Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Estudante é expulso de palestra de Aécio após gritar 'cocaína no helicóptero'


 Jornal do Brasil.

Aluno da PUC-RS queria saber sobre a droga encontrada em aeronave de Perrella
 
O estudante Marcelo Ximenes foi expulso do Fórum da Liberdade, realizado na Pontifícia Universidade Católica, em Porto Alegre, após gritar "cocaína no helicóptero"  durante palestra do pré-candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves. Marcelo foi retirado da sala por dois seguranças e teve sua credencial recolhida pela organização do evento. A produção do Fórum da Liberdade informou que aceita as divergências, desde que elas fossem "educadas".

Ximenes estuda Ciências Sociais na PUC-RS e confirmou, na saída do evento, que queria que Aécio comentasse a respeito da apreensão de 445 quilos de pasta de cocaína, em novembro de 2013, em um helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (PDT-MG), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG), aliados políticos do tucano.

“Eu gritei alto (a pergunta), já que não tinha microfone. Se eu colocasse uma pergunta como essa no papel, ninguém ia ler. Esse não é um espaço democrático, como todo espaço da direita. Que democracia é essa que não se pode fazer uma pergunta? ”, afirmou Ximenes.
Aécio saiu da Sala de Atos da PUC-RS sem responder o questionamento do estudante e sem atender a imprensa.

Desilusão dos mais pobres com a política dá voto ao PT, mas por exclusão

Comissão de Justiça do Senado aprova CPI ampla para investigar Pasadena, metrô tucano e obras de Eduardo Campos em Suape

Impacto da seca nos preços dos alimentos eleva INPCA de março a 0,92%; jogral rentista vai pedir mais juros para proteger sua liquidez.

BRICs farão reunião paralela a do FMI, em Washington, para discutir o que importa: a criação de um banco próprio de desenvolvimento e a operação do fundo de reservas do grupo.



 Programas permitiram ascensão social dos mais pobres, mas não derrubaram os muros da discriminação, segundo pós-graduandos da USP

Maria Inês Nassif
 
Arquivo

O Prouni é um dos programas de maior sucesso dos governos petistas, mas a chegada de um contingente de jovens carentes à Universidade não significou derrubar os muros que os separam das classes mais ricas, mas crescer entre outros muros: ter acesso a empregos mais qualificados que os de seus pais, mas de menos qualificação em relação ao universo de empregos disponíveis para jovens com nível universitário com origem em classes sociais mais abastadas, como o telemarketing; e continuar vivendo na periferia, onde os muros construídos são de fora para dentro – uma proteção aos enclaves dos ricos – e a violência reforça o preconceito social de que o crime tem classe e residência: é cometido pelos mais pobres em periferias, favelas e cortiços. Esses jovens apoiaram unanimemente as manifestações de junho passado, têm uma visão crítica – embora pouco clara – da política e dos políticos e entendem o poder político como aquele que obrigatoriamente se curva aos “interesses dos ricos”.

Essas são as conclusões iniciais da pesquisa etnográfica feita por Henrique Costa entre estudantes do Prouni nas unidades da Uninove, uma das maiores universidades particulares do país e a que mais matricula alunos pelo programa do governo federal, e foram apresentadas nesta segunda-feira, dia 6, no IV Seminário Discente de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de São Paulo, evento que se estenderá até sexta-feira, dia 11/4, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). 

Camila Rocha, na apresentação de seu trabalho sobre “Petismo e Lulismo na periferia de São Paulo: ideologia, classe e voto”, resultado de pesquisa etnográfica feita na Vila Brasilândia, consegue detectar nos jovens pesquisados o mesmo ressentimento político com essa divisão social tão clara que os separa dos mais abastados. Na hora do voto, tomam uma decisão que os aproxima mais do “lulismo” do que do “petismo”, conforme descritos pelo cientista político André Singer.

O “petismo” do universo geográfico pesquisado por Camila esteve presente na criação do partido, nos anos 70, estimulado pelas Comunidades Eclesiais de Base.

Durante os anos 90, essa população perdeu as CEBs, devido aos rumos conservadores tomados pela Igreja Católica, e desorganizou suas vidas privadas devido ao desemprego e à precarização do trabalho. Na década de 2000, o antigo petismo foi substituído pelo “lulismo”, não apenas entre os jovens que não viveram o passado “coletivo” de mobilização popular e criação de um partido de esquerda, como entre as pessoas mais velhas, que estiveram na origem do PT.

“As opiniões sobre a política assumem muitas vezes a forma de um desabafo contra as desigualdades, vistas pelos mais pobres como fundamental para a precariedade em que vivem em oposição ao privilégio dispendido aos ricos pelo poder público”, relata Camila. O governo, de esquerda ou não, e os políticos, são os que se curvam àqueles do outro lado dos muros.

