Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Os Belos e Belo Monte



Marcelo Carneiro da Cunha
Terra Magazine

Pois estimados leitores cá estamos, dependendo de onde estamos. Se estivermos em São Paulo, por exemplo, podemos aproveitar das maravilhas da Balada Literária, a criação do Marcelino Freire para mostrar que evento de literatura pode, sim, pode, ser muito legal, ter altíssima qualidade, e, ora vejam, ser grátis. Basta querer que todo mundo que queira entrar entre, não é mesmo?

E entre um momento e outro da Balada cá estava eu, ciscando no Tuiti e pronto, fui atingido por um vídeo gravado por muitos atores globais baixando o cacete na hidrelétrica de Belo Monte, garantindo que ela é o mal sobre a Terra, o exu, o capeta, o diabo em sua versão mais úmida, e eu me pergunto, como eles sabem de tudo isso? E mais, por que o vídeo deles é igual a um americano, dirigido pelo Spielberg para fazer os americanos tirarem a bunda do sofazão e irem votar?

Por que atores globais fizeram um vídeo contra? Eu não tenho nada contra atores globais, fora o sotaque e a mania de fazerem teatro comercial, mas não tenho nada a favor. Pra mim, são tão ignorantes em assuntos de represas no Pará como quase todo mundo com quem eu falei antes de escrever essa coluna, se bem que, admitamos, muito mais fotogênicos. Mas, mesmo sendo pra lá de mais bonitos e reconhecíveis do que eu ou o senhor aqui ao lado, eles falam tanta besteira quanto qualquer um, e isso me irrita. Energia eólica é mais limpa? Alguém já viu um parque eólico, que por demandar vento costuma ficar no litoral, onde também ficam as praias? Importante, necessário, talvez melhor, mas, limpo? Defina limpeza aí, seu global, porque eu talvez ache uma represa cheia de água no meio de uma floresta cheia de água algo mais natural do que cataventos altíssimos transformando por completo uma paisagem que antes era perfeita. Solar? Estimado espécime global, sua senhoria faz idéia da área necessária para produzir 100 megawatts de energia solar? Eu sei, e é um monte de área, que não vai servir para mais nada, montes de recursos, dinheiro pra caramba, e ainda temos os enormes custos de manutenção. Belo Monte são 11 mil megawatts, senhor ou senhora global. Faça as contas antes de vir ler texto dado por sei lá quem, e talvez eu realmente leve a sério o que dizem, o que o senhor ou senhora talvez mereçam, desde que trabalhem para isso.

Os bonitinhos dizem que Belo Monte vai criar um baita lago e afogar a floresta. Eu, feinho, fui estudar. O lago da represa vai ocupar uma área de 516 km2, me informa o Google. O mesmo Google me diz que o estado do Pará possui uma área de 1.247.689,515 km2. O que deve querer dizer que o lago a ser formado vai ocupar uma área equivalente a 1/2400 da área do estado do Pará, que por sua vez é um estado com 7 milhões de habitantes, com dois milhões deles morando em Belém e todos participando do Círio de Nazaré, pelo que vejo. Ou seja, uma represa vai alagar uma área de 1/2400, ou nada por cento, de um estado basicamente vazio e isso se torna um problema por que mesmo? Não dêem texto, provem. Do jeito que vocês falam, encenando, eu não tomo como sério o que é dito. A moça vem e diz "24 bilhões" e soa como o Dr. Evil falando "One billion dollars" com o dedinho na boca. Dona, diga aí qual é o PIB brasileiro em 2010, e quantos por cento do nosso PIB, a nossa riqueza nacional, a hidrelétrica vai custar, diluída por 50 anos? Vosmecê sabe? Ó aqui a minha boquinha enquanto ela diz, assim: D-U-V-I-D-O.

Leitores, me irrita, e muito, essa tentativa de fazer a minha cabeça por processos tão rudimentares. Se querem, mandem coisa melhor e terão toda a minha atenção. Isso aí é manipulação tola, boba, mesmo que muito bem intencionada. Isso tem cara de ONG que consegue apoio de um publicitário bonzinho e muita gente bacana e vamos lá, salvar as baleias do Xingu. Pois me irrita pra caramba, pelo desrespeito para comigo, que vivo no mundo real, não dos comerciais sejam eles do governo ou de ONGs. Eu não sou uma baleia, acho.

Eu vivo em uma sociedade industrial, que pode abrir mão de muitas coisas e do bom senso quase o tempo inteiro, mas não resiste a umas poucas horas sem energia. Vira gelo, sem gelo pro uísque. Vira fogo sem ar condicionado para resolver a vida na fornalha. Vira uma luta pelo pedaço de pão mais próximo, vira a impossibilidade de chegar até a nossa casa. Podemos ficar sem quase tudo, e eu poderia ficar muito bem sem axé, o Malafaia e a lasanha congelada, mas não podemos ficar sem energia. Podemos e devemos economizar energia. Podemos e devemos desenvolver energias renováveis, e o faremos. Podemos e devemos esquecer a maluquice de construir Angras 3, 4 o escambau, mas não o faremos. Angra 3 ou 4 são muito, muito piores do que qualquer Belo Monte e certamente piores do que Fukushima, especialmente se ficarem no Rio, que, digamos, não é o Japão.

