Coube a um editor da Folha de São Paulo refletir sobre o óbvio. E divulgar a reflexão: dizer que Lula está “acabado” ou “morto” politicamente é ridículo, para dizer o mínimo.
O nome do gajo é Fábio Zanini, editor do caderno “poder”. Ele parte da análise precipitada que fazem os antipetistas sobre queda da aprovação de Lula para lembrar que, mesmo tendo perdido aprovação, ele ainda é o político mais forte e resiliente do país.
Eis a análise burra que faz a direita demo-tucano-midiática, e que o editor em questão repisa no início de seu texto:
“Em menos de dois anos, a rejeição de Lula pulou de 17% para 47%, segundo o Datafolha. A parcela dos que o consideram o melhor presidente que o Brasil já caiu de 56% para 39%. Com 22% das intenções de voto, está nove pontos atrás de Aécio Neves (PSDB) na corrida para 2018“
Uau! Então Lula está acabado, não é?
A imagem no alto da página reproduz pesquisa recente do instituto Datafolha. Basta um olhar sobre ela para verificamos quão “acabado” está Lula.
Sim, em dois anos mudaram de ideia sobre Lula pouco mais de um quarto dos que o consideravam o melhor presidente que o país já teve.
Perguntinha: não é muito pouco, não, diante do bombardeio que ele sofreu nesse período?
Aliás, o gráfico é hilariante porque mostra que o grande falador que se arvora em acusador de Lula aparece na pesquisa em situação muito pouco abonadora.
Fernando Henrique Cardoso, aplaudido frequentemente em restaurantes de luxo de São Paulo, até melhorou um pouco sua avaliação como ex-presidente.
Era aprovado por 12% em 2010 e, em novembro do ano passado, foi considerado por 16% o melhor presidente que o país já teve.
Algum antipetista tucano arrisca uma explicação sobre por que FHC continua tão mal avaliado quase uma década e meia após ter deixado o poder?
Apesar da amnésia galopante que tomou esses setores fascistas da sociedade, o fato é que a grande maioria dos brasileiros ainda guarda na memória quanto pastou quando o PSDB estava no poder.
Ah, mas Aécio Neves está à frente de Lula nas pesquisas de intenção de voto para 2018.
Sim, é verdade. Porque ele perdeu pouco do eleitorado que sufragou seu nome na urna eletrônica em 2014.
Mas, espera aí, isso é bom? Como pode Aécio, protegido pela mídia e pela Justiça, ter perdido aprovação? Mas não é só…
Cerca de um terço do eleitorado pulou fora do PT, de Dilma e de Lula. Trata-se de um contingente variado, composto por esquerdistas enfurecidos com medidas “liberais” que Dilma tomou e por pessoas sem ideologia alguma e que se pautam só pelo bolso, de modo que havendo crise mudam de opção política automaticamente.
Mas a verdadeira base de Lula está na pesquisa sobre quem é o melhor presidente que o Brasil já teve. Esses 39%, em um processo eleitoral, convergiriam para seu nome. E a esse contingente juntar-se-ia o eleitorado de esquerda que, em um segundo turno, ficaria sem opção além de Lula, a menos que ele fosse para esse segundo turno com algum candidato à sua esquerda.
Mas haveria segundo turno, se a eleição presidencial fosse hoje? Seguramente que haveria. As pesquisas mostram isso. São vários candidatos fortes. Marina, sobretudo. Ninguém conseguirá vencer eleição em primeito turno, atualmente.
Nesse aspecto, o editor da Folha manda um recado ao antipetismo:
“Embora muito tentador, é um erro decretar neste momento a morte política do ex-presidente e enterrar suas chances na próxima eleição.
Lula já foi dado como acabado pelo menos três vezes em sua longa carreira política e sempre ressurgiu para surpreender seus críticos.
Em 1994, foi atropelado pelo Plano Real e teve sua derrota eleitoral mais doída.
Três anos depois, veio o primeiro escândalo sério a envolver seu nome: a denúncia de conluio entre prefeituras petistas e a Cpem, consultoria que na época foi associada ao nome de Roberto Teixeira, compadre de Lula.
Por fim, e mais importante, o mensalão, em 2005.
A resiliência do petista em cada uma dessas situações impressiona“
Na verdade, Lula nem precisa, de fato, ressurgir. Sua queda de popularidade em um momento em que só seus críticos e acusadores têm voz nem deve ser levada em conta. Só se poderia dizer que ele tem realmente alguma dificuldade maior se tivesse meios de se defender publicamente na TV, no Rádio, com espaço equitativo às acusações.
Ou seja, se Lula tivesse horário eleitoral para se defender ele poderia rebater tudo isso que estão atirando contra ele e, com a base eleitoral que conserva, seguramente conseguiria mais apoios.
O que o tal Zanini da Folha disse não é novidade nem mesmo para a direita demo-tucana, para o resto da mídia tucana ou para os grupos tucanos encastelados no Judiciário, no MP ou na PF. E é por isso que não param de fustigar Lula um único dia.
E, aliás, o resultado que estão obtendo não é lá grande coisa. Muita gente está se revoltando com a criminalização de Lula construída em cima de um barquinho a remo e de imóveis modestos emprestados por amigos.
Ah, mas eles vão prender Lula, dirão os tarados de extrema-direita. Vão nada, seus cretinos. Não vão prender Lula porque não há razão para tanto. Seria um desastre internacional. A Justiça brasileira se desmoralizaria para sempre se prendesse um líder político dessa envergadura sem provas cabais.
E onde estão essas provas, no barquinho de lata? Não sejam ridículos…