“Influência de classe social, entendeu? Na verdade, quem tem é quem manda. Digamos que os governos que elegemos, que acha que vai nos beneficiar de alguma forma, não vai. Ele vai beneficiar quem tem poder. O empresário é quem tem poder e que manda nele. ‘É assim, é assado e vai ser desta forma”, e vai ser dessa forma. E o que a população pode fazer em relação a isso? Sair na rua e apanhar da polícia? É difícil, e meio revoltante, para falar a verdade”, diz Márcia, estudante do Prouni, em entrevista relatada no trabalho de Henrique Costa.

Na hora do voto, no entanto, por tendência partidária ou por adesão individual ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT ainda é majoritário – e foi o período da eleição municipal de 2012 o fotografado por Camila, em sua dissertação. A cientista política detecta como tendência, entre os entrevistados que são trabalhadores em ascensão social, a solidariedade aos que ainda não conseguiram sair da pobreza. Esse vínculo não se faz como uma adesão ideológica a um partido, o PT, mas uma identificação e adesão pessoal a um líder, o ex-presidente Lula.

“Eu prefiro o PT (...), por mais coisas erradas que eles fazem, eles pensam um pouquinho nos pobres, tudo bem que quando eles pensam nos pobres, eles pensam ‘o voto vai primeiro’, pobre tem mais filho, tem mais gente para votar. (Mas) eu gosto do PT não é só por isso não, (...) mas é por causa da minha cidade, lá no Nordeste, o PT fez muito lá. (...)”, diz Tatiane, em trecho de entrevista reproduzido no trabalho de Camila. E continua: ela acha que o PT fez isso devido à influência de Lula. “Eu acho que foi mais pelo presidente Lula, pela condição de vida que ele teve(...) O povo, todo mundo gostava dele. Eu gosto, eu gosto porque ele fez, ele fez alguma coisa pelo meu povo, que não foi nem por mim, mas foi pelo meu povo”.

O “lulismo” tem uma face progressista, na medida em que incorpora não apenas uma adesão a uma política que beneficia individualmente o cidadão pobre, possibilitando sua ascensão social, mas pelo fato de ter construído um universo simbólico popular que se contrapõe ao das elites, observa Camila. Mas a sua face conservadora, de conciliação de interesses, bloqueia “uma polarização mais aguda” que poderia levar a um acirramento do conflito social -- e, com isso, acaba também desmobilizando “as classes populares em torno de um projeto que as unifique”. Devido a essa contradição, há espaço para que “os trabalhadores em processo de ascensão se descolem simbolicamente dessas últimas [das classes populares] e passem a aderir a outros projetos político-ideológicos, inclusive de direita”, observa a cientista política. Isso explicaria, por exemplo, o desempenho eleitoral dos candidatos Gabriel Chalita (PMDB) e Celso Russomano (PRB) na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2012.

O efeito devastador de Lula sobre a mídia-oposição

lulafala

O mais impressionante na entrevista concedida ontem pelo ex-presidente Lula não foi o que ele disse.
Foi como o que disse doeu na grande imprensa.
E dor maior ainda porque, embora continuasse a poder selecionar o que lhe interessava, a mídia tinha um freio: o fato de toda a entrevista ter sido transmitida ao vivo pela internet.
E que Lula tivesse podido falar o quanto quisesse, livre, sem a preocupação de fazer frases curtas, de olho na edição.
Claro que quando se pensa em falar na televisão ou no rádio, é preciso ter essa preocupação.
Mas este momento é o de falar com os agentes políticos, com os militantes, com aqueles que são os multiplicadores de ideias políticas.
Que são exigentes e que, mais do que entender, precisam sentir o que se passou, o que se passa e confiar nos seus líderes.
Não há um que ouça Lula falar e encontre dúvidas, reservas, subterfúgios.
Claro que é prudente, mas não fechou a boca sequer sobre os assuntos mais espinhosos: André Vargas, Joaquim Barbosa, mensalão…
Eu cortei o trecho (de quase meia hora) da resposta à provocação que lhe fiz, tanto sobre economia quando sobre Petrobras. Está na seção videos, do lado direito da página.
Na crise de 2008/2009 e na CPI da Petrobras daquele ano, Lula não repetiu o erro de 2005, quando sua eleição chegou a ser ameaçada pela falta de combate político à ofensiva contra a economia e contra a principal empresa do governo brasileiro.
Em ambas a situação, Lula foi o “caixeiro-viajante”, o animador das políticas que seu Governo desenvolvia.
Quando um governante age assim, ele próprio se torna a “comunicação” de seu Governo.
Ele, que se investiu de legitimidade pelo voto dos cidadãos, levanta este valor contra a onda de interesses particulares que se travestem de públicos.
E essa legitimidade é uma imensa força, se for usada com sabedoria e coragem.
O recado de Lula foi claro.
Se formos esperar justiça, equilíbrio, neutralidade da mídia, passivamente, esperaremos até morrer.
Embora, neste caso, não se vá esperar muito, pois morreremos – no sentido político – bem rápido.
Quando há uma forma imensa e poderosa como a do poder econômico e a de sua mídia soprando avassaladoramente sobre um país e o livre processo de formação de consciência de seu povo, é preciso contrapor a ela uma outra força, ainda mais irresistível: a da verdade, sincera, desabrida quase, exposta diretamente aos olhos e ouvidos da população.

