Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 30 de agosto de 2014

MALAFAIA APROVA RECUO DE MARINA: "MELHOROU MUITO"

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Desilusão dos mais pobres com a política dá voto ao PT, mas por exclusão

Comissão de Justiça do Senado aprova CPI ampla para investigar Pasadena, metrô tucano e obras de Eduardo Campos em Suape

Impacto da seca nos preços dos alimentos eleva INPCA de março a 0,92%; jogral rentista vai pedir mais juros para proteger sua liquidez.

BRICs farão reunião paralela a do FMI, em Washington, para discutir o que importa: a criação de um banco próprio de desenvolvimento e a operação do fundo de reservas do grupo.



 Programas permitiram ascensão social dos mais pobres, mas não derrubaram os muros da discriminação, segundo pós-graduandos da USP

Maria Inês Nassif
 
Arquivo

O Prouni é um dos programas de maior sucesso dos governos petistas, mas a chegada de um contingente de jovens carentes à Universidade não significou derrubar os muros que os separam das classes mais ricas, mas crescer entre outros muros: ter acesso a empregos mais qualificados que os de seus pais, mas de menos qualificação em relação ao universo de empregos disponíveis para jovens com nível universitário com origem em classes sociais mais abastadas, como o telemarketing; e continuar vivendo na periferia, onde os muros construídos são de fora para dentro – uma proteção aos enclaves dos ricos – e a violência reforça o preconceito social de que o crime tem classe e residência: é cometido pelos mais pobres em periferias, favelas e cortiços. Esses jovens apoiaram unanimemente as manifestações de junho passado, têm uma visão crítica – embora pouco clara – da política e dos políticos e entendem o poder político como aquele que obrigatoriamente se curva aos “interesses dos ricos”.

Essas são as conclusões iniciais da pesquisa etnográfica feita por Henrique Costa entre estudantes do Prouni nas unidades da Uninove, uma das maiores universidades particulares do país e a que mais matricula alunos pelo programa do governo federal, e foram apresentadas nesta segunda-feira, dia 6, no IV Seminário Discente de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de São Paulo, evento que se estenderá até sexta-feira, dia 11/4, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). 

Camila Rocha, na apresentação de seu trabalho sobre “Petismo e Lulismo na periferia de São Paulo: ideologia, classe e voto”, resultado de pesquisa etnográfica feita na Vila Brasilândia, consegue detectar nos jovens pesquisados o mesmo ressentimento político com essa divisão social tão clara que os separa dos mais abastados. Na hora do voto, tomam uma decisão que os aproxima mais do “lulismo” do que do “petismo”, conforme descritos pelo cientista político André Singer.

O “petismo” do universo geográfico pesquisado por Camila esteve presente na criação do partido, nos anos 70, estimulado pelas Comunidades Eclesiais de Base.

Durante os anos 90, essa população perdeu as CEBs, devido aos rumos conservadores tomados pela Igreja Católica, e desorganizou suas vidas privadas devido ao desemprego e à precarização do trabalho. Na década de 2000, o antigo petismo foi substituído pelo “lulismo”, não apenas entre os jovens que não viveram o passado “coletivo” de mobilização popular e criação de um partido de esquerda, como entre as pessoas mais velhas, que estiveram na origem do PT.

“As opiniões sobre a política assumem muitas vezes a forma de um desabafo contra as desigualdades, vistas pelos mais pobres como fundamental para a precariedade em que vivem em oposição ao privilégio dispendido aos ricos pelo poder público”, relata Camila. O governo, de esquerda ou não, e os políticos, são os que se curvam àqueles do outro lado dos muros.

“Influência de classe social, entendeu? Na verdade, quem tem é quem manda. Digamos que os governos que elegemos, que acha que vai nos beneficiar de alguma forma, não vai. Ele vai beneficiar quem tem poder. O empresário é quem tem poder e que manda nele. ‘É assim, é assado e vai ser desta forma”, e vai ser dessa forma. E o que a população pode fazer em relação a isso? Sair na rua e apanhar da polícia? É difícil, e meio revoltante, para falar a verdade”, diz Márcia, estudante do Prouni, em entrevista relatada no trabalho de Henrique Costa.

Na hora do voto, no entanto, por tendência partidária ou por adesão individual ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT ainda é majoritário – e foi o período da eleição municipal de 2012 o fotografado por Camila, em sua dissertação. A cientista política detecta como tendência, entre os entrevistados que são trabalhadores em ascensão social, a solidariedade aos que ainda não conseguiram sair da pobreza. Esse vínculo não se faz como uma adesão ideológica a um partido, o PT, mas uma identificação e adesão pessoal a um líder, o ex-presidente Lula.

