marcado, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sua denúncia contra os acusados de outro, o “mensalão do DEM” do Distrito Federal.
Trata-se mesmo de um acaso, pois a única coisa que os dois compartilham é o nome. Equivocado por completo para caracterizar o primeiro e inadequado para o segundo.
Naquele “do PT”, nada foi provado que sugerisse haver “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de (gordas, como indica o aumentativo) propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo. No outro, essa é uma das partes menos importante da história.
Alguns acham legítimo – e até bonito – empregar a expressão como sinônimo genérico de “escândalo” ou “corrupção”, mas isso só distorce o entendimento. O que se ganha ao usar mal o português? No máximo, contundência na guerra ideológica. Chamar alguma coisa de “mensalão” (ou adotar neologismos como “mensaleiro”) tornou-se uma forma de ofender.
Fora o nome errado igual, os dois são diferentes.
Ninguém olha o “mensalão” de Brasília como se tivesse significado especial. É somente, o que não quer dizer que seja pouco, um caso de agentes políticos e funcionários públicos, associados a representantes de empresas privadas, suspeitos de irregularidades.
Por isso, se o STJ acolher a denúncia, o processo terá tramitação normal. Sem cobranças para que ande celeremente. Sem que seja pintado com cores mais fortes que aquelas que já possui. Sem que se crie em seu torno um clima de “julgamento do século” ou sequer do ano.
É provável que aconteça com ele o mesmo que com outro mais antigo, o “mensalão do PSDB”. Esse, que alguns dizem ser o “pai de todos”, veio a público no mesmo período daquele “do PT”, mas avança em câmera lenta. Está ainda na fase de instrução, sem qualquer perspectiva de julgamento.
Por que o que afeta o PT é mais importante?
A resposta é óbvia: porque atinge o PT. Se os “mensalões” da oposição são tratados como secundários e se outros são irrelevantes (como os que a toda hora são noticiados em estados e municípios), deveria existir no do PT algo que justifique tratamento diferente.
Há quem responda com uma frase feita, tão difundida, quanto vaga: seria o “maior escândalo da história política brasileira”. Repetida como um mantra pelos adversários do PT, não é substanciada por nenhuma evidência, mas circula como se fosse verdade comprovada.
“Maior” em que sentido? Os recursos públicos movimentados seriam maiores? Mais gente estaria envolvida?
É difícil para quem lê as alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) compreender o montante que em sua opinião teria sido desviado e como. O documento é vago e impreciso em algo tão fundamental.
Essa indefinição pode ser, no entanto, positiva: deixa a imaginação livre. Qualquer um pode inventar o valor que quiser.
O “mensalão do DEM”, ao contrário, tem tamanho especificado: 110 milhões de reais. Nele, o MPF não se confundiu com as contas.
Se o critério para considerar maior o petista for a quantidade de envolvidos, temos um curioso empate: dos 40 acusados originais, número buscado pelo MPF apenas por seu simbolismo, restam 37, tantos quanto os denunciados no escândalo de Brasília.
E há diferenças notáveis. No “mensalão do DEM”, os agentes públicos foram citados por desviar dinheiro para enriquecimento pessoal, o que, em linguagem popular, significa roubar. No “do PT”, nenhum.
De um lado, valores certos, acusados em número real, motivações inaceitáveis. Do outro, o oposto.
Quando o procurador-geral declarou que “a instrução comprovou que foi engendrado um plano criminoso para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, esqueceu que nem sequer uma linha de suas alegações o demonstrou. Arrolou 12 deputados (quatro do PT), que equivalem a 2% da Câmara, número insuficiente para sequer presumir que houvesse “um esquema de cooptação de apoio político”, a menos que inteiramente inepto.
No caso de Brasília, nada está fantasiado, é tudo visível, o que não significa que tenha sido provado de forma juridicamente correta.
No fundo, essa é a questão e a grande diferença entre os dois. Quando a hora chegar, o “mensalão do DEM” deverá, ao que tudo indica, ser analisado de maneira técnica. Se o “do PT” o fosse, pouco da acusação se sustentaria.
Tomara que os ministros do STF consigam independência para julgá-lo de maneira isenta, livres das pressões dos que exigem veredictos condenatórios.