Mas para chegarmos até as novas energias, precisamos de energia da que se produz agora e o resto é, infelizmente, poesia. Não a qualquer custo, mas a custos que valha a pena pagar. E essa avaliação tem que ser muito, mas muito racional e justa do que eu vejo nos youtubes que vêm e vão.

Se vamos escapar do fogo ou do gelo, é pela inteligência, como sempre foi e será. E desse debate, por tudo que eu vi, ela está longe, muito longe, muito mais longe do que o Pará, e muito menos inteligente do que precisa ser para ser.
Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.

Leia mais em: O Esquerdopata

Chevron do Cerra: foi um erro operacional ?

 
O Cerra ia entregar o Brasil a um hotel flutuante ?


Amigo navegante engenheiro de petróleo  levanta  hipóteses para explicar o vazamento da Chevron  do Cerra e que o PiG (*) levou onze dias para noticiar.

Clique aqui para ver a batalha do Fernando Brito do Tijolaço para esclarecer o vazamento

Teria sido um erro operacional, diz o amigo navegante.

Houve uma elevação da pressão na perfuração, o que teria indicado a perda de controle sobre o poço.

O risco de um blow out, uma explosão, nesses casos, é muito alto.

Para evitar a explosão, teria sido injetada uma quantidade de lama (um procedimento usual) acima do normal.

O que teria provocado o rompimento do reservatório.

O amigo navegante também suspeita que a plataforma da Chevron seja obsoleta.

Suspeita-se que a Chevron a tenha alugado pela ninharia de US$ 330 mil/ dia, enquanto uma plataforma zero bala se alugue por US$ 600 mil / dia.

Uma plataforma como essa da Chevron, no Mar do Norte, deixaria de perfurar (diante dos riscos)  para se tornar um flotel – um hotel flutuante para atender as diversas plataformas na área.

Pois essa seria a Chevron que, segundo o WikiLeaks, receberia do Padim Pade Cerra o pré-sal de presente.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Por que os economistas midiáticos nunca admitem que erraram? (Aqueles) economistas erraram de novo, de novo, de novo, de novo…


 
Paulo Moreira Leite

Ideia para zerar o déficit público: cobrar multa toda vez que determinados  economistas publicassem artigos tendenciosos e errados sobre a economia brasileira. Piadinhas pedantes seriam punidas com pagamentos adicionais.

Ia entrar tanto dinheiro que daria até para diminuir o impostometro, outra obsessão dessa turma. Em plena crise mundial, a agência de classificação Standard & Poor’s acaba de elevar a nota de risco soberano de longo prazo do Brasil de BBB- para BBB, e a nota de risco de longo prazo da moeda de BBB+ para A. Ao mesmo tempo, a S& P reafirmou as notas de curto prazo para país de A-3 para moeda estrangeira e A-2 para a moeda local. Conforme a agencia, a perspectiva do país é estável. Conclusão: ao contrário do que nossos sábios diziam, a economia brasileira não só está bem – relativamente – mas está sendo promovida na avaliação internacional.

No mês passado, outra agência, a Fitch, confirmou a nota de risco BBB do Brasil, com perspectiva estável. O rating BBB do Brasil foi obtido em abril, quando a Fitch elevou a nota soberana de crédito do país, que era BBB-. Em agosto, a agência japonesa R&I Japan também elevou a nota do Brasil. A agência Moody’s também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de “Baa3″ para “Baa2″.

Vamos combinar: a economia está em queda livre no mundo e não se pode dizer que o Brasil é uma ilha de prosperidade em meio ao colapso internacional. Crescemos 7,5% em 2010 e agora o pais está em guerra para fechar o ano com 3%.
A discussão não é essa mas saber se o governo fez o possível para dar respostas coerentes com a as mudanças na conjuntura.

Sabemos que as agencias de risco não são monumentos à sabedoria. Erram muito. Perderam boa parte de sua credibilidade em 2008, quando davam atestado de boa saúde a bancos que estavam à beira do precipício. Mas as profecias apocalípticas de determinados economistas são inesquecíveis. Nos primeiros meses do ano, diziam que a inflação iria explodir, que as medidas macroprudenciais não iriam funcionar e que era preciso jogar os juros nas alturas.

A inflação não explodiu e, nos piores meses, ficou muito próximo da meta. Os juros não foram às alturas. Ainda bem: se tivesse seguido tais conselhos, o Banco Central teria jogado o Brasil numa recessão grega.

(Na época, escrevi que era isso nossos sábios gostariam, pois têm uma idéia fixa de derrubar o crescimento. Eles observam que crescimento prolongado mantém o desemprego baixo e acreditam que isso é ruim para a inflação, pois as empresas precisam contratar mais funcionários e não podem pagar salários baixos. Neste caso, nossos economistas abandonam seus pruridos de quem acredita no mercado, apenas no mercado, e pedem intervenção do Estado para dar um jeito na situação. Deveriam pagar uma multa em dobro por espírito anti-social).

Em agosto, formou-se um novo coral de indignados quando o Banco Central cortou os juros em 0,5. Dizia-se que era pura interferencia política do Planalto, sem razão técnica. Mais uma vez se ouvia um coralzinho fúnebre sobre a autonomia da instituição. Vamos recordar o tamanho dos absurdos.

O BC dizia que a Europa estava afundando – coisa que nossos sábios, mais uma vez, não eram capazes de enxergar mas mesmo assim não perderam o tom nem a agressividade. O BC também dizia que havia espaço para derrubar os juros. Outro motivo para tomar pancada.

