Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Lula está “acabado”, é? Pois 40% dos brasileiros dizem o contrário

lula capa
Coube a um editor da Folha de São Paulo refletir sobre o óbvio. E divulgar a reflexão: dizer que Lula está “acabado” ou “morto” politicamente é ridículo, para dizer o mínimo.
O nome do gajo é Fábio Zanini, editor do caderno “poder”. Ele parte da análise precipitada que fazem os antipetistas sobre queda da aprovação de Lula para lembrar que, mesmo tendo perdido aprovação, ele ainda é o político mais forte e resiliente do país.
Eis a análise burra que faz a direita demo-tucano-midiática, e que o editor em questão repisa no início de seu texto:
Em menos de dois anos, a rejeição de Lula pulou de 17% para 47%, segundo o Datafolha. A parcela dos que o consideram o melhor presidente que o Brasil já caiu de 56% para 39%. Com 22% das intenções de voto, está nove pontos atrás de Aécio Neves (PSDB) na corrida para 2018
Uau! Então Lula está acabado, não é?
A imagem no alto da página reproduz pesquisa recente do instituto Datafolha. Basta um olhar sobre ela para verificamos quão “acabado” está Lula.
Sim, em dois anos mudaram de ideia sobre Lula pouco mais de um quarto dos que o consideravam o melhor presidente que o país já teve.
Perguntinha: não é muito pouco, não, diante do bombardeio que ele sofreu nesse período?
Aliás, o gráfico é hilariante porque mostra que o grande falador que se arvora em acusador de Lula aparece na pesquisa em situação muito pouco abonadora.
Fernando Henrique Cardoso, aplaudido frequentemente em restaurantes de luxo de São Paulo, até melhorou um pouco sua avaliação como ex-presidente.
Era aprovado por 12% em 2010 e, em novembro do ano passado, foi considerado por 16% o melhor presidente que o país já teve.
Algum antipetista tucano arrisca uma explicação sobre por que FHC continua tão mal avaliado quase uma década e meia após ter deixado o poder?
Apesar da amnésia galopante que tomou esses setores fascistas da sociedade, o fato é que a grande maioria dos brasileiros ainda guarda na memória quanto pastou quando o PSDB estava no poder.
Ah, mas Aécio Neves está à frente de Lula nas pesquisas de intenção de voto para 2018.
Sim, é verdade. Porque ele perdeu pouco do eleitorado que sufragou seu nome na urna eletrônica em 2014.
Mas, espera aí, isso é bom? Como pode Aécio, protegido pela mídia e pela Justiça, ter perdido aprovação? Mas não é só…
Cerca de um terço do eleitorado pulou fora do PT, de Dilma e de Lula. Trata-se de um contingente variado, composto por esquerdistas enfurecidos com medidas “liberais” que Dilma tomou e por pessoas sem ideologia alguma e que se pautam só pelo bolso, de modo que havendo crise mudam de opção política automaticamente.
Mas a verdadeira base de Lula está na pesquisa sobre quem é o melhor presidente que o Brasil já teve. Esses 39%, em um processo eleitoral, convergiriam para seu nome. E a esse contingente juntar-se-ia o eleitorado de esquerda que, em um segundo turno, ficaria sem opção além de Lula, a menos que ele fosse para esse segundo turno com algum candidato à sua esquerda.
Mas haveria segundo turno, se a eleição presidencial fosse hoje? Seguramente que haveria. As pesquisas mostram isso. São vários candidatos fortes. Marina, sobretudo. Ninguém conseguirá vencer eleição em primeito turno, atualmente.
Nesse aspecto, o editor da Folha manda um recado ao antipetismo:
Embora muito tentador, é um erro decretar neste momento a morte política do ex-presidente e enterrar suas chances na próxima eleição.
Lula já foi dado como acabado pelo menos três vezes em sua longa carreira política e sempre ressurgiu para surpreender seus críticos.
Em 1994, foi atropelado pelo Plano Real e teve sua derrota eleitoral mais doída.
Três anos depois, veio o primeiro escândalo sério a envolver seu nome: a denúncia de conluio entre prefeituras petistas e a Cpem, consultoria que na época foi associada ao nome de Roberto Teixeira, compadre de Lula.
Por fim, e mais importante, o mensalão, em 2005.
A resiliência do petista em cada uma dessas situações impressiona
Na verdade, Lula nem precisa, de fato, ressurgir. Sua queda de popularidade em um momento em que só seus críticos e acusadores têm voz nem deve ser levada em conta. Só se poderia dizer que ele tem realmente alguma dificuldade maior se tivesse meios de se defender publicamente na TV, no Rádio, com espaço equitativo às acusações.
Ou seja, se Lula tivesse horário eleitoral para se defender ele poderia rebater tudo isso que estão atirando contra ele e, com a base eleitoral que conserva, seguramente conseguiria mais apoios.
O que o tal Zanini da Folha disse não é novidade nem mesmo para a direita demo-tucana, para o resto da mídia tucana ou para os grupos tucanos encastelados no Judiciário, no MP ou na PF. E é por isso que não param de fustigar Lula um único dia.
E, aliás, o resultado que estão obtendo não é lá grande coisa. Muita gente está se revoltando com a criminalização de Lula construída em cima de um barquinho a remo e de imóveis modestos emprestados por amigos.
Ah, mas eles vão prender Lula, dirão os tarados de extrema-direita. Vão nada, seus cretinos. Não vão prender Lula porque não há razão para tanto. Seria um desastre internacional. A Justiça brasileira se desmoralizaria para sempre se prendesse um líder político dessa envergadura sem provas cabais.
E onde estão essas provas, no barquinho de lata? Não sejam ridículos…