Uma das medidas impopulares é cortar o financiamento para a casa própria?



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Resolvi traduzir em fatos, ao longo dos próximos dias, qual é o significado das tais “medidas impopulares” que Aécio Neves, com Fernando Henrique e Armínio Fraga a tiracolo, andou prometendo para a fina flor do capital, a fim de “recuperar” a economia.
E começo  com uma das que , com certeza, está no topo da lista: o esfriamento dos empréstimos concedidos para a compra da casa própria.
Os números espantosos sobre financiamento imobiliário no Brasil – ou sobre a falta dele, antes de Lula e Dilma – dispensam maiores explicações.
Num único ano do governo Dilma são contraídos mais financiamentos para casa própria em número muito maior do que cada um dos governos de Fernando Henrique.
Na Caixa, 68,5%, e nos bancos privados.
O deficit habitacional brasileiro caiu de 12 milhões de moradias para 5,6 milhões,  2 milhões delas no Nordeste.
Note lá no gráfico que a maioria (54%) dos tomadores de crédito, este ano,  são pessoas jovens, com menos de 35 anos de idade.
Que, ao contrário de nós, estão tendo como chegar ao sonho da casa própria ainda bem novos.
E o que tem a ver isso com as tais prometidas “medidas impopulares”?
Isso aconteceu porque o Governo capitalizou, com recursos do Tesouro, a Caixa – que é 100% estatal -, para que ela pudesse ter recursos para financiar moradia.
Um governo disposto a seguir a cartilha neoliberal acabaria, de imediato, com este modelo.
Emissão de títulos, só para pagar mais juros, onde já se viu fazer isso para financiar casa própria?
Retornaríamos  ao tempo em que isso ficava por conta dos bancos privados essencialmente e, aí, para 300 ou 400 mil unidades financiadas, e olhe lá.
Oitocentas mil famílias por ano voltariam a ficar de fora do mercado.
Isso vai ser dito ao povo brasileiro?
Ah, vai, sim.

PS. Os gráficos foram obtidos no excelente blog do professor Fernando Nogueira da Costa e no trabalho Papel do Crédito Imobiliário no Crescimento Econômico- social, do Diretor Executivo de Habitação da Caixa, Teotonio Costa Rezende.

DCM: crucificação de Vargas versus preservação de Marinho

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Enquanto o deputado do PT, acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, "está sendo crucificado antes que os fatos sejam, devidamente, apurados", caso do conselheiro do TCE Robson Marinho, acusado de ter recebido propina da Alstom quando era chefe da Casa Civil de Mario Covas em SP "não comove a mídia", escreve o jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo
8 de Abril de 2014 às 17:39

247 - O jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, traz à tona "o tratamento diferente que a mídia dispensa aos suspeitos de corrupção". Ele compara, no artigo abaixo, a crucificação do deputado Andre Vargas, que já pediu afastamento antes de ser julgado e o caso do conselheiro do TCE Robson Marinho, acusado de receber propina da Alstom, mas que continua no cargo é "poupado e blindado" pela imprensa. Leia abaixo:

A crucificação de André Vargas versus a preservação de Robson Marinho
Por Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo

O deputado André Vargas está sendo crucificado antes que os fatos sejam, devidamente, apurados.
Seu maior crime, naturalmente, da ótica da mídia que conforme ele bem notou promove um "massacre", é ser do PT.
Até aqui, o que se sabe de concreto é que ele é amigo de um doleiro preso. Textos absolutamente enviesados tiram conclusões precipitadamente devastadoras de conversas vazadas pela Polícia Federal.
Que se apurem os fatos, claro. Mas a histeria condenatória é fundamentalmente injusta e maldosa.
O que incomoda no episódio para quem faz jornalismo apartidário e independente como o DCM é o tratamento diferente que a mídia dispensa aos suspeitos de corrupção.
Enquanto isso perdurar, o combate à corrupção não vai avançar. Uma prática corrupta não vai resolver nada no capítulo da corrupção.
Compare a estridência deste caso com, por exemplo, o de Robson Marinho, o fundador do PSDB sobre o qual chovem torrencialmente provas de recebimento de propinas no metrô de SP.
Até a Suíça já se movimentou, ao bloquear uma conta milionária de Marinho.
Mas este episódio não comove a mídia, assim como o escândalo do helicóptero da cocaína e tantos outras histórias que não cabem no "interesse público" das companhias de mídia.
Marinho – que não se perca pelo sobrenome – ainda hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sinecura pela qual recebe 20 000 reais por mês.
O propósito do TCE é fiscalizar as contas do governo estadual. Pausa para rir. Isto sim é o que se pode chamar de aparelhamento da fiscalização.
Marinho foi indicado por Mário Covas, de quem era amigo pessoal. Um jornalista que questionou Covas sobre a ética de colocar um amigo numa função tão delicada recebeu uma patada como resposta.
Vargas, massacrado, se afastou da vice-presidência da Câmara para se defender.
Marinho, poupado e blindado, permanece no TCE a despeito das provas de corrupção.
É um retrato do Brasil.