Aprendi, com um antigo presidente do Banco Central, que hoje se dedica a distribuir profecias negativas, que o pessimismo costuma render mais do que as boas noticias. “Quando mais pessimista for sua análise, mais altos serão seus honorários. Ninguém quer ser pego de surpresa.” Faz sentido.

Mesmo assim, diante de tal retrospecto, estes economistas poderiam pelo menos assumir um pouco de humildade para dizer que erraram, erraram, erraram…

Leia entrevistas e textos que o blogue publicou sobre o assunto:

Aqui, um executivo da construção civil explica a queda dos juros

Aqui, recorda-se o costume de maldizer a sorte quando a economia vai bem 

Aqui, comenta-se as críticas a decisão de reduzir os juros
Leia mais em: O Esquerdopata

Belo Monte e o pensamento binário

Na matemática, sistema binário é um sistema de numeração posicional em que todas as quantidades se representam com base em dois números, zero e um (0 e 1). Os computadores, por exemplo, trabalham internamente com dois níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração natural é o binário (ligado e desligado).
A metáfora é perfeita para ilustrar o que está acontecendo nessa discussão sobre a Usina de Belo Monte: ou se é contra ou a favor. Não há meio termo. Só preto ou branco, nenhum tom cinzento.
Mas esse pensamento binário só se aplica aos que militam contra ou a favor da obra, porque o conjunto da sociedade está perdido nessa enxurrada de dados e argumentos técnicos e, assim, pelo que percebi na primeira postagem que fiz sobre o caso essa maioria esmagadora ainda não conseguiu formar opinião, o que obriga muitas pessoas a se posicionarem contra ou a favor da obra com base em suas posições políticas pró ou contra o governo.
O primeiro post que este blog publicou sobre o assunto, na última quinta-feira, recebeu uma enxurrada de contribuições de alta relevância, com links diversos para estudos eminentemente científicos pró ou contra a obra, dados levantados pelos leitores e transcritos na própria caixa de comentários. Li cada um dos mais de 300 comentários, além de outros nas redes sociais Twitter e Facebook, e posso garantir que ao menos a caixa de comentários daquele post tem tudo o que se pode precisar para entender a questão.
O que mais falta nesse assunto, portanto, não são dados, mas tradução para uma linguagem simples que estabeleça os pontos de divergência e o que está em jogo.
Antes, porém, uma explicação. Como usei uma linguagem forte para me referir a vídeo em que atores e atrizes da Globo simplificam exageradamente o assunto, além de fazerem distorções e até de mentirem, militantes contrários à construção da usina trataram de distorcer o que escrevi, ao que oponho, agora, esclarecimento que antecede o relato do que apurei sobre o assunto com base nesse belo monte de dados que recebi dos leitores.
Eis a base das acusações:
Acusaram-me de usar argumento “ad hominem”, ou seja, quando se responde a uma crítica atacando quem a fez e não ao seu argumento. É uma bobagem porque argumentei, entre outras coisas, que houve má fé das celebridades do vídeo ao venderem energia eólica ou solar como alternativa à energia hidrelétrica.
Acusaram-me de qualificar como mal-intencionados todos os que são contrários à construção de Belo Monte, o que é outra bobagem porque critiquei exclusivamente os artistas da Globo que mentiram descaradamente, o que não significa que não existam aqueles que têm boas intenções e que usam argumentos aceitáveis contra a obra.
As críticas a Belo Monte se fundamentam exclusivamente em dois pontos: dano ambiental e dano às populações da região em que a usina será construída. Há também críticas absurdas, como a do vídeo das celebridades globais que diz que a obra sairá “do seu bolso” (do contribuinte) e que esgrime com o custo de bilhões para chocar as pessoas pela quantidade de dinheiro, mas esse não é um argumento sério. Parece até que o governo pegará esses bilhões e não colocará nada no lugar, sendo que construirá uma gigantesca usina hidrelétrica.
Então vamos aos argumentos sérios:
1 – Para o governo, Belo Monte é fundamental para assegurar o fornecimento de energia nos próximos anos, em um quadro em que a imprensa já noticiou fartamente como estamos no limite da capacidade de geração e distribuição de energia elétrica, o que pode gerar escassez no futuro próximo.
2 – Governantes das cidades no entorno da hidrelétrica creem em desenvolvimento e progresso, pois receberão investimentos dos empreendedores da obra e da União em uma região paupérrima e esquecida em que certas populações vivem ainda no século XIX.
3 – Liderança dos empresários locais afirma que obra pode trazer desenvolvimento e geração de emprego; novos negócios podem se formar na região.
4 – Engenheiros, biólogos e sociólogos ouvidos destacam que obra deve provocar seca na Volta Grande do rio Xingu e, com isso, prejudicar população local.
5 – Movimento de mulheres e entidades ambientais avaliam que o impacto da obra na região terá custo alto para a população local, já que alguns serão retirados de suas casas e índios e ribeirinhos podem perder navegabilidade.
6 – Agricultores de área que será alagada queixam-se de falta de informação. Alguns temem não receber indenização porque não têm documentos das suas terras.
7 – Moradores de casas de palafitas, na periferia de Altamira, acreditam que obra possa gerar empregos. Ficam preocupados, porém, sobre como serão as indenizações e a retirada daqueles que estão em áreas a serem alagadas.
8 – Comunidades indígenas como a Arara, na Volta Grande do Xingu, temem seca naquele trecho do rio. Afirmaram que vão resistir à obra e podem acampar no local da barragem.
9 – Comunidades de ribeirinhos, grupos que moram à margem do rio, também temem seca e perder a possibilidade de pesca, meio de sobrevivência de muitas famílias.
Além de Altamira, a hidrelétrica ocupará parte da área de outros quatro municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.
A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu.  Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal. Esse debate, portanto, não é novo e a obra foi planejada pelo governo Lula, na década passada, tendo todas essas questões presentes.
O vídeo abaixo trata das demandas contrárias a Belo Monte e exprime bem o sentimento contra a obra. Deve ser visto para que se entenda a base de apoio sólida que gera esse sentimento.

