Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 15 de maio de 2014

3 donos da Globo=R$ 64bi. 12 estádios=R$ 8bi. E tem gente achando que o problema é a Copa.


Fala sério, qual é o maior problema brasileiro? A Copa ou a enorme desigualdade social, onde uns tem demais às custas de outros que tem de menos?

A família Roberto Marinho, a mais rica do Brasil, dona da TV Globo, deixa no chinelo o magnata da mídia internacional Rupert Murdoch em termos de fortuna (R$ 64 bilhões X R$ 31 bilhões), segundo a revista Forbes.

Já uma faxineira na TV Globo ganha muito menos do que uma faxineira que trabalha nas empresas do Murdoch na Europa e nos Estados Unidos.

E o jornal "O Globo" ainda tem a cara de pau de fazer editoriais de oposição à política do governo Dilma de aumentar o salário mínimo.

Vamos comparar a fortuna dos donos da Globo com o valor dos estádios?

Os 3 irmãos magnatas tem R$ 64 bilhões. Dava para fazer 8 Copas do Mundo, considerando o valor dos 12 estádios da Copa, ainda financiados (é bom lembrar).

O Brasil ficou 64 anos sem Copa do Mundo (desde 1950), e qual foi o legado de não ter Copa? A família Marinho aparecer na Forbes com uma fortuna de R$ 64 bilhões é um deles.

A Copa deixará de legado, além de obras materiais, milhões de brasileiros mais prósperos, com os novos empregos gerados ao longo dos anos no setor do turismo, entretenimento, construção civil, indústria cultural, milhares de pequenos negócios ligados ao turismo, centenas de milhares de trabalhadores que estudaram para se qualificar em idiomas ou outras atividades profissionais através do Pronatec-Copa e outros cursos.

E a Copa deixará de legado os próprios estádios que são também atrações turísticas e espaços de lazer, alem do uso para jogos, shows e outros eventos, metrôs, corredores de ônibus, vias expressas e viadutos, redes de banda larga de altíssima velocidade nas cidades sedes que beneficiam toda a região por onde passam, moradias (milhares de famílias que moravam em favelas foram assentadas em moradias decentes por onde houveram obras, mas isso ninguém noticia), centros de controle com alta tecnologia de inteligência para segurança pública e para prevenção de catástrofes como enchentes, centenas de novos hotéis, ampliação dos aeroportos, centros de convenções, toda uma infra-estrutura para dinamizar o turismo de lazer e de negócios no Brasil.

Se cidadãos manifestantes de boa-fé abrirem o olho, o problema do Brasil não é e nunca foi a Copa. O problema é quem é muito rico no Brasil pagar muito mal os mais pobres que trabalham para eles, só para ficar mais rico ainda do que já é. É a concentração de renda e das riquezas nas mãos de poucos. São os muito ricos pagarem pouco imposto, isso quando pagam e não sonegam.

Em tempo: E não me venha dizer que a fortuna dos Marinho é só produto de trabalho e competência, porque não é. 

Houve um toma-lá-dá-cá com a ditadura incentivando a TV Globo crescer, inclusive com capital estrangeiro, mediante apoio político. 

Esse toma-lá-dá-cá continuou com os filhotes da ditadura, como o finado ex-ministro das comunicações ACM, com a Caixa Econômica Federal nos anos 80, em vez de financiar a casa própria de trabalhadores, financiou a construção do Projac. 

Depois continuou com o governo FHC-Aécio socorrendo os maus negócios da Globo com o BNDES, e um rosário de negócios e privilégios de interesse duvidoso para os cofres públicos, lesivos para a livre concorrência, e sobretudo para a liberdade de expressão de quem não tem voz na mídia.

Só a partir do governo Lula que o BNDES parou de socorrer as Organizações Globo, e ela se beneficiou do crescimento do mercado publicitário para a nova classe média, e ainda cospe no prato que come.

Isso sem falar nas complicadas relações da TV com cartolas de futebol, com a CBF de Ricardo Teixeira, e com a FIFA de João Havelange pelos direitos de transmissão do futebol.

Mas o mais grave é usar o poder de influência da televisão como instrumento de pressão e de manipulação política para eleger políticos contrários à melhor distribuição de renda, para arrochar os trabalhadores e a classe média, para impedir reformas trabalhistas que aumentem os salários e para impedir reforma tributária que obrigue os mais ricos a pagar impostos de acordo com a fortuna que tem. O mais grave é a emissora ser usada contra o povo para concentrar a renda nas mãos dos mais ricos.

