André e sua atividade principal, fora do Estado: o hipismo
Saiu no Estadão, pág. B4, artigo de André Lara Resende de título “Capitalismo de Estado patrimonialista”:
(…)
Na última década, o Brasil se beneficiou do ganho nas relações de troca com o exterior. A alta dos preços dos produtos primários, provocada pela demanda da China, significou uma expressiva transferência de renda para o Brasil. Os governos do PT foram suficientemente inteligentes para manter as bases da política macroeconômica, mas passaram a desmontar as reformas que viabilizaram a estabilidade monetária. O processo se acelerou a partir ; da crise de 2008. Aparelharam o Estado, criaram novas estatais e elegeIram parceiros privados incompetentes. Com a desculpa de praticar uma politica anticíclica, expandiram o gasto corrente do governo, mas não investiram em infraestrutura. O resultado é conhecido: baixa produtividade, uma economia que não cresce e contas públicas que se deterioram.
Não é possível saber se o capitalismo de estado chinês continuará bem-sucedido, mas uma coisa é certa: o capitalismo chinês requer um – Estado competente e autoritário. No Brasil, não temos a requerida competência, nem desejamos – quero crer – o autoritarismo. Diante da complexidade do mundo contemporâneo, a tentação da solução autoritária estará sempre presente, mas o caminho mais promissor é o da alternativa delineada na conferência de Viena: não insistir na tradicional gestão centralizada, de comando e controle, mas avançar na descentralização. Um Estado autoritário e patrimonialista, sustentado pela demagogia, o marketing e a intimidação, onde apenas as aparências democráticas são respeitadas, é o caminho mais rápido para volta ao subdesenvolvimento. A fórmula, como demonstra sua aplicação na Argentina e em outros países vizinhos, é devastadora.
Não há como bem governar com o Estado disfuncional. A primeira tarefa de quem pretende fazer um bom governo será a de reconstruir o Estado. No lugar de insistir numa reforma de cima para baixo, de comando e controle, deveríamos experimentar a descentralização. Deveríamos voltar à federação, dar autonomia aos Estados e aos municípios em todas suas esferas, desde a fiscal, até a segurança, a saúde e a educação.
(…)
André cuida do “macro”.
Do que interessa aos bancos.
Esse suculento artigo é uma mistura de pensadores do porte de Weber, Faoro, Hirschman e Ataulfo Merval de Paiva (*), não necessariamente nessa ordem.
Ele “demonstra” que o sucesso do Governo Lula – e agora da Dilma – deriva, apenas, da China e do
Príncipe da Privataria, a que serviu exatamente no processo da Privataria.
Seria bom o amigo navegante recordar alguns aspectos da carreira “estatal” do André.
(O Delfim Netto lembrava que o Roberto Campos, que passou a vida a espinafrar o Estado, só conseguiu se sustentar quando trabalhou para o Estado. É uma maldição dos neolibelês (**) brasileiros … Sem o Estado … )
O ansioso blogueiro se lembra de interessante episódio, em Toronto, no Canadá, quando o então candidato Fernando Henrique Cardoso, ainda ministro da Fazenda, apresentou aos bancos credores a formula para pagar a dívida externa.
Como Fernando Henrique não saberia articular uma explicação àquela plateia de banqueiros, passou a palavra ao funcionário do Estado André Lara Resende, que, segundo FHC, era o cérebro da proposta.
André fez brilhante exposição e anunciou, ali, naquele instante, que deixava o Estado para voltar às atividades privadas (de banqueiro).
Ao lado do ansioso blogueiro, na plateia perplexa, um vice-presidente do Citibank perguntou: quantos chapéus o André veste ?
E comentou: quer dizer que agora ele vai competir comigo para tornar esse acordo possível, entre os bancos credores …
Esse acordo que ele montou …
Ou seja, do Estado para a banca, em um segundo !
No lançamento do Plano Real, o Luiz Nassif –
leia aqui suculenta entrevista com Nassif – sustentou, no excelente livro “Cabeças de Planilha”, que o Real – “concebido” por André, entre outros – foi fixado num nível que, por coincidência, beneficiava a posição do André, aí, já na condição de banqueiro privado.
Mais tarde, no Governo da deslavada
Privataria Tucana na presidência do BNDES – de novo no Estado – André foi apanhado num grampo em que operava a privatizado em benefício do Daniel Dantas: fazer com que a Previ ajudasse o imaculado banqueiro a levantar grana.
E dizia que, se necessário, seria obrigado a usar a “bomba atômica”!
A bomba atômica era o Presidente da Republica, o Príncipe da Privataria.
A bomba foi tão devastadora, que o Presidente teve que demitir o André e o Ministro das Comunicações, Luiz Roberto Mendonça de Barros.
Se não demitisse, corria o risco de ser deposto !
(Naquela altura, o senador Suplicy (PSDB-SP), então no PT – revisor, por favor, não mexa aí … – era capaz de brandir uma capa da Carta Capital com a reprodução do grampo a exigir a cabeça dos dois.
Mas, não, da bomba atômica…)
Lá atrás, na passagem do Governo Sarney para Collor, Mario Henrique Simonsen levou André e Daniel Dantas ao jovem presidente eleito.
Teria sido de André a ideia de congelar a poupança !
Ele não foi para o Governo Collor: o congelamento da poupança o surpreendeu num banco privado !
De fato, esse Estado da Dilma e do Lula é, de fato, um horror !
Não dá mais para o André.
Ele não teria condições morais, intelectuais de participar de tanta patifaria !
Bom era o límpido “Estado patrimonialista” do Fernando Henrique !
De que o Andre participava e des-participava, para ganhar dinheiro na “iniciativa privada”.
E agora se dá ares de “pensador” do Estadão…
É esse “Estado patrimonialista do Fernando Henrique” que a Bláblá e o Dudu querem construir ?
André entrou para o livro Guinness de records na categoria “porta-giratória”.