Aqui entra em cena o pensamento binário, essa verdadeira praga nas relações sociais e institucionais que dificulta, retarda e às vezes até impede que se chegue a soluções aceitáveis por todas as partes.
Por que você tem que ser meramente contrário ou favorável à obra, in limine (preliminarmente)? Por que não se pode ser favorável a uma obra necessária, mas desde que determinadas condições sejam cumpridas?
Não aceito discutir a inevitabilidade da matriz energética hidrelétrica. É uma falácia dizerem que é possível substituí-la por energia eólica ou solar. Essa não é uma discussão séria. O país está crescendo e precisa de energia, muita energia, e não encontrei nenhum estudo sério sobre ser possível substituir a atual e preponderante matriz energética brasileira a curto prazo. O governo dispõe de dados incontestáveis.
Não dá para discutir que o governo Dilma ou até mesmo o seu antecessor sejam malvados que querem maltratar as populações e o meio ambiente por divertimento ou que são corruptos que estão vendendo a região de Belo Monte para se locupletarem ou para apenas cederem ao grande capital.
Há uma questão clara em pauta: vai faltar energia no Brasil e não vai demorar, a menos que se construam hidrelétricas a tempo.
Há um país real que quer crescer e se desenvolver. A construção de Belo Monte imporá sacrifícios e causará danos ambientais, sim, mas é um preço que este país terá que pagar para se desenvolver e desenvolver, sobretudo, regiões subdesenvolvidas em que a pobreza e a ignorância imperam. É uma questão de custo versus benefício.
Não se pode, porém, construir essa obra sem garantir que as populações atingidas sejam colocadas no topo das prioridades e que compensações ambientais sejam formuladas. Mas a obra tem que ser feita. Não dá para levar a sério quem acha que pode impedir que o progresso chegue àquelas regiões, até porque um dos problemas deste país é a desigualdade de desenvolvimento regional.
O grande erro de ambos os lados, portanto, é não tentarem negociar esses pontos, pois não é possível que as idiossincrasias e até as razões sólidas de um pequeno grupo social se sobreponham ao interesse maior do país.
Por fim, quero esclarecer que votei em Dilma Roussef e não em Marina Silva. Esta última deixou o governo Lula e disputou a Presidência com Dilma porque discorda, por exemplo, de projetos como o de Belo Monte. Dilma ganhou a eleição, é quem governa e o projeto aprovado pela esmagadora maioria dos brasileiros contempla Belo Monte. Ponto.
Tenho confiança em que o governo saberá avaliar e promover as compensações sociais e ambientais, mas é prerrogativa de quem vence a eleição e ganha o governo implantar o projeto vencedor daquele pleito.
Este país tem Poder Judiciário e Poder Legislativo. Tudo que estiver em desacordo com o direito das populações atingidas e com a compensação ambiental possível pode ser contestado. Agora, não se pode estabelecer uma ditadura da minoria.
Fazer vídeos acusando o governo de estar jogando bilhões no lixo porque quer, pois haveria outras formas de gerar energia – será que as energias eólica ou solar sairiam de graça? –, e acusá-lo de estar querendo produzir uma catástrofe ambiental, é má fé, é desonestidade, é mentira e tem que ser denunciado.
Às vezes, portanto, a gente tem que usar recursos de retórica para chamar atenção e racionalidade. Sem qualificar esse debate, não chegaremos a lugar algum. Esse clima de fla-flu em nada contribui.
Quem é contra Belo Monte tem que entender que há um país que clama por desenvolvimento, ainda que alguns já contemplados pelas facilidades da vida moderna achem que já temos todo o desenvolvimento de que precisamos. Todavia, quem é a favor tem que ficar de olho para ver se os direitos que serão atingidos serão, também, respeitados.
O vídeo dos artistas da Globo, porém, induz a uma reflexão rasa. Por isso foi duramente criticado, aqui. Isso não significa que não existam pessoas sérias e razões concretas contra Belo Monte, mas que devem se submeter ao preceito democrático de que o interesse de todos prevalece sobre o de poucos, desde que resguardados os direitos destes.

Santayana e Lupi: uma questão de confiança

Santayana e Lupi:
por Mauro Santayana


O senador Pedro Taques, ao falar ontem, durante o depoimento do Ministro Carlos Lupi, foi ao ponto, ao separar, no exame dos fatos, o problema jurídico do problema político. O Senado não é órgão policial; não lhe cabe saber se as leis penais foram, ou não, violadas pelos servidores públicos, entre eles os ministros de Estado. Desse cuidado se encarregam os órgãos próprios, como a CGU e a Polícia Federal. O Senado é  instituição política e deve zelar pelo cumprimento do contrato social de que a Constituição é a ata, para lembrar a curta definição de Frei Caneca.