Como FHC tentou – e não conseguiu – trazer a Copa para o Brasil em 2006


Se houve um momento em que deveriam ter sido feitos protestos contra a realização de uma Copa do Mundo no Brasil foi em 1999, ano em que o governo do país consumou um dos maiores – se não o maior – estelionato eleitoral de sua história.
No ano anterior, o então presidente Fernando Henrique Cardoso se reelegera garantindo que, sendo reeleito, não desvalorizaria o real diante do dólar. Era mentira. Cerca de 60 dias após se reeleger ele desvalorizou a moeda e atirou o Brasil em uma terrível crise econômica.
No último ano da década de 1990, o desemprego alcançara incríveis 12% (contra 5,4% em 2013), a inflaçãobatera nos 8,94% (contra 5,91% em 2013), 26.093 empresas quebraram (contra  1.758 em 2013). Ainda assim, FHC apresentou candidatura do país a sediar a Copa do Mundo de 2006.
A iniciativa de um governo que no primeiro ano de seu segundo mandato quebrara o país refletiu a própria incompetência na proposta que apresentou à Fifa.
O caderno de encargos apresentado pela CBF à Fifa em 1999 continha um festival de erros e contrastava com propostas minuciosas e bem apresentadas como a inglesa. Por conta disso, a proposta do Brasil perdeu de todas as outras de goleada.
O projeto apresentado pelo governo tucano começava pecando pela apresentação visual. A CBF enviara à Fifa uma brochura – que se desmontava com facilidade – e um fichário. A brochura indicava as cidades que receberiam a Copa de 2006 e discorria sobre aeroportos, estádios, pontos turísticos etc.
As fotos deixavam a desejar. Algumas eram em preto-e-branco, apesar de não serem antigas, denotando desleixo. E as legendas muitas vezes não condiziam com as fotos.
Sobre a infraestrutura de São Paulo, por exemplo, uma rodovia era apresentada duas vezes e, na primeira, a legenda dizia que a imagem era do Monumento dos Bandeirantes (São Paulo) e, na segunda, a capital paulista era chamada de “Atibaia”.
Já o metrô paulistano, que em 1999 já era o mais lotado e o menor do mundo – em se tratando de grandes centros urbanos –, além de tudo não aparecia completo. O mapa de sua extensão não citava estações como Tucuruvi e Parada Inglesa.
Mas foi na infraestrutura dos estádios que o Brasil passou vergonha. O “certificado de segurança” das instalações mandado à Fifa denotava a fragilidade da candidatura brasileira.
Sobre o estádio do Morumbi, foi apresentada carta da Secretaria de Habitação de São Paulo afirmando que o estádio comportava 80 mil torcedores, mas o mesmo documento continha informação de que metade da arquibancada térrea, até então interditada, não tinha cadeiras, obrigando os torcedores a verem os jogos em pé ou sentados no chão, o que infringia as exigências da Fifa.
Outro mico pago pelo Brasil foi sobre o estádio Vivaldo Lima, em Manaus. A brochura (mal encadernada) apresentada pelo governo FHC oferecia 20 lugares para deficientes físicos, ou 5% do que ofereciam os rivais do Brasil na disputa para sediar a Copa de 2006.
Além disso, os números da brochura tosca entregue pelo governo FHC à Fifa não batiam com os números que figuravam no fichário improvisado. Sobre o Maracanã, a documentação citava duas capacidades de público diferentes. Na brochura, 120 mil torcedores; no fichário, 100 mil torcedores.
Sobre o estádio da Fonte Nova, o material dizia que comportava “comodamente” 82 mil torcedores, mas que “boa parte” deles teria que ficar sentada no chão (!?).
Já o estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, também teve capacidade inflada. Embora o material contivesse laudo atestando capacidade para 80 mil torcedores, a direção do estádio dizia que não cabiam mais de 70 mil.
O amadorismo da proposta do governo brasileiro foi tanto que um campo de treinos em Goiânia foi chamado de “Vila Nova”, mas esse era o nome de um time goiano. O campo de treinos era o do Estádio Serra Dourada.
A proposta inglesa continha 608 páginas, a alemã (que acabou vencendo) continha 1.200 páginas, a sul-africana continha 1.500 páginas. Todas bem encadernadas, com descrição detalhada das cidades-sede. A proposta brasileira, mal ajambrada, continha 208 páginas.
Por fim, a previsão de gastos apresentada pelo Brasil condizia com o estado de penúria econômica do país. O valor apresentado para “investimentos” era de US$ 360 milhões e não era detalhado. Na proposta inglesa, por exemplo, só para reconstruir o estádio de Wembley os gastos previstos eram de US$ 490 milhões, o que denotava o irrealismo da proposta brasileira.
Oito anos depois, mais exatamente em 30 de outubro de 2007, o Brasil apresentou a sua proposta para sediar a Copa de 2014.
A apresentação brasileira condizia com a euforia social e econômica que vigia no país. Agora, tínhamos inflação de 4,6%, desemprego (ainda alto, porém cadente) de 9,3% e o país sofrera com apenas 2.721 falências naquele ano.
O material primoroso apresentado previa prioridade para os investimentos privados na construção e na reforma dos estádios, deixando os recursos públicos para a modernização da infraestrutura (transporte, segurança etc.)
A apresentação ainda continha vídeos com depoimentos de artistas, cenas de paisagens naturais e narração em inglês. Ao fundo, a apresentação tocava samba.
Duas horas depois, Joseph Blatter, presidente da Fifa, disse que a escolha do Comitê Executivo da entidade fora unânime, confirmando a sede da Copa de 2014 para “o melhor futebol do mundo”.
Todos os governos brasileiros, ao longo da segunda metade do século XX, tentaram trazer para cá a Copa do Mundo. Porém, só o governo Lula conseguiu. No século XXI.
As obras de infraestrutura (aeroportos, meios de transporte etc.) ficarão e beneficiarão as populações das regiões que as receberam. Os estádios, em um país em que milhões comparecem a eles todas as semanas, continuarão recebendo o afluxo desses mesmos milhões de brasileiros. Só que com mais conforto.
Todos os recursos públicos gastos com a Copa voltarão (com lucro expressivo) através dos negócios com turismo. A realização de evento disputado há décadas por incontáveis países projetará o país no mundo.
É compreensível que as demandas sociais justas deste país sejam feitas. Quanto mais forem feitas, melhor. Porém, a Copa não irá tirar um único centavo do social. Pelo contrário: o lucro que a Copa de 2014 irá gerar ajudará a atender essas demandas.