“Eu prefiro o PT (...), por mais coisas erradas que eles fazem, eles pensam um pouquinho nos pobres, tudo bem que quando eles pensam nos pobres, eles pensam ‘o voto vai primeiro’, pobre tem mais filho, tem mais gente para votar. (Mas) eu gosto do PT não é só por isso não, (...) mas é por causa da minha cidade, lá no Nordeste, o PT fez muito lá. (...)”, diz Tatiane, em trecho de entrevista reproduzido no trabalho de Camila. E continua: ela acha que o PT fez isso devido à influência de Lula. “Eu acho que foi mais pelo presidente Lula, pela condição de vida que ele teve(...) O povo, todo mundo gostava dele. Eu gosto, eu gosto porque ele fez, ele fez alguma coisa pelo meu povo, que não foi nem por mim, mas foi pelo meu povo”.

O “lulismo” tem uma face progressista, na medida em que incorpora não apenas uma adesão a uma política que beneficia individualmente o cidadão pobre, possibilitando sua ascensão social, mas pelo fato de ter construído um universo simbólico popular que se contrapõe ao das elites, observa Camila. Mas a sua face conservadora, de conciliação de interesses, bloqueia “uma polarização mais aguda” que poderia levar a um acirramento do conflito social -- e, com isso, acaba também desmobilizando “as classes populares em torno de um projeto que as unifique”. Devido a essa contradição, há espaço para que “os trabalhadores em processo de ascensão se descolem simbolicamente dessas últimas [das classes populares] e passem a aderir a outros projetos político-ideológicos, inclusive de direita”, observa a cientista política. Isso explicaria, por exemplo, o desempenho eleitoral dos candidatos Gabriel Chalita (PMDB) e Celso Russomano (PRB) na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2012.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

BENTO XVI: CRISE E EXAUSTÃO CONSERVADORA



Dinheiro, poder, sabotagem. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.A presença ostensiva desses ingredientes  de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior:  o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores  da Santa Sé. Desta vez, literalmente, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' deve refletir o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica. Mais que razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia nesta 2ª feira: na prática, desistiu de um poder do qual já não dispunha -- e para o qual sua dimensão intelectual já não tinha mais utilidade.  Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo conservador de que foi uma estrela militante (leia nesta pág. o artigo de José Luis Fiori e o perfil de um dos fundadores da Teologia da Libertação).Termina seu percurso deixando um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras Mas legitimadas em seu pragmatismo  pela eutanásia da espiritualidade social que ele ajudou a consumar.
Análises sobre o próximo papa


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

BATINAS, FÉ, GOLPE E MÍDIA


O primeiro programa da televisão brasileira em rede nacional --com o suporte técnico fornecido desde Washington-- foi uma missa celebrada por padre Patrick Peyton, no início de 1964. Quem era o padre Peyton, merecedor de tal distinção?

Na preparação do golpe de 1964, era preciso excitar os instintos do medo e canalizá-los contra 'o comunismo ateu' representado pelo governo João Goulart. Nada melhor para isso do que servir-se da religiosidade popular, para o que esteve sempre disponível a obsequiosa genuflexão de uma parte da cúpula da Igreja cuja união carnal com os poderosos precedia a comunhão com Cristo.Nesse intercurso da fé com o dinheiro e a truculência, a CIA despachou para o Brasil o padre Patrick Peyton, um irlandês naturalizado estadunidense, conhecido como o padre das “estrelas”, por gostar de aparecer ao lado das celebridades de Hollywood. Peyton veio promover a "Cruzada pelo Rosário em Família". Seus encontros convocados pela mídia arrastavam milhares de pessoas, em especial mulheres, para uma pregação que consistia em alertar 'a família' contra os perigos de um governo contrário aos EUA e que representava uma ameaça comunistaà religião, à tradição e aos bons costumes. A política era apenas o subtexto. O resto da história é conhecido. Pavimentado o espírito e a fé, o golpe de 1964 contou com o engajamento militante de batinas anticomunistas tendo como ponto alto a atuação de Dom Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos (RJ) e de Geraldo de Proença Sigaud, arcebispo de Diamantina (MG). Na marcha que recebeu os militares golpistas no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1964, mulheres representantes da tradicional família brasileira, seguindo o lema de Patrick Peyton, estenderam seus rosários em oração agradecida à Igreja Católica pelo papel precursor na consolidação de uma nova ditadura na América Latina"

(Carta Maior, com informações ' O outro lado da notícia';14-10)
Postado por Saul Leblon às 04:16