A partir dessa premissa, Taques, que é um homem novo na política e no Senado, mas servidor público curtido no combate ao crime, como membro do Ministério Público Federal, recomendou a seu partido que deixe de integrar o poder executivo federal. O Senador Christovam Buarque, seu colega de legenda, acompanhou-o nesse raciocínio. Ambos, como recomenda a boa norma, não fizeram o julgamento moral de Lupi, ao contrário: ponderaram que mantêm, até o  momento, sua confiança no Ministro.


Ao adotarem a postura prévia de separar uma coisa, a ação política, da outra, a denúncia sem provas concretas, de atos criminosos atribuídos a Lupi, os dois parlamentares impuseram regras éticas e lógicas ao debate.


Sentiu, o Senador Taques, que a permanência de Lupi no Ministério, por mais méritos tenha o político fluminense, enfraquece o governo. A conclusão do Senador Christovam Buarque, que falou em seguida, é a mesma. Há, na atitude dos dois senadores, à parte a natural preocupação ética, boa sabedoria política. Se o partido insiste no apoio incondicional a Lupi, responsabiliza-se pela possível negligência do Ministro em viajar em aeronaves cedidas por A ou B, e, mais ainda, em fazê-lo na companhia de donos de ONGs, como o Sr. Adair Meira é identificado pela imprensa. Se o dirigente da Pró-Cerrado foi o responsável ou não pelo aluguel da aeronave, pouco importa. Ministro de Estado, em missão oficial, viaja em aviões de propriedade pública ou com aluguel pago pelo Erário. Ao não ter em mãos os documentos de apoio a suas explicações, o Ministro pode ter sido inocente, mas lhe faltou vigilância sobre a equipe responsável pelos aspectos logísticos da agenda e das viagens.


Se a direção nacional do PDT acompanhar a sugestão dos dois senadores – personalidades da mais alta responsabilidade no partido que Brizola fundou -, o Ministro, que se vem  defendendo das acusações com firmeza, estará autorizado a deixar o cargo, sem qualquer desgaste moral,  em obediência ao partido que o indicou; se não quiser exonerar-se, convencido de que essa é a melhor atitude, e contar com o assentimento da Chefe de Governo, terá que deixar o partido, dentro das regras costumeiras da política. O melhor, para ele e para o partido, será acatar a sugestão: o partido renuncia à sua participação no poder executivo e o Ministro, disciplinadamente, deixa o governo para cuidar de sua defesa nas instâncias próprias.


Não se pode, no entanto, desprezar a advertência do Senador Inácio Arruda, a de que as acusações  não visam a atingir particularmente o Sr. Lupi, mas, sim, a desgastar a autoridade da presidente da República. Ao acossar o governo e pedir a demissão de ministros, o propósito da oposição é o de levar à opinião pública uma imagem da Presidente como hesitante e cercada de corruptos, alguns mais e outros mais ou menos. Daí o conselho de Arruda, a nosso ver equivocado, de que Lupi deve resistir em seu cargo. A sua permanência, ao contrário da percepção do senador pelo Ceará, concorrerá mais para as críticas à Presidente, do que a sua saída. A exoneração, a pedido ou não, dos outros ministros, não debilitou o governo;  fortaleceu-o. Não consta que a troca de ministros tenha reduzido o apoio parlamentar ao Planalto.


Aparentemente nada a ver, mas como vivemos em mundo a cada dia menor, vale lembrar uma frase do jornalista grego Takis Theodoropoulos, publicado por Le Monde na edição de 12 deste mês,  a propósito da grave situação de seu país:


“O sentimento de injustiça, fundado sobre a imunidade da classe política e de sua clientela privilegiada, reforçado por uma magistratura preguiçosa, quase sempre corrompida e perdida no labirinto de uma produção inflacionária de leis e de decretos, ameaça o contrato social, já corroído pelo empobrecimento violento da classe média”.


A descrição é dramática, e muito próxima da realidade brasileira, da que estamos nos distanciando – a partir da eleição de Lula e de nossos esforços – a fim de nos livrarmos do neoliberalismo.


Recorde-se que a Constituição de 1988 foi a mais democrática da nossa história, mas com ambigüidades que a tornaram vulnerável à ação depredadora do governo de Fernando Henrique com suas emendas  adquiridas – e o verbo é esse mesmo – de uma  Congresso que, não obstante o testemunho da resistência de uma minoria, já não representava a sociedade, mas, sim, as grandes corporações econômicas e financeiras. Assim, ele conseguiu romper o compromisso republicano da não reeleição dos presidentes em exercício e, mediante a mudança do conceito de empresa nacional, entregou aos estrangeiros setores estratégicos da economia brasileira.


Não se atribua hesitação à Presidente: ela não pode, é evidente, governar em obediência aos jornais e revistas. Mas, tal como faziam – e continuam fazendo – os governantes responsáveis,  não pode deixar de saber o que diz a imprensa, e de buscar explicações. Não as tendo, atua em  conseqüência. A cada mudança de ministro, ao contrário do que possam esperar seus adversários,  fortalece-se o governo e, com ele, a figura da Presidente da República. Queira ou não queira a oposição.

Globo se arrependeu e cortou a PF do caso Chevron?

