Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 18 de agosto de 2012

Por enquanto PMDB dá 'habeas-corpus' político para Policarpo ficar em silêncio sobre Cachoeira

O PMDB, até agora, tem melado a convocação do jornalista Policarpo Junior, da revista Veja, para depor na CPI do Cachoeira. Fala-se até em pacto do partido com a revista e com a TV Globo, onde o PMDB alivia a revista na CPI e a revista aliviaria denúncias contra peemedebistas.

Será que, em tempos de internet, é bom negócio para o PMDB entrar em campo como parceiro estratégico da revista no lugar de Cachoeira?

Na verdade, se a relação da revista com o bicheiro fosse apenas de jornalista com fonte, a revista deveria ser a maior interessada em comparecer na CPI com transparência, para não deixar margem de dúvidas. Quando foge, a revista se comporta como o próprio Cachoeira e todos os outros que invocaram o direito constitucional de ficar em silêncio para não se incriminar. Cachoeira, sua mulher, e outros comparsas pediram ao judiciário habeas-corpus para garantir o silêncio. No caso da revista Veja, o equivalente ao habeas-corpus tem sido o PMDB negar os votos necessários à convocação.

Por outro lado, a ideia de pacto para blindar peemedebistas de denúncias deixa transparece haver denúncias abafadas, o que não ajuda em nada a imagem do partido e aguça o radar de internautas, blogueiros e de jornalistas investigativos da outra parte da imprensa independente do eixo Globo-Veja-Folha-Estadão.

No século passado um pacto dessa natureza representava uma aliança das oligarquias midiáticas com as oligarquias políticas para compartilharem o poder. Nesta década, quando a internet democratiza e socializa a informação que a velha imprensa esconde, a decisão do PMDB parece mais abraço de afogado.

Os juízes já tem a cabeça feita? O Gilmar, por exemplo?

“Não pode ser verdade”, diz ele sobre a notícia que corre nos diferentes meios de comunicação de que já estariam prontos os votos dos ministros.



Inocêncio Mártires Coelho conhece uma boa parte dos ministros do Supremo.

Um, por exemplo, ele conhece muito bem:

Segundo a revista Carta Capital nessa reportagem de Leandro Fortes, Mártires Coelho acusou o ex-sócio Gilmar Dantas (*) de sonegar impostos e de avançar sobre o Caixa de empresa.

Gilmar teria levantado rapidamente R$ 8 milhões para indenizar o sócio e abafar o caso.

E este homem é quem vai jugar os mensaleiros do PiG (**).

Agora, na Carta Capital desta semana, – clique aqui para ler o estupendo editorial do Mino, sobre a liberdade de Policarpo, pela qual o Miro Teixeira preza tanto,- Mauricio Dias tem a boa ideia de recuperar a sustentação oral de Mártires Coelho em defesa do ex-deputado José Borba.

“Não pode ser verdade”, diz ele sobre a notícia que corre nos diferentes meios de comunicação de que já estariam prontos os votos dos ministros, independente da derradeira fala dos advogados de defesa.

“Não, isso não pode ser verdade, sobretudo porque, neste momento em que a defesa se pronuncia pela última vez, pontos importantes, que eventualmente tenha passado despercebidos (…) certamente influenciarão, na exata medida em que lhes tragam razões novas capazes de justificar a decisão final.”

As reportagens a que se refere Mártires Coelho, lembra Mauricio, “formam o rolo compressor da imprensa para a condenação dos réus. É a pressão final. Neste caso, com a contribuição de alguns ministros.”

É a “mídia opressiva”, a que se referiu o Kakay, ao absolver o Duda.

É o março de 1964 que se re-instalou no Brasil em que Peluso talvez  reencarne o Kruel.
Mauricio conclui o artigo com uma frase irretocável de Mártires Coelho:

Quando se pede a imparcialidade do julgador, pede-se tão somente que “ele não tome partido e que arbitre as contendas com a maior isenção, tratando o irracional, em que consiste a aplicação do direito, da forma mais racional possível.”

Paulo Henrique Amorim

(*) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.