Saturnino, o business quer destruir o Lula É preciso destruir a figura maior do partido renitente: afastá-lo do próximo pleito

bessinha sergio fernando
Conversa Afiada publica com imenso prazer artigo do sempre agudo e sereno  Senador Saturnino Braga:


O  ANO  BRASILEIRO

O ano brasileiro começa depois do carnaval, e quero falar do que estou sentindo nestes primeiros dias de 2016: calor, principalmente; afinal chegou o indefectível verão solar, de 40 graus, no Rio de Janeiro.

Além do calor, uma coisa bem brasileira: a abundância de curvas femininas exuberantes e coloridas em todas as imagens de mídia, e a lembrança clara que me vem da noite em que Brizola ofereceu ao senador Ted Kennedy um jantar no Palácio Laranjeiras; belo, saboroso, ameno, civilizado, ao fim do qual, concatenadamente, começou a se ouvir ao longe o batuque  de uma bateria que chegava. Todos se levantaram e se dirigiram ao pátio do Palácio, onde apontou, garbosa, a comissão de frente de uma escola de samba bem paramentada, e logo a bateria irresistível, o Senador começou a gingar alegre e desengonçado, no jeito de turista americano. Foi quando surgiram no fundo as morenas formosas, excitantes, generosas, sambando o bom  samba brasileiro. E uma descarga elétrica fez lembrar imediatamente ao Senador as raízes calvinistas do seu povo e o perigo de uma foto mal tirada, levando-o a um gesto pouco cortês, de avançar a mão subitamente em agradecimento e despedida, a um Brizola que custou a compreender e a corresponder, mal podendo acompanhar o convidado ilustre, que não se despediu de mais ninguém e se escafedeu pela lateral do Palácio, onde estava estacionado o seu carro.

Pois é este mesmo povo calvinista que está assustando o mundo do business, mostrando uma inesperada vontade de mudar, que parece impregnar os mais jovens entre a maioria branca, dando expressivas vitórias nas primeiras prévias ao candidato socialista Bernie Sanders, senador de Vermont. Esta é a primeira notícia destacada a comentar neste ano que se inicia no Brasil.

O business entretanto confia na sua força econômica e sabe que ao fim e ao cabo vencerá a guerra. O business é internacional, e sua presença é forte também em nosso País, a ponto de comandar toda a nossa grande mídia, como acontece em todo o continente sulamericano. Comanda também grande parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, mas perdeu aqui, faz treze anos, o Poder Executivo, fato extraordinário, surpreendente, imprevisto, e completamente inaceitável. É preciso corrigir esta deformação grave e recuperá-lo a qualquer custo.

Quase o conseguiu na eleição de 2014, usando as informações que tinha da espionagem sobre a grande empresa brasileira de petróleo para desencadear uma demolidora campanha sobre ela, empresa, que explodiu no momento próprio, como um poderoso torpedo, sobre a candidatura da Presidenta que disputava a reeleição.

Perdeu mesmo assim, mas por pouco. Absolutamente inconformado com o resultado, lançou imediatamente a devastadora campanha do impeachment que paralisou o País e sua economia mas não conseguiu derrubar a Presidenta. Porfiou o ano inteiro de 2015, que findou sem o resultado pretendido, mas pelo menos o Brasil se enfraqueceu e a Petrobras quase naufragou, dois efeitos bem positivos para o business. Ademais, o partido impertinente rolou escada abaixo nos ibopes e a imagem da Presidenta definhou.

Não é suficiente entretanto: um novo ano se abre e é preciso continuar a luta, não desistir do impeachment, afundar mais a economia brasileira e ao menos garantir a vitória nas próximas eleições. É preciso destruir então a figura maior do partido renitente, seu líder principal: afastá-lo completamente do próximo pleito. Ele andou cogitando de comprar um apartamento triplex perto da praia e frequentou muito um belo sítio de amigos no interior do Estado; ademais, sua esposa comprou um barco de pescador e seu filho associou-se a empresários. Pronto, é por aí. Os profissionais da imprensa investigadora que caiam em campo a produzir os abalos necessários.

O business todavia, não obstante sua força, tem também seus pontos fracos; e o principal é subestimar sempre a inteligência popular.

O povo perdeu muito da confiança que tinha no seu partido depois do bombardeio longo e arrasador de toda a mídia. Mas ainda gosta do seu líder maior, e se incomoda de vê-lo tão perseguido, atacado por todos os lados. O povo também pensa, reflete, vê o outro líder adversário, que também foi Presidente, que fez tanto mal ao País vendendo patrimônio público a preço de banana, sempre sorridente nos jornais, como se gostasse de toda essa derrocada, morando num grande apartamento no bairro mais caro de São Paulo, possuindo fazenda  cheia de bois, sem que ninguém fale nada sobre isso. O povo olha desconfiado e pensa em silêncio. Mas o business não dá importância a este pensamento. O business entende mesmo é de mercado, de coisas que se compram e vendem. Eis.