Edição cortada na internet

E o trecho que foi eliminado do original

Cada vez mais acontecem coisas estranhas neste caso do vazamento de petróleo no poço da Chevron no Campo de Frade, ao largo do litoral do Rio de Janeiro.
Ontem à noite o Jornal Nacional da Rede Globo publicou uma extensa matéria sobre o assunto.
Ouviu o delegado Fabio Scliar, titular da Delegacia de Meio Ambiente da Polícia Federal, dizendo que investiga a possibilidade de que tenha havido erro na perfuração.
Ouviu o geógrafo John Amos, da SkyTruth, que revelou – como antecipou anteontem este Tijolaço – que o vazamento podia ser dez vezes maior que o anunciado, e cobria uma área maior que o município do Rio de Janeiro.
Contava que a empresa responsável pela perfuração da Chevron, a Transocean, era a mesma que perfurava o poço que causou o acidente no Golfo do México.
A matéria terminava com um sobrevôo da área, em um avião da Chevron, na companhia do diretor de meio-ambiente da empresa, que não quis gravar entrevista, mas disse ao reporter que a quantidade de óleo que vazava “era muito pequena”.
Corretamente, ao final, a apresentadora registrava que o vôo era uma cortesia da Chevron com a emissora.
Estranhamente, porém, a matéria que foi colocada no site do Jornal Nacional foi cortada.
Na verdade, decepada.
Dos quatro minutos originais, ficaram dois.
O delegado, o ambientalista, a foto de satélite com a mancha e a comparação com a área do Rio de Janeiro foram para o lixo.
Não dá para entender o que aconteceu. Não pode ser o tamanho do vídeo, porque a reportagem sobre o depoimento de Lupi teve quatro minutos e está lá, na íntegra.
Será que  “alguém” se distraiu e só viu a matéria depois de ir ao ar? E aí, furioso, mandou cortar os hereges que ousaram colocar um delegado e um ambientalista dizendo que uma petroleira americana pode ter culpa no cartório por um grande desastre ambiental.
Por sorte, a gente estava gravando o JN com uma camêra manual, e coloca aí em cima os dois vídeos. O “decepado” e o trecho que foi retirado dele na página do Jornal Nacional.
Confesso que depois destes  oitodias de loucura, tentando aprurar informações não saíam em lugar nenhum e que agora se confirmaram, já tinha pensado em descansar depois da edição do JN, achando que, agora, o jornalismo ia fazer o seu papel. Como o nosso vídeo tinha qualidade infereior, por ter sido gravado numa câmera domestica, sem tripé e de uma tv, resolvi esperar o “oficial”.
E aí o “oficial” era uma versãomutilada, onde ficava só a versão da petroleira.

Por que o PT não defendeu Lupi ? Porque tem medo do PiG

Se depender dele, coitada ...

Que o senador Cristovão Buarque, do partido de Lupi, tenha feito o jogo do PiG, não surpreende: Buarque foi o primeiro traíra da era Lula.

Demitido do Ministério da Educação, mudou-se para a pseudo oposição e atrapalhou a re-eleição de Lula em 2006.

Ajudou a levar a eleição para o segundo turno, com a decisiva ajuda do jornal nacional do Ali Kamel – clique  aqui para ler “O primeiro golpe já houve – falta o segundo”.

Buarque abriu a porta para Bláblárina Silva, que, demitida, aderiu ao Cerra, com a roupagem do Verde (que mais tarde abandonou, também).

Também não surpreende que Eduardo Suplicy tenha feito o jogo do PiG, e tentar levar Lupi ao cadafalso: Suplicy é um tucano tipicamente paulista, ainda que filiado ao PT.

Não se tem notícia de nenhum ato de Suplicy, em sua longa carreira política, que despertasse apreensão na elite paulista.

Agora, amigo navegante, por que o PT não foi ao Senado defender enfaticamente o Ministro Lupi, do Governo Dilma ?

Porque o PT tem medo do PiG (*).

Especialmente da Globo.

E, de todas as crises de ministros da Presidenta, em nenhuma ficou tão claro que se tratava de uma batalha entre o Ministro e o PiG.

Inicialmente a Veja, esse detrito de maré baixa, e, depois, todo o PiG e seus colonistas (**)).

O PiG queria a cabeça do Lupi.

E, pouco a pouco, se aproximar da cabeça presidencial.

O “crime” do Lupi é uma irrelevância.

Não caracteriza um “malfeito”.

É, sim, uma demonstração de que o Ministro é um mau administrador e se deixou enredar num episódio condenável.

O Ministro achou que podia enfrentar o Golpe do PiG com meia duzia de bravatas.

E não se preparou para enfrentar a grave crise em que meteu o Governo.

Mas, e dai?

Clique aqui para ler a carta da mulher do Lupi.

Nada disso justifica a demissão, nas circunstâncias em que o PiG determinasse.

E por que o PT se omitiu ?

Porque o Ministro Bernardo é do PT !

Porque, diante da batalha PiG x Lupi, o PT do Bernardo piscou e fugiu.

Coragem teve o senador Inácio Arruda, que convidou o Lupi para integrar o movimento do Congresso pela Ley de Medios.

O PT enfiou a Ley de Medios no programa do Partido.

Mas, na hora de entrar na jaula, com a Globo … bem, aí, prevalece a oratória de Cícero: a do senador Suplicy.

É o que de melhor tem o PT para enfrentar o Golpe.

Se depender do PT-Suplicy, o PiG derruba a Dilma fácil, fácil.

Clique aqui para ler: PHA – o Brasil na Comunicação é uma “ditadura perfeita”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

* a 48 horas das eleições gerais, Espanha está sob duro ataque dos credores, que exigem juros superiores aos da Itália para financiar sua dívida** Brasil de Dilma afronta lógica tucan0-ortodoxa, corta juros e ganha upgrade de confiança de agencia de risco, em plena crise.

AS RUAS DIZEM NÃO À DEMOCRACIA DOS  BANQUEIROSIndignados norte-americanos protestaram nesta 5ª feira em vários pontos do país, reafirmando sua vitalidade no aniversário de dois meses do Occupy Wall Street . Repressão violenta em Nova Iorque fez  300 prisões.  http://occupystreams.org/item/occupy-nyc-liberty-plaza . 

Também na Itália, em mais de 60 cidades, milhares de
pessoas foram às ruas contra o diretório ortodoxo liderado por Mario Monti.  'Não ao governo dos banqueiros': gritavam  os estudantes em Roma e Turim, duramente reprimidos. Na Grécia, não foi diferente. Protestos contra o arrocho do FMI mobilizaram pelo menos 15 mil pessoas, atacadas com bombas e cassetetes. Na Espanha,  a 48  horas de eleições que devem selar a vitória do extremismo neoliberal, os indignados voltaram ontem à Praça do Sol, em Madrid e em todo o país, buscando nas ruas a alternativa ao regresso do PP, de Aznar, ao poder. Não exagera quem vê nessas manifestações sintomas de uma confronto consciente, crescente e sem volta  entre as ruas e os banqueiros. Pelo menos nesse momento, o conflito passa ao largo do sistema partidário e do arcabouço legal que se rendeu à hegemonia das finanças na Europa. Mario Draghi, do BCE; Mario Monti, premiê  italiano, e Papademos, da Grécia, são todos ex- funcionários do banco Goldman Sachs.
 
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(Carta Maior; 6ª feira, 18/11/ 2011)

Mercados já precificam a quebra do euro

Espanha empurrada para o centro da crise do euro
Victor Mallet em Madri e Richard Milne e David Oakley em Londres
Financial Times, 17.11.2011
A Espanha foi empurrada para o centro da crise da dívida da zona do euro na quinta-feira, quando investidores forçaram para cima o custo dos empréstimos feitos pelo país três dias antes de uma eleição geral que, segundo pesquisas, vai derrubar do poder o Partido Socialista.
O Tesouro espanhol emitiu 3,6 bilhões de euro em papéis que vencem em dez anos com taxa de risco média de 6,975%, a maior desde 1997 e considerada insustentável.
Em outro dia de recordes no mercado, o prêmio demandado por investidores para a dívida espanhola de 10 anos em relação aos papéis da Alemanha — uma medida da expectativa de risco — atingiu 499 pontos. O prêmio da França passou dos 200 pontos antes que compras pesadas do Banco Central Europeu relaxassem as tensões.
“Meu maior medo é que o mercado de papéis de governos da zona do euro está quebrado e vai ser impossível consertar”, disse um estrategista de crédito do Citi, Matt King.
Esta semana, mesmo países com classificação de risco AAA [a mais alta], como a França, a Holanda, a Finlândia e a Áustria viram a taxa de risco de seus papéis subir. “Atravessamos o Rubicão nesta crise”, disse Richard McGuire, estrategista do Rabobank. “Os mercados estão precificando a quebra do euro, no momento em que os países centrais sofrem”.
Os investidores não parecem ter se acalmado com a perspectiva de um novo governo espanhol para substituir o do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, nem com a indicação de Mario Monti, ex-comissário europeu, como novo primeiro-ministro da Itália, com um ministério de tecnocratas sem mandato.
“Estamos sob cerco, mas vamos sair desta”, disse a militantes, num comício, Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, de centro-direita, homem que se espera seja eleito primeiro-ministro depois das eleições gerais de domingo.
Num discurso no Parlamento italiano em que apresentou seus planos de reforma econômica, o sr. Monti disse que “sacrifícios” serão repartidos quando seu governo tratar de equilibrar o orçamento, o que promete fazer até 2013. Centenas de estudantes protestaram em Milão, a capital financeira da Itália, contra o que chamaram de “governo de banqueiros” do sr. Monti.
O sr. Rajoy prometeu manter os alvos de redução do déficit e implementar uma vasta gama de reformas econômicas se vencer a eleição. Criticando a crença europeia de que tecnocratas poderão resolver esta crise, ele disse  na quarta-feira que políticos, não tecnocratas, são aqueles “que fizeram as grandes coisas no curso da história”.
A Grécia também tem um tecnocrata como primeiro-ministro, Lucas Papademos. “Eu acredito em democracia e em bons políticos”, disse o sr. Rajoy.
A Hungria, por sua vez, buscou na quinta-feira o apoio do Fundo Monetário Internacional, uma mudança de 180 graus em menos de 18 meses, depois que o país se negou a aprofundar sua cooperação com o FMI.
Budapeste disse que buscaria um acordo “de segurança” que não provocaria aumento da dívida do estado. Acredita-se que o governo está em busca de uma linha de liquidez de precaução — um programa redesenhado pelo qual o FMI busca proteger países ameaçados por crises financeiras.
O forint, que tem estado sob forte pressão em dias recentes, imediatamente subiu mais de 2% contra o euro e as ações húngaras subiram 4%.
Additional reporting by Neil Buckley in London
Leia também:
Economist: Notas de 500 euros vão rechear colchões
Gilson Caroni Filho: A luta contra a barbárie capitalista
Paulo Nogueira Batista: Bem que eu avisei
Financial Times: O último que sair apaga a luz
Goldman Sachs aposta no fim da zona do euro
Bancos franceses podem empurrar Europa de volta à crise total

O que o Tim Pool tem a ensinar aos meninos da USP?


Tim Pool já é uma fonte de informação confiável nos Estados Unidos.
Faz parte do TheOther99, os outros 99%, um coletivo de mídia.
Tim usa um celular para fazer o papel de uma emissora de TV ambulante.
Ele usa o celular para fazer upstream no Ustream.
Upstream é a transmissão de imagens ao vivo, via internet.
O Tim acompanha as manifestações e passeatas.
Ontem, o canal em que ele transmite — canal gratuito, diga-se, e que não depende de concessão governamental — chegou aos 250 mil telespectadores. Dadas as dificuldades de deslocamento por causa das barreiras policiais e o jogo duro da polícia contra repórteres, Tim passou a ser uma fonte dos próprios jornalistas.
Eu mesmo vi o Tim durante alguns minutos.
De Nova York a São Paulo, ao vivo, sem intermediários:

Aliás, Tim Pool é o intermediário.
Ele transmite até mesmo suas escapadas para beber um café no bar da esquina. Vai descrevendo a cena, entrevistando pessoas, fazendo um relato em primeiro pessoa do que vê.
Assim como ele, há várias outros ativistas fazendo upstream para o Occupy NY. Alguns usam laptops, outros telefones celulares.
Além do Ustream, há vários outros serviços gratuitos do gênero, como o Justin.TV ou a Twitcam.
Ou seja, com os celulares de última geração qualquer um pode ser uma emissora de TV ao vivo, desde que o serviço de telefonia seja razoável.
Depois dos blogs, do twitter, do facebook, a TV ao vivo, na internet, é a revolução dentro da revolução.
Logo depois da transmissão, o vídeo é salvo como arquivo. A gravação fica lá no canal, para quem quiser ver. Pode ser editada para o You Tube. E reproduzida em um blog.
A certa altura, ontem, Tim Pool era visto por 20 mil telespectadores. Gente que interagia com ele via twitter.
O que o Tim tem a ensinar aos estudantes da USP, que reclamaram porque o Fantástico fez uma longa entrevista com eles mas colocou no ar pequenos trechos?
Pensem menos no Murdoch e façam sua própria mídia, diria o Tim (presumo).
Ontem o Occupy NY colocou mais de 30 mil pessoas nas ruas de Manhattan. Juntou militantes, estudantes e sindicalistas. As mídias sociais não “fizeram” o movimento. Mas pelo menos ajudaram a furar o bloqueio do New York Post e do Rupert Murdoch.
E, quem quis, teve informação que não foi filtrada pela Globo.
PS do Viomundo: Os experts do blog tem muito a ensinar, também. Podem fazê-lo nos comentários. Obrigado antecipado.

'Economist' analisa 'atraso' brasileiro em lidar com os crimes da ditadura

Lula e Dilma. Roberto Stucker/PR
Revista diz que três últimos presidentes sofreram com a ditadura e cita Dilma e Lula, além de FHC
Em sua edição desta semana, a revista britânica Economist trata da polêmica da Comissão Nacional da Verdade e analisa como o Brasil está atrasado em relação soa vizinhos para lidar com o legado da ditadura.
A revista lembra que o projeto da comissão, que pretende esclarecer violações dos direitos humanos ocorridas de 1946 a 1985, já foi aprovado no Senado e deve ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff no próximo dia 23.
Diante disso, a publicação compara a situação do Brasil com seus vizinhos que mais sofreram com os chamados anos de chumbo.
"O Brasil tem sido lento na revisão dos crimes da ditadura. A Argentina começou a processar os militares logo após o colapso do regime, em 1983", diz a reportagem.
"A Suprema Corte do Chile decidiu em 2004 que os ‘desaparecimentos’ não eram passíveis de anistia."

'Amnésia coletiva'

Na avaliação dos especialistas ouvidos pela Economist, essa demora no Brasil se deve ao fato de a transição para a democracia ter sido mais lenta e controlada no país.
"O regime não entrou em colapso após uma guerra desastrosa como aconteceu na Argentina ou enfrenta ameaça de protestos, como Augusto Pinochet no Chile."
Outra razão citada é uma tendência dos brasileiros em sofrer de uma espécie de "amnésia coletiva". Segundo Maurício Santoro, da Fundação Getúlio Vargas, aponta na revista para o contraste entre o Brasil, "o país do futuro", e a Argentina, que "têm uma obsessão pela era de ouro em que viveram no passado".
Segundo a Economist, uma das consequências desse atraso "é que a repressão continua, só que agora a violência se concentra mais na polícia, e não no Exército".
A revista destaca que a truculência da polícia é raramente punida e frequentemente aplaudida, como acontece nos filmes Tropa de Elite, e que ativistas esperam que a Comissão da Verdade altere essas opiniões.
"Algumas coisas só acontecem quando e se a sociedade está pronta", diz um dos entrevistados da matéria, Atila Roque, diretor da ONG Anistia Internacional no Brasil. "Acho que estamos prontos".